A Folha de São Paulo demitiu a porta-voz do tucanato, Eliane Cantanhêde, porque, para defender o PSDB, não precisa de porta-voz, ela mesma faz. Há milhares de assinaturas da Folha distribuídas em escolas públicas de São Paulo. Isso, sim, são motivos convincentes…
Neste episódio da falta de água fica bem clara a distinção entre esquerda e direita: o DINHEIRO. Por que será que os pedágios onde o PSDB governa são os mais altos do mundo. A direita privilegia quem já tem privilégios. Aliás, a direita mantém atual o ditado mais antigo já registrado: dar a cada um o que é seu. Tem mais de dois mil anos e foi registrado pelo Direito Romano. A Caesar o que é de Caesar! Aos ricos a riqueza, aos pobres a pobreza!
É por isso que as periferias sofrem mais que os grandes centros, onde os investimentos públicos são maiores. É, para resumir, onde rola o dinheiro. Não é mero acaso que a SABESP está na Bolsa de Valores de Nova Iorque mas não está na periferia de São Paulo. Aliás, é bem coerente com o perfil ideológico de seus administradores: socialização das perdas e a privatização dos lucros. É desta mesma fonte que brota o tal de choque de gestão e a filosofia da meritocracia.
Os pedágios segue a mesma lógica. A direita que tanto fala em liberdade, esquece que liberdade não é dar o mesmo ponto de chegada, mas o mesmo ponto de partida. Para a direita, liberdade de ir e vir está diretamente ligada às condições econômicas. Que liberdade tenho de ir a São Paulo se não tenho dinheiro para comprar a passagem?!
A crise d’água em São Paulo está diretamente ligada à falta de liberdade de expressão, na medida que o Instituto Millenium, por meio da Judith Brito, se perfilou ao lado do PSDB, tudo o que o PSDB faz a velha mídia endossa sem qualquer questionamento.
DEPOIS DA ELEIÇÃO/CRISE D’ÁGUA
‘Sou contra o gastão’, afirma governador
Segundo Alckmin, que descartou a cobrança extra aos consumidores de água antes da eleição, tema está em estudo
Sobretaxa seria imposta aos que ampliassem o gasto acima da média; não há ainda definição sobre adoção da medida
GUSTAVO URIBEEDUARDO GERAQUEDE SÃO PAULO
Depois de anúncios e recuos antes da eleição deste ano, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) voltou a considerar a possibilidade de cobrança de sobretaxa na conta de água de quem ampliar o consumo.
São Paulo enfrenta hoje a maior estiagem em 84 anos, com interrupções de abastecimento na Grande São Paulo, cidades do interior em regime de racionamento e reservas de água cada vez mais baixas.
O sistema Cantareira, por exemplo, o principal da Grande São Paulo, opera com a segunda cota do volume morto.
Segundo o tucano, a medida é estudada pela Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia) e pela Procuradoria Geral do Estado.
Questionado se é favorável à cobrança da sobretaxa, o tucano respondeu que é contra o "gastão".
"Nós fizemos tudo o que tem de ser feito, em etapas. Primeiro, criamos o bônus e, depois, o expandimos", disse o tucano nesta terça-feira (3).
"E a Arsesp está estudando a questão de você ter um plus’ para quem estiver acima da média, mas não é ainda uma decisão tomada. Isso está sendo analisado juridicamente", completou.
Em abril, a administração havia anunciado a implantação da sobretaxa de quem aumentasse a conta de água acima do consumo médio relativo ao ano anterior.
Em julho, início da campanha eleitoral e quando a cobrança extra foi adiada, o governador afirmou que não via necessidade de sua adoção.
À época, o tucano foi criticado pela iniciativa. Entidades de defesa do consumidor argumentavam que a cobrança era ilegal e que o governo só poderia adotá-la se houvesse racionamento, opção sempre rechaçada pelo Palácio dos Bandeirantes.
O tucano participou nesta terça-feira de inauguração de um conjunto de obras para aumento da produção de água do sistema Guarapiranga em mil litros por segundo.
Com a iniciativa, o sistema, que opera com 33,4% de sua capacidade, terá sua capacidade ampliada de 14 mil para 15 mil litros por segundo.
As principais obras para aumentar a produção de água no Estado, porém, somente serão entregues a partir de 2016, como a transposição de águas do rio Paraíba de Sul para represas do Cantareira.
Por ora, para reduzir o consumo, o governo adotou o bônus na conta, fez campanhas publicitárias e reduziu a pressão do abastecimento.
Essa última medida diminui o desperdício (quanto menor a pressão, menor a perda de água nas tubulações), mas tem deixado moradores de todas as regiões da cidade sem água em casa nas noites e madrugadas.
Segundo a Sabesp, ações de redução de pressão promoveram economia de 10 metros cúbicos por segundo de água. A produção do Cantareira, antes da crise, era de 31 metros cúbicos por segundo.
DRIBLE À ESCASSEZ
A declaração do governador sobre a cobrança extra ocorreu no mesmo dia em que especialistas reunidos em São Paulo para discutir a crise hídrica defenderam a medida.
"Quem gasta muito precisa ter uma taxa ainda maior", disse Benedito Braga, professor da USP e presidente do Conselho Mundial da Água, que discute o tema.
Organizador do evento, o presidente da ABES-SP (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária no Estado de SP), Alceu Bittencourt, afirmou que a instituição também é a favor da sobretaxa.
"As estratégias de comunicação para a população precisam ser aprimoradas", disse.