Enquanto a Vasa Jato mantém sua obsessão pela caçada ao Grande Molusco, o latim deita e rola nas esferas golpistas.
Como não lembrar, diante das altas cifras que correm pelas altas esferas, que foram exatamente estas personagens que mais duramente combateram a CPMF? Michel Temer, Eduardo CUnha, Rede Globo, Folha, Veja, Estadão, RBS, Marcola, Fernandinho Beira-Mar, famiglia Perrella, Aécio Neves, Marco Feliciano, Silas Malafaia lutaram bravamente contra a CPMF. Claro, e eles não o fizeram sem motivo. Se houvesse CPMF, esses milhões roubados e traficados pagariam CMPF. E com a migalha da CPMF poder-se-ia ter um sistema de saúde ainda melhor. São da mesma turma dos impostores do impostômetro. Não existiria Michel Temer sem uma FIESP sonegadora e golpista. Nem Marcola e seu PCC, contra quem a FIESP não se levanta. Por quê?! Por que a FIESP não financia uma companha contra o narcotráfico? Simples, ninguém dá tiro no próprio pé.
Todo cidadão que quer ver e viver numa sociedade mais justa deveria lembrar, ao lembrar do que se opõem a CPMF, outra contribuição do Imperador Vespasiano “Pecunia non olet”…
O latim do Temer – II: Simia spectat tuo cauda.
Por Fernando Brito · 19/12/2015
Prezado Vice-Presidente Michel Temer,
Tomo liberdade de escrever esta humilde cartinha, a segunda, de novo inspirado no seu amor pelo latim, expresso na carta que o senhor enviou a Dilma Rousseff e tanto furor causou com aquele “verba volant, scripta manent” com que ela se inicia.
Dada a sua erudição, hoje facilmente compensada pelo tradutor do Google, tomo a liberdade de repetir na língua de Virgílio o que eu, garoto, muitas vezes ouvi em português, da minha velha avó, lá no IAPI de Realengo.
Simia spectat tuo cauda.
Como seu latim é bom, ao contrário do meu, traduzo apenas para os que não compreenderam:
Macaco, olha o teu rabo….
Pois é…
Agora que encontraram no celular de Eduardo Cunha a mensagem de que uma doação de R$ 5 milhões feita ao senhor – ou por seu intermédio – furou a fila das verbas destinadas pela empreiteira OAS para a “turma” – está escrito assim na mensagem – do PMDB, como é que fica o seu afetado ascetismo?
Ninguém, claro, o acusa de ter o animus furandi, a intenção de roubar, até porque auctori incumbit onus probandi, quem acusa tem a obrigação de cobrar, como se dizia antes do “neodireito” do Dr. Sergio Moro, que dispensa estas formalidades.
Mas o senhor certamente conhece a cítara Accusans debet esse melior accusato, que significa que quem aponta o dedo aos defeitos alheios deve ser melhor do que o acusado.
E como fica agora o senhor, que sabe que o dinheiro da política vem das empresas, mas que não se peja em servir-se da hipocrisia de que só um partido o faz, quando o seu também faz e, como indica a mensagem, o senhor também faz?
Acta, non verba, Dr. Temer, atos e não palavras servem para avaliar as pessoas.
Se o senhor intermediou uma doação empresarial para seu partido, se Eduardo Cunha era o “contador” que zelava para que não se “furasse fila” na caixinha, certamente está degraus abaixo da integridade moral de daquela que vem buscando derrubar, servindo-se da “onda” que se faz com aquilo que, sabe o senhor, é mais antigo na política que a Sé de Braga.
Talvez seja, aliás, por isso que suas funções fossem decorativas, para evitar que tais práticas pudessem interferir na administração partidas nada mais, nada menos, que do segundo da República.
Mas a sua carta, Dr. Temer, é já prevista no Corpus Juris Civilis, com que Justiniano lançou, desde Constantinopla, há um milênio e meio, as bases do civilismo: Acta simulata veritatis substantiam mutare non possunt, os atos simulados não podem mudar a essência da verdade.
E a verdade essencial é que seus atos, como a carta, são movidos e estão impregnados pela traição e pela ambição.
Como, na Roma de Vespasiano, escreveu Caio Tácito: Acribus initiis, incurioso fine.
Quando os princípios são ruins, são desgraçados os seus fins.