O que interessa não são as relações de FHC com Miriam Dutra, nem o uso de Jorge Bornhausen, via Brasif, para manter a teúda e manteúda do Coronel Ponciano do PSDB. O que interessa é o papel de uma mídia bandida que usa do comércio de informações, mediante o finanCIAmento de suas ações, para atacar uns e alcovitar outros.
Se houvesse qualquer laivo de honestidade nos assoCIAdos do Instituto Millenium não precisaria ter esperado a popularização das redes sociais para trazer à público aquilo que já o era à época. O moralismo seletivo dos grupos mafiomidiáticos é tão ou mais ofensivo que a conduta do velho fauno.
O escândalo da Parabólica, perpetrado pelos parentes Carlos Monforte e Rubens Ricúpero, é apenas mais um capítulo insosso da relação incestuosa dos grupos mafiomidiáticos com os varões do golpe paraguaio. A literal putaria envolvendo FHC e a velha mídia se inscreve naquele capítulo da Bíblia que fala de Sodoma e Gomorra. Fica, assim, provado que a há mais bandidos na velha mídia que nos presídios de segurança máxima Brasil afora.
E ainda pior, se é que pode piorar, fica o papel da PF e do MPF. Onde eles hibernaram, e a que preço, este tempo todo? Se não tiverem nada a dizer, pelo menos devolvam o salário para não serem apelidados de boys do Bornhausen. Afinal, porque uma concessão pública, como a Brasif, fazia e desfazia como se no mundo estivesse só e mal acompanhada?!
O jornalismo alcoviteiro saiu em defesa de FHC. Alegam que o filho sequer é de FHC. Ora bolas, se não é que outras coisas a Miriam Dutra sabia a ponto de faze-lo assumir filho que não era seu?! Como, não sendo seu, usou da caneta de presidente para mante-la em silêncio? O que a Rede Globo lucrou com esta promiscuidade? São muitas as perguntas, não maior que aquela que cabe completa e inteira às instituições “republicanas” MPF/PF: onde vocês estavam?
EXCLUSIVO: Mírian Dutra diz que Globo foi beneficiada com dinheiro do BNDES ao ‘exilá-la’
por Joaquim de Carvalho 20 de fevereiro de 2016
Mirian Dutra
Esta é a primeira matéria da série sobre a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. O projeto foi financiado pelos leitores através de um crowdfunding na plataforma Catarse. Fique ligado.
Existem muitas maneiras de entender o que foi e como foi executado o projeto de poder que resultou na aprovação da emenda que permitiu a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, mas duas são particularmente reveladoras.
Uma delas é traçar o perfil dos deputados acreanos que venderam o voto para mudar a Constituição por R$ 200 mil reais em 1997 (R$ 923 mil corrigidos pelo IGP-M até janeiro deste ano).
A outra maneira de buscar um quadro mais nítido do episódio da reeleição é entrevistando a jornalista Mirian Dutra Schmidt, que conhece Fernando Henrique Cardoso como poucos e viveu esse período como “exilada” na Europa, por ter um filho que ela diz ser dele.
Percorri os dois caminhos, e o que emergiu foi uma história que une as duas práticas. Uma delas é a da política do Brasil profundo, de fronteira, onde a moeda sonante é o argumento mais eficaz para mudar consciências.
A outra prática é a do Brasil central, com políticos e profissionais de comunicação que trocam o silêncio por prestígio ou poder e, no final das contas, acabam por transferir riqueza a grupos privilegiados.
Vamos começar esta série pelo episódio atual, Mirian Dutra, que deu entrevista à revista Brazil com Z (publicação para brasileiros que vivem na Europa) e falou pela primeira vez de seu relacionamento com Fernando Henrique Cardoso.
Mirian se formou em jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina e, em 1982, aos 22 anos de idade, ancorava em Florianópolis pela RBS (afiliada da Globo) o horário local do TV Mulher.
“Para mim, aconteceu tudo muito rápido. Eu era estudante, trabalhava na rádio Itapema e fui chamada para apresentar o TV Mulher, logo depois apresentava no jornal do almoço um quadro sobre turismo em Florianópolis”, diz Mirian.
Nesse período, casou-se com um fotógrafo e teve uma filha, Isadora. O casamento durou cerca de um ano. “Eu queria cobrir política, era minha paixão e pedi à Globo outro local para trabalhar. Me ofereceram apresentar o jornal local de Minas, mas eu queria política e fui para a Manchete em Brasília”, diz.
Ela chegou à capital da República em 1985, com 24 anos de idade e uma filha de um ano e meio. Seis meses depois, Antônio Britto deixou a TV Globo para ser porta-voz de Tancredo Neves, e, com os remanejamentos internos da Globo em Brasília, surgiu uma vaga para trabalhar no Bom Dia Brasil.
“Eu fui a primeira mulher a trabalhar no Bom Dia Brasil, porque o trabalho lá é difícil. Tem que levantar às 4 da manhã e dormir às 7 da noite. Eu era divorciada, mulher casada que trabalha no ritmo desses perde o casamento.”
O casamento da sucessora dela no Bom Dia Brasil, a jornalista Beatriz Castro, não resistiu seis meses.
Eram os dias de intensa cobertura em Brasília, por causa da doença e morte de Tancredo Neves e do início do governo José Sarney, o primeiro civil depois de 20 anos de ditadura militar, quando Mirian conheceu Fernando Henrique Cardoso no restaurante Piantella.
O Piantella, hoje propriedade do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, era reduto de políticos e jornalistas. Ali costumavam ocorrer às terças-feiras jantares que definiam a pauta do Congresso, primeiro com Ulysses Guimarães à frente, depois Luiz Eduardo Magalhães e, mais recentemente, Michel Temer.
Como bebida destrava a língua, para jornalistas era um prato cheio frequentar o Piantella. Mirian conta que estava jantando com colegas de profissão quando Fernando Henrique Cardoso chegou e foi convidado para se sentar à mesa.
Era 1985, e Fernando Henrique Cardoso estava cotado para disputar a prefeitura de São Paulo, o que viria a ocorrer. “Eu admirava o Fernando Henrique pelos livros que ele tinha escrito, mas não pintou nada, nada”, diz.
Na versão dela, depois de muitos telefonemas, com Fernando Henrique ‘dizendo que estava apaixonado’, os dois começaram a namorar. Em 1991, quando Collor cogitou levar Fernando Henrique para o Ministério das Relações Exteriores, Mirian o desaconselhou, por cobrir o governo.
“Ele chegou em casa às duas horas da manhã, depois da reunião em que o Mário Covas foi contra o PSDB entrar no governo, e disse: ‘Você acabou com a minha vida’”.
FHC com Covas: “Ele chegou em casa às duas horas da manhã, depois da reunião em que o Mário Covas foi contra o PSDB entrar no governo, e disse: ‘Você acabou com a minha vida’”
Alguns meses depois, segundo ela, Fernando Henrique repetiria algo nessa linha, ao dizer que Mirian não poderia levar adiante a gravidez anunciada. “Você pode ter filho de quem quiser, menos meu.”
Segundo Mirian, estava foi a última vez que os dois falaram como namorados. “Para mim, acabou. Vi o tipo de homem que era.”
Pergunto: mas Fernando Henrique era o pai da criança?
“Claro que é.”
Mas e os DNAs posteriores, que provam o contrário?
“Ele diz que fez os exames nos Estados Unidos e o correto teria ter sido feito na minha presença, com a coleta do meu sangue. Por que fez lá? Por que demorou tanto para fazer, se eu pedi que fizesse quando fiquei grávida?”
Mirian diz estar disposta a um novo exame e afirma que tentou convencer seu filho a fazê-lo.
“Mas ele não quis. O Fernando Henrique deu a ele o que eu, como jornalista, nunca poderia dar: estudo de graduação na Georgetown University, uma das mais conceituadas do mundo, 60 mil dólares por ano, no mínimo, bancou sua permanência lá, e depois deu um apartamento de 200 mil euros, cash, em Barcelona. Para o Tomás (nome do filho), está bem feito. Para que questionar?”
Aspectos privados da vida de Fernando Henrique, Mirian Dutra e do filho dela pertencem a eles, mas o assunto deixou a esfera da privacidade quando o então senador Fernando Henrique, líder do PSDB e um dos formuladores da política em Brasília, colocou em marcha a engrenagem de mídia para iludir a opinião pública.
“O Fernando Henrique me ligou várias vezes e me pediu que recebesse a revista Veja em Florianópolis, onde eu estava para ganhar o bebê, e dissesse que o filho era de outra pessoa. Era uma coisa meio esquisita. Quem eu era para aparecer na Veja?”
Uma fotógrafa da agência Somm, Suzete Sandin, que Mirian Dutra conhecia dos tempos da Universidade Federal de Santa Catarina, foi contratada pela revista para um freelance, e procurou Mirian, que aceitou posar.
“Uma repórter, que eu não conheço, acho que era de outra cidade, me procurou e vi que ela tinha uma única missão: pegar a declaração que o Fernando Henrique tinha passado para mim”, afirma.
Na coluna Gente da edição de 24 de julho de 1991, a de número 30 do 24º ano de Veja, é publicada uma frase atribuída a Mirian:
“O pai da criança, um biólogo brasileiro, viajou para a Inglaterra para fazer um curso e voltará para o Brasil na época do nascimento do bebê.”
E existe esse biólogo?
“Claro que não. Isso é mentira. Era o que Fernando Henrique queria ver publicado, e foi publicado”, diz hoje a arrependida Mirian.
“Minha mãe quase enlouqueceu e disse: ‘Você não pode fazer isso.’ Eu tinha contado para ela quem é o pai. A barra foi muito pesada e eu quase perdi a gravidez”!
Mirian revela que ouviria mais tarde de Paulo Moreira Leite, na época um dos editores executivos de Veja, que a ordem para apurar e publicar a nota tinha partido de Mario Sergio Conti, que tinha assumido pouco tempo antes a direção de redação da revista.
“Foi uma armação do Fernando Henrique com o Mario Sergio”, diz a jornalista.
Ela diz que esta foi a primeira das muitas vezes em que viu a sua gravidez (e posterior nascimento do filho) ser usada para angariar prestígio. O governo era de Collor e ainda se cogitava abertamente a possibilidade de Fernando Henrique disputar a presidência, embora desfrutasse de prestígio como poucos na política, sobretudo por sua relação com a imprensa. Mas, segundo Mirian, chegar à presidência era o projeto de vida dele.
“Ouvi dele muitas vezes que seria presidente, porque os políticos no Brasil não sabiam de nada, eram mequetrefes. É claro que um filho fora do casamento, de uma mulher que todo mundo em Brasília sabia que era a namorada dele, prejudicaria seus planos.”
O filho nasceu e Mirian foi perdendo espaço de vídeo na Globo. Por razões que não ficaram para mim muito claras, na entrevista de mais de três horas que fiz com ela, Mirian Dutra decidiu ir para Portugal e logo estava empregada numa emissora em que Roberto Marinho era sócio.
Fernando Henrique já era ministro da Fazenda do presidente Itamar Franco e apontado como um nome forte para a sucessão no ano seguinte. Mirian chama sua saída do Brasil de um autoexílio, e diz que o diretor de jornalismo da Globo à época, Alberico de Souza Cruz, padrinho do seu filho Tomás, o ajudou muito nessa saída.
“Eu gosto muito do Alberico, e ele dizia que me ajudou porque me respeitava profissionalmente. Éramos amigos, conhecíamos segredos um do outro, mas eu fiquei surpresa quando, mais tarde, no governo de Fernando Henrique, ele ganhou a concessão de uma TV em Minas. Será que foi retribuição pelo bem que fez ao Fernando Henrique por me ajudar a sair do Brasil?”
Mírian sobre Alberico, antigo diretor da Globo: concessão de tv como retribuição de FHC?
No caso de Alberico, ela não passa da insinuação, mas quando o assunto é uma de suas irmãs, Margrit Dutra Schmidt, a jornalista é direta. Segundo Mirian, a irmã era dona da Polimídia, uma empresa de lobby em sociedade com o marido, Fernando Lemos, que cresceu nos anos 90, com a venda de serviços de gestão de crise.
“A minha irmã tinha as portas abertas em tudo quanto é lugar e era chamada de ‘a cunhadinha do Brasil.’ Agora soube que ela tem um cargo de assessora do Serra no Senado e não aparece para trabalhar. Eu não sabia, mas não fiquei surpresa. Este é o bando de gente para quem ela sempre trabalhou. E o Serra eu conheço bem.”
“Por que a imprensa não vai atrás dessas informações? A minha irmã, funcionária pública sem nenhuma expressão, tem um patrimônio muito grande. Só o terreno dela em Trancoso vale mais de 1 milhão de reais. Tem conta no Canadá e apartamentos no Brasil. Era a ‘cunhadinha do Brasil’”.
No que diz respeito a seu contrato com a Globo, nos anos que ela considera de exílio no exterior, Mirian quebra o silêncio e vai além das declarações protocolares. “Sabe o que eles fizeram comigo? Ensaboa mulata, ensaboa…”, diz, cantarolando a música de Cartola.
Segundo ela, quem ensaboava era Carlos Henrique Schroeder, atual diretor geral da Globo, na época o número 2 do jornalismo.
Schroeder, hoje diretor geral da Globo, era o encarregado de ‘ensaboar Mírian’
“Em 1997, eu estava cansada do trabalho que fazia em Portugal, sem nenhuma importância, e me apresentei para trabalhar no escritório em Londres. Na época, quem dirigia era o Ernesto Rodrigues e ele me disse, na cara: ‘Enquanto eu dirigir este escritório, nenhuma amantezinha vai trabalhar aqui.’”
Mirian diz que voltou para o Brasil e se reuniu com Evandro Carlos de Andrade, sucessor de Alberico na direção de jornalismo, e comunicou que ou voltaria para o Brasil, ou pediria demissão. “O Evandro disse, na frente do Schroeder e do Erlanger (Luís Erlanger, que dividia com Schroeder as funções de número 2 no jornalismo): “Ninguém mexe com essa mulher. Ela mostrou que tem caráter”, conta.
Schroeder foi então, conforme o relato de Mirian, destacado para ser uma espécie de padrinho dela na TV Globo. “Poxa, você conquistou o chefe”, disse ele.
Apesar disso, Mirian não desistiu da ideia de voltar para o Brasil. “Eu fui repórter do Jornal da Globo na época da Constituinte, fiz Jornal Nacional e estava na geladeira. Isso derruba qualquer um.”
Os planos de Mirian chegaram ao conhecimento dos amigos e um deles, Luís Eduardo Magalhães, que foi presidente da Câmara dos Deputados e líder de Fernando Henrique no Congresso, a convidou para um almoço.
“Sobre o Luís Eduardo, tem uma coisa interessante: eu era amiga dele antes do Fernando Henrique e fui eu que aproximei os dois.”
No almoço, Luís Eduardo levou o pai, o senador Antônio Carlos Magalhães, que ela também conhecia, e ouviu deles, mas principalmente de ACM, que não era hora de voltar, que Fernando Henrique disputaria a reeleição e ela deveria ter paciência.
“Foi quando entendi que eu deveria viver numa espécie clandestinidade. Se eu voltasse, não seria bem recebida e as portas se fechariam para mim”, conta.
Mirian tomou a decisão de comprar um apartamento em Barcelona e ir para lá, como contratada da Globo, e produzir matérias de lá. A empresa topou, mas, mesmo pagando a ela um salário de 4 mil euros (cerca de R$ 18 mil), não aprovou a realização de nenhuma pauta em muitos anos.
“Me manter longe do Brasil era um grande negócio para a Globo”, diz. “Minha imagem na TV era propaganda subliminar contra Fernando Henrique e isso prejudicaria o projeto da reeleição.”
Mas o que a empresa ganhou com isso?
“BNDES”.
Como assim?
“Financiamentos a juro baixo, e não foram poucos”.
FHC e Roberto Marinho comemoram nova gráfica do Globo, financiada com dinheiro público
Mirian afirma que a demissão da TV Globo, em setembro do ano passado, foi o que a levou a decidir fazer um relato da sua vida.
Foi um episódio que ela considera cruel. Depois de 25 anos de Globo, entre afiliada em Santa Catarina e Brasília, recebeu um e-mail de José Mariano Boni de Mathis, diretor executivo da Central Globo de Jornalismo. Curto e seco, ele informou: seu contrato não será renovado.
“A partir daí, eu não era mais a Mirian da TV Globo e me senti livre para fazer o que sempre quis, mas não podia: desenterrar os ossos e enterrar de novo, era como publicar um diário. Mas vi que esse cadáver incomoda muita gente, e a repercussão foi maior do que eu imaginava. Agora eu tenho que ler até o artigo de uma jornalista que me conhece e sabe bem dessa história, a Eliane Cantanhede, que me compara ao caso da Luriam, Miriam Cordeiro. Esse pessoal perde a compostura quando é para defender seus amigos. Absurdo.”
No almoço com Luís Eduardo Magalhães, havia uma quarta pessoa, cujo nome prefere não revelar no momento. Era representante da TV Globo. Na quinta-feira passada, quando a Folha de S. Paulo publicou entrevista de Mirian, ela recebeu um telefonema de Mariano Boni (diretor-executivo da Central Globo de Jornalismo).
“Ele queria saber quem era o representante da TV Globo no almoço em Brasília. Sabe o que respondi para ele? Você acha que eu vou contar para você? Acho que o microfone estava aberto e, se eu conheço a Globo, o Ali Kamel (diretor de jornalismo) estava ouvindo a conversa. O Boni disse: mas a Globo sempre foi muito correta com você. Disse que ele era cínico e falei outras coisas pesadas. Fui bem malcriada, e desliguei o telefone. A secretária do Boni me ligou várias vezes, e eu não atendi.”
O telefonema em que ela conversou com Boni foi por volta das 14 horas, no horário de Madri, onde hoje ela mora, 11 horas no fuso brasileiro. Duas horas depois, o Jornal Hoje repercutiu a entrevista de Mirian à Folha e o apresentador Evaristo leu uma nota da emissora, em que a direção afirma:
“Durante os anos em que colaborou com a TV Globo, Miriam Dutra sempre cumpriu suas tarefas com competência e profissionalismo.”
Mirian faz uma ironia com a declaração: “Quando vi, pensei que eu tivesse morrido. Elogio assim só em obituário. Mas sei qual é a intenção deles: me calar com elogio fácil.”
E qual a relação do seu exílio com o projeto de poder representado pela emenda da reeleição?
“Mostra o jogo pesado que foi a continuidade do governo de Fernando Henrique Cardoso. Só olhar para o que aconteceu no segundo governo: as privatizações mais selvagens. Não podia dar errado, a Mirian não podia atrapalhar os grandes negócios. Está na hora de quebrar a blindagem desse pessoal. Mas onde estão os jornalistas, que não investigam?”
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/mirian-dutra-ao-dcm-me-manter-longe-do-brasil-era-um-grande-negocio-para-a-globo-e-a-reeleicao-de-fhc/
Mirian Dutra entrega irmã e relação Globo-BNDES
Em nova entrevista, desta vez ao jornalista Joaquim Carvalho, publicada no DCM, a ex-amante de FHC revela que a irmã, Margrit Schmidt, funcionária-fantasma de José Serra e presença constante nos protestos anticorrupção, ficou milionária explorando o filho que ela, Mirian, teve com FHC; "era a cunhadinha do Brasil"; ela disse ainda que a Globo recebeu subsídios do BNDES por tê-la exilado na Europa e disse que Alberico Souza Cruz, ex-diretor da emissora, ganhou uma concessão de TV em Minas; quando ela quis voltar, percebeu que não poderia atrapalhar a reeleição de FHC; Mirian também ironiza Eliane Cantanhede, que, segundo ela, "sabe muito bem da história"; "Esse pessoal perde a compostura quando é para defender seus amigos",critica
21 de Fevereiro de 2016 às 07:48
247 – Em nova entrevista, desta vez ao jornalista Joaquim Carvalho, publicada no DCM, a ex-amante de FHC, Mirian Dutra, dá detalhes da sua relação com o ex-presidente e de como ele usou o cargo para esconde-la. Segundo ela, o ex-diretor de jornalismo da Globo, Alberico de Souza Cruz, pode ter recebido uma concessão de uma TV em Minas Gerais como "retribuição pelo bem que fez ao Fernando Henrique Cardoso" por ajuda-la a sair do Brasil. Mirian fala também de sua irmã, a quem chama de ‘cunhadinha do Brasil’ e sugere que ela também se beneficiou da relação com FHC. A ex-amante do ex-presidente também ataca a Globo, que, segundo ela, a manteve contratada para ser beneficiada em negócios com o BNDES.
Abaixo os principais trechos da matéria:
Mirian chama sua saída do Brasil de um autoexílio, e diz que o diretor de jornalismo da Globo à época, Alberico de Souza Cruz, padrinho do seu filho Tomás, o ajudou muito nessa saída.
“Eu gosto muito do Alberico, e ele dizia que me ajudou porque me respeitava profissionalmente. Éramos amigos, conhecíamos segredos um do outro, mas eu fiquei surpresa quando, mais tarde, no governo de Fernando Henrique, ele ganhou a concessão de uma TV em Minas. Será que foi retribuição pelo bem que fez ao Fernando Henrique por me ajudar a sair do Brasil?”
No caso de Alberico, ela não passa da insinuação, mas quando o assunto é uma de suas irmãs, Margrit Dutra Schmidt, a jornalista é direta. Segundo Mirian, a irmã era dona da Polimídia, uma empresa de lobby em sociedade com o marido, Fernando Lemos, que cresceu nos anos 90, com a venda de serviços de gestão de crise.
“A minha irmã tinha as portas abertas em tudo quanto é lugar e era chamada de ‘a cunhadinha do Brasil.’ Agora soube que ela tem um cargo de assessora do Serra no Senado e não aparece para trabalhar. Eu não sabia, mas não fiquei surpresa. Este é o bando de gente para quem ela sempre trabalhou. E o Serra eu conheço bem.”
“Por que a imprensa não vai atrás dessas informações? A minha irmã, funcionária pública sem nenhuma expressão, tem um patrimônio muito grande. Só o terreno dela em Troncoso vale mais de 1 milhão de reais. Tem conta no Canadá e apartamentos no Brasil. Era a ‘cunhadinha do Brasil’”.
No que diz respeito a seu contrato com a Globo, nos anos que ela considera de exílio no exterior, Mirian quebra o silêncio e vai além das declarações protocolares. “Sabe o que eles fizeram comigo? Ensaboa mulata, ensaboa…”, diz, cantarolando a música de Cartola.
Segundo ela, quem ensaboava era Carlos Henrique Schroeder, atual diretor geral da Globo, na época o número 2 do jornalismo.
Mirian tomou a decisão de comprar um apartamento em Barcelona e ir para lá, como contratada da Globo, e produzir matérias de lá. A empresa topou, mas, mesmo pagando a ela um salário de 4 mil euros (cerca de R$ 18 mil), não aprovou a realização de nenhuma pauta em muitos anos.
“Me manter longe do Brasil era um grande negócio para a Globo”, diz. “Minha imagem na TV era propaganda subliminar contra Fernando Henrique e isso prejudicaria o projeto da reeleição.”
Mas o que a empresa ganhou com isso?
“BNDES”.
Como assim?
“Financiamentos a juro baixo, e não foram poucos”.
Mirian afirma que a demissão da TV Globo, em setembro do ano passado, foi o que a levou a decidir fazer um relato da sua vida.
Foi um episódio que ela considera cruel. Depois de 25 anos de Globo, entre afiliada em Santa Catarina e Brasília, recebeu um e-mail de José Mariano Boni de Mathis, diretor executivo da Central Globo de Jornalismo. Curto e seco, ele informou: seu contrato não será renovado.
“A partir daí, eu não era mais a Mirian da TV Globo e me senti livre para fazer o que sempre quis, mas não podia: desenterrar os ossos e enterrar de novo, era como publicar um diário. Mas vi que esse cadáver incomoda muita gente, e a repercussão foi maior do que eu imaginava. Agora eu tenho que ler até o artigo de uma jornalista que me conhece e sabe bem dessa história, a Eliane Cantanhede, que me compara ao caso da Luriam, Miriam Cordeiro. Esse pessoal perde a compostura quando é para defender seus amigos. Absurdo.”
E qual a relação do seu exílio com o projeto de poder representado pela emenda da reeleição?
“Mostra o jogo pesado que foi a continuidade do governo de Fernando Henrique Cardoso. Só olhar para o que aconteceu no segundo governo: as privatizações mais selvagens. Não podia dar errado, a Mirian não podia atrapalhar os grandes negócios. Está na hora de quebrar a blindagem desse pessoal. Mas onde estão os jornalistas, que não investigam?”
Neste link a matéria na íntegra.
Mirian Dutra entrega irmã e relação Globo-BNDES | Brasil 24/7
O contrato de Mírian com a Globo é tão fictício quanto o com a Brasif. Por Carlos Fernandes
por Carlos Fernandes 19 de fevereiro de 2016
Funcionária fantasma de duas empresas: Mírian Dutra
Quanto mais avançamos no desenrolar do caso que envolve FHC , a sua ex-amante Mirian Dutra, contratos de trabalho fictícios, pagamentos de abortos, funcionárias fantasmas, além de chantagens e assédios morais e profissionais infligidos a ela, mais sombrios ficam os contornos que envolvem toda essa história.
Após a aterradora entrevista que Mirian concedeu, primeiro ao site Brasil com Z e depois à Folha de S. Paulo, o universo nebuloso do submundo do poder e suas relações quase sempre imorais com a imprensa familiar brasileira e o grande empresariado vieram à tona.
Não bastassem o caráter medíocre e os tratamentos de desprezo e abandono dispensados por FHC e que acabaram por revelar a verdadeira face de um homem que se escondia sob um manto de falso moralismo e soberba, ainda restam inúmeras dúvidas sobre a legalidade dos mecanismos utilizados por ele para garantir o silêncio de Mirian.
Primeiro vem o mais do que suspeito contrato de trabalho firmado entre a Brasif S.A. Importação e Exportação e Mirian para que ela efetuasse pesquisas de preços em lojas e free shops na Europa.
Segundo Mirian, essa teria sido a forma encontrada por FHC para lhe enviar recursos mensais que lhe garantiriam a sua permanência no exterior. Bem longe de sua campanha à reeleição. Ainda segundo Mirian, cerca de 100 mil dólares teriam sido depositados em uma conta da Brasif para que esta efetuasse os repasses mensais.
Em nota, a Brasif confirmou o contrato realizado com Mirian mas negou a participação de Fernando Henrique. A pergunta que fica é: porque uma empresa manteria um contrato com uma funcionária que afirma categoricamente que jamais teria prestado um único dia de expediente?
FHC conseguiu tornar esse episódio ainda mais estranho. Um dia após ter afirmado que nenhuma empresa havia sido utilizada para que fossem realizados os pagamentos a Mirian, voltou atrás e disse simplesmente que não teria condições de se explicar sobre esse assunto. Alguém está mentindo.
No centro do furacão está a Globo. Como sua então funcionária, Mirian teria sido enviada a Europa como correspondente. Por “coincidência”, a transferência se deu exatamente no período em que a história de um filho de FHC fora do casamento, poderia atrapalhar nos seus planos de poder.
Sobre o contrato fictício de trabalho mantido por sua funcionária com a Brasif, disse não ter tido qualquer conhecimento e que se soubesse “condenaria a prática”.
É no mínimo curioso esse posicionamento “condenatório” da Globo em relação à “pratica” de se manter um contrato de fachada com um profissional que simplesmente não exerce as funções para as quais é pago.
Segundo Mirian, durante todo o período que permaneceu na Europa como correspondente, absolutamente nada do que fazia era aproveitado pela emissora e simplesmente não haviam demandas de qualquer natureza por parte da Globo.
Ao que parece, a única função que sua funcionária deveria exercer era a de não causar qualquer constrangimento que pudesse inviabilizar a reeleição de FHC e, consequentemente, todos os benefícios que decorreriam de sua recondução ao poder.
Foram nesses termos, ao custo de dois contratos fantasmas, um com a Brasif e outro com a Globo, que Mirian permaneceu calada por anos à fio. Ao ser questionada sobre o motivo de ter resolvido falar somente agora, Mirian respondeu: “Saí da TV Globo. Me sinto livre para falar”.
Talvez seja o momento de FHC e a Globo também começarem a falar
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-contrato-de-mirian-com-a-globo-e-tao-ficticio-quanto-o-com-a-brasif-por-carlos-fernandes/
A influência do escândalo FHC/Mirian na escolha do candidato do PSDB a prefeito de SP. Por José Cássio
por Jose Cassio 19 de fevereiro de 2016
Doria, Matarazzo e Tripoli
Em meio a uma grave crise política, detonada com as declarações de Mirian Dutra e a descoberta de que a irmã da ex-amante de FHC, Margrit Dutra Schmidt, é funcionária fantasma do gabinete de Serra no Senado, o PSDB se prepara para decidir internamente o seu candidato a prefeito de São Paulo nas eleições deste ano.
A uma semana das prévias, o quadro é de indefinição.
Há quem diga que João Doria, apoiado por Geraldo Alckmin, está na frente. Outros garantem que é barbada a vitória de Andrea Matarazzo – conta com apoio dos vereadores, de FHC e Serra e da ampla maioria dos deputados estaduais do partido.
Ricardo Tripoli corre por fora mas ninguém ousa classificá-lo de “azarão”. A seu favor, duas coisas: é o deputado federal mais votado do PSDB na capital e tem apoio de dois cabos eleitorais pra lá de eficientes. José Anibal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, que conhece os diretórios zonais como a palma da mão, e João Câmara, que presidiu o partido num dos momentos mais ricos da história do PSDB na capital: durante a gestão da prefeita Marta Suplicy – Lea, secretária de Câmara no diretório municipal, era a personagem que interpretava e dava vida à lenda viva “Martaxa, a Rainha das Taxas”.
João Câmara brigou com Serra em 2012 e “rasgou” a sua filiação. Não engoliu a “carteirada” do agora Senador – Serra de última hora melou o processo de prévias daquele período e impôs a sua candidatura, aliás como já havia feito em 2004. Mesmo sem direito a voto, Câmara continua sendo um dos quadros mais queridos e influentes do PSDB na capital e seu apoio pesa, sim, em favor de Tripoli.
Neste ano, também houve quem quisesse melar as prévias: um mês atrás FHC se posicionou contra a disputa, alegando que podia trazer conseqüências irreparáveis ao partido. Sua opinião contagiou caciques, mas não teve ressonância na base.
O processo acabou mantido. E o pau tá comendo, com encontros abarrotados de gente, guerra de bastidores e promessas de que, desta vez, os filiados vão participar da gestão em caso de vitória.
Na internet, o clima esquenta cada vez mais nas redes internas do partido, especialmente em grupos de WhatsApp. Os principais protagonistas são os defensores de João Doria e Andrea Matarazzo. “A disputa está bem equilibrada”, conta o coordenador do mais importante deles, o Cutucano, Edson Marques.
“O pessoal do Tripoli se posiciona menos, mas com excelente conteúdo”, diz ele, para explicar o recente episódio em que dois filiados, Henrique, apoiador de Andrea Matarazzo, e Fábio Bel, partidário de João Doria, pegaram sete dias de gancho. “Pensamos em dez dias, mas aí descobrimos que eles não teriam mais tempo para trabalhar neste primeiro turno e então reduzimos para sete”, conta Edson Marques.
Na quinta-feira que vem, dia 25, Henrique e Flávio voltam à ativa, três dias antes da eleição que acontece no domingo, 28. O que os coordenadores esperam é que eles deixem de lado agressões como alegar que João Doria, enquanto empresário, financia campanhas petistas, ou cobrar do grupo de Andrea Matarazzo posição com relação ao respeito aos direitos humanos por sua pré-candidatura receber alegremente o apoio do coronel Telhada.
O DCM solicitou a apoiadores de cada pré-candidatura que dessem um depoimento, explicando os motivos da sua preferência.
Leia e tire as suas conclusões:
Evandro Losacco*: João Doria
“45 neles”
Meu apoio a João Dória se deve aos seguintes pontos:
– Sua história política. Homem que começou a militar pelas mãos de Franco Montoro. Era o seu braço operacional na Campanha das Diretas e, depois, na campanha de Tancredo Neves. Foi Secretário de Turismo do Prefeito Mário Covas, onde o acompanhava nos famosos mutirões;
– Sempre apoiou o PSDB, mesmo antes de ser filiado, ajudando nas campanhas majoritárias dos nossos candidatos;
– Pela sua disposição e garra. Ele se inscreveu nas prévias do PSDB e arregaçou as mangas, indo aos quatro cantos da cidade, conversando com a militância, ouvindo os seus problemas e reivindicações, sempre com humildade e atenção. Tomou um verdadeiro “banho de Partido”.
– Traz uma visão nova e arrojada dos problemas da cidade. Tem coragem política para enfrentar os desmandos da atual gestão, articulação com vários setores da sociedade e quer transformar São Paulo em uma cidade moderna, atraindo recursos da iniciativa privada e voltada para a boa gestão como forma de diminuir as mazelas sociais.
– Por último, por se tratar de uma pessoa íntegra, honesta, com vontade de servir e que vem fazendo uma campanha irrepreensível, jamais agredindo seus oponentes e reafirmando sempre o seu compromisso com o PSDB, seja quem for o vencedor.
As prévias, que sempre defendi internamente como a melhor forma de escolha dos nossos candidatos majoritários, estão movimentando o partido, com uma participação nunca vista. Os candidatos fazem reuniões, encontros, seminários, apresentam propostas, discutem com a militância, valorizando o papel do filiado no processo. Além da grande repercussão na mídia: apesar de algumas pessoas do partido passarem uma imagem negativa da disputa, a cobertura das prévias está repercutindo em toda a sociedade e vai fazer com que o vencedor chegue alavancado para a disputa municipal.
Considero Andrea Matarazzo e Ricardo Tripoli bons nomes para levar a bandeira do PSDB. Tripoli é um grande deputado, tem defendido com vigor a causa ambiental, já foi vereador e secretário estadual. Matarazzo é um dos melhores vereadores da cidade. Defende questões com propriedade e conhecimento. Enfim, o PSDB é privilegiado por ter três excelentes nomes, com condições de governar bem São Paulo.
O PSDB merece vencer a eleição por ser um partido sério, comprometido com o interesse público e que já vem mostrando a sua qualidade na gestão pública no Governo Estadual há mais de 20 anos e que quando esteve na Prefeitura, com José Serra, fez uma grande administração, que deixou saudades.
São Paulo está parada. Nossa cidade precisa acelerar rumo ao desenvolvimento social e resgatar a sua pujança econômica. 45 neles!
*Membro do diretório zonal da Saúde
Wagner Tronolone*: Andrea Matarazzo
“O mais preparado”
Andrea Matarazzo tem um conhecimento profundo da cidade. Tanto das suas realidades e prioridades, quanto da própria máquina da prefeitura. Ou seja, não vai aprender a ser prefeito no cargo, já está preparado para isso. Quando ele elege como prioridade o desenvolvimento da periferia como motor para o desenvolvimento de São Paulo, e propõe pequenas intervenções de interesse local em vez de poucas grandes obras, carrega essa visão socialdemocrata de transformação da realidade social. Outro ponto importante é a disposição dele em enfrentar a questão da regularização fundiária, que impede o desenvolvimento e até mesmo a oferta de equipamentos públicos nas áreas mais carentes da cidade. Então, para mim, o Matarazzo é o candidato que representa o que o PSDB tem de melhor e mais alinhado à sua história e programa partidário.
A militância do PSDB há muito anseia por mais participação nas decisões do partido. E neste momento, com o quadro que temos, as prévias acabam representando uma escolha de rumos ideológicos que o PSDB quer trilhar.
Ricardo Tripoli é um quadro orgânico e histórico do PSDB, um deputado atuante com foco nas questões de meio ambiente e defesa animal. Talvez essa atuação temática seja um limitador para que ele possa ser visto como uma liderança política num sentido mais amplo. Mas é, sem dúvidas, um candidato com qualidades, assim como as lideranças que o apoiam.
De Dória não tenho muito o que falar. Descobri que ele era filiado ao PSDB no dia em que anunciou a pré-candidatura. Nem tenho como comparar o que ele diz com seus atos e posicionamentos passados. E algumas das propostas que ouvi dele não me parecem alinhadas com a história e a ideologia do PSDB. Não é nada pessoal, mas a minha avó dizia que “a gente só conhece alguém depois de dividir um prato de sal”, ou seja, passar por bons e maus momentos juntos, e nestes 15 anos como filiado do PSDB ele não esteve presente, não participou das discussões, mobilizações, disputas, etc. Então eu preferiria que ele tivesse dado essa importância à atuação partidária para contribuir com o fortalecimento do partido, e depois pleitear ser nosso representante em uma eleição tão importante para o futuro do PSDB. Conhece o samba do Jorge Aragão que diz “respeite quem pôde chegar onde a gente chegou”? Acho que ele está pulando algumas etapas que eu, como militante, considero importantes.
Eu sou filiado ao PSDB porque me identifico com o programa do partido, com suas lideranças, com o histórico de avanços proporcionados por gestões do PSDB em várias áreas. Então, claro que minha tendência é acreditar que o PSDB tem a capacidade de oferecer bons quadros, boas experiências e boas propostas. Dentro do cenário de polarização entre PT e PSDB, e com o fato constatado de que a gestão do prefeito Fernando Haddad é mal avaliada – porque de fato é bem ruim -, claro que uma candidatura do PSDB já começa a eleição com grandes chances. E isso só aumenta nossa responsabilidade em apresentar a São Paulo um candidato com conhecimento e capacidade para fazer uma gestão que realmente melhore a vida das pessoas e, consequentemente, se torne um bom exemplo daquilo que o PSDB tem de melhor.
*Membro do diretório zonal da Bela Vista
Fábio Fortes*: Tripoli
“São Paulo está triste”
Meu voto vai para o Ricardo Tripoli em primeiro ligar por lealdade: eu acompanho o ex-deputado José Anibal, atual presidente do Instituto Teotônio Vilella, desde 1998. E o nosso grupo entendeu que o Tripoli era a melhor opção, por isso estamos pedindo voto pra ele.
Tripoli é um parlamentar atuante. Tem oito mandados: vereador, três de deputado estadual e está na quarta legislatura no Congresso. Ele é permanentemente atualizado com as questões da cidade e do desenvolvimento sustentável. Suas sucessivas boas votações são uma demonstração clara da sua capacidade. E, importante dizer, nada o desabona na vida pública, algo raro no Brasil. Trípoli é o que podemos classificar de “candidato ficha limpa”.
As prévias representam o rejuvenescimento do PSDB. É o pré-aquecimento da campanha. Uma novidade que chegou para ficar. Movimentou o partido, os militantes estão tendo a chance de participar do debate e influir na decisão. O lado negativo é a ausência de debates entre os candidatos. É algo que precisa ser corrigido.
Com relação aos outros dois candidatos, conheço o Andrea Matarazzo. É um político experimentado, que conhece a cidade e tem o DNA de São Paulo. João Doria estou conhecendo agora. Um empresário bem sucedido que se apresenta de uma forma diferente. Seu estilo de fazer política lembra o modelo americano, com jingles e forte apelo emocional. Não estou entre os que o condenam por não ter vivência partidária. Se é filiado ao partido, é legítima a sua pré-candidatura.
Penso que chegou a hora da social-democracia retomar o poder na cidade. Nosso perfil é de administrações responsáveis e que integrem a cidade, e é disso que São Paulo precisa neste momento. O paulistano está triste. Vamos recuperar a auto-estima da cidade.
*Membro do Diretório zonal de Perdizes
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-influencia-do-escandalo-fhcmirian-na-escolha-do-candidato-do-psdb-a-prefeito-de-sp-por-jose-cassio/
Davis Sena Filho
Davis Sena Filho é editor do blog Palavra Livre
19 de Fevereiro de 2016
Existem sabedorias populares em forma de palavras e frases, que se baseiam em experiências, no decorrer de nossas vidas. Vou citar três provérbios: 1) Você colhe o que planta; 2) Aqui se faz e aqui se paga; e 3) Pau que bate em Chico bate também em Francisco. Porém, posso completar a este elenco de frases mais um adágio popular: "Em boca fechada não entra mosca".
E não é que 27 anos depois surge, de forma retumbante, uma "nova" Miriam?! Desta vez se trata da Miriam de Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I —, cujo sobrenome é Dutra. A Miriam de Lula é a Cordeiro, e ela surgiu para atacar o PT e seu candidato, há dez dias de os brasileiros irem às urnas presidenciais de 1989, com grande estardalhaço da imprensa de mercado dos magnatas bilionários, historicamente de oposição a políticos trabalhistas e de esquerda.
Isto mesmo, depois de longos 25 anos, ou seja, uma quarto de século, o povo brasileiro resgatava seu direito de ir à urnas para escolher diretamente o presidente da República. O candidato da casa grande e de suas mídias conservadoras era o atual senador, Fernando Collor (PTB/AL), seu adversário, agora no segundo turno, era o ex-presidente Lula, do PT, que tinha 45% de apoio popular, segundo as pesquisas da época, enquanto Collor tinha 46%.
Acontece que Lula, poucas semanas antes tinha 33% das intenções de votos e subiu vertiginosamente nas pesquisas em um sprint de se perder o fôlego, o que colocou em grande perigo a vitória de Fernando Collor, o candidato da direita brasileira, notadamente da família Marinho, que já tinha se aproveitado do sequestro do empresário Abílio Diniz para fazer ilações maldosas e manipulações políticas em forma de jornalismo.
Às vésperas do segundo turno, a polícia paulista apresentou os sequestradores de Abílio Diniz com as camisetas da campanha de Lula, como se quisesse dizer que o PT e seu candidato foram os responsáveis pelo hediondo crime de sequestro, um dos maiores absurdos que a história do Brasil vivenciou em termos políticos e eleitorais, que descambou para uma pantomima midiática promovida por agentes do Estado paulista, a mando, evidentemente, de políticos que estavam no poder em São Paulo.
O governador na época era Orestes Quércia, e o presidente da República, José Sarney, que, no decorrer da Constituinte (1987/1988), a combateu a ferro e fogo, a apoiar o Centrão, uma frente composta pela direita tupiniquim, que tinha como propósito fundamental impedir que propostas progressistas e sociais fossem aprovadas, de forma que a Constituição, após ser publicada e sancionada, não contivesse tantos direitos à sociedade e garantisse, como garante, à cidadania brasileira viver e ser protegida pelo Estado de Direito.
Contudo, esses são outros quinhentos. Vamos à Miriam… a do Lula. Como eu estava a dizer, Miriam Cordeiro era enfermeira e teve um romance com o político petista, que era viúvo e após seis meses resolveu casar com dona Marisa Letícia, sua esposa há décadas e mãe de seus filhos. Miriam Cordeiro engravidou, avisou a Lula sobre a gravidez, deu a luz à filha, Lurian, que sempre teve a atenção de seu pai e, segundo ela, convivem e se dão bem.
Enfim, temeroso em perder as eleições de 1989, o staff de Collor, depois ajudado politicamente e eleitoralmente pela polícia paulista com o sequestro do dono do Pão de Açúcar, Abílio Diniz, resolvou apresentar Miriam Cordeiro ao público, que declarou, no programa eleitoral do PRN de Collor, que Lula pediu para que ela fizesse aborto, episódio negado pelo ex-presidente e também por sua filha, Lurian, que depois, em outras eleições as quais seu pai foi candidato, ela apareceu para apoiá-lo.
Já a Miriam de FHC, a Dutra, supostamente mãe de um filho do ex-presidente tucano, realidade esta que não se confirmou por meio de exame de DNA, tomou um "chá" de sumiço, com a cumplicidade dos donos e dos chefes e chefetes da Rede Globo, empresa que pagava-lhe salários para ela não trabalhar, porém, se calar. Trabalhou na Globo por mais de 30 anos, contanto que calasse a boca e não prejudicasse a carreira política de Fernando Henrique, que, segundo a jornalista, pertence à aristocracia paulista e literalmente se comporta como aristocrata. "Nada mais real; nada mais e nada menos do que a cara de FHC…"
Miriam Dutra recebia dinheiro, ainda, por intermédio de um contrato "fictício" — palavra que significa "aparente, simulado e falso".Ponto. Tal contrato foi elaborado pela empresa Brasif S.A., do setor de importação e exportação, o que permitiu o envio de dinheiro para o exterior. O nome do filho de FHC é Tomás Dutra Schmidt (ele não tem o sobrenome do tucano), mas exame de DNA deu negativo e, com efeito, não confirmou a paternidade de FHC, que, sem ser o pai da criança que hoje é um adulto, esforçou-se para escondê-la e, por sua vez, proteger sua carreira política, que o levou à Presidência da República.
Não entro no mérito do equívoco sobre a paternidade ou não de FHC, pois de ordem pessoal e afetiva quanto ao filho Tomás. Os filhos nos são caros e suas dores nos doem. Respeita-se, e pronto, inclusive o ser humano, o cidadão Fernando Henrique, a quem critico há anos, de forma dura e até irônica, mas não desumana, como fazem sub-repticiamente com o Lula. Na verdade, o que questiono é a tentativa de se tirar a humanidade de um dos políticos mais humanistas que eu conheci, que é exatamente o Lula. Sua humanidade e competência como presidente são os fatores que realmente incomodam a burguesia nacional, dona da casa grande, herdeira legítima da escravidão. Nunca me canso de dizer estas palavras últimas. Jamais!
Hipócrita, no que é relativo a assumir sua responsabilidade, Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I e agora também o Aristocrata da Pauliceia II — porque o primeiro é o Martim Afonso de Sousa (1533/1571), primeiro donatário das terras bandeirantes, contou com um enorme e poderoso cinturão de proteção, que o permitiu a cometer inúmeras ilegalidades e malfeitos, que, consoante promotores, juízes e juristas, por causa de sua idade, 84 anos, e o tempo em que foram realizadas suas ações em prol de Miriam Dutra e seu filho, o grão-tucano se tornou inimputável, realidade que não surpreende, porque, é fato, no Brasil os tucanos são inimputáveis — idosos ou não, com crimes prescritos ou não. Ponto. Fim de papo!
Para quem não sabe, a Brasif era concessionária da Infraero, estatal responsável pelos aeroportos. Portanto, uma empresa federal. A Brasif, simplesmente, tinha o monopólio dos free-shops nos principais aeroportos do País. Uma clara e inequívoca demonstração de como o patrimonialismo é arraigado e tem origem no Brasil Colônia, do donatário Martim Afonso de Sousa — o Aristocrata da Pauliceia I, porque o segundo, sem sombra de dúvida, é o FHC, também conhecido como o Neoliberal I.
FHC afirmou: "Com referência à empresa citada no noticiário de hoje, trata-se de um contrato feito há mais de 13 anos, sobre o qual não tenho condições de me manifestar enquanto a referida empresa não fizer os esclarecimentos que considerar necessários". E nem o será. Fernando Henrique sabe que isto tudo não vai dar em nada, não somente porque os tucanos são inimputáveis, mas, sobretudo, porque o sistema judiciário deste País, composto pela Justiça, Ministério Público e Polícia Federal não tem a mínima disposição para investigar, julgar e prender políticos tucanos e seus aliados, como, por exemplo, os magnatas bilionários de todas as mídias cruzadas e monopolizadas.
Quando a colunista tucana, Eliane Cantanhêde, do Estadão e da Globo News, aquela do "povo limpinho e cheiroso", afirma, na maior cara de pau, que as notícias sobre as aventuras amorosas de FHC — o Príncipe da Privataria Primeiríssimo — funcionam como nuvens de fumaça para embaralhar o jogo político, ou seja, ela quer dizer que FHC como inspirador de notícias ruins é uma forma de tirar o sítio de Atibaia e o triplex do Guarujá, que não são de Lula, do foco das manchetes da imprensa de negócios privados, da qual a colunista é uma de suas principais porta-vozes de seus interesses. A verdade é que quem está a embaralhar tal jogo político sujo e golpista é a própria Eliane Cantanhêde.
Senão, vejamos: Como pode uma jornalista profissional, experiente, insinuar que o PT está por trás das palavras de Miriam Dutra, a ex-namorada de FHC? Trabalhei na Câmara dos Deputados em 1988 (Constituinte) e depois no período de 1991 a 1995. Retornei ao Legislativo em 2004 e saí da Casa de Leis em 2009. Portanto, trabalhei, de forma intercalada e em diferentes épocas cerca de 11 anos, sendo que morei e exerci a profissão de jornalista de Política, em Brasília, durante 22 anos.
Já naquele tempo, no final da década de 1980, Fernando Henrique já tinha fama de "conquistador". Todo jornalista de Política, que cobriu a Esplanada dos Ministérios, além do Congresso, STF e Palácio do Planalto de minha geração e da anterior à minha sabe disso. FHC tocou sua vida, pois era senador suplente de Franco Montoro, depois virou ministro do Exterior e da Fazenda, o que o levou, posteriormente, a ser presidente da República.
Eliane Cantanhêde sabe disso, porque se trata de uma jornalista experiente, apesar de ser ligada ao PSDB e aos interesses políticos de seus patrões, sejam eles os Mesquita, os Frias, os Marinho e o consórcio dos Diários Associados, cujo principal jornal é o Correio Braziliense, diário em que trabalhei nos anos de 1988 a 1991 e depois em 1995, num curtíssimo período.
Não tem sentido o que Cantanhêde afirma, quando se trata de publicar a realidade em sua coluna no Estadão. O que acontece não é derivado de ações do PT, mas, sim, de ações efetivadas pela própria vontade de Miriam Dutra, que a despeito de se submeter a inúmeras humilhações, ela reconhece que aceitou as condições impostas por Fernando Henrique e pelas Organizações(?) Globo. FHC, como seu ex-amante, e a Globo como sua patroa.
A verdade é que Miriam deve ter acordado certo dia, com efeito, pensado: "Meus filhos estão crescidos. Não preciso mais de ninguém. FHC sumiu há décadas de minha vida e a Globo não é mais minha patroa. Sabe de uma coisa?" — indagou-se — "Vou botar pra quebrar. Engoli sapos, escorpiões, cobras e lagartos à beça durante anos. Calei a boca, aceitei ser humilhada pra sobreviver e morei longe do Brasil, mas agora vou falar tudo". E falou. Os nomes que se podem dar às atitudes de Miriam Dutra são estes: mágoa, rancor, raiva, vingança e sentimento de ter sido injustiçada.
Depois disso tudo, vem a imprensa de caráter e histórico golpista e gangsteriano dizer que o PT está por trás das palavras de Miriam Dutra. Durma-se com um barulho desses. Miriam é mulher e agiu como muitas mulheres fazem, independente de condição social e opção político-partidária. Se qualquer pessoa pesquisar sobre brigas e escândalos amorosos e sexuais, vão aparecer incontáveis casos sobre essa questão, inclusive em forma de bate-boca público.
Mulheres se vingam, e, a propósito, também os homens. Só que de maneiras diferentes, porque os poderes e as formas de pensar e agir são diferentes, pois homens e mulheres, apesar de serem da mesma espécie animal, são diferentes, porque sentem as coisas da vida e o mundo de formas diferentes. Miriam Dutra é apenas mais um caso da história da humanidade. Ponto. Não é Cantanhêde?
Vale ressaltar ainda que a irmã de Miriam trabalhou para o senador José Serra, e, evidentemente, não sejamos tão ingênuos, obviamente que deve ter sido um pedido de FHC. Enquanto isso Lula está a ser achincalhado e jogado à fogueira "santa" medieval todo o dia. No passado, mostraram a Miriam Cordeiro, que cooperou para tirar votos de Lula, além de ter sido acusada de receber dinheiro, o que compromete moralmente suas afirmações.
A verdade é que no Brasil viceja uma imprensa empresarial covarde, cruel e corrupta, que toma a frente da política, porque se tornou um partido político de direita, que faz oposição sistemática ao PT e aos presidentes trabalhistas. Lula vai ser defendido por parte importantes da sociedade organizada onde for e aonde tiver de ser.
Inaceitável o é para a sociedade democrática ter de conviver com uma mídia privada antidemocrática e um sistema judiciário que tomou partido e faz, sistematicamente, parceria com o PSDB e a imprensa dos magnatas bilionários para derrubar presidente e prender ex-presidente, que, por "coincidência", são do PT. Isto tem de parar, ao preço de o Brasil se transformar em uma democracia capenga e pseuda, com um Judiciário ditatorial, que não aceita o jogo democrático e nem a ascensão dos pobres. A verdade é que existem duas Mirians e a do FHC é que está a falar. Segura peão!!! É isso aí.
As duas Mirians e a hipocrisia do aristocrata FHC — o Neoliberal I | Brasil 24/7
Mello Franco: ‘FHC tem muitas explicações a dar’
O jornalista Bernardo Mello Franco ressalta que o caso do filho de Fernando Henrique Cardoso fora do casamento virou notícia porque tem "interesse público em jogo"; "Seu filho virou notícia porque a mãe contou à Folha que recebia a pensão no exterior por meio de um contrato fictício com a Brasif. O arranjo, segundo ela, foi intermediado por FHC. No governo tucano, a empresa dominava o negócio milionário dos free shops nos aeroportos. Os contratos eram renovados sem licitação. A Brasif era ligada a Jorge Bornhausen, amigo do ex-presidente", ressalta
21 de Fevereiro de 2016 às 07:16
247 – O jornalista Bernardo Mello Franco ressalta que o caso do filho de Fernando Henrique Cardoso fora do casamento virou notícia porque tem "interesse público em jogo".
"Seu filho virou notícia porque a mãe contou à Folha que recebia a pensão no exterior por meio de um contrato fictício com a Brasif. O arranjo, segundo ela, foi intermediado por FHC. No governo tucano, a empresa dominava o negócio milionário dos free shops nos aeroportos. Os contratos eram renovados sem licitação. A Brasif era ligada a Jorge Bornhausen, amigo do ex-presidente", ressalta.
Franco lembra que na quarta-feira, FHC admitiu ter contas no exterior, mas disse ter declarado tudo ao Banco Central, e negou a participação de qualquer empresa nas remessas à ex-amante. No entanto, destaca o jornalista em sua coluna, "o dono da Brasif ofereceu outra versão" e contou ter um contrato para ajudar o ex-presidente a mandar dinheiro para fora.
No dia seguinte, relata Mello Franco, "FHC mudou o tom". "Trata-se de um contrato feito há mais de 13 anos, sobre o qual não tenho condições de me manifestar enquanto a referida empresa não fizer os esclarecimentos que considerar necessários", afirmou o tucano. "Na sexta, foi a Brasif quem mudou. Em nota, disse que o ex-presidente não teve participação na contratação da ex. Faltou esclarecer por que ela passou cinco anos sem trabalhar", cobrou.
Mello Franco: ‘FHC tem muitas explicações a dar’ | Brasil 24/7
21 de Fevereiro de 2016
A autocrítica de tantos jornalistas diante da notícia envolvendo um filho de Fernando Henrique Cardoso e da jornalista Mirian Dutra está fora de foco.
Editores e repórteres com influência nas grandes redações brasileiras na década de 1990 têm sido criticados por não ter dado curso a notícia de que o senador/ministro da Fazenda/presidente da República teve um filho fora do casamento.
É uma crítica menos fácil do que parece, pois desde 2012 é preciso responder a um fato novo: dois testes de DNA dizem que FHC não é o pai da criança.
De duas, uma. Ou se demonstra que os testes contém informações falsas ou erradas, como sugere Mirian Dutra, com a credibilidade que toda mãe merece.
Ou é preciso admitir que, após atravessar duas décadas em torno de uma história de paternidade fora do casamento envolvendo um presidente da República, os jornalistas brasileiros não foram capazes de encontrar um meio confiável para distinguir a pura fofoca de uma notícia real.
Pelos dados disponíveis hoje, é impossível negar que a decisão de não publicar uma linha sobre o caso pode ter evitado um erro lamentável, ainda que a motivação real não fosse defender os bons padrões do jornalismo. Apenas refletia um interesse político: proteger, de qualquer maneira, a reputação de Fernando Henrique, num período em que este se firmava como um quadro político importante da elite brasileira, condição que lhe permitiria, num prazo inferior a dez anos, chegar ao Itamaraty, ao Ministério da Fazenda e cumprir dois mandatos como Presidência da República.
Publicar notícias verdadeiras sobre a vida privada de qualquer pessoa — um cidadão anônimo, um homem público — é sempre um exercício discutível e complicado. Produz dores profundas, deixando feridas que nunca são inteiramente cicatrizadas. O mínimo que se pode exigir, em qualquer caso, é que elas tenham um grau máximo de segurança e confirmação, evitando vexames e constrangimentos particularmente vergonhosos caso um desmentido se faça necessário.
Qual o problema do caso, então?
Mais uma vez, a moral seletiva, o tratamento com dois pesos e duas medidas, que expressa a pesada desigualdade social brasileira. Estamos falando de um fenômeno que não se limita a este episódio específico, obviamente, mas se expressa através do jornalismo que persegue uns e protege outros, cujo exemplo mais atual é a Lava Jato e, antes dele, os dois mensalões.
Dois anos antes de surgirem os primeiros rumores sobre a gravidez de Mirian Dutra, espalhados em primeiro lugar por vários integrantes do círculo de amigos e auxiliares de FHC, o Brasil ficara estarrecido por um episódio que marcou a campanha presidencial de 1989: as reportagens sobre Lurian, a filha que Lula tivera como fruto de um namoro de curta duração, quando seu estado civil era de viúvo.
Na reta final de 1989, quando Lula subia nas pesquisas e exibia condições reais de vencer a eleição, a campanha de Fernando Collor comprou um depoimento da ex-namorada de Lula, que foi exibido no horário político e contribuiu para enfraquecer a ascensão do candidato do PT.
Lula era solteiro no momento em que a filha nasceu. Não podia, portanto, ser acusado de adultério. Registrou a menina com seu nome e vários membros da família, inclusive a avó materna, atestam que sempre prestou a assistência possível. Não podia ser acusado de mau pai, portanto. Ainda assim, sofreu um massacre. Lurian pagou o preço de quem estava interessado em questionar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva mas, à falta de argumentos políticos, queria apelar para o desapego a "valores familiares".
Num país traumatizado por uma covardia desse tipo, usar o argumento da direito a privacidade para evitar a publicação de uma história que envolvia as relações Fernando Henrique e Mirian Dutra podia até ser um ponto de vista correto como princípio geral. Mas era interesseiro demais para ser levado a sério depois que a paternidade se tornou uma moeda de troca política.
Até porque não foi o único caso. No mesmo período, descobriu-se que o governador de São Paulo Orestes Quércia tivera um filho numa relação antiga, que não terminou em casamento. Nada muito diferente daquilo que se sempre se viu em tantas famílias, em todas as épocas. Foi notícia grande, em primeira página de jornais e espaço generoso nas revistas.
Este conjunto de episódios confirma que nosso jornalismo tem mais conexões de classe do que fidelidade aos princípios profissionais. A célebre preocupação em atender a "curiosidade do leitor", mesmo quando se trata de oferecer mercadoria vulgar mas capaz de causar impacto, é sempre relativa.
Fernando Henrique não foi protegido porque os jornalistas desconfiassem de que a história fosse falsa. Possuíam aquilo que não têm mais hoje: 100% de certeza que era verdadeira. Até porque, em caso de dúvida, eram convencidos por insistentes depoimentos reservados de pessoas ligadas a família do presidente.
Mas todos fizeram a opção de não apurar, jogando nas costas de Mirian Dutra a responsabilidade de confirmar ou desmentir — em público, formalmente — aquilo que lhe era atribuído em conversas privadas. Se ela denunciasse, o caso seria publicado. Se fosse à Justiça cobrar direitos, melhor ainda. Apurar? Nunca.
Naquele mundo onde não surgira uma personalidade como o Papa Francisco, capaz de explicar a uma sociedade de tantos pais irresponsáveis que não existem mães solteiras, apareceu a guerra de uma mulher sozinha contra um presidente da República.
Isso aconteceu porque Fernando Henrique faz parte do clube fechado de homens e mulheres que controla os fios que conduzem as grandes decisões que envolvem a sociedade brasileira e controlam acessos ao poder de Estado. Essas pessoas impõem respeito e distância, até porque exibem um inegável poder de retaliação, econômica e política, extensivo a suas famílias. Não são desafiados facilmente.
Os mesmos jornais que 48 horas antes estavam exclusivamente ocupados com um apartamento que a família Lula da Silva não comprou, agora estão às voltas com um apartamento em Barcelona, que Fernando Henrique comprou em euros para o filho de Mirian Dutra. Também cabe apurar a utilização de uma concessiária de serviços de free-shop para realizar pagamentos mensais que não era conveniente realizar por meios oficiais. Ninguém deve ser acusado nem antecipado previamente sem provas — no caso de FHC, não há risco disso acontecer — mas é bom que tudo venha ser esclarecido. Ajuda a elevar a consciência e combater persistentes hipocrisias.
A grande lição do episódio, mais do que nunca, ensina que é preciso ter independência para apurar e investigar.
Também se confirma, mais uma vez, que é preciso respeitar o direito a privacidade, sem aceitar a moral relativa que cristaliza a existência de cidadãos de primeira e segunda classe. Isso começa por lembrar que a vida privada deve ser um direito de todos, sem distinção de classe, raça, gênero nem origem. Quando a paternidade de uma criança está no centro da notícia, esse cuidado deve ser reforçado por cautelas suplementares — até porque se trata da única pessoa que não tem responsabilidade alguma por desvios e abusos que possam ter sido cometidos.
Mirian-FHC: as preferências de classe da mídia | Brasil 24/7
Leandro Fortes
Jornalista
20 de Fevereiro de 2016
A mídia ainda não achou um jeito de tirar Fernando Henrique Cardoso da enrascada em que a jornalista Mirian Dutra o meteu.
A tese de que a relação com a amante é uma questão de foro íntimo só faria sentido se:
1) O presidente da República e, por extensão, o Brasil, não tivessem sido feitos reféns da Rede Globo, por oito anos, sabe-se lá a que preço, para que essa amante ficasse escondida na Europa;
2) O presidente da República não tivesse se utilizado de uma empresa concessionária – a Brasif – para enviar dinheiro para o exterior, por meio de uma offshore aberta em paraíso fiscal, para o filho que ele imaginava ser dele – e que, agora se sabe, pode ser mesmo;
3) O presidente da República não tivesse se mancomunado com um editor da revista Veja para fraudar uma notícia com o objetivo de mentir ao País sobre a gravidez de Mirian Dutra;
4) O presidente da República não tivesse nomeado a irmã da amante, Margrit Dutra Schmidt, para cargo público federal, no Ministério da Justiça e, mais tarde, ter providenciado junto a um aliado, o senador José Serra (PSDB-SP), um emprego-fantasma no Senado, onde ela está há 15 anos, recebendo salário, todo mês, sem aparecer para dar expediente.
A nota da Brasif, uma explicação seca e patética montada por advogados para dizer que Mirian recebia dinheiro da empresa, mas que FHC nada tinha a ver com o caso, é uma dessas coisas que só podem ser vinculadas seriamente no Brasil, dada a indigência moral e profissional da nossa imprensa pátria.
Mirian recebia 4 mil dólares por mês para pesquisar preços – o que, aliás, ela disse que nunca fez.
Para acreditar nessa versão mambembe é preciso ser cínico em nível patológico ou uma besta quadrada completa, categorias em que se enquadram 99% dos batedores de panela e manifestantes da CBF dos domingos de histeria e ódio da Avenida Paulista – Margrit Dutra Schmidt entre eles.
Em um muxoxo particularmente hilariante, FHC acusou o golpe: acha ser "uso político" a Polícia Federal investigar essas transações de evasão fiscal feitas pela Brasif nas Ilhas Cayman, o paraíso dourado dos tucanos.
Então, está combinado.
Quando a investigação é sobre o barco de lata de dona Marisa Letícia ou sobre o número de caixas de cerveja que Lula levou para um sítio em Atibaia, é combate à corrupção.
Mas investigar remessas de dinheiro, via paraíso fiscal, feitas por uma concessionária do governo, a mando de um presidente da República, para manter uma amante de bico fechado com o apoio da TV Globo e da Veja, é uso político.
O problema central é que, antigamente, bastava silenciar e manipular o noticiário.
Hoje, com as redes sociais, como bem sabe José Serra e sua bolinha de papel atômica, é preciso muito mais do que jornalistas servis e desonestos para esconder um escândalo desse tamanho.
Procura-se uma boia para FHC | Brasil 24/7
Lula Miranda
Poeta, cronista e economista. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média
19 de Fevereiro de 2016
Mais tucana que jornalista, Eliane Cantanhêde, em seu artigo de hoje no "Estadão", morde e assopra, como é de seu feitio, e ainda arruma um "jeitinho" de tentar transferir a bronca e a sujeira de FHC para o PT – para limpar a barra deste e dos seus parceiros no tucanato, provavelmente.
Vale salientar (e ressalvar) que a notícia da "baixaria" de FHC, com sua ex-amante, foi noticiada, originalmente, numa matéria que foi manchete de capa da "Folha", jornal que é tido e havido como amigo dos tucanos, e no qual Cantanhêde trabalhou por mais de uma década.
Cá entre nós, o fato é que a tal Míriam – que, por sinal, parece não ser lá flor que se cheire (mas isso é problema dela e de FHC) – foi sustentada e escondida no exterior pela Globo e por uma empresa amiga dos tucanos, em favor de FHC.
E isso é particularmente grave.
"Baixarias" à parte, trata-se um enredo, tipicamente folhetinesco e mafioso, que envolve FHC, a toda poderosa Globo, uma empresa privada [concessionária de um serviço público, na ocasião que se deram os fatos] e os finados Roberto Marinho, ACM e Luis Eduardo Magalhães.
Como se pode notar, os oligarcas se vão e deixam a sua podridão arrastando-se história adentro. Que descansem em paz.
Mas o leitor mais atento deve, a essa altura, estar se fazendo algumas perguntas.
Por exemplo…
Afinal, por que a Globo sustentou uma funcionária no exterior, sem trabalhar, com salário que chegava a US$4.000?
Por que a Globo tinha interesse em esconder essa senhora e proteger FHC?
Por que a Globo estava mancomunada com ACM – que era (ou fora) ministro das Comunicações e era amicíssimo, ou, melhor dizendo, "amice” da “famiglia" dos Marinhos?
Por que uma suposta "ação entre amigos" envolvendo Lula e a Odebrecht é condenada, enquanto que essas "ações entre amigos", que perpassam a história da República, é tolerada, e até protegida/escondida, pela rede Globo, pela “Veja” e pela grande mídia em geral?
E só agora – antes tarde do que nunca -, porque a tal senhora resolveu jogar os pecados diversos [dela e de FHC] no ventilador, a história veio à tona em caráter definitivo. Afinal, a Folha não iria perder esse "furo" por nada desse mundo – não é mesmo? – uma vez que o pacto de silêncio já se rompera de maneira irremediável.
E por que o tal pacto se rompeu?
Será que foi porque a Globo, diante da queda da sua audiência e faturamento já não podia mais se dar ao luxo de bancar o dolce far niente de uma ex-amante de um ex-presidente no exterior?
Vale ressaltar que a locutora do Jornal Nacional, dessa mesma emissora, disse ontem, na bancada do JN, que Míriam fora "colaboradora" da Globo até dezembro de 2015. Foi?!
Aguarde, pois hão de tentar desenrolar essa "ação entre amigos" e esse novelo de interesses nos próximos capítulos.
Ou será que vão tentar esconder mais esse podre das nossas ruinosas elites no meio do monumental e secular monte de sujeiras, hipocrisia e falso moralismo, na lata de lixo da história?
É bom que essas coisas venham a público para que fique cabalmente evidenciada a hipocrisia e o falso moralismo de certos políticos, e o tratamento diferenciado que a grande imprensa dá quando se refere a outro ex-presidente: Luiz Inácio Lula da Silva.
FHC, depois dessas revelações Gravíssimas, está, desgraçadamente, completamente desmoralizado.
Os (as) amantes do tucanato | Brasil 24/7
Caso Globo: Funcionários da Brasif desconhecem empresa de aluguel de helicópteros; FHC usou a Brasif para bancar Mirian Dutra no exterior
publicado em 16 de fevereiro de 2016 às 23:23

Da Redação, com Lidyane Ponciano em Belo Horizonte
O número no endereço dado pela empresa é simbólico: 171.
No Código Penal, significa estelionato.
Nossa repórter esteve no endereço, em Belo Horizonte: rua Margarida Assis Fonseca, 171, bairro Califórnia.
Perguntou ao guarda, depois foi à portaria: funciona ou funcionou aqui uma empresa que aluga helicópteros?
Resposta de um funcionário que diz que a empresa Brasif está lá há mais de 50 anos: nunca!
Na portaria, a mesma resposta: não, não há helicóptero para alugar.
Por telefone, confirmamos com duas funcionários distintas. Elas checaram com colegas. Não, ali nunca pousou um helicóptero. Nem funcionou o Consórcio Veine-Santa Amalia.
Gravamos, mas não identificamos os entrevistados para não expô-los a retaliações.

Procuramos via Facebook a mulher indicada como administradora da sociedade.
Ela mora no Rio de Janeiro, mas supostamente alugava helicópteros sem tripulação em Belo Horizonte.
Segundo denunciou o Tijolaço, o consórcio Veine-Santa Amalia até recentemente era o responsável pelo helicóptero que serve à família Marinho.
No site da Anac, o aparelho agora aparece sob controle da empresa Vattne, baseada no Rio de Janeiro. Mas existe algo em comum com Belo Horizonte: o responsável pela Vattne é diretor da Brasif.
A Santa Amalia Administrações e Participações Ltda., integrante do consórcio com a Veine, é baseada em uma fazenda de Uberaba, em Minas Gerais: a Córrego dos Macacos.
Já a Agropecuaria Veine Patrimonial Ltda. é a mesma que tem sob seu nome a mansão triplex frequentada pela família Marinho na praia de Santa Rita, em Paraty, litoral do Rio de Janeiro.
A Veine tem como sócios dois brasileiros e uma empresa baseada em Nevada, nos Estados Unidos, a Vaincre. A Vaincre foi gerenciada pela panamenha Camille, que por sua vez foi aberta pela Mossack Fonseca, empresa panamenha investigada pela Operação Lava Jato. Os documentos que demonstram isso estão aqui.
A Mossack está sendo investigada por supostamente criar um laranjal para investidores brasileiros. Uma funcionária disse ao MPF que o objetivo das empresas de papel criadas pela Mossack é “proteção patrimonial”, não lavar dinheiro ou esconder propriedades do Fisco.
“Proteção patrimonial” é a garantia dada a capitalistas de que não vão perder tudo em caso de crise.
Será que os Marinho colocaram a casa e o helicóptero sob as asas da Veine para proteger o patrimônio? Logo eles, que defendem o risco capitalista com tanta firmeza?
Ou a Vaincre e a Veine foram instrumentos para transportar dinheiro recebido no Exterior e estacionado em refúgios fiscais para o Brasil?
Esclarecer isso é o objetivo de checar o papelório: quais empresas de fato existem e quais são ficção?
Só uma investigação do juiz Moro e dos procuradores e delegados da Lava Jato poderia esclarecer definitivamente.
Os indícios são de que o consórcio Veine-Santa Amalia representa um acerto entre os Marinho e o empresário Jonas Barcellos, dono da Brasif. O milionário já foi dono dos freeshops de aeroportos brasileiros. Hoje, em Belo Horizonte, a Brasif aluga máquinas pesadas.
Curiosamente, a revista Época, dos irmãos Marinho, denunciou Jonas como um dos fornecedores de caronas aéreas ao ex-presidente Lula, nesta reportagem.
O Estadão também mencionou Barcellos como “amigo de Lula”, nesta reportagem.
Mas ambos omitiram, talvez por desconhecimento, o fato de que uma empresa de Jonas é sócia da empresa que tem em seu nome a mansão dos Marinho em Paraty. A sociedade, como demonstram os documentos acima, continua ativa.
O Viomundo não dá muita bola para estas coisas burocráticas de nomes e endereços. Reconhece que pode levar a denúncias furadas.
Mas o que diriam a Época e o Estadão – para não dizer a Veja — se Lula ou algum outro petista tivesse uma empresa que aluga barcos de lata, mas nunca alugou barcos de lata, num endereço onde ela nunca de fato funcionou?
Seria um escândalo, com direito a buscas por “laranjas” nas redondezas para aparecer no Jornal Nacional.
Constatamos em Belo Horizonte que o consórcio forneceu um endereço para alugar helicópteros sem tripulação onde nunca houve helicóptero, nem aluguel, de acordo com quatro funcionários distintos da Brasif, que por sua vez consultaram colegas.
Ao nos incentivar a investigar o assunto, um leitor se referiu a um verdadeiro Baile da Plutocracia em torno da família Marinho: o dono da Brasif, Jonas Barcellos, é um dos conselheiros do Consig, o Conselho de Desenvolvimento Sustentável da Baía da Ilha Grande.
Como se vê na mansão de Paraty, os donos da Globo tem um grande interesse pelo litoral carioca.
Quem aparece ao lado de Barcellos no conselho? Jonas Suassuna, dono do sítio frequentado pelo ex-presidente Lula!
Quem é um dos conselheiros-fundadores? José Roberto Marinho. Dos filhos de Roberto Marinho, ele é o “ecologista”.
Mas isso não bate com o comportamento da família: a casa de concreto em Paraty teria violado as leis ambientais, segundo denúncia de servidora do ICMBio. Uma ação iniciada pelo MPF busca demolir o triplex de concreto de Santa Rita, que tem piscina invadindo a praia pública.
Mais uma instância em que os Marinho pregam uma coisa publicamente, via TV Globo, mas privadamente fazem outra.
Abaixo, um passeio pela Paraty House sugerido pelo Fernando Brito, do Tijolaço:
PS do Viomundo: Em entrevista à Folha de S. Paulo desta quinta-feira, 18 de fevereiro, a jornalista Mirian Dutra diz que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) usou a Brasif S.A. Exportação e Importação para mandar dinheiro para ela e o filho Tomás Dutra no exterior. Mirian teve um relacionamento afetivo com o ex-presidente nos 1980 e 1990.
Segundo a jornalista, por meio da assinatura de um contrato fictício de trabalho, celebrado em dezembro de 2002 e com validade até dezembro de 2006, a Brasif fazia uma transferência de US$ 3 mil mensais.
No documento, aparece como contratante a Eurotrade Ltd., empresa da Brasif com sede nas Ilhas Cayman.

Na entrevista à Folha, a jornalista diz que, numa conversa, dois anos depois da vigência do contrato, Fernando Henrique revelou que o dinheiro enviado pela Brasif era, na verdade, dele, e não da empresa.
“Ele me contou que depositou US$ 100 mil na conta da Brasif no exterior, para a empresa fazer o contrato e ir me pagando por mês, como um contrato normal. O dinheiro não saiu dos cofres da Brasif e sim do bolso do FHC”, diz.
Leia também:
O que a PF já sabe sobre a empresa panamenha Mossack Fonseca
Palmério Dória: Mirian Dutra, FHC e o DNA de uma farsa
publicado em 18 de fevereiro de 2016 às 11:52
O
furo jornalístico da Caros Amigos, em abril de 2000, reproduzido no blog do Palmério Dória: Por que a imprensa esconde o filho de 8 anos de FHC com a jornalista da Globo?
MIRIAN DUTRA, FHC E O DNA DE UMA FARSA
por Palmério Dória, no Conversa Afiada
No burburinho da Assembléia Nacional Constituinte dois fatos chamavam a atenção: a proverbial resistência física do velho e inesquecível Ulysses Guimarães, que comandava sessões que varavam a madrugada sem perder o humor e sem sequer ir ao banheiro, e o tórrido romance vivido pelo senador tucano Fernando Henrique Cardoso e a jornalista Mirian Dutra, estrela dos noticiários da Rede Globo.
Mirian, profissional dedicada e discreta, era uma mulher desimpedida. FHC, o “príncipe dos sociólogos”, ao contrário, era casado desde os anos 50 com a respeitada antropóloga Ruth Cardoso, com quem teve três filhos e um casamento que se julgava sólido até então.
Nos restaurantes e bares de Brasília um Fernando Henrique fora do eixo, com surpreendente comportamento juvenil, trocava olhares lânguidos, roçava pernas e pés, desfilava de mãos dadas e se afogava em beijos que faziam a alegria de quem presenciava o inusitado de uma paixão arrebatadora. Uma dupla quase sempre lhes fazia companhia, em situação semelhante: a linda deputada Rita Camata (PMDB-ES), casada, e o poderoso Alberico Souza Cruz, o diretor do telejornalismo global e chefe de Mirian.
O resultado desse amor que não podia ser assumido se materializou num teste de gravidez. Positivo. Tomás Schmidt Dutra estava a caminho. Seria registrado pela avó num cartório de Brasília, após seu nascimento, em 26 de setembro de 1991.
Mirian teve Tomás apoiada por amigos próximos. Não lhe faltou nada, exceto a presença do pai, que meses antes a expulsou aos gritos de seu gabinete no Senado ao ser comunicado da gravidez. O frio, sarcástico, irônico, cínico, racional FHC, descontrolou-se como nunca, indicando-lhe a porta de saída aos berros de “rameira”, chutando um circulador de ar da sala de espera, sendo contido por assessores, enquanto uma humilhada Mirian Dutra, chorando, era acolhida nos braços de um passante. Para desgraça do agressor, tratava-se de um dos jornalistas mais respeitados do país, Rubem Azevedo Lima, decano dos profissionais de imprensa no Congresso Nacional com passagens pelo Correio da Manhã, Folha de S. Paulo e Correio Braziliense, por exemplo.
Retirada do cenário do barraco, Mirian seria procurada por Sérgio Motta, sócio de FHC, e José Serra. A paz seria celebrada com promessas que lhe foram feitas e cumpridas. Imediatamente ela mudou de casa. Foi para um apartamento maior e melhor que o seu, na SQS 211, em Brasilia. Sua mudança foi feita pela equipe que a acompanhava nas reportagens da Rede Globo: o motorista, o cinegrafista e o iluminador, o popular “pau de luz”, um tipo brincalhão que protagonizou um episódio que ficou célebre no diz-que-diz das noites do Piantella: ao desembarcar a cama de casal de um caminhão alugado para a mudança, bateu as mãos no colchão e sentenciou, solene: “esse é o do senador!”.
Ao ir para Lisboa, numa TV associada à Globo, a SIC, do ex-primeiro-ministro Pinto Balsemão, Miriam Dutra tornou-se a última exilada brasileira. E, também, a primeira beneficiária da maior bolsa família já paga com dinheiro público.
Logo após sua partida, o cunhado e lobista Fernando Lemos, casado com a ex-trotskista Margrit Schmidt Dutra (hoje uma militante furiosa da extrema-direita nas redes sociais), iniciou um curioso e repulsivo processo de efetuar gorda coleta da mesada para a cunhada e “o filho do presidente”.
Agnelo Pacheco, o publicitário que abiscoitou a descomunal conta da Caixa Econômica Federal e trocou sua imagem corporativa numa ação milionária combinada com o embaixador Sérgio Amaral (negociata de milhões, centenas de milhões), puxou a fila dos mecenas.
Wagner Canhedo, o dono da VASP, marcou presença. A White Martins e o Banco Icatu, idem. Nunca uma pensão alimentícia movimentou tanto o filé do capitalismo tupiniquim. Era uma “bolsa pimpolho” operada por lobistas e megaempresários. Era um escândalo. Tomás e Mirian, certamente, ficaram com a menor fatia do botim.
Tratava-se de um mensalão doméstico, igual ao que a Construtora Mendes Júnior e Renan Calheiros teriam feito no caso de uma filha do senador alagoano com uma modelo – e hoje o caso está nas altas instâncias judiciais dando dor de cabeça intensa ao presidente do Senado. Mas, como sempre, FHC estava acima da lei.
De Lisboa a família sem pai se muda para Barcelona. Lá vamos encontrá-la num bairro elegante, em bom edifício, levando uma vida sem sobressaltos. Mirian estava fora do vídeo, mas ainda na folha de pagamentos da família Marinho. O padrinho de batismo de Tomás havia sido muito prestativo com o pai do menino e ajudou-a muito. Era o conhecido e poderoso diretor de jornalismo global Alberico Souza Cruz, o Alburrico.
Em fevereiro de 2000, na revista Caros Amigos, por uma decisão editorial tomada pelo Sérgio Souza, seu editor, se decide desvendar o mais bem guardado segredo da República: o porquê a grande imprensa esconde o filho de 8 anos de FHC com uma repórter da Rede Globo. Na verdade, era um segredo de polichinelo.
A preocupação jornalística veio casada com a salvaguarda ética: não publicar a foto do menino, oferecida por um colunista de Santa Catarina; não adentrar os limites da intimidade da família; ouvir e publicar tudo o que Mirian e FHC se dispusessem a dizer; procurar e ouvir os editores de TODOS os grandes veículos da mídia nacional.
Assim foi feito.
Em abril de 2000, com enorme repercussão, Caros Amigos lancetou o tumor. O então presidente da República foi procurado e não quis se pronunciar. Os editores dos principais jornais, revistas e telejornais deram suas versões, todas publicadas. Mário Sérgio Conti, chefão da Veja, atendeu meu telefonema com frieza que foi substituída por um ataque de ira e impropérios publicados na íntegra.
Mirian, procurada pelo repórter João Rocha, em Barcelona, foi cortês. Pelo telefone conversaram longamente. Miriam demonstrou querer falar, mas não falou. Já era uma mulher amargurada, quando disse uma frase reveladora ao ser perguntada pela paternidade de Tomas: “pergunte para a pessoa pública”. Estava indicada a paternidade de Tomas, é óbvio.
Na entrevista concedida por Mirian à revista digital BrasilcomZ, há algo que emerge com força e nos surpreende: ela lança dúvidas sobre o exame de DNA realizado por FHC. Acredita que houve fraude. Desmente que FHC tenha prestado assistência ao suposto filho, que o tenha visitado em Madri, que mantenha boas relações com Tomás. E traça um perfil humano devastador, nada a ver com aquele que a mídia tenta projetar. Mirian Dutra falou muito menos do que sabe.
Como velho repórter, noto uma situação interessante: Mirian esperou quase três décadas para fazer o que qualquer mulher faria. Mas o faz apenas agora, dias após FHC formalizar sua união com a bela e jovem Patricia Kundrat, a quem presenteou com um imenso apartamento na Avenida Angélica, no aristocrática bairro de Higienópolis, a poucos metros de sua casa. Valor do mimo: R$ 1 milhão.
Tenho a absoluta convicção que Mirian, como mulher ofendida na sua dignidade e como mãe, no mínimo exigirá a realização transparente de um exame de DNA em três laboratórios, ao mesmo tempo. Todos eles sob a supervisão da Justiça, da Ordem dos Advogados do Brasil e dos advogados de ambas as partes.
Estão em jogo três coisas muito importantes. O futuro de Tomás, a vida de Mirian, e – não podemos ser hipócritas – a imensa e inexplicável fortuna de Fernando Henrique Cardoso.
Leia também:
FHC usou a Brasif para bancar ex-namorada no exterior
Maria Goretti: Por ter decidido ser mãe, Mirian se tornou um estorvo
publicado em 19 de fevereiro de 2016 às 00:08

Maria Goretti passa a colaborar com o Viomundo. Ela é advogada, cantora e feminista
“Desafio da Maternidade aceito!”
por Maria Goretti
Há alguns dias uma onda no facebook chamada “desafio da maternidade” convida mães a postarem fotos com seus filhos.
A maternidade se revela de fato um grande desafio. São muitas abdicações e amadurecimento.
Como o caso descrito pela jornalista Mirian Dutra. Ela revelou em entrevista à Folha que foi amante de FHC por 6 anos. Apaixonada. Tinha rejeição à pílula e DIU, e ele sabia.
O então senador da República pagou por dois abortos durante a relação. Um dia ela descobriu que estava grávida de 3 meses e fez questão de ter o filho.
O romance acabou aí. Ele disse para ela arranjar outro pai para o filho.
E de fato foi arranjado outro pai para o filho. Numa notinha plantada na Veja ela apareceu séria, de óculos escuros. Dizia que estava grávida de um biólogo e que resolveu ir morar no Sul. Estava claro que ela cedeu ao pedido de FHC e não queria manchar a imagem dele. Um candidato, imagine, com uma amante.
Por ter decidido ser mãe ela se tornou um estorvo. Saiu do país e pessoas ligadas à política a aconselharam a não voltar.
FHC pagou os estudos do filho e deu-lhe um apartamento. Discute-se se foi com dinheiro público ou não. Mas sabemos que isso não será averiguado, nem haverá panelaço, porque ele não é do PT.
O ex-presidente disse ao jornal que atende ao filho nas necessidades afetivas “quando possível”, exatamente como é dito por tantos pais em tantas e tantas audiências nas Varas de Família.
Haverá quem diga que ele faz muito. Que é uma grande honra para o filho conseguir falar ao telefone com o pai. E em tantos lares é assim: quando o pai faz sua parte, está “ajudando”, como se a regra fosse justamente ser irresponsável.
Mirian aceitou o desafio da maternidade, mas não manteve o segredo. Quem lê sua entrevista lembra de todas as mulheres, lembra de si mesma. Uma mulher pode ter sido frágil a vida inteira.
Uma mãe não tem medo de nada.
Leia também:
ACM pediu que Mirian não voltasse ao Brasil, diz ex de FHC
Entrevista ao DCM: Mirian Dutra confirma que Globo foi representada no almoço em que ela foi convencida a não voltar ao Brasil — antes da reeleição de FHC
publicado em 21 de fevereiro de 2016 às 01:52

Mirian Dutra em 1991, no Jornal Nacional, antes da gravidez; depois, em Portugal, as aparições rarearam, até ela sumir completamente do vídeo apesar de ganhar o equivalente a R$ 18 mil mensais
Quase 30 anos depois, eis que uma nova Mirian adentra a vida política nacional com histórias sobre relações perigosas, filhos fora do script e abortos clandestinos. Na campanha de 1989, Miriam Cordeiro foi usada e se deixou usar covardemente por Fernando Collor contra seu adversário do segundo turno, Luiz Inácio Lula da Silva. No desastre político e econômico de 2016, chega da Europa a voz de Mirian Dutra, dando de bandeja para o PT de Lula munição contra Fernando Henrique Cardoso. Eliane Cantanhede, no Estadão
Por Fernando Brito · 19/02/2016

Para quem não sabe o que é a palavra poltrão, que minha avó dizia quando ficava muito revoltada ao ver alguém se comportar de forma vergonhosa, aí vai a definição: quem não tem coragem; covarde, medroso, pusilânime.
Este é o retrato de Fernando Henrique Cardoso após a nota divulgada hoje pela Brasif dizendo que ele nada tem a ver com o contrato fictício de prestação de serviços que, em nome dele, assinou com a jornalista Mírian Dutra e que, portanto, nem desta maneira espúria ele assistiu a criação de uma criança que, para todos os efeitos, admitia ser seu filho.
Fez, isso, sim, de forma bandida, mas fez.
Porém, com medo de responder pelos dinheiros tortuosos que usou nisso, ‘esqueceu’ o que depositou (depois do que escreveu como sociólogo) até obter da empresa a garantia de que ela “seguraria a peteca” dos pagamentos a Mirian.
Se nega a irregularidade, proclama a desumanidade: quer dizer que assistiu crescer o rapaz que pensava ser seu filho sem mover – mesmo por caminhos ilegais – uma palha para contribuir no seu sustento?
A um homem que renega um filho – ainda mais no século 20 – só cabe mesmo o adjetivo que minha avó usava aos desafetos máximos: poltrão!
Não interessa se a mãe faz a denúncia com sinceridade, depois de tantos anos. Ao menos até o exame de DNA, ele admitia ser o pai e, portanto, tinha responsabilidades afetivas e materiais.
E para quem se revela proprietário de propriedades milionárias, como se revela no post abaixo, não é possível que uma mísera pensão fosse inviável.
Atpé porque se pode dar um apartamento de 200 mil euros – quase R$ 1 milhão – ao rapaz, a essa altura, e se não foi capaz de pagar-lhe escola, comida, roupa, este mimo assume ares de “cala a boca, garoto, que você vai se dar bem”.
Um corrupto e um corruptor são desprezíveis.
Mas quem corrompe seu próprio filho é mais, é abjeto.
Lixo.
Se ele quiser, que me processe.
Vou ter o prazer de dizer como minha avó dizia, que é um poltrão.
Por Fernando Brito · 20/02/2016

As revistas semanais, como era de se esperar, simplesmente ignoraram em suas capas o escândalo da semana: a revelação, pela jornalista Mírian Dutra, de que Fernando Henrique Cardoso valia-se de um contrato fajuto de uma empresa beneficiária do Governo para pagar uma pensão alimentícia de US$ 3 mil ao filho que, àquela altura, considerava seu.
E providenciaram, num estalar de dedos, uma nova carga de vazamentos contra Lula, montada à base de suposições absurdas até pelo valor que se pagaria, de fato, se ele estivesse patrocinando negócios ilegais e não a legítima expansão de negócios de empresas brasileiras no exterior – e bem distante das Ilhas Cayman, de onde vinha a “pensão fajuta” da ex-namorada de Fernando Henrique. Porque, onde se atribui a um gerente da Petrobras, Pedro Barusco, o surrupio de R$182 milhões, chega a ser risível que – entre viagens, hospedagens e palestras, Lula tivesse recebido 26 vezes menos para atuar como “vendedor” de serviços empresariais.
E, se as palestras e eventos com Lula não tinham valor, mas eram simples cobertura do pagamento de vantagens a Lula,no julgamento da mídia, resta explicar porque por elas pagaram quase o mesmo, por cada uma, empresas como a Microsoft, Itaú, Santander, Ambev, Telefónica, Iberdrola, Telmex, Lojas Americanas, LG, Bank of America e outras, além da própria dona da Época, a Infoglobo.
A coisa é tão ridícula que usam como “prova” o fato de Lula ter se reunido com o presidente do BNDES um mês depois de ter ido a Cuba, em 2011.
Desculpem, se Lula, com o prestígio que tinha em 2011, pisasse no aeroporto e ligasse para o presidente do BNDES dizendo que precisava falar com ele, era recebido no mesmo dia, se desejasse.
Evidente que os vazamentos integram a operação “Fazer o que o gato faz” com o escândalo FHC-Brasif.
E o “coitado” do ex-presidente reclama do “uso político” do caso, com os lordes daa grande mídia balançando a cabeça, reprovando essa “baixaria” – não sei qual, porque o problema é o dinheiro e seus caminhos, não a idiferença parental de Fernando Henrique Cardoso.
O curioso é que fizeram capas inteiras sobre o caso semelhante de Renan Calheiros, quando uma ex-amante – coincidentemente a também jornalista Mônica Veloso – denunciou outra pensão fajuta igualzinha, como mostro na ilustração do post.
A moral da mídia é mesmo elástica para seus queridinhos e uma rocha para seus inimigos.
Por Fernando Brito · 18/02/2016

Não vou entrar nessa de perseguir a irmã de Mirian Dutra, porque foi nomeada por José Serra como assessora de seu gabinete.
O nomeado tem sempre alguém que o nomeou.
E o que falta dizer nessa história é que foi ele, o puro, o príncipe, o limpíssimo Fernando Henrique Cardoso quem usou seu poder presidencial para nomear a “cunhada”.
O que, até agora, a imprensa não publicou, embora esteja estampado no Diário Oficial, na primeira página, quando ele a designa para dirigir o Departamento de Classificação Indicativa do Ministério da Justiça, sucedâneo do velho Departamento de Censura, é que foi ele quem a nomeou quando seu principal atributo era ser a irmã se sua namorada.
E não publicou porque não quis, porque Margrit chegou até a escrever artigo para a Folha com o irônico título de “Kids – Meu filho pode assistir?”
Pois é este Tartufo que vem dizer que Lula não merece mais o seu respeito e que “é preciso esperar para ver” se ele é honesto.
Fernando Henrique Cardoso é pior aquilo que ele, depreciativamente, atira sobre outros.
A miséria da política, título de seu livro em que pretende fazer – chega a doer ver um sociólogo descer a esta simplificação – as “crônicas do lulopetismo” – bem lhe serviria como retrato.
FHC é um miserável da política, que a exerceu com a vaidade e a conveniência atropelando toda a cultura e ética que se pavoneia de ter, e que está agora sendo fritado no óleo fervente de sua própria hipocrisia.
Por Fernando Brito · 18/02/2016

Só há uma coisa digna na nota emitida hoje pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a respeito do escãndalo provocado pela entrevista de sua ex-namorada Mirian Dutra. A frase final: “Questões de natureza íntima, minhas ou de quem sejam, devem se manter no âmbito privado a que pertencem.”
Mais uma vez, não se tratará aqui delas, muito menos se emitirá conceitos morais sobre o comportamento do “ex-príncipe”.
Mas dizer que vai esperar a Brasif, do empresário Jonas Barcellos explique o que fez, a seu pedido, para só então dizer o que fez, francamente, é de uma imensa covardia.
Dizer que enviou 100 mil dólares para serem pagos à razão de US$ 3 mil por mês é o fim da picada.
Embora ele pudesse ter este valor (na sua última declaração de bens pública, como candidato em 1998, ele tem apenas US$ 23,2 mil ) é bom lembrar que US$ 100 mil, no final de 2002 , chegavam R$ 400 mil em moeda nacional, pois o dólar estava, na datado contrato exibido pela beneficiária (16/12), a R$ 3,632.
R$ 363 mil, naquela data, pela inflação, equivaliam a R$ 746 mil, hoje,corrigidos pelo IPCA.
Um dinheiro para não esquecer, não é?
Se foi no exterior que recebeu, do que foi? Ou ele, presidente, mandava todo mês uma remessinha de dólares para fora?
Pior ainda é a Globo soltar uma nota dizendo que “não sabia de nada”, porque é público que ela colaborou o exílio da moça.
Mais um capítulo na vergonha de uma mídia que abafou, todo tempo, situações escandalosas de Fernando Henrique e, hoje, faz escândalo com uma canoa e um “puxado” de Lula.
Quer um exemplo?
Vocês viram os jornais e tevês apurando a história do aeroporto da empresa Camargo Correa construído em 95 na fazenda ao lado da Córrego da Ponte, propriedade de FHC em Buritis, embora a Istoé tenha tornado o fato público em 1999?
Conversa? Olhe aí do lado a renovação da licença do aeroporto, em 2001,que já não consta mais na base de dados da Anac, agora que FHC vendeu a fazenda e a empreiteira fechou a microempresa que era “dona” da pista, capaz de rebeber jatinhos de bom porte…
Os jornais, que se esmeram em ouvir caseiros, donos de loja de materiais de construção, marceneiros, vendedor de bote de lata e tudo o que podem revirar no lixo para incriminar Lula se dignaram a mandar um repórter lá?
Ou pelo menos de mandar um repórter colocar no Google Maps as coordenadas do aeroporto e as da Fazenda Córrego da Ponte, que podem ser conhecidas porque o comprador – FHC a vendeu em 2003 – registrou um pedido de construção de açudes, produção de carvão e desmatamento de 55 hectares. Estão registradas aqui, no documento: latitude 15°14’19.4’’ Sul e longitude de 46°42’49.6’’ Oeste.
Gasta só uns minutinhos, como eu gastei, verificar que é praticamente ao lado da propriedade do príncipe, embora para usar a estrada e não atravessar a lavoura que tem lá sejam 6,3 km pelas estradas vicinais, porque o Google não faz percurso por vias internas das propriedades, o que reduz a menos da metade a distância.
O mapa está lá em cima, na ilustração e aqui, neste link, para quem quiser abri-lo, de forma interativa, no seu próprio computador.
É preciso um escândalo de natureza sexual e familiar para que o príncipe vire sapo?
Por Fernando Brito · 17/02/2016

Sigo na posição de não discutir o festival de baixarias e rancores – justos ou não – da ex-companheira de Fernando Henrique Cardoso, reavivados agora na entrevista a Natuza Nery, na Folha .
Francamente, estou me lixando se uma empresa deu dois, cinco ou dez mil dólares para bancar a criação do seu então suposto filho.
Isso é imensamente menos prejudicial ao país que o caráter de seu governante.
Mas é impressionante – se 10% do que Míriam Dutra for verdadeiro – o que esta história está revelando sobre o caráter do “príncipe”.
E mais ainda pelo que ele diz, ao ser confrontado com as declarações da ex-companheira.
Frio, sem um pouco sequer de compaixão ou, se está sendo injustiçado, sem meia dúzia de argumentos que invalidem o rancor alheio,
Amores e rancores são sentimentos humanos.
A frieza é que é desumana.
Benditos os que brigam, choram e até os que gritam e dizem desaforos, embora seja melhor que não o façam.
Os que gelam, sobretudo numa idade em que nada mais se tem a perder, senão a vergonha, é que me preocupam.
Lembram-me a frase do velho Ullysses, sobre ser velho não é o mesmo que ser velhaco.
Por Fernando Brito · 16/02/2016

Por princípio, não entro em questões pessoais de fundo moral.
Qualquer ser humano adulto pode vir a gerar um filho em situação involuntária, até por uma atração fugaz.
Quem transa com quem é assunto que só aos dois, se adultos e consentidos , diz respeito.
Homem ou mulher, não sou eu quem vai jogar pedras, porque hipocrisia não é a minha praia.
Muito menos sobre a decisão – feminina, sempre – de ter ou não ter a criança.
Assumi meus filhos, os que gerei e a que me veio como um presente pronto. Mas não acho que todos os homens sejam iguais, embora os que não amem uma criança, sejam de quem forem os cromossomos que ela carregue, não sabem o que estão perdendo.
Por isso foco meu comentário sobre a entrevista-bomba da jornalista Miriam Dutra, narrando os bastidores de sua relação com Fernando Henrique Cardoso e suas suspeitas sobre a forma – segundo ela, ardilosa – pela qual o rapaz fez um exame de DNA que comprovaria a não-paternidade e sua divulgação, mas noque ela fala sobre o papel da revista Veja.
Um texto, despropositado – na seção “Gente”, em em julho de 1991 – , atribuía a paternidade a um “biólogo”, convenientemente anônimo e no exterior.
Diz ela que foi armado pelo próprio Fernando Henrique – dá-se a entender que por iniciativa do filho mais velho, Paulo Henrique – e o então editor da revista, Mário Sérgio Conti.
Isso, sim, diz respeito à natureza pública do jornalismo e permite, sem meias palavras, o uso da palavra canalhice para descrever o que é.
Canalhice de quem transforma o exercício da profissão em prestação de favores, até para “limpar a barra conjugal”.
Canalhice de quem procura na manipulação da mídia a satisfação de seus interesses privados, neste caso abjetos.
A Veja e Fernando Henrique vêm de longe, nisso.
Hoje se acrescenta um capítulo a mais na imundície – refinada, é verdade – de ambos.
FANTASMAGÓRICOS
Indagado para o blog de Lauro Jardim sobre uma funcionária fantasma do seu gabinete, Margrit Dutra Schmidt, "num primeiro momento" José Serra "afirmou não saber ao certo" se a sua fantasma "trabalha ou não em casa". Informado de que ninguém no seu gabinete sequer a conhece, disse "imaginar" que ela trabalhe em casa. Mas ninguém no gabinete soube, jamais, de algum trabalho dela. Então Serra decidiu que "ela trabalha" em casa.
O trabalho de funcionário do Senado "em casa" é ilegal. A cessão para tal, por parte do senador, também é.
Serra é um dos mais ferrenhos cobradores de "ajuste fiscal", ou seja, do corte de gastos públicos. Desde, percebe-se, que não atinjam os seus gastos de dinheiro público, mesmo para fantasmas que, aliás, com o Congresso funcionando, estão na República Dominicana. Talvez Serra tenha casa por lá.
Margrit Dutra Schmidt era casada com um dos mais antigos e vorazes lobistas de Brasília, Fernando Lemos. Parente próximo de Roberto Campos, inteligente e engraçado, já era lobista de Mario Andreazza, entre outros, nos tempos de Figueiredo, abastecendo muitos jornalistas em aparente segredo ou às claras mesmo. Aparente porque segredos, em tal fornecimento, não eram do seu agrado.
A funcionária fantasma, "lotada" em sucessivos gabinetes do PSDB, foi acolhida por José Serra porque o senador Álvaro Dias demitiu-a, quando assumiu a liderança e identificou-a. Álvaro Dias deixou há pouco o PSDB.
Palmério Doria: "O Príncipe da Privataria" é a biografia de FHC
dom, 21/02/2016 – 10:24 – Atualizado em 21/02/2016 – 10:24- Sugestão de romério rômulo
Jornal GGN – Nessa edição do EcoVoxTV o apresentador Humberto Mesquita recebeu o jornalista Palmério Dória, que há 16 anos, junto com a equipe de reportagem da Caros Amigos, levantou as acusações contra FHC aventadas, recentemente, por sua ex-amante Miriam Dutra, de contas que o ex-presidente teria no exterior, fruto de transferências ilícitas.
Dória, que também é o autor do livro "O príncipe da privataria", conta em detalhes a descoberta feita pela Caros Amigos reproduzida na matéria de capa "Por que a imprensa esconde o filho de 8 anos de FHC com a repórter da Globo?", publicada em abril de 2000.
Alex Solnik
Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão", "O domador de sonhos" e "Dragonfly" (lançamento setembro 2016).
21 de Fevereiro de 2016

O telefone tocou em casa num domingo de manhã do ano 2000. Não recordo o mês nem o dia.
Quem chamava era Andrea Matarazzo, atual vereador e pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB, então Ministro-Chefe da Secretaria de Comunicação de Governo da Presidência da República (1999 a 2001) de Fernando Henrique Cardoso, para quem eu trabalhava redigindo artigos para jornais, discursos e, em parceria com Alex Periscinoto, anúncios institucionais.
A pasta de Matarazzo, instalada em São Paulo num dos últimos andares do prédio do Banco do Brasil, esquina da Paulista com Augusta, era também a responsável por distribuir as verbas publicitárias do governo para jornais, rádios, revistas e TVs de todo o Brasil.
Ele jamais tinha me chamado num domingo, fora do expediente. Fiquei curioso para saber o motivo.
“Você é amigo do Sérgio de Souza, não é?” perguntou ele, já sabendo qual seria minha resposta de antemão.
“Sou”, respondi. “Praticamente comecei no jornalismo com ele, com Hamilton Almeida Filho, Mylton Severiano da Silva, Paulo Patarra e Narciso Kalili no ex-. Também trabalhei com Serjão na revista Globo Rural, aos sábados vou às feijoadas da sua mulher, conheço seus filhos”.
“Eu soube” continuou Andrea “que a revista dele, a Caros Amigos está preparando uma matéria a respeito do filho do presidente. Queria te pedir uma coisa. Fala com ele, já que você é amigo. Claro que a matéria deles é furada, porque não tem a palavra da mãe. Mas pode nos fazer muito mal. Essa matéria não pode sair. Diz pra ele o seguinte: se ele não publicar a matéria vai ter todos os anúncios do governo que quiser”.
Fiquei mal de repente. Minha visão escureceu. O coração disparou. Não acreditei. Eu não queria ter ouvido aquilo. Ele jamais deveria ter dito uma coisa dessas. As pessoas com as quais eu começara no jornalismo, Sergio de Souza incluso, tinham horror a qualquer interferência na redação, fosse o departamento comercial, fosse o dono.
Certa vez, Narciso praticamente saiu aos tapas com o governador do Paraná, Paulo Pimentel, que era o dono do jornal “Panorama” por causa disso.
“Você mentiu quando me deu carta branca” gritou ele no meio de uma roda de jornalistas que acabavam de ser demitidos.
“Ninguém me chama de mentiroso na minha casa!" devolveu Pimentel. “Repita se for homem!"
“Você é um mentiroso”! repetiu Kalili.
Pimentel partiu pra cima dele, mas os seguranças não deixaram chegar às vias de fato.
A redação era o território sagrado dos jornalistas, nunca abrimos mão disso.
Por outro lado, naquele momento eu trabalhava para ele. Embora essa tarefa não estivesse incluída no contrato de trabalho se eu a recusasse correria o risco de perder o emprego, do qual precisava para pagar minhas contas.
“Não vou fazer isso” respondi. “Conhecendo o Serjão como conheço, tenho certeza que, além de não aceitar a proposta, porque ele não faz essas coisas, não é da índole dele, ele ainda vai incluir esse episódio na reportagem, o que vai piorar as coisas para o governo. A emenda será pior que o soneto. É um plano furado”.
Ele insistiu um pouco, mas logo depois desligamos, eu convencido de que tinha feito a coisa certa e ele certamente aborrecido com minha recusa em “colaborar”.
O plano naufragou. A reportagem foi publicada. Mas para mim ficou a nítida sensação de que houve ao menos uma tentativa de utilizar o poder do estado e de forma nada republicana para resolver um caso pessoal envolvendo o presidente da República.
O caso Miriam Dutra e a libertação de Delcídio do Amaral, por Yuri Carajelescov
dom, 21/02/2016 – 09:07 – Atualizado em 21/02/2016 – 09:15- Por Yuri Carajelescov
Remanesce, no entanto, a dúvida: por que um político inteligente, como Serra, com pretensões presidenciais, se exporia admitindo em seu gabinete uma assessora que só comparece ao Senado para bater o ponto?
por Yuri Carajelescov
Testando a hipótese
A hipótese a seguir parte do pressuposto de que os grupos familiares de mídia, parcelas importantes do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal, doravante denominados “alta burocracia”, assim como os principais políticos do PSDB e de seus partidos satélites (DEM e PPS) jogam juntos pela retomada do controle do governo central perdido há 13 anos.
O objetivo nuclear dessa aliança não é e nem nunca foi combater a corrupção, mas desalojar os intrusos capitaneados por Lula do poder, o que tem se mostrado até agora inviável pelo voto. O projeto conjunto visa a (re)orientar a nação a partir de três eixos:
(i.) desmantelar a incipiente política distributivista, bloqueando toda e qualquer possibilidade de seu aprofundamento e de redução da desigualdade;
(ii.) desmontar as engrenagens de desenvolvimento autônomo do país (vide o ataque sistemático à Petrobras, às empresas de engenharia e ao programa nuclear) e
(iii.) reverter a política externa não alinhada aos interesses americanos no mundo, reduzindo a participação do Brasil no Mercosul e nos BRICS em favor de um acordo bilateral com os Estados Unidos.
Trata-se de um programa de contra-reforma sistematicamente rechaçado pela maioria do país, difícil, portanto, de ser implementado, ao menos por enquanto, a partir da força e da legitimidade das urnas.
Pois bem, esses três grupos (mídia, "alta burocracia" e caciques da oposição), como as "famiglias" italianas, se protegem, mas, por vezes, acontecem rusgas entre irmãos, em função de idiossincrasias ou interesses particulares. O caso Miriam Dutra talvez seja um deles, essencialmente fogo amigo.
Aos fatos.
Miriam Dutra concede uma entrevista para uma revista estrangeira de pouca expressão (BrazilcomZ) na qual requenta uma história revelada pela revista Caros Amigos em 2000 sobre o filho que teria tido com o ex-presidente FHC, fruto de uma relação extraconjugal de 6 anos, a participação da Rede Globo no processo de ocultação do fato etc. Ouvida depois pela "Folha", ela manda um torpedo direto no alvo: “não sei como ainda não descobriram as contas dele (FHC) no exterior”, algo como “eu sei o que você fez no verão passado”. Seria a senha de uma chantagem?
Os blogs de esquerda, em sua maioria lulopetistas, inconformados com a campanha sistemática contra o ex-presidente Lula, espalharam como fogo no paiol a entrevista. As redes sociais bombaram. A “Folha”, reconhecidamente amigável aos tucanos, especialmente a Serra, deu grande destaque e a Globo, como havia sido envolvida na história, teve que se defender em seus jornais televisivos. Estava garantida a ampla divulgação do requentado caso “Miriam Dutra”, furando, assim, a tradicional blindagem de FHC na mídia.
No meio desse tiroteio, começam a aparecer as digitais de José Serra. Descobre-se que a irmã de Miriam Dutra, Magrit Dutra Schmidt, é funcionária fantasma lotada em seu gabinete. Lauro Jardim, ex-Veja atualmente em “O Globo”, noticia em primeira mão o fato. Por razões que não vem ao caso agora, a família Marinho é grata, gratíssima, a FHC, o que se reflete na cobertura edulcorada dos veículos das organizações Globo em relação a ele.
Pego em flagrante, o senador se defende: “Ela (Magrit) trabalha em casa porque está envolvida em um projeto secreto”. Bem, como o projeto é secreto e o senador é tucano, nada mais precisou dizer nem lhe foi perguntado. Remanesce, no entanto, a dúvida: por que um político inteligente, ladino e experiente como Serra, com pretensões presidenciais, se exporia admitindo em seu gabinete uma assessora que só comparece ao Senado para bater o ponto? Estaria fazendo um favor a alguém ou seria uma forma de se manter próximo a fontes relevantes, reconhecido o seu pendor por coletar, armazenar e sistematizar dados e informações de adversários e aliados, o que seus desafetos costumam chamar de dossiês?
Na mesma semana em que repercute o caso “Miriam Dutra”, forma-se maioria (7×4) no Supremo Tribunal Federal a favor de uma das teses defendidas pelos agentes da Lava Jato: a precarização do princípio constitucional da presunção de inocência. O Min. Teori Zavascki compõe a maioria formada na Corte. Uma vitória e um recado para a turma do juiz Moro: “go ahead!”. Uma derrota e um recado para os presos na Lava Jato: “Percam as esperanças. Assinem logo as delações premiadas. As instâncias superiores estarão fechadas para seus recursos.”
Na sexta-feira à tarde, sem grande estardalhaço, o senador petista Delcídio do Amaral, após parecer favorável da PGR, foi solto por decisão do Min. Teori sem assinar acordo de delação premiada, segundo informou seu advogado. Delcídio do Amaral tem DNA tucano. Filiado ao PSDB, ele foi ministro de Itamar e depois ocupou a diretoria de Gás e Energia da Petrobras entre 2000 e 2001, tendo trabalhado com Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa.
Antes de ser preso, Delcídio foi flagrado em escutas nas quais se ouviu o seguinte:
“E você vê como é que ele é [Fernando Baiano], como é matreiro? A delação, quando ele conta quando ele me conheceu, quando eu era diretor e o Nestor era gerente [da Petrobras]. Que ele foi apresentado a mim por um amigo, que ele poupou, que é o Gregório Marin Preciado. E as conversas que nós ouvimos é que em uma dessas reuniões que ocorreram, eu não sei com relação a qual desses projetos, houve uma reunião dessa na Espanha que os caras já rastrearam quem “tava” nessa reunião. E existiu um espanhol nessa reunião. que eles não souberam identificar. Bingo, é o Gregório!”
“Ou seja, Fernando está na frente das coisas, mas atrás quem organiza é o Gregório Marin”
“O Serra me convidou para almoçar outro dia… Ele [Gregório] é cunhado do Serra. E uma das coisas que eles levantaram nessa reunião na Espanha, eu não sei [se] sobre sondas ou Pasadena, mas houve um reunião na Espanha, e existia esse espanhol que não foi identificado. E é o Gregório. É o Gregório. O Nestor conheceu o Gregório”. Esses trechos foram retirados de matéria publicada pelo jornal Valor (http://www.valor.com.br/politica/4329880/delcidio-diz-que-empresario-gre…).
Na mesma matéria, o “Valor” informa que: “Segundo a delação premiada de Baiano, Preciado teria obtido entre US$ 500 mil e US$ 700 mil pela suposta cessão de uma empresa sob seu controle e registrada em nome de seus parentes para o recebimento e distribuição de propina de US$ 15 milhões relativa à aquisição pela Petrobras da refinaria americana de Pasadena. A empresa citada por baiano é a Iberbras Integración de Negocios y Tecnologia.”
Na verdade, Gregório Marin Preciado é casado com uma prima de Serra. As relações entre ambos vão além do provável convívio em festas familiares, como desvendou o jornalista Amaury Ribeiro Jr em “A privataria tucana”. No entanto, mais uma vez, tratando-se de um político integrante do aliança acima referida, a imprensa se desinteressou e a “alta burocracia” tampouco se ocupou de investigar.
Delcídio preso, no entanto, era um risco. E se ele sucumbisse e resolvesse firmar um acordo de delação premiada e apresentasse provas da relação de Gregório Marin Preciado e outros com o esquema de corrupção na Petrobras?
Nesse jogo, o rei precisa ser preservado. FHC é o rei desse xadrez. Por todos os serviços prestados à causa, pela simbologia, FHC pode até vir a ser alvo de chantagem, mas não pode cair nunca. Diante de qualquer ameaça ao rei, deve-se abrir as portas das masmorras se for preciso para passar até um senador petista, quem sabe pela mesma porta da qual saiu o banqueiro Daniel Dantas?
Coincidências acontecem e isso tudo pode ser uma enorme viagem; uma trama caricatural ao gosto de Umberto Eco, que nos deixou ontem. “Ou não”, como diria Caetano. É mais provável que o caso Miriam Dutra desapareça do noticiário da mesma forma que surgiu. Do nada para o nada, o que, em seu silêncio, explicaria muita coisa.
Ps. Na mesma sexta-feira foi publicada decisão do Min. Teori Zavascki que, acolhendo manifestação da Procuradoria-Geral da República, arquivou procedimento investigatório– que ninguém sabia que havia sido aberto – contra Aécio Neves por suposta propina recebida da empreiteira UTC. Esse fato reforça a percepção cada vez mais presente da inimputabilidade de certos atores políticos.
Chafurdar na lama é necessário, pois lá estão os porcos, por Rogério Maestri
rdmaestri
dom, 21/02/2016 – 09:38

Por Rogério Maestri
Parece que os blogs que eram chamados de “blogs de esgoto” estão fazendo valer a sua denominação, entraram no processo de chafurdar na lama, algo nada elegante, nada bonito, mas republicano e democrático, vamos às razões.
Por muito tempo os blogs de esquerda se mantinham longe de assuntos mais mundanos e verdadeiramente sujos que os grandes próceres da direita brasileira chafurdavam que nem porcos na sua vida “privada”.
Porém esta ética se revelou extremamente deletéria para o país e para a República Brasileira, simplesmente porque estes senhores “probos” e “honestos” tem o hábito de misturar o público com o privado.
Partindo para um exemplo em questão, se o nosso ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tivesse tirado do seu bolso sem intermediários o pagamento de uma pensão ao seu filho, isto não seria notícia nenhuma a não ser para revistas de fofocas. Porém como o mesmo usou como intermediário ou simplesmente repassou dinheiro de seu bolso para uma empresa privada que tem uma concessão pública, este assunto passa a ser um assunto de Estado.
Acho que é o momento da imprensa investigar as fofocas que são públicas não para dar ressonância às mesmas, mas sim para verificar quanto do dinheiro público está misturado com as safadezas dos grandes e impolutos senhores da direita brasileira.
E por que acho isto necessário? Simplesmente porque se o dinheiro é público isto passa do privado e cai no domínio da malversação do erário, ou seja, assunto que todos a nós competem.
Se o político A, retira do seu bolso metade de seus ganhos pessoais para manter meia dúzia de famílias paralelas, o problema é dele e da sua esposa (ou das outras amantes que são também traídas), agora se ele arruma um cargo de confiança, por menor que seja para sustentar uma de suas amadas ou ex-amadas e estas não exercem a sua função, de novo é nosso dinheiro que está sustentando as suas infidelidades, e de novo, que estará pagando somos nós.
Curtir isso:
Curtir Carregando...