Ficha Corrida

24/09/2015

Premiar Alckmin pela gestão hídrica equivale a DEA premiar Aécio

OBScena: Folha de 20/10/2014 explica prêmio gestor hídrico ao Alckmin

Folha 20102014A Drug Enforcement Administration (Órgão para o Controle/Combate das Drogas) é um órgão de polícia federal do Departamento de Justiça dos Estados Unidos encarregado da repressão e controle de narcóticos. Sendo um órgão norte-americano, eu não me admiraria se a DEA, mesmo com as informações da revista TMZ, conferisse ao Aécio Neves o prêmio aviãozinho do combate aos entorpecentes. A SABESP não é uma DEA nem Alckmin um Aécio, mas a premiação da Câmara dos De-puta-dos equivale a dar guarda de creche a pedófilo.

Da mesma forma, não há porque se admirar que um órgão comandado por este varão de Plutarco, Eduardo CUnha venha coroar os mais de 20 anos de PSDB em São Paulo com esta honraria. O racionamento d’água, que os jornais tratam eufemisticamente por crise d’água para esconder a crise de gestão, é algo impensável num país onde abundam os recursos hídricos.

É tão acintoso quanto compreensível. Eu não pensaria outra coisa de uma Câmara de Deputados que tem um paulista campeão de votos chamado Tiririca. Pior do que ele, outro paulista, Marco Feliciano. Como se isto não bastasse e para enaltecer o prêmio, o capitão mor das maracutaias, Eduardo CUnha. O prêmio da Câmara se equivale em desfaçatez à estatueta que a Rede Globo deu às “chicanas” do Assas JB Corp.

Pensando bem, num pais onde parcela da população pede às empregadas para baterem panela, onde nada do que se faz aqui em comparação com que se faz na terra da Volkswagen, onde as pessoas vestem camisas da CBF do José Maria Marin, Ricardo Teixeira, Marco Polo del Nero, para pedir menos corrupção, onde se quer trocar uma Presidenta, contra a qual não paira a menor denúncia, por um notório Napoleão de Hospício, nada pode ser impossível.

Premiação é inoportuna e acintosa, dizem entidades

FABRÍCIO LOBELDE SÃO PAULO

Entidades sociais e ambientais criticaram a premiação que será dada pela Câmara dos Deputados ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pela gestão de saneamento e recursos hídricos no Estado.

Édison Carlos, do Instituto Trata Brasil, reconhece que São Paulo é o mais avançado em saneamento (justificativa dada para a concessão do prêmio), mas, segundo ele, nenhum Estado deveria ser premiado, já que todos estão muito longe de níveis satisfatórios de saneamento.

São Paulo, inclusive, não trata nem metade de seu esgoto. Édison disse acreditar que o momento para o prêmio é "inoportuno".

Para Mario Mantovani, diretor de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, o prêmio é "equivocado" diante do momento vivido pelo Estado. "Acredito que a repercussão foi mais negativa do que positiva para o governador", diz ele.

Já para Carlos Thadeu, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), a escolha de Alckmin para a premiação é um "acinte". "Milhares de pessoas passam por graves casos de falta de água e o governador é premiado. Não faz sentido", questiona.

Para Marussia Whately, da rede Aliança Pela Água, a concessão do prêmio "beira a falta de respeito com as pessoas que sofrem e ainda sofrerão com os efeitos da crise hídrica no Estado".

"Já é de conhecimento público, e inclusive citado em relatórios do Tribunal de Contas do Estado, que é falta de planejamento da gestão Geraldo Alckmin", diz sobre os problemas de abastecimento.

Para ela, prova disso é o fato de recursos que deveriam ser alocados em ampliação da rede de esgoto estarem sendo investidos de maneira emergencial na obtenção de água.

O presidente do sindicato dos funcionários da Sabesp, Renê Vicente, diz acreditar que o prêmio foi dado ao governador para dar visibilidade a Alckmin. "Não é hora de receber prêmio, mas de trabalhar para livrar São Paulo do risco de colapso de seus reservatórios."

Vicente diz ainda achar estranho que o deputado que indicou Alckmin ao prêmio, o tucano João Paulo Papa, tenha sido diretor da Sabesp.

"Parece uma autopromoção, já que o prêmio advém de alguém que era do seio da administração da Sabesp", argumenta.

30/07/2015

Je suis Charlie Hebdo, ne pas tucanô!

Situações como esta ajudam a explicar porque a Rede Globo e demais parceiros do Instituto Millenium estejam vivendo os estertores de uma era. A era do compadrio com segmentos políticos da direita hidrófoba.

Charlie Hebdo aborda tema tabu da mídia brasileira

qua, 29/07/2015 – 20:09

Charlie Hebdo publica reportagem ilustrada sobre crise da água em São Paulo

Da ABRAJI

O cartunista Riss, diretor do Charlie Hebdo, fez um pedido aos organizadores do 10º Congresso da Abraji: durante sua passagem pelo Brasil, queria cobrir a escassez de água em São Paulo e entender como os 11 milhões de moradores estavam se adaptando à estiagem.

A equipe da Abraji acompanhou o jornalista em visitas a comércios e residências na zona Oeste da cidade e articulou uma excursão à represa de Atibainha, parte do Sistema Cantareira. A viagem de 150 km foi feita em viaturas blindadas da Polícia Federal e em companhia do grafiteiro Thiago Mundano, um dos artistas que têm acompanhado e retratado a crise de abastecimento. É dele o famoso grafite que dá as boas-vindas ao "deserto da Cantareira".

Riss pretendia visitar uma favela para saber exatamente como a crise de abastecimento tem afetado a população mais pobre da cidade. Por segurança, os agentes da Polícia Federal excluíram essa possibilidade.

A reportagem em quadrinhos, publicada na edição nº 1.200 do jornal, descreve técnicas usadas por moradores para reaproveitar água, menciona o uso de copos descartáveis em lanchonetes e nota que, com as torneiras secas, São Paulo é cortada por grandes rios – transformados em esgoto a céu aberto.

O cartunista também menciona que a Sabesp tem papéis negociados na bolsa de Nova York e pergunta, observando o famoso relógio de água do Shopping Iguatemi, se a água será em breve um produto de luxo.

Riss esteve no Brasil para participar do 10º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, realizado pela Abraji no começo do mês.

Abaixo, a reprodução da reportagem em quadrinhos. Clique neste link para fazer o download da imagem em tamanho grande:

Charlie Hebdo aborda tema tabu da mídia brasileira | GGN

01/02/2015

São Paulo está economizando até pingo nos iis

sabesp agua5diasO racionamento de água em São Paulo evaporou da página dos jornais. É mais fácil encontrar denúncias de que, no futuro, pode faltar energia elétrica do que a presente mais constante na vida dos paulistas, a falta de banho. Os malabarismos linguísticos para secar o governo federal e irrigar o governo de São Paulo com boas notícias é algo que deveria concorrer ao Prêmio Nobel da HiPÓcrisia…

Todos sabemos da parceria entre o Instituto Millenium & o PSDB. Não só pela declaração da D. Judith Brito e da ANJ, mas porque a prática diuturna dos grupos mafiomidiáticos é por demais evidente. Estão todos preocupados em destruir a Petrobrás, mas ninguém ousa levantar um dedo para incriminar os que já estão presos por terem fraudado a empresa. Por que é mais fácil acusar contra quem não só não há qualquer denúncia como há sobejas provas de que fez o que nenhum outro governante tinha feito até agora, do que trazer à luz do sol o papel das maiores empresas no maior assalto à Petrobrás?!

A lista dos maiores envolvidos está aí, gente fina das das empreiteiras: Erton Medeiros Fonseca, da Galvão Engenharia; Agenor Franklin Magalhães Medeiros, José Aldemário Pinheiro Filho, Mateus Coutinho de Sá Oliveira e José Ricardo Nogueira Breghirolli, da OAS; Ricardo Ribeiro Pessoa, da UTC Participações; Dalton dos Santos Avancini, Eduardo Hermelino Leite e João Ricardo Auler, da Camargo Corrêa; e Gerson de Mello Almada, da Engevix. E ainda falta a principal, a Odebrecht, cereja do bolo empresarial no assalto à Petrobrás. Por que eles não são objeto de reportagens, mostrando o que eram e como ficaram? Por que o apartamento do Lula é matéria de capa mas o enriquecimento deste pilantras com dinheiro da Petrobrás não merece uma linha nas milhares já escritas pelas cinco irmãs (Folha, Estadão, Veja, Globo & RBS)?!

Toda hora Antonio Imbassahy, Álvaro Dias, Fernando Francischini tem mentiras divulgadas contra o Lulinha, que eles divulgaram ser o dono da Friboi, mas nada dizem a respeito dos seus financiadores? Por que não mostram com quem andava Alberto Youssef? Quem eram suas amizades, com quem trabalhava?

Com a mesma desenvoltura com que aplicam a lei Rubens Ricúpero para esconder o que lhes pertence e mostrar por diversionismo em relação à Operação Lava Jato, também a aplicam em relação ao racionamento de água em São Paulo.

Se rir é o melhor remédio, ria de quem não tem rio.

JOSÉ SIMÃO

Carná 2015! As águas vão rolar!

Paulista não pode mais usar pingo nos is! E estão proibidas as expressões: lavar a égua e lavou tá novo

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

E olha essa faixa em Pirangi: "II Concurso de Peidos! Pirangi 2015".

O problema não é participar, é ser jurado.

E o Palmeiras contratou o Ryder pra fazer dupla com o Valdívia?

Os Chinelos. Próxima contratação será o atacante Havaianas!

E o Ministro do Apocalipse Levy quer a levytação dos preços.

Os preços lá em cima, levytando!

Rarará!

E sabe como se chama o imposto que o novo governo grego quer derrubar? ENFIA!

Verdade! Imposto de grego!

Todo imposto devia se chamar Enfia. "Dilma lança mais um enfia". Então ENFIA!

Rarará!

E a grande bomba da semana! Rodízio da Sabesp: 2 dias com água e 5 sem água! 5 X 2! Pior que o 7 a 1! Entendi o rodízio da Sabesp: 2 dias com água e 5asec! Rarará!

Paulista vai ser reconhecido no aeroporto pelo fedor. "Tapa o nariz que lá vem um paulista."

Vou lançar o perfume Alckmi Número 5! Fleur de Chuchu!

E em São Paulo mandar cagar no mato não é ofensa, é economia de água!

Paulista não pode mais usar pingo nos is! Desperdício de pingos.

E estão proibidas as expressões: águas passadas, lavar a égua, nó em pingo d’água (nó em pingo d’água é crime inafiançável), lavou tá novo, olhos rasos d’água e foi tudo por água abaixo.

Estão proibidas as doenças: gota e barriga d’água! Rarará!

E adorei a charge do Nani com o corretor vendendo apartamento: "Dois quartos, sala, cozinha e uma falta d’água maravilhosa".

Eita! Rarará.

E essa piada pronta: "Cerveró ameaça processar quem produzir máscaras com seu rosto no Carnaval". A fábrica desistiu e agora vai de Graça Foster!

Quem não tem Cerveró vai de Graça Foster! O susto é o mesmo.

E a minha cara pra máscara de Carnaval só falta o elástico.

Então não falta mais nada. Acabei de ganhar o elástico. Rarará!

E olha a placa na porta do banheiro da empresa de um amigo meu: "Está faltando água! Favor cagar em casa!". Rarará.

Que situação! Nóis sofre mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

simao@uol.com.br

@jose_simao

30/01/2015

Técnica de sobrevivência em governo tucano

sabesp restricao-hidricaAos poucos os jornais dão dicas de como se adaptar para sobreviver em governos saarianos. Além de sobreviver em tendas, com caminhões pipas, a crise hídrica põe em evidência o darwinismo do cinismo e do mau caratismo. Não há, segundo o prócer tucano, Geraldo Alckmin, racionamento em São Paulo; há “crise hídrica”.

Agora, imagine-se isso em algum governo do PT. Pior, mesmo não existindo crise de abastecimento de energia, a tucanada da mídia vive falando em caos e apagão.

Por que será que os grupos mafiomidiáticos tem tanta simpatia pelo PSDB e ódio ao PT? Seria porque o PSDB distribui milhares de assinaturas da Folha, Estadão, Veja nas escolas públicas de São Paulo?!

A piada é que, por falta d’água, Lava Jato não pega tucano…

CRISE DA ÁGUA

Corte a seco

Salões de beleza sugerem técnicas para lavar e cortar cabelos sem gastar muita água; cabeleireiros recomendam produto que limpa sem enxágue

THAIS BILENKYDE SÃO PAULO

A escassez de água levou os salões de beleza em São Paulo a inventar técnicas de crise para manter a aparência dos clientes.

O tempo em que se lavava o cabelo duas ou três vezes, com direito a massagem e água morna, ficou para trás.

Agora, cabeleireiros sugerem corte a seco, pedem para os clientes chegarem com a cabeça lavada ou resolvem a questão com algumas borrifadas de água.

Fazer reflexo ou tintura virou tarefa inglória. Salões lamentam não ter água suficiente para os enxágues abundantes necessários para remover a química. E esses são os procedimentos mais lucrativos.

Os proprietários dizem ainda não saber qual será o tamanho do prejuízo que a crise da água pode trazer, mas se preparam para tempos difíceis.

Alguns salões chegam a oferecer lavagem com água gelada tirada num balde da caixa-d’água, mas as mulheres não costumam aceitar.

Alessandro Tiso, 40, do salão Tiso, em Perdizes (zona oeste), tem tentado remanejar os clientes para as manhãs, antes de o abastecimento da Sabesp ser interrompido.

"Se a pessoa reluta, não tem como fazer", conta. "O telefone ficou mais quieto."

O Studio W, com unidades nos shoppings Iguatemi e JK, entre outras, fez um pacote de medidas. A água com que se lava os fios se usa para limpar pinceis de tintura. A toalha usada para secar o cabelo de uma cliente serve para acomodá-la no lavatório.

"Para as mulheres que têm cabelo bem liso, a gente sugere fazer corte a seco. Elas não são obrigadas, mas têm a possibilidade", conta a diretora Rosângela Barchetta.

‘XAMPU SECO’

Uma alternativa é o "xampu seco", um produto que tira a oleosidade dos fios e dispensa enxágue. Antes comum em nécessaires femininas, agora é também recomendado por cabeleireiros.

"A menina pode lavar o cabelo em um dia, passar ‘xampu seco’ e dar uma ‘escovadona’ no seguinte e, no terceiro, faz um ‘presinho’ básico. Vai economizar bem", diz o cabeleireiro Celso Kamura.

"Qualquer cabelo pode ficar mais de um dia sem lavar. É meio noia [lavar todos os dias]. A oleosidade é a melhor hidratação", pondera.

João Boccaletto, sócio do salão Lab. Duda Molinos, em Higienópolis, tem sugerido uma lavagem econômica. Começa com a cliente na cadeira. Ele umedece o cabelo com um borrifador, passa xampu, massageia o couro cabeludo e só depois a leva ao lavatório.

Boccaletto também prioriza emolientes para fazer mãos e pés. "Mas sempre aparece uma pirada que quer pôr o pé naquela bacia branca velha cheia de água", comenta.

Sua cliente, a jornalista Camila Gabriel, 37, aprova as medidas. "Se não fizer diferença pra mim e fizer diferença para a economia, acho incrível", diz. Mas, quando vai ao salão, ela se despreocupa.

"Eu terceirizo o problema. Não tenho como controlar a quantidade de água que a profissional usa", reconhece.

A rede Soho enfrentou problemas. A unidade da Vila Mariana (zona sul) chegou a ficar quatro dias sem água. Com a crise, a rede passou a sugerir água borrifada em vez da lavagem. A receita do serviço "caiu drasticamente", segundo a rede, mas surtiu efeito.

Em dezembro de 2013, 92% dos clientes que cortavam o cabelo também lavavam. No mesmo mês de 2014, 11% mantiveram a dobradinha.

Se o racionamento era por falta de chuva, chamem a Dilma

Alguém ainda deve lembrar que as chuvas iriam custar, na previsão do meteorólogo Geraldo Alckmin, R$ 3,5 bilhões de reais. Quando a Dilma entra em cena descobre-se de onde vem o choque de gestão. O que seria R$ 3,5 bilhões vira R$ 830 milhões…

Se isso já é muito para explicar o que acontece em São Paulo, ainda não é tudo. Como explicar que os papas da privatização precisam da ajuda do Governo Federal para fazerem funcionar uma empresa privatizada por eles? Estava escrito que um dia a  tal de privataria tucana sairia do armário e pediria recibo.

Revela-se deste modo em que consiste o tal choque de gestão e a meritismo tucano.  A SABESP é um exemplo pronto e acabado do que foi o atraso do Brasil nos 8 anos de FHC.

Não fossem as milhares de assinaturas da Veja, Estadão e Folha distribuídos pelas escolas públicas de São Paulo e esse sujeito já estaria pagando pelos descalabros de quase trinta anos de (des)governo tucano.

Dilma e Alckmin anunciarão obra de R$ 830 mi da Sabesp

:

Em volta antecipada da Costa Rica, presidente Dilma Rousseff vai receber nesta tarde o governador Geraldo Alckmin (PSDB) no Planalto para discutir investimentos visando aumentar a captação de água em São Paulo; com apoio financeiro do Governo Federal, Conselho de Administração da Sabesp aprovou a obra da interligação entre as represas Jaguari (afluente do Paraíba do Sul) e Atibainha (do Sistema Cantareira) para aumentar a segurança hídrica do Sistema Cantareira; empresa sinalizou recentemente que podia adotar racionamento de até cinco dias por semana na atual configuração

30 de Janeiro de 2015 às 05:18

SÃO PAULO – A presidente Dilma Rousseff antecipou nesta quinta-feira (29) sua volta para o Brasil da viagem que fazia à Costa Rica para o encontro da cúpula da Comunidade de Estados Latino Americanos e Carinhenhos (Celac) antes mesmo que o evento fosse encerrado. A presidente deverá chegar ao Brasil ainda nesta noite.

De acordo com matéria do Valor Econômico, o presidente do Equador, Rafael Correa, ainda falava no evento quando a presidente saiu do local, visivelmente contrariada e falando exasperadamente com os auxiliares presentes. Dilma foi direto ao aeroporto para regressar ao Brasil.

Na volta, a presidente deverá focar seus esforços na crise hídrica da região Sudeste, recebendo ainda na sexta à tarde Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, no Palácio do Planalto. Na terceira reunião dos dois desde que foram eleitos, eles deverão discutir investimentos para aumentar a captação de água em São Paulo e ainda anunciarão obras que deverão ficar prontas no ano que vem, no valor de R$ 830 milhões.

Na quarta-feira a petista se reuniu com os governadores de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, para discutir os problemas hídricos. Ainda na última semana, ela incluiu no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) as obras de ligação do rio Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro, ao Sistema Cantareira.

Vale lembrar que no ano passado, durante a corrida eleitoral, Alckmin negou que houvesse racionamento e ainda declarou que não faltaria água no Estado. Na última semana, no entanto, a Sabesp declarou que pode haver racionamento de cinco dias sem água para dois de abastecimento caso eles verifiquem perigo de zerar a capacidade do Sistema Cantareira.

Sabesp

O Conselho de Administração da Sabesp aprovou o processo de contratação do empreendimento da interligação entre as represas Jaguari (Bacia do Paraíba do Sul) e Atibainha (Bacia do Sistema Cantareira). Segundo a companhia, o objetivo deste projeto é a recuperação e o aumento da segurança hídrica do Sistema Cantareira e, consequente atendimento da demanda por água da Região Metropolitana de São Paulo.

"A interligação permitirá aumentar a disponibilidade hídrica no sistema Cantareira em 5,13 m3/s (média anual)/8,5 m3/s (máxima) do reservatório Jaguari (afluente do Paraíba do Sul) para o reservatório Atibainha (do Sistema Cantareira)", disse a companhia em comunicado. De acordo com a Sabesp o orçamento estimado é de R$ 830,5 milhões e as obras serão executadas pela empresa, que está em tratativas com o Governo Federal para a obtenção de apoio financeiro.

Dilma e Alckmin anunciarão obra de R$ 830 mi da Sabesp | Brasil 24/7

25/01/2015

Com Geraldo Alckmin PSDB faz racionamento até da inteligência

SABESPTAn

Em 12/10/2003 a Folha de São Paulo publicava no caderno Cotidiano o seguinte destaque: “SP só atende demanda por água até 2010”. Portanto, o PSDB, de José Serra a Geraldo Alckmin, tinham ciência da necessidade de investimento para que não viesse o ocorrer o racionamento.

Ao invés de aplicar o chavão “choque de gestão”, o PSDB preferiu vender a SABESP na Bolsa de Nova Yorque e distribuir milhares de assinaturas da Folha de São Paulo, da Veja e do Estadão pelas escolas públicas de São Paulo. Esse é o verdadeiro choque de gestão das sucessivas administrações do PSDB: aluguel dos grupos mafiomidiáticos! É mais barato e mais eficiente.

Como mostrei ontem, a compra da velha mídia se revela pela lei Rubens Ricúpero, o compadrio entre Governo e o PIG. A principal argumentação do Alckmin difiundido pela mídia dizia respeito aos fatores climáticos. O argumento caiu em terra esturricada quando o próprio governador entregou à Dilma o preço da solução, via suborno a São Pedro: R$ 3,5 bilhões

Até quando o MP e Judiciário continuarão protegendo, em parceria com o Instituto Millenium, o PSDB e seus ventríloquos?!

No artigo abaixo, Conceição Lemes disseca o cadáver do engodo vendido pela parceria do PSDB com suas mídias de aluguel.

Por que o governador Geraldo Alckmin foge do racionamento da água como o diabo da cruz

publicado em 23 de janeiro de 2015 às 21:18

SP só atende demanda por água até 2010

Para o professor Júlio Cerqueira César Neto, o grande responsável pela atual crise da água é Alckmin: “É uma crise anunciada que começou a ser gestada em 2001, quando ele assumiu o governo de São Paulo”

por Conceição Lemes

24 março de 2014. Em entrevista ao Viomundo, o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto, professor aposentado de Hidráulica e Saneamento da Escola Politécnica da USP, denunciou que Alckmin e a Sabesp já faziam racionamento de água nas áreas pobres da capital há mais de dois meses e mentiam:

“Apesar de o nível do sistema Cantareira diminuir dia após dia, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) insiste: o racionamento de água está descartado em São Paulo”.

“Na verdade, o racionamento começou há mais de dois meses. A Sabesp já está cortando água em vários pontos da cidade de São Paulo e em municípios da região metropolitana, como Osasco, Guarulhos, São Caetano do Sul. Em português, o nome desses cortes é racionamento”.

“Só que essa forma de fazer o racionamento me parece completamente injusta, pois é  dirigida aos pobres; vão deixar os ricos para o fim”.

“Ao não contar todas as coisas que está fazendo, o governador mente”.

“O sistema  de chuvas funciona de acordo com ciclos naturais da natureza. Esses ciclos de secas e enchentes, menos água, mais água – chamados de ciclos hidrológicos negativos –, ocorrem naturalmente. Nós não temos influência grande nisso. Nosso sistema de abastecimento de água, portanto, deveria ter sido feito de forma a prevê-los e superá-los. Não é o que aconteceu”

“O nosso abastecimento de água está totalmente insuficiente em função das disponibilidades que o meio ambiente nos fornece. Se o governo do Estado tivesse feito há mais de 10 anos as obras de reforço necessárias, nós não teríamos falta d’água hoje”.

14 de janeiro de 2015. Quase dez meses após a denúncia do Viomundo e de ter passado toda a campanha eleitoral de 2014 negando o racionamento de água, Alckmin admitiu-o:

“O racionamento já existe, quando a ANA [Agência Nacional de Águas] determina. Quando ela diz que você tem que reduzir de 33 para 17 [metros cúbicos por segundo] no Cantareira, é óbvio que você já está em restrição. O que estou dizendo é que se tirávamos 33 metros cúbicos por segundo [de água], e hoje estamos tirando 17, é óbvio que nós temos uma restrição hídrica”.

Foi após a juíza Simone Viegas de Moraes Leme, da 8ª Vara de Fazenda Pública, conceder liminar no dia anterior, 13 de janeiro, proibindo a cobrança de multa para quem consumisse água a mais.

Em menos de 24 horas, essa decisão foi cassada pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador José Renato Nalini.

A Justiça autorizou, assim, a cobrança de multa – a chamada sobretaxa — em 31 cidades atendidas pela Sabesp, inclusive a capital. A multa será de 40% para quem consumir até 20% acima da média registrada entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014. Caso o consumo exceda a média de 20%, a multa será de 100%.

15 de janeiro de 2015. Um dia após admitir a toda a imprensa a existência do racionamento, Alckmin voltou atrás com a desculpa esfarrapada de que  foi mal interpretado:

“Estamos evitando o racionamento. O que é o racionamento? É você fechar o registro. Então, estamos procurando através de campanhas, de bônus, da utilização das reservas técnicas [o volume morto], da integração dos sistemas ultrapassar essa dificuldade da crise da seca”.

“Lamentável que o senhor Geraldo Alckmin tenha mudado de opinião de um dia para o outro”, critica o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto. “O governador não tem preocupação com a realidade e a verdade dos fatos. Ele só está preocupado em eleger o próximo prefeito e depois se eleger à presidência.”

“Será que o governador vai mudar de opinião amanhã ou depois de amanhã?” questiona o advogado Carlos Thadeu, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). “O governador, o presidente da Sabesp e o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos estão perdidos, pois não têm um plano B para a crise da água.”

MÍDIA FOI E CONTINUA SENDO CÚMPLICE E PARCEIRA DE ALCKMIN NA CRISE HÍDRICA

Em 1º de janeiro, no discurso de posse do novo mandato, o governador salientou:

Um dos pilares deste governo será o da inovação permanente, sempre a serviço do cidadão. Temos, a nosso favor, um histórico do qual nos orgulhamos.

Transparência absoluta: Portal da Transparência, Bolsa eletrônica, Indicadores Criminais, Salários dos servidores na internet.

Transparência absoluta?! Só se for em Marte, no Estado de São Paulo de jeito nenhum.

A crise hídrica é a maior prova. Desde o início, Alckmin a trata com sofismas, inverdades e dissimulações, porque tem a seu favor a mídia tradicional, que acoberta todos os seus malfeitos, inclusive os da água.

Primeiro, a grande mídia quase não divulgou a falta de água enquanto o problema atingia apenas a periferia. Tanto que praticamente ignorou-a durante o primeiro semestre de 2014.

Depois, relacionou a falta de água a apenas aspectos climáticos — “estiagem”, “seca”, “falta de chuvas”. Omitiu e passa por cima até hoje da falta de planejamento de Alckmin e de seu antecessor José Serra (PSDB).

“Com a complacência da mídia, o governo Alckmin passou toda a campanha eleitoral de 2014 , enviando sinal trocado em relação à crise da água”, observa Edson Aparecido da Silva, coordenador da Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental. “Ao mesmo tempo em que pedia para economizar água, afirmava que ela não faltaria e tudo estava sob controle.”

Em português claro: a mídia “comprou” e” vendeu” a versão dos tucanos paulistas de que a culpa é de São Pedro, poupando a incompetência e a irresponsabilidade do governo Alckmin de não ter investido em novos mananciais, como estava previsto desde 1995.

Marzeni Pereira da Silva, oposição no Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema-SP), reitera denúncia feita ao Viomundo em novembro de 2014: “A mídia foi e continua sendo cúmplice e parceira do governo Alckmin na crise de abastecimento de água em São Paulo”.

Tanto que fez vista grossa às artimanhas tucanas para aprovação da sobretaxa.

AUDIÊNCIA NA ANTEVÉSPERA DO ANO NOVO: “MÁ-FÉ E JOGO DE CARTAS MARCADAS”

Em 18 de dezembro, sem ouvir órgãos de defesa do consumidor e entidades da sociedade civil que atuam em defesa dos recursos hídricos, Alckmin anunciou a criação da sobretaxa. Também disse que a Arsesp – a agência reguladora de saneamento e energia ligada ao governo do Estado – tinha aprovado naquele dia.

Não foi bem assim.

A Arsesp é a responsável pela autorização ou veto à sobretaxa proposta pelo tucano. Oficialmente ainda não tinha se manifestado sobre a questão.

Só no dia seguinte ao anúncio de Alckmin foi publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo o comunicado da Arsesp convocando uma audiência pública para deliberar sobre a tarifa de contigência na conta da água, que é como ela chama a multa, ou sobretaxa.

A Arsesp convocou a audiência para – pasmem! — 29 de dezembro de 2014.

sabesp - alckmin - diário oficial-002 sabesp - alckmin - diário oficial-003

“A data foi proposital, de má-fé”, acusa o coordenador da Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental. “Na antevéspera do Ano Novo, a possibilidade de mobilização é muito reduzida. O objetivo era que não fosse ninguém.”

Mesmo com a manobra da Arsesp, houve grande mobilização e compareceram, além do pessoal da casa (membros da Sabesp e da própria agência), 23 representantes de quatro entidades e cidadãos. A saber: Comissão de Direito do Consumidor da OAB-SP,  Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Proteste, Instituto Socioambiental e Instituto Pró-cidadania.

IMG_0210-001

Na mesa da audiência pública só diretores da Arsesp. Da esquerda para a direita: Waldemar Bon Júnior (Relações Institucionais); José Bonifácio de Souza Amaral Filho (Regulação Econômico-Financeira e de Mercados); Antonio Luiz Souza de Assis (Regulação Técnica e Fiscalização dos Serviços de Distribuição de Gás Canalizado); e Anton Altino Schwyte  (superintendente de Análise Econômica Financeira)

Durante a audiência, depois em documento (na íntegra, ao final) enviado à Arsesp , as quatro entidades impuseram uma condição para aprovação da sobretaxa. A de que o governador Geraldo Alckmin decretasse oficialmente o racionamento, como determina o artigo 46 da lei federal do Saneamento Básico 11.445/07:

“Em situação crítica de escassez ou contaminação de recursos hídricos que obrigue à adoção de racionamento, declarada pela autoridade gestora de recursos hídricos, o ente regulador poderá adotar mecanismos tarifários de contingência, com objetivo de cobrir custos adicionais decorrentes, garantindo o equilíbrio financeiro da prestação do serviço e a gestão da demanda”

A Arsesp, desde sempre aparelhada pelos tucanos, simplesmente ignorou o documento das entidades e a determinação legal e autorizou a cobrança da sobretaxa da água.

“A audiência foi só para cumprir uma formalidade legal”, observa Edson Aparecido da Silva. “A decisão já estava acertada com Alckmin. Jogo de cartas marcadas. Desrespeito com as entidades que compareceram à audiência e com a sociedade em geral.”

“Decretar oficialmente o racionamento não é mera formalidade como tenta fazer crer o governador”, avisa Carlos Thadeu, do Idec. “Além de tornar legal a cobrança da sobretaxa para quem usar mais água, implica transparência de tudo o que está acontecendo. O consumidor tem o direito à informação.”

DNA DE ALCKMIN DESDE 2001, QUANDO TEVE INÍCIO A GESTAÇÃO DA ATUAL CRISE 

O fato é que o governador passou esse último ano escondendo e/ou maquiando a verdade verdadeira sobre a crise da água na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

“Na verdade, o grande responsável por essa crise da água que estamos vivendo em São Paulo é o senhor governador Geraldo Alckmin”, afirma o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto. “É uma crise anunciada que começou a ser gestada em 2001, quando ele assumiu o governo de São Paulo, logo após a morte de Mario Covas.”

Alckmin, só para relembrar, foi governador de 6 de março de 2001 a 31 de março de 2006. De 2007 a 2010, o posto foi ocupado por José Serra, que também tem culpa no cartório. Não fez o que deveria. Em 1 de janeiro de 2011, Alckmin voltou a ocupar o Palácio dos Bandeirantes, onde está até hoje.

Não é à toa que ele foge do racionamento da água como o diabo da cruz. Quer evitar a todo custo o carimbo de governador do racionamento, ou do rodízio. Tal como aconteceu com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o apagão de energia elétrica, em 2001.

O DNA de Alckmin, porém, está ao longo de todo processo que desembocou na atual e gravíssima crise, como mostra o professor Júlio:

1985: Inaugurado o Cantareira, um sistema de Primeiro Mundo.  Capacidade de 66  m³/s, para uma demanda:51 m³/s. A RMSP tinha 14 milhões de habitantes.

2000: Capacidade disponível e demanda eram iguais: 66 m³/s.

Para uma população de 18 milhões, o sistema já estava meia boca, como diz o professor Júlio. Foi o início do déficit de abastecimento de água. Nessa altura, já deveria ter sido providenciado novo manancial de grande porte.

2003: Foi o primeiro alerta. Estiagem prolongada levou o sistema Cantareira à beira do colapso.

2004: Nesse ano foi feita a renovação da outorga (direito de utilização da água) do sistema Cantareira por 10 anos. No contrato, foram incluídas várias exigências que deveriam ser cumpridas pela Sabesp nesse período de dez anos. Entre elas, a implantação de novos mananciais para atender a região metropolitana, diminuindo, assim, a dependência do Cantareira no abastecimento dessa área.

A renovação da outorga venceu em agosto de 2014  e a Sabesp não cumpriu essa exigência.

2005: O DAEE (Departamento de Águas e Esgotos do Estado de São Paulo) concluiu as barragens de Biritiba-Mirim e Paraitinga e disponibilizou mais 5,7 m³/s do sistema Alto Tietê para a região metropolitana. Só que não pode ser usado porque a Sabesp não tinha ampliado a capacidade da Estação de Tratamento de Água de Taiaçupeba de 10 para 15 m³/s. Taiaçupeba só passou a usar essa vazão em 2012.

2007: A Sabesp declarou oficialmente que era gravíssima a situação da deficiência dos mananciais da RMSP e não tinha condições de superá-la.

A empresa solicitou então ao governo paulista que assumisse essa responsabilidade. O que ele fez. Para isso, contratou a elaboração do Plano Diretor de Recursos Hídricos da Macrometrópole Paulista. O prazo para execução era de 180 dias, mas somente foi concluído em outubro de 2013.

2012: Sabesp detectou o início do processo de estiagem através da diminuição das reservas nos seus reservatórios.

2014: A RMSP tem 22 milhões de habitantes. A capacidade disponível de água para abastecimento é de 72 m³/s enquanto a demanda era de 82 m³/s. Ou seja, sistema deficitário em 10 m³/s. Isso significa 2,7 milhões de habitantes sem água.

2014, janeiro: A Sabesp estava  preparada para dar início ao Plano de Racionamento Geral na Região Metropolitana. O governador, porém, vetou-o e assumiu pessoalmente o gerenciamento da crise.

“Quando o governador assumiu pessoalmente o comando e gerenciamento da crise, na prática, ele declarou oficialmente sua instalação”,  atenta o engenheiro Júlio Cerqueira César. “Alckmim vetou o plano da Sabesp e definiu um Plano Político para enfrentá-la.” 

Ele proibiu o racionamento e decidiu explorar todas as reservas de água disponíveis, inclusive as reservas técnicas (volumes mortos) até o seu esgotamento se necessário.  A expectativa era de que as chuvas voltariam em outubro de 2014, os reservatórios encheriam e a crise seria superada.

2015: As chuvas não aconteceram no volume esperado. A capacidade disponível de água está em 39 m³/s e a demanda em 82 m³/s. Déficit: 43 m³/s. É mais da metade da demanda numa hipótese otimista, porque estamos considerando a integridade do sistema do Alto Tietê. Caso o sistema do Alto Tietê não se recupere, o que não está fora de cogitação, o déficit atingirá 58 m³/s — 70% da demanda.

Não há solução estrutural de curto prazo para a crise. Para complicar, Alckmin esvaziou os espaços institucionais de gestão dos recursos hídricos, como os comitês de Bacia, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos e o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de São Paulo, que reúne os 39  prefeitos e representantes do governo do Estado.

“Alckmin precisa convocar urgentemente os prefeitos das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas e falar a verdade sobre a crise”, defende Edson Aparecido da Silva, da Frente Nacional Ambiental. “O governador não pode continuar agindo como se a situação estivesse sob controle. O ideal seria que ele decretasse estado de calamidade pública e apresentasse um plano de contingência sério, discutido com os prefeitos e representantes da sociedade, para enfrentar a situação.”

“Não consigo encontrar um adjetivo para qualificar o quadro que teremos de enfrentar”, arremata Cerqueira César. “Só posso dizer que o que enfrentamos hoje — principalmente a população mais pobre que é a mais afetada — será refresco perto do que teremos pela frente.”

Em tempo 1: Por que Alckmin e Serra não fizeram as obras necessárias para que não estivéssemos na atual situação? Falta de planejamento, contando com São Pedro? Incompetência? Irresponsabilidade? Opção pelos investidores da Sabesp?

Em tempo 2: Onde foram parar os lucros da Sabesp? Em 2012, foi de R$ 1,9 bilhão. Em 2013, também R$ 1,9 bilhão. Em 2014, apesar da crise, o lucro até o terceiro trimestre foi de R$ 800 milhões. De 2003 a 2013, a Sabesp teve R$13,11 bilhões de lucros. Nesse período, pagou R$ 4,37 bilhões de dividendos. O percentual de pagamento na forma de dividendos em relação ao lucro variou de 27,9% a 60,5%,este em 2003.

Detalhe: o estatuto da empresa determina que se pague, no mínimo, 25% de dividendos. A Sabesp, para alegria dos seus investidores e azar dos consumidores, pagou sempre mais.

Audiência Pública Arsesp para deliberar sobretaxa da água: Manifestações de entidades da sociedade civil by Conceição Lemes

[A produção de conteúdo exclusivo só é possível graças à generosa colaboração de nossos leitores-assinantes. Torne–se um deles!]

Leia também:

Luciano Martins Costa: A ordem é preservar Alckmin e criminalizar a população

“Mídia é cúmplice do governo Alckmin na crise da água em SP

Júlio Cerqueira César: “Racionamento de Alckmin é irresponsável”

Por que o governador Geraldo Alckmin foge do racionamento da água como o diabo da cruz « Viomundo – O

A

ue você não vê na mídia

15/01/2015

Enquanto São Paulo pede água, velha mídia seca Dilma

sabesp unnamed13Fernando Francischini e Álvaro Dias terão de dobrar o rodeio sobre a manada para tentarem estancar o vazamento em São Paulo. O porta-voz do Paraguai, Álvaro Dias,   e sua sombra, o araponga Francischini, passam os dias troteando na internet, com montagens que não se sustentam com um simples clic no google. Fazem às vezes de faldo de alfafa para deleite da trupe bovina. Mais do que nunca, nestes tempos de internet, a mentira revelou-se de pernas curtas. Quando não havia internet, a Folha publicava, o Jornal Nacional repercutia e a Veja uivava.

Hoje, o trololó desinformado vem inoculado com o vírus da autodestruição. Só pândegos e mal informados não vêem, ou não querem ver, que não adianta conversa mole. Apesar de ainda contarem com a proteção mafiosa da velha mídia, a verdade acaba por botar a cabeça de fora. Para sorte da Dilma, eles preferem se reunir em torno do pior senador da república, segundo o ranking da insuspeita Veja, do que escolherem alguém com um pouquinho menos de Síndrome de Abstinência. Será mesmo que todos estas que seguem bovinamente as lições da Veja não conseguem ver que há no mercado alguém melhor que aquele gazeteiro do Senado? Isso, sim, é tirar a sorte grande. Com uma oposição burra como esta, apesar de todo apoio da d. Judith Brito, um poste do posto da Dilma também se elegerá.

Claro, enquanto Dilma distribuía cisternas no Nordeste e construía a transposição do São Francisco, Geraldo Alckmin, como de regra o PSDB paulista, preferia distribuir milhares de assinaturas da Veja, Estadão e Folha nas escolas públicas de São Paulo. Um dia a casa cai. Se pegar fogo, pior, não haverá água para os bombeiros.

Como a cartelização da mídia prejudicou São Paulo

qui, 15/01/2015 – 06:00

Atualizado em 15/01/2015 – 06:34

Luis Nassif

Em 2005 houve o grande pacto dos grupos de mídia nacionais, seguindo o modelo do australiano Rupert Murdoch, trazido para o Brasil pelo presidente do grupo Abril, Roberto Civita.

Interrompeu-se a competição e definiu-se uma linha única de ação para todos os grupos, que consistia em uma luta sem quartel visando empalmar o poder político para facilitar a travessia para o novo padrão tecnológico que surgia.

***

O capítulo mais ridículo foi o da criminalização de um Ministro que se valeu do cartão funcional para adquirir uma tapioca.

O capítulo mais comprometedor foi a tremenda campanha negativa contra as obras da Copa, que acabou desmentida pelos fatos.

O país foi prejudicado de duas maneiras.

A primeira, pelo prejuízo às críticas fundamentadas que deveriam ser feitas às práticas do governo e acabaram trocadas por tapiocas e outras bobagens; a segunda, por ter desarmado totalmente a fiscalização sobre governos aliados.

***

Essa perda de foco jornalístico foi em parte responsável por dois dos maiores desastres da história de São Paulo: as enchentes no governo José Serra e a grande crise de água que se prenuncia no governo Geraldo Alckmin.

As enchentes destruíram cidades, alagaram São Paulo e, não fosse o trabalho dos blogs e das redes sociais, as causas jamais teriam sido divulgadas. A razão principal foi o fato de Serra ter cortado as verbas de desassoreamento do rio Tietê  ao mesmo tempo em que inflava as verbas publicitárias e as compras de livros didáticos da editora Abril.

A suspensão dos trabalhos reduziu em 30% a 40% a vazão do rio. Os compromissos políticos espúrios dos grupos de mídia barraram os alertas provenientes de técnicos e especialistas.

***

O mesmo ocorreu em relação ao problema da Sabesp. Durante todo 2014, os únicos alertas consistentes partiram dos blogs, porque os grupos de mídia se eximiram de sua responsabilidade.

Um dos momentos mais desmoralizadores desse neojornalismo foi a cobertura dada pela mídia ao uso do volume morto de água do sistema Cantareira. Uma medida de desespero, prenúncio dos problemas maiores que viriam pela frente, foi tratada como uma inauguração solene. “Foram distribuídos convites para convidados VIP, convidando "para o início do bombeamento da reserva estratégica de água para o sistema Cantareira. Os telejornais deram espaço nobre às palavras de Alckmin, à sua postura grave, mostrando como, graças à eficiência do governo do estado, o paulistano terá mais 6 meses rezando para as chuvas venham. Se não vierem, nem todos os caminhões pipa do país darão conta da tragédia”.

***

Se depender da maioria dos blogs militantes, não serão divulgadas críticas ao governo Dilma; se depender da atuação maciça dos grupos de mídia, não será veiculada nenhuma crítica ou denúncia contra governos e políticos aliados.

Ao pretender esmagar a blogosfera, sufocando-a com ações judiciais os grupos de mídia penalizam gravemente o direito à informação por parte do público.

O Judiciário precisa desinterditar o debate e ter coragem de discutir esse tema.

Como a cartelização da mídia prejudicou São Paulo | GGN

Racionamento da informação ou censura d’água

cp15012015Timidamente, a Folha traz para a capa do jornal a filosofia administrativa do PSDB. É o tal de choque de gestão feita pelos métodos da tal de meritocracia.  A filosofia privatista, de que a iniciativa privada faz melhor só faz sentido se comparado ao PSDB. Qualquer empresa, qualquer governo, qualquer partido faz melhor que o PSDB. A única grande obra do PSDB é a cooptação dos velhos grupos mafiomidiáticos.

Ao financiar o Instituto Millenium, o PSDB garante imunidade administrativa nas páginas das cinco irmãs (Folha, Estadão, Veja, Globo & RBS).

A maneira canhestra como a Folha trata do sumiço d’água nas torneiras dos paulistas. Bota a culpa na empresa, como se não existisse responsabilidade estatal no comando da SABESP. Como se não houvesse responsável por te-la colocado na Bolsa de Nova Iorque. Ao invés de fazer investimentos em infraestrutura, distribui dividendos entre seus acionistas. Esta é a filosofia do PSDB, entregar o patrimônio público a quem o finanCIA. O PSDB é especialista em terceirizar suas responsabilidades; as administrativas, à iniciativa privada; as relações públicas, às cinco irmãs.

E pelo forma como é tratado na justiça, também tem licença para roubar que nada acontece. Mesmo encabeçando a lista dos ficha suja, o PSDB não vê a criminalização partidária como acontece em relação ao PT. Quanto se trata dos adversários de d. Judith Brito, a manchete sai assim: “Entidade presidida por petista foi citada em relatório

CRISE D’ÁGUA 

Sabesp agora admite que pode adotar rodízio de água em SP

Medida descartada nos últimos meses foi admitida por novo chefe da estatal da gestão Alckmin

Governador disse que ‘racionamento’ já existe –em referência à redução de captação no sistema Cantareira

DE SÃO PAULO

A Sabesp admitiu nesta quarta (14) a possibilidade de implantar um rodízio de água em São Paulo –com cortes alternados entre regiões, a exemplo do adotado no começo da década de 2000.

A medida voltou a ser cogitada pela estatal ligada à gestão Geraldo Alckmin (PSDB) após ser descartada como solução para a crise hídrica durante boa parte de 2014.

"Sim, pode chegar [a ter um rodízio]. Torcemos para que não, mas pode chegar", afirmou Jerson Kelman, novo presidente da Sabesp, que também anunciou outras ações que devem agravar a falta de água nas casas.

Ao se referir ao rodízio, Kelman afirmou que "não há necessidade de causar previamente um sofrimento à população" e que ele será implantado apenas caso seja "estritamente necessário".

No começo de 2014, Alckmin chegou a admitir a possibilidade de um rodízio. Depois, passou a descartá-lo. Disse que seria um erro técnico adotá-lo, devido a eventuais danos na rede, além de ser um custo social grande.

O rodízio adotado em parte da Grande SP há uma década e meia era no esquema dois dias com água e um sem.

A Sabesp também disse que reduzirá, para mais lugares e mais horários, a pressão da água enviada às casas –que deixa as torneiras secas em alguns momentos do dia.

A captação no sistema Cantareira –que recebeu só chuvas isoladas nesta quarta– será reduzida de 16 para 13 metros cúbicos por segundo.

O Cantareira, com isso, perde importância e deve ser ultrapassado por Alto Tietê e Guarapiranga pelo volume de água fornecida para abastecer a Grande São Paulo.

Kelman disse que, sem chuvas, ele poderia secar até março –ontem estava em 6,3%. Mas, segundo ele, ainda poderá ser usada a terceira cota do "volume morto" do sistema –água que fica abaixo das tubulações e que precisa passar por bombeamento.

RACIONAMENTO

A nova avaliação da Sabesp foi dada no mesmo dia em que Alckmin admitiu que São Paulo já enfrenta um "racionamento" –em referência à exigência de redução de captação no sistema Cantareira, que está em vigor desde março do ano passado.

No dia anterior, a Justiça havia suspendido a cobrança da sobretaxa de até 100% na conta de água para moradores que elevassem seu consumo.

"O racionamento já existe", declarou Alckmin, atribuindo a decisão à ANA (Agência Nacional de Águas), que, em março do ano passado, determinou a redução da captação do sistema Cantareira –ação que vem sendo adotada e já foi até mesmo ampliada desde então.

A partir daí, a Sabesp intensificou a redução de pressão da água –que provoca cortes em regiões mais altas em alguns momentos do dia.

"Se tirávamos 33 metros cúbicos por segundo [de água] e hoje estamos tirando 17, é óbvio que temos uma restrição hídrica", justificou.

Diante das queixas sobre a interrupção no fornecimento de água, ele foi cobrado no período eleitoral para que reconhecesse a situação.

Em 24 de outubro, às vésperas do segundo turno em que Aécio Neves (PSDB) tentava se eleger presidente, Alckmin declarou: "O abastecimento de água está garantido na região metropolitana de São Paulo. Não tem racionamento e não tem desabastecimento".

(FABRÍCIO LOBEL E ROGÉRIO PAGNAN)

14/01/2015

Parceria da mídia com PSDB revela seca de honestidade

PSDB x ÁguaPor que o descalabro administrativo do PSDB em São Paulo não deixa o pessoal do Instituto Millenium indignado? Por que a velha mídia não faz reportagens investigando como o maior estado da Federação chegou a este estágio? Será que as milhares de assinaturas distribuídas pelos sucessivos governos do PSDB nas escolas públicas justificam este acobertamento?

O racionamento existe de fato, mas de direito Geraldo Alckmin prefere se proteger com o biombo dos velhos grupos mafiomidiáticos. Se a culpa é de São Pedro, por que pedir R$ 3,5 bilhões ao Governo Federal? Esta quantia faria chover? Por enquanto, o PSDB só faz chover nos cofres das cinco irmãs (Estadão, Folha, Veja, Globo & RBS).

A Justiça está dizendo o que até agora a velha mídia não ousa se perguntar: por que aplicar uma sobretaxa se o governo não admite que existe racionamento?  Aliás, sobretaxa faz chover? Até porque a sobretaxa pode ser contornada por quem tem dinheiro, mas castiga quem não o tem. É, taí a lógica que resultou na privatização da SABESP e a distribuição dos lucros na Bolsa de Nova Iorque. Tem lógico o repentino ódio ao PT pela Marta Suplicy. Não adianta fazer certo para ganhar espaço na mídia. Basta fazer como o PSDB, atacar o PT. E tudo o mais será perdoado.

CRISE D’ÁGUA 

Justiça suspende sobretaxa para a água

Segundo juíza, medida proposta por Alckmin deveria ter sido antecedida pela decretação oficial de racionamento

Governo do Estado disse que vai pedir suspensão da decisão; Sabesp informou que estuda quais medidas tomar

DE SÃO PAULO

A Justiça concedeu liminar ao pedido de suspensão da sobretaxa proposta pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para quem aumentar o consumo de água. O pedido de liminar foi feito pela ONG Proteste.

A juíza Simone Viegas de Moraes Leme, da 8ª Vara de Fazenda Pública, decidiu que o governo do Estado deveria ter instituído o racionamento oficial de água antes de adotar a sobretaxa.

Esse era o entendimento de entidades de defesa do consumidor e de uma comissão da OAB paulista.

Para a coordenadora da Proteste, Maria Inês Dolci, a decisão da Justiça é corajosa e "compreende bem o contexto da crise de abastecimento".

Em sua sentença, a juíza disse que "não há possibilidade de contornar o texto legal", referindo-se à não adoção de racionamento.

Disse ainda que atualmente é "sabido que o racionamento é oficioso e não atinge a população paulista de forma equânime como deveria".

Citando o novo presidente da Sabesp, Jerson Kelman, que disse na semana passada que são Pedro está errando a mira das chuvas nos últimos dias, escreveu ainda que "diante de tais declarações, lastimamos nós, população, que a solução da crise esteja à mercê de são Pedro".

A sobretaxa foi regulamentada pela Arsesp (agência reguladora do Estado) e estava valendo desde quinta (8).

A tarifa adicional seria cobrada dos usuários cujo consumo mensal ultrapassasse a média no período de fevereiro de 2013 a janeiro de 2014.

Quem tivesse o consumo igual ou menor que 20%, teria 40% de acréscimo na conta de água (desconsiderando o serviço de esgoto, que representa metade do valor cobrado pela Sabesp). Já os consumidores que gastassem acima de 20% teriam ônus adicional de 100% na conta.

A sobretaxa foi anunciada inicialmente para as 31 cidades da região metropolitana de São Paulo e depois foi ampliada para as regiões de Bragança Paulista e Campinas.

A Sabesp disse primeiramente que iria recorrer. Mais tarde, declarou que ainda estuda quais medidas tomar.

"A Sabesp reconhece que a escassez hídrica é um fato e já causa transtornos a alguns consumidores da região metropolitana, principalmente os localizados em áreas elevadas. Lamentavelmente, não há como evitar esses transtornos enquanto perdurar a crise", diz a nota.

O governo do Estado disse que irá pedir, nesta quarta (14), a suspensão da decisão.

01/01/2015

Folha se faz de tapete para Gérner Oliveira desfilar

Velha mídia, regada pelo PSDB, sustenta “manancial de incompetência”

PSDB MIDIAnA inacreditável Folha de São Paulo não tem o menor pudor, que dirá respeito, pela inteligência dos leitores. A Folha é o maior manancial de boatos favoráveis ao PSDB. Consegue, inclusive, transformar o principal responsável pela falta de investimento que levou ao primeiro grande racionamento d’água em São Paulo em “consultor”.

Um gênio que, falando de sua gestão de 2007 a 2010, nos governos José Serra & Geraldo Alckmin, consegue concluir: “nosso maior manancial é a incompetência”. Plac! Plac! Plac! Palmas e faça minhas as sua palavras.

De fato, acabou o mundo da fantasia do PSDB. Depois de quase trinta anos governando São Paulo, o PSDB consegue privatizar todas empresas e só os bancos suíços conseguem ver a cor do dinheiro.

A piada que rola na internet é que não há uma foto sequer de uma obra que leve cimento e tijolos de autoria do PSDB. Mas vender, doar, destruir eles sabem. A privatizações da SABESP e da Eletropaulo(AES) serviram para levar à São Paulo à crise d’água e à falta de luz.

Com tudo isso os paulistas conseguem eleger Geraldo Alckmin no primeiro turno graças à lavagem cerebral perpetrada pelos a$$oCIAdos do Instituto Millenium e as milhares de assinaturas distribuídas pelas escolas públicas de São Paulo de Veja, Estadão & Folha.

Nada de estranhar, já que a velha mídia fez, com ódio à esquerda, propaganda aberta e escancarada ao pior senador da república, conforme ranking da Veja. Pensando bem, não há melhor companhia ao pior jornalismo do que o pior senador da república.

ENTREVISTA GÉSNER OLIVEIRA

Nosso maior manancial é a incompetência, diz consultor

Para Gesner Olivera, ex-presidente da Sabesp, crise da água exige mudanças na sociedade e redução de consumo

EDUARDO GERAQUEFERNANDA MENADE SÃO PAULO

"Acabou o mundo da fantasia", decreta o economista Gesner Oliveira, consultor de recursos hídricos e ex-presidente da Sabesp (2007-2010).

Regiões como a Grande São Paulo, diz ele, vão precisar conviver com um cenário duradouro de escassez.

A reversão, na visão do especialista, não será feita apenas com obras. Diminuição das perdas na distribuição de água e redução de consumo são ações essenciais para que os paulistas tenham alguma segurança hídrica.

Defensor da participação do setor privado no segmento do saneamento básico, ele não vê incongruência em uma empresa de água distribuir lucros para acionistas, como é o caso da Sabesp.

"Há um debate internacional sobre a água como um direito universal, o que não seria compatível com a atividade privada. A população de vários países não tem serviços mínimos porque prevalece uma visão extremamente paternalista ou estadista do assunto", diz ele, para quem há um aspecto positivo da crise: ela é pedagógica para gestores e consumidores.

Leia a seguir trechos da entrevista de Oliveira, que também é professor do Departamento de Planejamento e Análise Econômica Aplicados à Administração da FGV

Folha – Como garantir que as pessoas tenham acesso à água se ela não for vista como direito?

Gesner Oliveira – É um serviço básico. Mas, sem investimentos privados, não há serviços necessários. As empresas brasileiras de saneamento que funcionam –Sabesp, Sanepar (PR) e Copasa (MG)– têm participação privada.

Esse seria um modelo a ser estendido para o resto do país?

Sim. O investimento de ampliação do sistema do Alto Tietê foi feito em dois anos. A Sabesp demoraria quatro anos para fazer essa obra.

Hoje não há rodízio, mas existe racionamento?

De jeito nenhum. Estamos vivendo uma situação de problemas de falta de água em função de uma opção, que me parece correta, de diminuição da pressão da água.

Muita gente reclama da falta de informação. Não dá para avisar quando faltará água por redução de pressão?

O esforço de comunicação é sempre útil e qualquer adicional é bem-vindo.

Faltou transparência durante a gestão da crise?

O padrão de governança da Sabesp é o melhor do Brasil. Mas a crise fez emitir um alerta geral, não só para o governo e para as empresas, mas para todos: não estamos mais no mundo da fantasia.

A empresa que cuida do dia a dia do saneamento não poderia ter se preparado melhor?

Com risco de ser chapa branca, digo que a Sabesp foi a empresa que fez o maior programa de água de reúso do hemisfério sul. Tem o maior programa de redução de perdas do Brasil e provavelmente da América Latina.

A Sabesp não tem uma previsão detalhada sobre a meteorologia dos seus sistemas?

Existe um grupo da USP que faz uma previsão voltada para o sistema Cantareira. O que aconteceu neste ano está totalmente fora de qualquer intervalo de previsão. O que está ocorrendo aqui é recorrente em Minas [Gerais], no Nordeste, na Califórnia e na África e exige, de uma maneira geral, outra estratégia.

Na Califórnia, o governo escancarou o problema. Aqui, a gravidade da crise não foi exposta por causa das eleições?

É difícil se dissociar da questão eleitoral, mas, em um longo prazo, temos que olhar para erros do passado. Desde os anos 1960 fomos negligentes na estratégia de ocupação de São Paulo. Nós deveríamos ter protegido as margens da Guarapiranga e do rio Tietê. Por que foram canalizados tantos córregos? Se você tivesse o rio Pinheiros e o rio Tietê navegáveis, com píeres, você teria muito lucro.

Como é possível aproveitar melhor o ciclo da água?

Primeiro, produzindo eficientemente. O Brasil perde, em média, 37% da água que produz, seja em perdas físicas, seja em perdas comerciais. Em Macapá, por exemplo, este índice é de 72%.

Depois, tratando a água. É muito importante a captação de água de chuvas. É preciso também fazer medição de consumo individualizada.

O governador falou que há "gastões" de água e sabe-se que condomínios têm dificuldades em reduzir o uso porque têm hidrômetros coletivos. Por que nunca houve uma política de mudança disso?

Porque ninguém se preocupa com isso. Há uma incompetência que é geral, da sociedade. A gente se acostumou a um mito de abundância [de água]. Então, precisa haver um choque cultural. As pessoas precisam se dar conta de que um banho de cinco minutos é algo razoável.

O componente ambiental não está demorando muito para entrar no contexto político?

Ele é crucial. As empresas não podem atuar como vendedoras de água, mas como companhias de meio ambiente. Mobilizar a população para proteger córregos, defender o reflorestamento, não jogar lixo nos rios.

E se não chover acima da média neste verão?

Considerado o absurdo desperdício de água, existe um bom espaço para a redução de consumo. A redução de consumo já foi equivalente a um novo sistema. Nós podemos ter mais um sistema sem sacrifício. Os hábitos brasileiros em relação à água ainda são carnavalescos.

É mais barato investir em obras ou redução de perdas?

Devemos reduzir perdas antes de construir sistemas. Em uma cesta de soluções, daria um peso maior na redução de consumo. Daria grande ênfase também na redução de perdas. Daria muita ênfase ainda na reciclagem de água.

Em São Paulo, a redução de perdas envolve diminuição das perdas físicas (redução de vazamentos com equipes especializadas na detecção nas tubulações menores). E reduzir perdas comerciais.

Reduzir perdas de 37% para 25% até 2025 no país renderia R$ 30 bilhões (três anos do que é investido em saneamento).

Gosto de usar o seguinte bordão: nosso maior manancial é a incompetência.

27/12/2014

Folha oportunista, em editorial oportunista, descobre oportunismo eleitoral

furgao folhaUm ano depois, o jornal da d. Judith Brito perpetra um diagnóstico envelhecido, como o jornal: “Por falta de planejamento, tardou a iniciar obras que ampliassem a oferta de recursos hídricos; por oportunismo eleitoral, adiou medidas impopulares, mas necessárias para reduzir o consumo de água.”

Por esta frase se explica o diversionismo da tucanalha que vivia de atacar o Governo Federal por falta de Planejamento. Claro, a melhor defesa é o ataque. Para se defender, acusavam o governo federal exatamente por aquilo não faziam. Ontem mesmo o Estadão noticiava: Metrô e CPTM vão entregar apenas 2 das 9 estações prometidas para 2015.

O que se critica não são as críticas em relação ao Governo Federal. Pelo contrário, há e muitas, críticas em relação ao Governo Federal. O que se espera de um veículo de informação é que informe, de forma neutra, a respeito de todos os partidos. E não satanizar um para encobrir falcatruas daquele com a qual se tem afinidades. As afinidades eletivas da Folha com o PSDB e seus políticos paulistas é reconhecida até por parceiros ideológicos, o O Estado de Minas, naquela famosa defesa que fez do seu candidato Aécio Neves: Minas a reboque, não!

O inacreditável a respeito das “crises do Alckmin”, não é ter saído só agora. É que São Paulo conta com três dos cinco principais membros do Instituto Millenium: Estadão, Folha, Veja. Nenhum deles têm palavras desabonadoras aos sucessivos governos do PSDB. Passam pente fino na administração Haddad, mas nas gestões do PSDB um editorial como este só em ano bissexto…

EDITORIAIS

editoriais@uol.com.br

As crises de Alckmin

Reeleito com folga, tucano terminará mandato com ameaça de falta de água e sucessivos recordes negativos na área da segurança pública

Reeleito com folga no primeiro turno, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) terá de lidar logo no início de seu próximo mandato –o quarto no comando de São Paulo– com duas graves crises que só se agravaram ao longo de 2014.

A mais inquietante delas diz respeito à ameaça de falta de água em diversas regiões do Estado, entre as quais se inclui a Grande São Paulo.

Atravessando um período de estiagem recorde, os reservatórios da capital estão muito mais vazios do que seria de esperar. Um deles, o sistema Cantareira, aproxima-se da exaustão; responsável por abastecer 6,5 milhões de pessoas, tinha ontem (26) 7,4% de sua capacidade, aí já contabilizadas as duas cotas do chamado volume morto.

Verdade que as fortes chuvas dos últimos dias resultaram no aumento do nível das represas, algo que não ocorria com o Cantareira desde abril. A elevação, contudo, foi ínfima. O 0,7 ponto percentual acumulado nesta semana ainda não representa alívio, embora até possa animar visões otimistas.

Diante de item tão crucial, no entanto, um governador precisa ser mais prudente, e Alckmin deixou bastante a desejar nesse ponto. Por falta de planejamento, tardou a iniciar obras que ampliassem a oferta de recursos hídricos; por oportunismo eleitoral, adiou medidas impopulares, mas necessárias para reduzir o consumo de água.

Se agora já não há muito o que fazer em relação à crise de abastecimento, a não ser preparar-se para o pior, o governo tucano tem a obrigação de, em 2015, sair-se melhor na área da segurança pública.

Ao fim deste ano, terá sido documentado o maior número de roubos desde 2001, quando o governo passou a utilizar a atual metodologia de registro. Considerado apenas o período de janeiro a novembro, são 286,5 mil desses crimes no Estado –bem mais que os 257,1 mil casos de 2013 inteiro, o segundo pior ano na lista de delitos.

O mês passado também entrará para a história como o novembro com a maior quantidade de roubos da série. Para piorar, tanto o Estado como a capital chegam a 18 meses seguidos de alta nos crimes patrimoniais cometidos mediante violência ou grave ameaça.

Os recordes negativos nessas duas áreas não chegaram a abalar o prestígio de que Alckmin desfruta entre os paulistas, mas custaram o cargo de quatro secretários do tucano –dois na pasta da Segurança Pública e outros dois na de Saneamento e Recursos Hídricos.

Resta saber se o governador trocou seus titulares apenas para manter inalteradas suas estratégias ou se está convencido de que, a despeito do sucesso nas urnas, precisa corrigir rumos de seu governo para o próximo quadriênio.

06/12/2014

Folha faz parecer falta d’água uma injustiça com a santa SABESP

PSDB OBRASnLouve-se a capacidade da Folha em transformar a SABESP em vítima. É um texto escrito a seco, mas que faz verter, nos leitores, lágrimas suficientes para abastecerem todo o Sistema Cantareira…

De tanta louvação, parece mais um press release da empresa que um testo jornalístico. Não informa, louva; não questiona, empolga.

Com a Folha de seu lado o PSDB poderia ir ainda mais longe, quiçá entronizado como Família Real no Governo Paulista. Pena que seus quadros sejam tão ruins, mas tão ruins que não conseguem sequer fornecer água. E  para quem dizia que a culpa era da falta de chuvas, como entender os R$ 3,5 bilhões pedidos ao Governo Federal. Com este montante até eu faço chover…

Como disse o humorista José Simão, o PSDB não deixou nenhuma obra que vá tijolo e cimento. E as que já existiam, como a a SABESP, vendeu. Assim, os lucros com ficam os donos, os prejuízos eles passam o pires à Dilma…

CRISE D’ÁGUA 

Sabesp eleva custo de plano antidesperdício e reduz meta

Previsão era que perdas caíssem de 19,8% para 13%, mas agora objetivo são 16,8%

Projeto para Grande SP saltou de R$ 4,4 bi para R$ 6 bi; novo valor se deve à correção da inflação, diz empresa

ARTUR RODRIGUESFABRÍCIO LOBELDE SÃO PAULO

O plano de redução de desperdício de água da Sabesp para a Grande São Paulo ficou mais caro, mas teve diminuídas suas metas.

Orçado em R$ 3,3 bilhões em 2008 (R$ 4,4 bilhões em valores corrigidos), o custo previsto do programa iniciado em 2009 saltou para R$ 6 bilhões.

Atualmente, o índice de perdas na região é de 30,4%, incluindo de vazamentos a ligações irregulares –se considerada toda a área de atuação da empresa no Estado, o índice é de 24%.

A meta visa apenas a redução dos vazamentos, isto é, das perdas físicas. Esse percentual, atualmente, é de 19,8% na Grande São Paulo.

A expectativa da Sabesp em 2008 era que esse índice caísse a 13% em 2019. Apesar de ter ficado mais caro, o plano da empresa agora prevê que as perdas cheguem a 16,8% em 2019. A companhia afirma que os dados do projeto de 2008 foram revistos em 2012.

A Sabesp afirma já ter investido R$ 2,3 bilhões na redução de perdas. Mas no ritmo atual de resultados, nem a nova meta será atingida. Desde 2009, a queda não chegou a um ponto percentual.

A justificativa da empresa é que, abaixo dos 20%, as reduções ficam cada vez mais lentas e caras. O Ministério Público Estadual, porém, avalia se há irregularidades na atuação das empresas contratadas.

Especialista na área hídrica, o engenheiro Julio Cerqueira Cesar Neto afirma que, de fato, essas obras são caras e de longo prazo.

"É como uma pessoa obesa que perde muitos quilos. Quando chega a certo índice, fica mais difícil."

Mas o custo dessas intervenções vale a pena, afirma ele. "É como se a Sabesp criasse um novo sistema de abastecimento."

A Sabesp não explica o motivo da diminuição da meta. Afirma que, em 2009, o plano foi novamente orçado em R$ 4,1 bilhões e que houve correção inflacionária.

Entre as obras prioritárias projetadas estão a substituição e a reabilitação de tubulações da rede do Estado. A previsão era reparar 316 km anuais, em média, no Estado. Em 2013, foram apenas 182 km.

Outra defasagem está na substituição de ramais das tubulações. A proposta era trocar 423 mil por ano. No ano passado, foram só 255 mil.

Questionada, a Sabesp não informou os resultados dos outro anos.

03/12/2014

Massa Cheirosa: PSDB garante banho pra quem tem dinheiro

sabesp

A Folha de São Paulo demitiu a porta-voz do tucanato, Eliane Cantanhêde, porque, para defender o PSDB, não precisa de porta-voz, ela mesma faz. Há milhares de assinaturas da Folha distribuídas em escolas públicas de São Paulo. Isso, sim, são motivos convincentes…

Neste episódio da falta de água fica bem clara a distinção entre esquerda e direita: o DINHEIRO. Por que será que os pedágios onde o PSDB governa são os mais altos do mundo. A direita privilegia quem já tem privilégios. Aliás, a direita mantém atual o ditado mais antigo já registrado: dar a cada um o que é seu. Tem mais de dois mil anos e foi registrado pelo Direito Romano. A Caesar  o que é de Caesar! Aos ricos a riqueza, aos pobres a pobreza!

É por isso que as periferias sofrem mais que os grandes centros, onde os investimentos públicos são maiores. É, para resumir, onde rola o dinheiro. Não é mero acaso que a SABESP está na Bolsa de Valores de Nova Iorque mas não está na periferia de São Paulo. Aliás, é bem coerente com o perfil ideológico de seus administradores: socialização das perdas e a privatização dos lucros. É desta mesma fonte que brota o tal de choque de gestão e a filosofia da meritocracia.

Os pedágios segue a mesma lógica. A direita que tanto fala em liberdade, esquece que liberdade não é dar o mesmo ponto de chegada, mas o mesmo ponto de partida. Para a direita, liberdade de ir e vir está diretamente ligada às condições econômicas. Que liberdade tenho de ir a São Paulo se não tenho dinheiro para comprar a passagem?!

A crise d’água em São Paulo está diretamente ligada à falta de liberdade de expressão, na medida que o Instituto Millenium, por meio da Judith Brito, se perfilou ao lado do PSDB, tudo o que o PSDB faz a velha mídia endossa sem qualquer questionamento.

DEPOIS DA ELEIÇÃO/CRISE D’ÁGUA 

‘Sou contra o gastão’, afirma governador

Segundo Alckmin, que descartou a cobrança extra aos consumidores de água antes da eleição, tema está em estudo

Sobretaxa seria imposta aos que ampliassem o gasto acima da média; não há ainda definição sobre adoção da medida

GUSTAVO URIBEEDUARDO GERAQUEDE SÃO PAULO

Depois de anúncios e recuos antes da eleição deste ano, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) voltou a considerar a possibilidade de cobrança de sobretaxa na conta de água de quem ampliar o consumo.

São Paulo enfrenta hoje a maior estiagem em 84 anos, com interrupções de abastecimento na Grande São Paulo, cidades do interior em regime de racionamento e reservas de água cada vez mais baixas.

O sistema Cantareira, por exemplo, o principal da Grande São Paulo, opera com a segunda cota do volume morto.

Segundo o tucano, a medida é estudada pela Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia) e pela Procuradoria Geral do Estado.

Questionado se é favorável à cobrança da sobretaxa, o tucano respondeu que é contra o "gastão".

"Nós fizemos tudo o que tem de ser feito, em etapas. Primeiro, criamos o bônus e, depois, o expandimos", disse o tucano nesta terça-feira (3).

"E a Arsesp está estudando a questão de você ter um plus’ para quem estiver acima da média, mas não é ainda uma decisão tomada. Isso está sendo analisado juridicamente", completou.

Em abril, a administração havia anunciado a implantação da sobretaxa de quem aumentasse a conta de água acima do consumo médio relativo ao ano anterior.

Em julho, início da campanha eleitoral e quando a cobrança extra foi adiada, o governador afirmou que não via necessidade de sua adoção.

À época, o tucano foi criticado pela iniciativa. Entidades de defesa do consumidor argumentavam que a cobrança era ilegal e que o governo só poderia adotá-la se houvesse racionamento, opção sempre rechaçada pelo Palácio dos Bandeirantes.

O tucano participou nesta terça-feira de inauguração de um conjunto de obras para aumento da produção de água do sistema Guarapiranga em mil litros por segundo.

Com a iniciativa, o sistema, que opera com 33,4% de sua capacidade, terá sua capacidade ampliada de 14 mil para 15 mil litros por segundo.

As principais obras para aumentar a produção de água no Estado, porém, somente serão entregues a partir de 2016, como a transposição de águas do rio Paraíba de Sul para represas do Cantareira.

Por ora, para reduzir o consumo, o governo adotou o bônus na conta, fez campanhas publicitárias e reduziu a pressão do abastecimento.

Essa última medida diminui o desperdício (quanto menor a pressão, menor a perda de água nas tubulações), mas tem deixado moradores de todas as regiões da cidade sem água em casa nas noites e madrugadas.

Segundo a Sabesp, ações de redução de pressão promoveram economia de 10 metros cúbicos por segundo de água. A produção do Cantareira, antes da crise, era de 31 metros cúbicos por segundo.

DRIBLE À ESCASSEZ

A declaração do governador sobre a cobrança extra ocorreu no mesmo dia em que especialistas reunidos em São Paulo para discutir a crise hídrica defenderam a medida.

"Quem gasta muito precisa ter uma taxa ainda maior", disse Benedito Braga, professor da USP e presidente do Conselho Mundial da Água, que discute o tema.

Organizador do evento, o presidente da ABES-SP (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária no Estado de SP), Alceu Bittencourt, afirmou que a instituição também é a favor da sobretaxa.

"As estratégias de comunicação para a população precisam ser aprimoradas", disse.

12/11/2014

Drible linguístico para esconder racionamento

sabesp cieloA que ponto chegamos. Para tergiversar, tem-se mais uma regra gramatical, criada pelo senhor Geraldo Alckmin e assimilado pelos seus alunos da seita Instituto Millenium. Só é racionamento quando ele, Alckmin, disser que é. Do contrário, deve-se usar todo e qualquer subterfúgio linguístico, menos o termo que não ousa dizer seu nome: racionamento. A frase de apoio à má-téria é emblemática: “Governo afirma que não há racionamento, mas moradores de todas as regiões relatam falta de água durante as noites”. Se o governo diz que não há racionamento, mas Folha constata que, de fato, há, o nome a ser dado não é economia, como quer Alckmin, mas racionamento, como quer Houaiss, Aurélio, Aulete e tantos outros.

Compreende-se porque  não é racionamento, mas falta d’água. Racionamento pressupõe o uso da razão, algo que vazou com a água. Falta d’água pressupõe que ela existiu mas evaporou, sumiu. No novilinguismo orweliano dos tucano, racionamento é uma palavra reservada para uso em relação a outra raça, aquela que Jorge Bornhausen se propôs exterminar. Na Folha usa-se racionamento para algo que seria bom que acontecesse naqueles serviços da competência do Governo Federal, como várias vezes foi proferida em termos de praga.

No meu modesto entender, racionamento é uma medida “racional” de contenção de uso para que se possa distribuir isonomicamente a escassez a todos os que necessitam do mesmo produto.

Se é explicável que um ex-candidato e ainda com pretensões explícitas à Presidência utilize todo tipo de eufemismo para negar o óbvio, também é compreensível que os a$$oCIAdos do Instituto Millenium, por serem os maiores beneficiados em assinaturas de seus jornais e revistas, sigam a cartilha e vetem os termos que afeta o humor de seu finanCIAdor. O termo economia é simpático porque busca incutir que não se trata de falta, mas de guardar excedente. E assim o PSDB continua economizando moedas nos porquinhos que não tomam banho por economia da SABESP, enquanto os acionistas de Nova Iorque lucrem com ações na Bolsa de Valores, e o seu Geraldo vai até Brasília estourar as “burras da viúva”…

No mesmo mês em que a SABESP distribui R$ 3,7 bilhões em dividendos, Alckmin abre a boca para que Dilma estoure o cofre e dele retire uma gorjeta de R$ 3,5 bilhões.

CRISE D’ÁGUA 

SABESP Meu Banho Minha VidaEconomia permanente de água afetará todas as áreas de São Paulo

Segundo a Sabesp, ‘não há planos nem motivos’ para interromper redução da pressão na rede

Governo afirma que não há racionamento, mas moradores de todas as regiões relatam falta de água durante as noites

ARTUR RODRIGUESEDUARDO GERAQUEDE SÃO PAULO

Todas as regiões da cidade de São Paulo serão afetadas com a decisão do governo do Estado de tornar permanente a estratégia de reduzir a pressão na rede distribuidora de água durante as noites.

Essa medida é a principal hipótese para a constante falta de água nas residências da cidade e do restante da região metropolitana da capital.

Mas, segundo a Sabesp (estatal do governo paulista), isso não representa um racionamento, e sim uma medida que traz uma "economia fabulosa" de água ao evitar o seu desperdício –quanto maior a pressão, maior a perda de água ao longo da rede.

No último domingo, em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, o gerente de produção da Sabesp, Marco Antônio Lopez de Barros, afirmou que a empresa "nunca mais" abandonará a prática de reduzir a pressão da água.

A companhia admite que pessoas que moram em áreas muito altas ou distantes podem ser atingidas. Pelas contas da Sabesp, o percentual de afetados não passa de 2% da Grande São Paulo, o equivalente a 400 mil pessoas.

Pesquisa Datafolha do mês passado, no entanto, revelou que 60% dos paulistanos disseram ter sofrido com a falta de água ao menos uma vez num intervalo de 30 dias.

Moradora do Itaim Paulista (zona leste), a autônoma Débora dos Santos, 26, conta que todos os dias a água acaba às 17h e só volta de manhã. Depois, é preciso lidar com um fluxo mais baixo. "Você abre a torneira, e a água vem pulsando, meio engasgando. Depois, sai fraquinha."

Quem não tem caixa de água vive situação ainda pior. "Preciso tomar banho antes das quatro da tarde. Depois, só com a ajuda da canequinha", diz a dona de casa Doroti de Almeida, 65, vizinha de Débora no Itaim Paulista.

Na Vila Brasilândia, zona norte paulistana, Carlos Menezes, 23, funcionário de uma loja de paisagismo, relata o mesmo tipo de problema.

Dois condomínios da região deixaram de contratar os serviços de jardinagem. Ele diz que, se a pressão continuar baixa, não sabe o que vai fazer. "Se não tiver água, ninguém trabalha", afirma.

Essa diminuição da pressão, apesar de ser uma prática comum em outras cidades do mundo, precisa ser bem planejada, para não deixar a população sem água, diz Pedro Cortes, professor da USP e do Programa de Mestrado em Gestão Ambiental da Universidade Nove de Julho.

A Sabesp sustenta que a população deve ter caixa de água suficiente para o abastecimento 24 horas.

"Mesmo que as pessoas utilizem reservatórios adicionais, o problema é que não há água disponível para atender a todos da mesma maneira que ocorria antes da crise", diz o professor da USP.

"Uma pessoa pode até comprar um reservatório adicional, mas talvez não receba água suficiente".

Outra consequência, segundo ele, pode ser a contaminação da rede. "A água do subsolo poderá infiltrar na tubulação pelas falhas responsáveis pelos vazamentos."

A Sabesp negou pedido de entrevista feito pela Folha sobre a redução de pressão. Em nota, afirmou que a medida é adotada desde 2007. "Não há planos nem motivos para interromper essa dinâmica, já que ela reduz o desperdício", afirma a Sabesp.

Desde o início da crise da água deste ano, quando a empresa intensificou a medida ao diminuir a pressão em até 75%, aumentaram as queixas de desabastecimento.

Colaboraram CAROLINA DANTAS e JÚLIA BARBON

11/11/2014

Vidas Secas

Fatalidade é nascer no deserto. Em São Paulo, vender a SABESP para fazer caixa e deixar que o tempo decide se haverá ou não água não é fatalidade. Há muita coisa a explicar porque, depois de mais de 20 anos de gestão do PSDB, não houve um mínimo de investimento para remediar a situação. Privatizar a companhia de fornecimento de um bem essencial, em que a lógica do lucro se sobrepõe ao interesse público, dá nisso. E tudo poderia ser diferença se não houvesse uma manipulação obscena da velha mídia paulista. Se o interesse público se sobrepusesse ao interesse político-partidário, talvez as vítimas da crise d’água pudessem ter construído reservatórios, perfurado poços artesianos. Se a poluição é uma das causas, por que a velha mídia paulista e seus finanCIAdores ideológicos combateram a construção de ciclovias e o uso preferencial de transporte público (BRTs) em substituição ao transporte particular, de carros?!

O que antes acontecia no Nordeste, agora acontece em São Paulo. Com uma diferença. O governo federal, contra tudo e todos do Sul/Sudeste, está construindo um aqueduto para transpor o São Francisco e levar água aos nordestinos da Caatinga. Além disso, distribuiu centenas de milhares de cisternas. A solução, passadas as eleições, foi Alckmin ir a Dilma e pedir R$ 3,5 bilhões. Esse é o tal de choque de gestão do PSDB: privatizar o lucro e socializar os prejuízos.

O que fizeram os sucessivos governos do PSDB em São Paulo para evitar uma situação como esta? PRIVATIZARAM A SABESP!

Banho de caneca, filas na madrugada e até roubo de água: como é viver na seca

Renata Mendonça Enviada da BBC Brasil a Itu (SP)

  • 7 novembro 2014

Compartilhar

Reproduzir

null

"É desumano. Chegou num ponto que a gente começou a ver situações inacreditáveis. Uma pessoa chegou na bica com uma arma e falou pro pessoal: ‘passa a água!’ Olha a inversão de valores que a gente tem."

Cenas como a descrita acima assustaram Victor Terraz, morador de Itu (102 km de São Paulo), a cidade mais afetada pela seca que assola o Estado de São Paulo. Assim como os outros 163 mil ituanos, ele tem sofrido com a falta de água na região, que já está há nove meses em racionamento.

A última vez que Victor e sua esposa Silvia tiveram água correndo pelas torneiras foi no dia 8 de setembro. De lá para cá, quase 60 dias se passaram e eles se viram obrigados a alterar suas tarefas diárias mais básicas para se adaptarem à "vida na seca".

Moradores na caixa d'água em Itu / Crédito: BBC Brasil Idosos, adultos e crianças: moradores de todas as idades buscam água para suprir a seca em Itu

"Começamos a tomar banho de caneca, dar descarga era só uma vez a cada três dias, a louça ficava mofando na pia porque não tinha água para lavar", contou Victor à BBC Brasil.

"Eu saio do trabalho e vou direto para a faculdade. Chego em casa às 23h e é nessa hora que eu consigo sair para ir na bica pegar água. Só que lá você passa uma, duas, às vezes três horas na fila para encher um galão. E no dia seguinte às 6h tem que estar de pé."

Ao entrar no apartamento localizado no Parque Industrial, um dos bairros em situação mais crítica em Itu, ele se desculpa: "Por favor, não repare a sujeira aqui em casa." Pela casa estavam espalhados galões, baldes e potes, mostrando que o jeito é armazenar água onde for possível.

No banheiro, baldes e bacias ocupam o lugar do box, um pote de sorvete virou a fonte de água para lavar as mãos e o rosto, e o vaso sanitário vive fechado para amenizar o mau cheiro. "Passei produto, Bom Ar, mas não tem muito jeito, o cheiro é esse mesmo, porque não tem descarga há meses, é só balde", lamenta Silvia.

Leia mais: Na cidade sem água, contas continuam chegando; entenda o ‘caos’ em Itu

Silvia e Victor / Crédito: BBC Brasil Silvia e Victor não recebem água em casa há dois meses

‘Calamidade’

O taxista Luiz Carlos da Costa também sentiu na pele o problema da seca em Itu. Depois de 20 dias sem abastecimento, ele chegou à conclusão de que "sem água, você perde a dignidade."

"Fiquei dois dias sem tomar banho porque não tinha água. Minha casa ficou imunda, num estado de calamidade", conta.

Para amenizar o problema, ele ia buscar água na bica do bairro enquanto tentava solicitar um caminhão pipa para a empresa que administra o abastecimento de água em Itu.

"Liguei várias vezes na Águas de Itu, ficava uma hora esperando só para ser atendido. Pedi para eles mandarem o caminhão, até me prontifiquei a ficar aqui esperando, mas só veio um nesse domingo, depois que eu já tinha comprado 2.500 litros de água."

A Águas de Itu é uma empresa privada que tem a concessão da prefeitura para o abastecimento de água da cidade. Em meio à crise, a companhia está disponibilizando caminhões pipa para levar água a residências, escolas, hospitais e prédios públicos. São cerca de 34 a 38 caminhões pipa por dia, segundo a empresa.

Filas na madrugada / Crédito: Divulgação Na falta de água, moradores fazem fila até de madrugada para abastecer galões nas bicas

Mas os caminhões viraram alvo de ‘ataques’ da população. No desespero da falta de água, alguns moradores chegaram a fazer emboscadas para conter os caminhões da empresa antes que eles chegassem ao seu destino.

"Aqui na rua, o caminhão foi passar só 1h30 da manhã, porque ele senão ele é atacado", explica Luiz Carlos.

"Os caminhões sofrem retaliações, teve um motorista de um deles que foi espancado, tudo isso por causa da briga pela água. Agora os caminhões que entram na cidade são escoltados pela guarda municipal para não dar problema", conta Victor.

Leia mais: Conheça soluções para a crise da água em 6 cidades do mundo

Conflitos

Buscando água nas bicas e caixas d’água espalhadas pela cidade, Luiz Carlos já viu de tudo. "A situação lá é desesperadora", resume.

"As filas são enormes, todo lugar que tem um poço, uma caixa, você tinha que ficar horas na fila e era uma briga, uma desavença pra ter água, pra encher um galão", conta.

Além das bicas, a prefeitura colocou algumas caixas d’água em bairros da cidade para que a população tivesse mais lugares para se abastecer.

"Não tem organização, é briga atrás de briga, não tem controle nenhum. Às vezes você está esperando, e o cara põe uma mangueira na torneira e vai encher quatro caixas de 1.000 litros no carro dele. Aí você discute, briga, mas ele também não tem culpa", relata Victor.

Garrafas de água / Crédito: BBC Brasil Para driblar a seca, moradores juntam todos os tipos de recipiente que possa armazenar água

A água virou tamanha raridade em Itu que, segundo relatos, passou a ser motivo até para roubo. Victor contou que já houve caso de assalto à mão armada na bica – não para roubar o carro ou a carteira, mas sim o galão de água dos primeiros da fila.

"Eu vi idosos correndo atrás de caminhão de água, eu chorei…nunca vi isso na minha vida", lamentou Luiz Carlos.

Leia mais: Maior crise hídrica de São Paulo expõe lentidão do governo e sistema frágil

Negócio

A escassez fez com que a água – e tudo relacionado a ela – virasse um ‘negócio’ lucrativo em Itu. Os preços de garrafas e galões de água mineral subiram no supermercado e, fora dele, os valores são ainda mais inflacionados.

Um caminhão pipa com 15 mil litros de água pode custar entre R$ 800 e R$ 1.500 em Itu. O preço dele fora do período de escassez é cerca de R$ 400.

Um dos produtos mais procurados pelo ituano hoje em dia para armazenar água no quintal, a caixa d’água, também sofreu um superfaturamento na cidade – uma de 1.000 litros, que custaria entre R$ 350 e R$ 400, pode sair por R$ 500 ou mais. A bomba d’água também ficou mais cara.

Morais, vendedor de galões / Crédito: BBC Brasil Morais decidiu fazer dinheiro vendendo galões nas bicas de Itu

Muitos vendem galões de plástico perto das bicas da cidade. Um deles, identificado apenas como Morais, contou que "o menor, de 20 litros, custa R$ 20…esse maior, de 50 litros, é R$ 100". Isso sem a água, que "a pessoa tem que encher aqui na bica."

Morais começa o serviço às 5h e termina às 18h. Segundo ele, dá para vender uma média de 30 galões de 50 litros por dia.

Mesmo com o negócio lucrativo, ele torce para que as chuvas voltem e acabem com a seca na cidade. "Também tive que buscar água na roça."

Banho de caneca, filas na madrugada e até roubo de água: como é viver na seca – BBC Brasil

Na cidade sem água, contas continuam chegando; entenda o ‘caos’ em Itu

Renata Mendonça Enviada da BBC Brasil a Itu (SP)

  • 7 novembro 2014

Compartilhar

Reproduzir

null

Em Itu, a cidade mais seca de São Paulo – a 102 km da capital -, água na torneira é uma raridade. Moradores têm se virado comprando água ou abastecendo suas casas enchendo galões nas bicas espalhadas pela cidade. A conta de água, no entanto, ainda chega alta para alguns ituanos.

Thiago Ferreira, por exemplo, está há 45 dias sem uma gota na torneira. Suas duas últimas contas, porém, chegaram com cobranças dobradas.

"Não tem água nenhuma. Eu costumava pagar R$ 23, agora chegaram essas contas de R$ 57, R$ 63. Aí eu vim aqui reclamar, mas eles disseram que eu tenho que pagar. Vou fazer o quê?", disse à BBC Brasil.

Conta de água / Crédito: BBC Gabriel recebeu conta de R$ 63, mas não tem água em casa

A reportagem contatou a empresa Águas de Itu, empresa privada que tem a concessão da prefeitura para o abastecimento de água da cidade, que reconheceu estar tendo alguns problemas com cobranças indevidas.

"Na época de estiagem, as pessoas não se dão conta que na realidade elas estão gastando muito mais do que no tempo normal. Isso acontece porque elas reservam mais. E essa água ela utiliza", explica Maurício Camilo, coordenador de sistema operacional da Águas de Itu à BBC.

"Mas todas as contas anormais passam pelo financeiro. Então liga no 0800 para abrir solicitação de atendimento ou indo nas lojas e levando essa situação. Todos os casos são revistos."

Leia mais: Banho de caneca, filas na madrugada e até roubo de água: como é viver na seca

Gastos

Sem água na torneira, a alternativa encontrada pelos moradores tem sido comprar água. No condomínio Villa Verde, o síndico Mário Vanini conta que já gastou R$ 75 mil em caminhões pipa para abastecer os apartamentos dos 500 moradores desde fevereiro.

"Não recebemos água da rede há 28 dias. Mas nossa conta que era de R$ 5 mil agora está na faixa dos R$ 7 mil. Estamos comprando caminhões desde que começou o racionamento, já gastamos R$ 75 mil reais. Os moradores pagam uma taxa a mais de R$ 150 reais só de água", conta.

Mas os que não têm condição financeira de comprar água, tentam se virar como podem. Dona Rita, de 85 anos, mora com a filha, que fez um empréstimo para suprir os gastos com água.

"Minha filha gastou quase R$ 400 na caixa (d’água). Com mais os 1.000 litros de água que ela comprou, ficou em mais de R$ 500. Ela que fez um empréstimo pra pagar, porque eu sou pensionista, o que eu ganho não dá pra nada", lamenta.

Caos

Itu historicamente sofre com a falta de água todos os anos, mas em geral os racionamentos costumavam durar apenas os meses do inverno no meio do ano.

"Nós nos preparamos para uma estiagem de 30, 60, até 90 dias que é a estiagem que historicamente nós vivenciamos. Os investimentos foram feitos nessa ordem, o que nós não esperávamos, e aí não é só Itu, é uma seca prolongada como essa", disse Maurício Camilo.

Em meio ao caos na cidade, alguns tentam achar os culpados pela situação. Os moradores se revoltaram com a prefeitura, fizeram protestos em frente à Câmara dos Vereadores e alguns deles chegaram a atacar o comitê de campanha do deputado federal eleito Herculano Passos (PSD), que foi prefeito de Itu de 2005 a 2012 e é visto como ‘culpado’ pela situação por muitos ituanos.*

Protesto contra a crise da água em Itu / Crédito: Divulgação Moradores sofrem e protestam a falta de água em Itu; contas continuam chegando

A Águas de Itu também foi alvo de retaliações – os caminhões pipa da empresa que distribuíam água na cidade sofreram ataques de moradores.

Questionada pela reportagem sobre o que levou Itu a essa situação, a companhia citou a estiagem histórica e disse que, por conta dela, "todo o Estado precisará rever o planejamento com relação a água."

"Foi a pior estiagem dos últimos 100 anos. Itu sofre mais com essa situação pelas características do município de ter seus mananciais que nascem e morrem no município. Não temos nenhum rio intermunicipal. Tem que chover para que nós possamos ter a recuperação desses mananciais", explicou Maurício Camilo.

Leia mais: Conheça soluções para a crise da água em 6 cidades do mundo

Justificativas

Para o prefeito Antonio Tuíze (PSD) erros de administrações passadas contribuíram para a situação em que a cidade se encontra hoje.

"Por muitos anos, nós tivemos erros no direcionamento do abastecimento público na cidade, não é problema meu. Eu estou aqui há um ano e 10 meses e estou lutando para trazer investimentos", disse em entrevista no último final de semana ao jornal local Periscópio.

Obra de desassoreamento / Crédito: Divulgação Desassoreamento da Represa Fubaleiro – uma das obras para amenizar a falta de água

Para tentar administrar o problema na cidade, a prefeitura criou um Comitê de Gestão, com a participação de secretários municipais, de vereadores, da empresa Águas de Itu e da Associação dos Engenheiros. Esse comitê faz reuniões todas as manhãs para avaliar a situação do dia anterior e pensar em novas ações para o dia seguinte.

Dele saiu a ideia de distribuir caixas d’água em alguns pontos da cidade para aumentar os pontos de distribuição de água para a população. Foi de lá também que veio a ideia das duas obras recentes que Itu começou a fazer para amenizar o problema da seca, a captação de água dos ribeirões Mombaça e Pau D’Alho, que ficam na região.

O governador Geraldo Alckimin (PSDB) também prometeu ajudar o município e já destinou R$ 2 milhões para amenizar a situação em Itu. "Foram liberados 20 caminhões-pipa e estamos mandando também água da Sabesp, apesar de ser um serviço da prefeitura", anunciou o governador paulista.

Obra Mombaça / Crédito: BBC Brasil Obras para captação de água do Mombaça já começaram e estão previstas para terminar até janeiro

Chuvas

Nesta semana, Itu pode finalmente festejar a volta das chuvas na cidade. Na segunda-feira, no fim da tarde caiu um temporal que fez a alegria dos moradores.

Foram 40 milímetros de água caindo do céu – o equivalente ao que choveu em outubro inteiro -, que ajudaram a melhorar a situação dos reservatórios em Itu. Seriam necessários, porém, 300 milímetros até o fim do ano para a cidade rever o racionamento.

A chuva ‘abençoada’, no entanto, também causou estragos na cidade. Alguns pontos de alagamento foram registrados e, na Praça da Matriz – a principal da cidade -, uma rede de esgoto estourou, espalhando a sujeira acumulada pelas ruas. O cheiro forte fez comerciantes fecharem os negócios mais cedo e irem para casa.

"É comum você ter nas épocas de grande chuva os rompimentos de rede, o volume de água quando é grande tem alguns transtornos. Em todo momento quando tivermos chuvas fortes nós vamos ter problema, como nós tivemos problema quando não choveu", explicou Maurício Camilo.

*Procurado pela reportagem para comentar o problema da água em Itu, o deputado Herculano Passos não respondeu até o fechamento da reportagem. A prefeitura da cidade também não se manifestou.

Na cidade sem água, contas continuam chegando; entenda o ‘caos’ em Itu – BBC Brasil

Próxima Página »

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.