Veja só que coincidência. Ontem a Folha de São Paulo publicou entrevista com Alexandre de Moraes, Secretário de Segurança Pública de São Paulo (veja texto completo logo abaixo). Nela o estafeta do Geraldo Alckmin manifestava interesse do seu chefe de retirar das rodovias federais paulistas a Polícia Rodoviária Federal. No mesmo dia, o Estadão publicava que o PSDB havia feito um acordo Marcola. O líder do PCC conseguira do Geraldo Alckmin o que os professores nunca conseguiram: uma audiência para ouvir as reinvindicações.
Hoje há desdobramento nas informações que talvez expliquem uma coincidência que ronda o PSDB de Marcola, Geraldo Alckmin, Aécio Neves, José Serra. É a matéria do Estadão logo a seguir. Nela está dito que a Polícia Rodoviária Federal, que o PSDB quer ver longe das estradas onde governa, apreendeu 62 quilos de pasta de cocaína.
E, de repente, como num joguinho de ligar pontos, como aquela notícia de Minas Gerais havia se tornado, nos governos do PSDB, centro de distribuição de drogas para o nordeste, como publicou a ADPF. Os aeroportos clandestinos, construídos com dinheiro público mas em terras de parentes, como fez Aécio Neves em Montezuma e Cláudio, cidades do interior de MG, ajudam a explicar o fenômeno que fez virar pó um helipóptero com 450 kg de cocaína.
Quando ainda nas prévias para definir quem seria o candidato do PSDB, Aécio ou José Serra, o Mauro Chaves publicou o antológico artigo “Pó pará, governador”, e o Estado de Minas, caudatário da família Neves, respondeu com “Minas a reboque, não”, já se tinham uma ideia que rolava nos bastidores das convenções do PSDB. As notícias de agora, fresquinhas de ontem e hoje, reproduzidas abaixo, dão a entender que o segmento que o PSDB postula para o desenvolvimento do Brasil, além do PCC, se depender da PRF, pode virar pó.
Com a distribuição de milhares de assinaturas de Veja, Folha, Estadão e o pagamento de R$ 70 mil reais para um idiota criminalizar o PT, Lula e Dilma, se explica o surgimento de Kataguiris e do MBL. E de midiotas, os idiotas amestrados pela mída. Veja que nesta horas publica-se o milagre mas não entregam o santo. Como já disse o Jorge Pozzobom, o PSDB tem imunidade e só os idiotas não percebem.
Deve ser só coincidência…
O ESTADO DE S. PAULO + 28 Julho 2015 | 18h 11
Droga, que era transportada em um fundo falso no porta-malas de um carro, é avaliada em R$ 12,5 milhões
A Polícia Rodoviária Federal apreendeu mais de 62 quilos de pasta base de cocaína, na altura do quilômetro 439 da Rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo ao Paraná, nesta terça-feira, 28. Segundo a PRF, a droga está avaliada em aproximadamente R$ 12,5 milhões. A cocaína era transportada em um fundo falso no porta-malas de um carro. Esta foi a maior apreensão de cocaína feita no ano na Régis Bittencourt.
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Um jovem, de 25 anos, conduzia o veículo, acompanhado de uma vendedora, de 21 anos. O casal, morador de Cascavel, no Paraná, foi preso em flagrante. De acordo com a PRF, os dois estavam nervosos durante a entrevista inicial. Após buscas ao veículo, os policiais perceberam que o porta-malas tinha um fundo falso.

Policiais encontraram a droga em fundo falso no porta-malas
Segundo o motorista, a droga seria levada de Foz do Iguaçú para São Paulo, onde seria refinada e transformada em pelo menos 625 quilos de cocaína. Pelo transporte, o casal ganharia R$ 5 mil. Se condenados, os jovens podem ficar presos de 5 a 15 anos pelo crime de tráfico de drogas e de 3 a 10 anos por associação para o tráfico.
Neste ano, a PRF no Estado de São Paulo apreendeu 8,7 toneladas de drogas. Só na Rodovia Régis Bittencourt, foram mais de 7 toneladas. A droga mais aprendida nas rodovias de São Paulo foi a maconha. A PRF confiscou 8,5 toneladas da droga. 133,7 quilos de cocaína foram retidos.
REYNALDO TUROLLO JR.
GUSTAVO URIBE
DE SÃO PAULO – 27/07/2015 02h00

Secretário da Segurança Pública de São Paulo, o advogado Alexandre de Moraes (PMDB) assumiu a pasta em janeiro, em meio a uma escalada de roubos que já durava 19 meses, um aumento das mortes causadas por policiais e um crescimento dos casos de roubo de carga.
Para melhorar as estatísticas oficiais, que desde então passaram a registrar queda nos principais crimes, ele diz ter feito mudanças no policiamento, como melhoria na mobilidade dos policiais e investimento em ações de inteligência.
Em junho, no acumulado dos 12 meses anteriores, os homicídios no Estado chegaram à menor taxa da série histórica –9,38 casos por 100 mil habitantes. Agora, para dar um "salto" de qualidade na segurança, Moraes quer retirar a Polícia Rodoviária Federal das rodovias federais que cruzam o território paulista, para assumir o policiamento na Dutra e na Régis Bittencourt.
Luiz Carlos Murauskas – 20.jun.2014/Folhapress

Secretário Alexandre de Moraes diz que SP quer agentes federais fora de estradas no Estado
*
Folha – O número de homicídios tem se mantido estável no Estado. Isso é fruto de quê?
Alexandre de Moraes – O Estado terminou 2014 com 10,06 homicídios por 100 mil habitantes. É o único Estado do país que conseguiu chegar a dez, que é o tolerável pela ONU. São Paulo saiu, em 1999, de 36 homicídios por 100 mil habitantes e chega agora a quase um quarto do que era [9,38 em junho]. Isso se deve ao mapeamento de locais onde há mais incidência [de mortes] e ao combate ao tráfico de drogas, que é um diferencial na minha gestão, já que um dos fatores do homicídio é o tráfico. Um ataque mais forte ao tráfico evita o homicídio da briga entre quadrilhas. O fator mais difícil de combater é o passional, o crime dentro de casa.
Não há também o fator de que, hoje, quase todo o tráfico em São Paulo está na mão de uma única facção, o PCC? Isso acaba diminuindo a disputa.
Não existe essa hegemonia. O PCC, assim como outras organizações criminosas, não domina nenhum crime. Basta ver que, em alguns locais onde o policiamento não depende só de São Paulo, como no Deinter-1 [São José dos Campos], o homicídio é um pouco mais elevado que no resto do Estado. Por causa, principalmente, da briga entre Rio e São Paulo. E a Dutra não é nosso policiamento.
Eu já falei ao ministro [da Justiça] José Eduardo [Cardozo], e vou reiterar em agosto, que quero assinar um convênio para que São Paulo fique responsável pelas rodovias que hoje não são de nossa responsabilidade: Dutra e Régis Bittencourt, principalmente, para que a gente possa fazer o policiamento com a Polícia Militar Rodoviária. Aí nós vamos dar outro salto.
A ideia é cooperar com a Polícia Rodoviária Federal [responsável por essas rodovias]?
Não. A ideia é assumir [o policiamento]. Obviamente, estou pedindo contrapartida em tecnologia, mas a gente assume [as estradas federais]. Agradece à Polícia Rodoviária Federal, mas permite até que ela possa ir para as outras rodovias federais. Aqui em São Paulo, o efetivo da PRF é baixo, porque ela tem que pegar outros Estados.
Qual a razão dessa medida?
Em função do tráfico de drogas, porque a droga não é produzida em SP, e do tráfico de armas, porque os fuzis não são fabricados em SP. E também do roubo a carga, porque onde há mais roubo a carga em SP é na Régis Bittencourt.
O sr. avalia que o policiamento federal não é eficiente?
Eu não diria que o policiamento federal não é eficiente. Eu diria que, se pudermos também pegar isso, é mais fácil o nosso planejamento. Eu pedi [ao ministro] em maio e agora quero ver se, em agosto, a gente fecha isso já.
O senhor assumiu em um contexto de alta de roubos. Que ações adotou para reverter isso? O policiamento mudou?
Antes, vou fazer um introito do que seriam os pilares da minha política. O primeiro, que venho insistindo bastante, são as alterações legislativas. Fui com o governador [Geraldo Alckmin] a Brasília e levamos duas propostas de delegação legislativa que vão ser uma revolução.
Eu pedi duas delegações [para SP]: uma para [criar regras estaduais para] toda investigação pré-processual, procedimento de inquérito e cautelares para crime organizado, e outra para execução penal, para poder criar nosso regime de execução da pena, disciplina, remissão e aproveitar o trabalho do preso.
O segundo pilar é a cooperação com o Ministério Público e o Poder Judiciário. E o terceiro ponto é uma coordenação maior entre as polícias.
Em relação a roubos, nos cinco primeiros meses deste ano, conseguimos a queda de quase 6%. Verifiquei que havia pontos com mais policiais, como Moema [área nobre da zona sul], e pontos com menos, como Capão Redondo [periferia da zona sul], e fiz uma reformulação. Anos atrás, o crime contra o patrimônio era no centro expandido. Com o aumento da classe média e do consumo, isso se expandiu. Outra medida importante foi dar mais mobilidade à polícia. Tiramos, por exemplo, uma base fixa [da PM] que tinha na frente do jóquei e passamos a utilizar aqueles policiais rodando.
Há relatos de vítimas que não estão conseguindo registrar roubo de celular sem fornecer o IMEI [um número exclusivo de cada aparelho]. Isso não tem ajudado as estatísticas?
Isso não corresponde à verdade. Uma coisa é a delegacia eletrônica [pela internet], que, desde que surgiu, em 2013, exige o IMEI, até para evitar que alguém infle os dados erroneamente. Nas delegacias, a pessoa registra qualquer roubo ou furto sem necessidade de dar nada. Tanto é que, no semestre, furto e roubo de celular aumentaram 3,2%, apesar de roubo e furto [em geral] terem caído.
Falamos da queda dos roubos em geral, mas os roubos de carga cresceram.
Temos dois tipos de roubo de carga: o oportunista, que ocorre muito na capital durante carga e descarga, e o de quadrilhas especializadas, geralmente de eletroeletrônicos e remédios. Temos que fazer dois tipos de combate. No oportunista, intensificar o policiamento nas regiões com maior incidência. Em maio, no Estado, diminuímos o roubo a carga em quase 9%. Já para combater as grandes quadrilhas, precisamos de informação do setor [de transportes]. O que ocorre é que não há nenhum grande roubo de carga que não tenha gente infiltrada, seja da própria empresa que transporta, seja do depósito. Sempre tem pessoa de dentro.
No primeiro trimestre, as mortes por PMs subiram 18% em relação a 2014, indo de 157 para 185. Combatê-las é prioridade?
Temos que verificar por que estão ocorrendo. Tem casos que são inevitáveis. É uma realidade [os criminosos irem para o confronto].
Mas não é curioso o número de policiais mortos, nesse período, só ter ido de 3 para 4?
O número de PMs mortos subiu de 3 para 4, mas o número de feridos aumentou [segundo as estatísticas, porém, o número de PMs feridos em serviço caiu de 70, no primeiro trimestre de 2014, para 43 em 2015]. O que eu fiz? Editei uma resolução determinando, entre outras coisas, aviso imediato ao Ministério Público quando houver morte de policial ou causada por policial. Da parte do gabinete, não vai ter condescendência com nenhum exagero.
Quando o Detecta [programa de inteligência policial] sairá da fase de testes?
Pretendo, depois dos testes, fazer uma apresentação ao governador e, neste semestre, vamos ter o Detecta.
O sr. consultou o governador sobre a possibilidade de se filiar ao PSDB?
Não consultei ninguém, eu fui consultado pelo presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias. Assumi a secretaria estadual, que é técnica, e minha preocupação é tocá-la.
Mas o sr. não descarta a possibilidade de ir para o PSDB?
O futuro a Deus pertence.
Como constitucionalista, o sr. considera que há espaço para discutir o impeachment da presidente Dilma Rousseff?
Hoje é um absurdo discutir o afastamento dela, que não está sendo investigada. Assim como falar no afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha [PMDB], é outro absurdo. Se o Ministério Público oferecer denúncia e o Supremo Tribunal Federal aceitar, aí a Corte vai decidir.
–
RAIO-X: ALEXANDRE DE MORAES, 46
Formação Graduou-se em Direito na USP em 1990
Especialidade Direito de Estado, tendo publicado livros sobre o tema
Cargo É secretário da Segurança Pública de São Paulo desde janeiro de 2015. Já foi secretário municipal de Transportes e promotor de Justiça, entre outros cargos
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