Ficha Corrida

27/11/2015

Um elemento muito aPreciado por José Serra

Por que nesta hora não há aquelas manchetes do tipo “amigo do José Serra”? Pelo mesmo motivo que não houve manchete para Zezé Perrella, “amigo do Aécio”… O que se discute não é o combate contra a corrupção. O que está chamando a atenção são os pesos e medidas praticados pelos vazadores e os beneficiados com os vazamentos.

Que ninguém tenha dúvida, Delcídio Amaral é tão culpado quanto Eduardo CUnha. Que os podres de Aécio Neves se devem mais à influência de José Serra na imprensa paulista e que as caronas do Aécio pro Roberto Civita nos aviões do  Estado de Minas é irmã gêmea da distribuição de milhares assinaturas da Veja nas escolas públicas de São Paulo. Se inscreve na briga intestina que há entre o PSDB paulista e o mineiro. A briga de bugio entre o Estadão (Pó pará, governador”) e O Estado de Minas (“Minas a reboque, não”) reflete exatamente o que começa vir à tona agora, com a gravação feita por equipe fora da Lava Jato.

Na Lava Jato há uma seletividade que escapou à equipe de Brasília, por isso o nome de Gregório Martin Preciado ou qualquer outro, não foi convenientemente filtrado. Além disso, há um silêncio ensurdecedor a respeito da afirmação do Ministro Zavascki: “Vem à tona a grave revelação de que André Esteves tem consigo cópia de minuta do anexo do acordo de colaboração premiada assinado por Nestor Cerveró, confirmando e comprovando a existência de canal de vazamento na operação Lava Jato que municia pessoas em posição de poder com informações de complexo investigatório”.

Ontem também ficamos sabendo como o André Esteves conseguia tantas entrevistas nas páginas amarelas da Veja e as capas da Revista éPÓca! Esteves, como Eike Batista, eram a fina flor do empresariado nacional que vivia de acusar empresas públicas. De repente a desculpa da privatização em nome da transparência aparecem uma SAMARCO/VALE e um BTG Pactual. E, quando Esteves vai preso, quem aparece? Pérsio Arida

O que fica de bom da Lava Jato é que, não fosse a chegada ao poder de Lula e Dilma, a Petrobrás continuaria sendo esquartejada até se liquefazer nas mãos do PSDB, sem qualquer investigação, quem dirá punição.

Quando parecia uma pausa, novas bombas na política

Quando parecia uma pausa, novas bombas na política

qui, 26/11/2015 – 00:01

Atualizado em 26/11/2015 – 00:01

Luis Nassif

Quando se pensava que haveria uma trégua política da Lava Jato, surge o inesperado: as denúncias que levaram à cadeia o senador Delcídio Amaral e o banqueiro André Esteves.

A prisão não decorreu diretamente da Lava Jato. Delcídio tentou convencer Nestor Cerveró a desistir da delação premiada. Prometeu interceder para libertar Cerveró e providenciar sua fuga para a Espanha. O filho de Cerveró, Bernardo, acertou com a Procuradoria Geral da República entregar Delcídio em troca de aliviar a prisão do pai.

O grampo resultou em um inquérito novo, da Polícia Federal de Brasília, sem a intervenção do juiz Sérgio Moro.

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Todo o envolvimento de Delcídio visava abafar as investigações sobre os negócios do BTG com a Petrobras na África. De posse do grampo, o Procurador Geral Rodrigo Janot encaminhou pedido ao STF (Supremo Tribunal Federal) para deter Delcídio. Ontem de manhã o STF autorizou a prisão e, no final do dia, o Senado convalidou a prisão.

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Há um conjunto amplo de desdobramentos nesse episódio.

O primeiro é o fato de Delcídio ser o líder do governo no Senado, e parlamentar com amplo trânsito em todos os partidos.

O segundo é que a degravação dos grampos joga um foco de luz em um personagem misterioso: Gregorio Preciado, o espanhol casado com uma prima do Senador José Serra e seu parceiro histórico

Segundo as conversas entre Delcídio, Bernardo e seu advogado, Preciado era sócio e o verdadeiro operador por trás de Fernando Baiano, o lobista do PMDB na Petrobras.

Delcídio conta que, assim que o nome de Preciado foi mencionado, dias atrás, Serra passou a rodeá-lo visando buscar informações.

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Velho operador da Petrobras, em um dos trechos Delcídio revela que quem abriu a Petrobras para Preciado foi Paulo Roberto Costa, atendendo a ordens “de cima”. Na época, o governo ainda era de Fernando Henrique Cardoso e Serra Ministro influente.

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Pelas tendências reveladas até agora, dificilmente Sérgio Moro e a Lava Jato abririam investigação sobre Preciado. Pode ser que as novas investigações, feitas a partir de Brasília, revelem maior independência.

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Obviamente, em nada ameniza a situação do PT, do governo e do próprio Congresso.

Para prender Delcídio, o PGR e o STF valeram-se de uma certa esperteza jurídica: incluíram nas investigações um assessor de Delcídio, meramente para compor o número 4, mínimo para caracterizar uma organização criminosa.

Com a prisão de Delcídio, abre-se caminho para avançar sobre outros políticos. O STF assume um protagonismo, em relação direta com as bazófias de Delcídio nas gravações, arrotando suposta influência sobre Ministros do Supremo.

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Outro ponto de turbulência é a prisão de André Esteves.

Particularmente não tenho a menor simpatia por Esteves. Esteve envolvido com os rolos do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), calou a imprensa com subornos milionários, não tem limites. Quando passei a denunciar as jogadas com o CARF, ele conseguiu me calar na Folha.

Mas, por outro lado, o Pactual assumiu um papel central em vários projetos relevantes para a retomada do crescimento.

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Aliás, será curioso conferir nos jornais de hoje o tratamento dado à prisão de André Esteves. Certamente será bastante poupado, se não por gratidão, ao menos por receio.

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