OBScena: o símbolo do combate à corrupção é tão corrupto quanto os que com ele tiraram selfies
Ou usaram o japonês por ignorância a respeito de seus antecedentes, ou usaram-no exatamente em virtude dos seus antecedentes no “descaminho”. Há uma terceira hipótese, de tentativa de obstrução da justiça, mas aí seria desfaçatez jamais. Em todo caso, não evitaram a condenação nem a prisão. Nenhuma das razões dignifica os envolvidos. É também emblemático que o golpe paraguaio tenha entre seus símbolos um agente que atuou no contrabando na fronteira do Paraná com o Paraguai. E também não é mero acaso que o único representante diplomático recebido por Michel Temer até hoje seja exatamente um empresário paraguaio que financiou o golpe contra Lugo…
O uso do japonês como símbolo do combate à corrupção se assemelha em método ao uso do General Etchegoyen, no GSI (Gabinete de Segurança Institucional). Como se diz nos piores restaurantes, é o que a plutocracia tem para o momento.
Michel Temer escolheu a dedo um filhote da ditadura para dar ao Alvorada um remake de DOI-CODI. Ou, no mínimo, fazer Dilma relembrar os tempos de tortura, estupro e morte, únicos legados da ditadura.
Assim como não há almoço grátis, o japonês e os filhotes da ditadura são alçados à condição de símbolo da hiPÓcrisia reinante. Bolsonaro, que fazia dobradinha de pantera cor-de-rosa quando Lula foi “coercitado”, eleveu Ishii à ídolo, modelo a ser seguido. Pois é, aqui se prende aviãozinhos do tráfico que rendem manchetes em revistas e jornais, longos minutos no Jornal Nacional, mas há um silêncio ensurdecedor a respeito da apreensão de 450 kg de pasta base de cocaína. Aqui se escolhe japonês, pato, filhote e mascotes pelos métodos errados porque as razões por trás das escolhas são ainda piores.
As Marchas dos Zumbis e os panelaços eram apenas uma forma de alçar Eduardo CUnha à regência do Rei Michelzinho. O próximo passo será, aos moldes de D. Pedro II, o golpe maioridade.
Moral da história: uma quadrilha tomou de assalto o Planalto Central, um símbolo do moralismo de ocasião vai preso por corrupção e o Pré-Sal está abrindo o apetite dos lobos ianques.
Caso do “japonês” expõe a hipocrisia do moralismo
Por Fernando Brito · 08/06/2016
Marcelo Auler, em seu blog, conta que, para evitar o constrangimento das fotografias sendo conduzido à cadeia, o agente Newton Hidenori Ishii, o famoso “o Japonês da Federal” entrou discretamente na sede da Polícia Federal de Curitiba, para ser levado ao xadrez.
É direito seu e o que importa é que a ordem judicial tenha sido cumprida, 13 anos depois de ser preso por corrupção, não que ele tivesse sido humilhado em rede nacional.
O mesmo direito que , em tese, teriam aqueles que ele, tantas vezes, conduziu espetacularmente ao cárcere.
O “Japonês”, desde muito tempo antes metido em encrencas que justificariam que ele estivesse em serviços discretos, administrativos ou de apoio, não se tornou “”estrela” por sua vaidade, embora tenha pego carona na popularidade para, quem sabe, servir-se dela para “aliviar a própria “barra””.
Não, Polícia, Ministério Público e políticos viram que era um personagem útil para fazerem demagogia e promover a ideia de que, agora, qualquer um poderia amanhecer com o “Japonês da Federal” em sua porta.
Marketing puro.
No facebook das tais 10 medidas contra a corrupção, que serve como promoção do Ministério Público, ele é exibido ao lado de Sérgio Moro e de Deltan Dallagnol como um dos “super-heróis” da moralização.
Políticos como os Bolsonaro usaram fotos com ele para projetar imagem de incorruptíveis.
Coxinhas se fantasiaram de “Japonês da Federal” nas manifestações e no carnaval.
Não estavam avisados? No Blog do Marcelo Auler você pode rememorar quantas vezes e desde quando se adverte sobre o personagem de que se utilizaram.
Sabiam de tudo e deliberadamente não ligaram.
E porque não ligaram?
Por uma razão muito simples: a corrupção foi apenas um pretexto para seus objetivos políticos.
O “Japonês” foi só uma máscara de suas intenções.
PS. post atualizado
Deixe um comentário