Ficha Corrida

20/10/2016

Eduardo CUnha & João Dória Jr

Filed under: Compra de Votos,Eduardo Cunha,João Dória Jr.,PMDB,PSDB — Gilmar Crestani @ 8:46 am
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joao doria jr latuffComo publica hoje  o insuspeito Ricardo Noblat, n’O Globo, jornal da mais longeva família golpista brasileira, Eduardo CUnhapara chegar à presidência da Câmara, financiou a campanha de mais de 100 deputados do PMDB e de outros partidos. Montou uma bancada que, no seu auge, chegou a reunir pouco mais de 200 deputados". Na política da plutocracia, na se destrói, na se cria, tudo se transforma. De mão em mão vão nos passando a mão.

Se é verdade que Eduardo CUnha foi um bom aluno de PC Farias, tendo adentrado ao submundo da política pelas mãos de distinto defunto alagoano. Seus métodos foram aperfeiçoados sob o “olhar vigilante” da Rede Globo, quando esteve à frente da TELERJ. Se a Globo capturou o governo FHC com os atributos da Miriam Dutra, não foi diferente com Eduardo CUnha. Outra funcionária da Globo, desta feita Cláudia Cruz, serviu para ligar os pausinhos mandados.

A compra da reeleição está na origem dos métodos usados por Eduardo CUnha na montagem de uma bancada para chamar de sua ou nesta revelação da Folha em relação ao João Dória Jr.

O pecado de CUnha, visto a partir de sua prisão, foi não ter se filiado ao PSDB. É o único partido que pode comprar reeleição, entregar empresa de energia ao filho do presidente, colocar o genro na CSN, fazer aeroporto em terras de familiares, amigar-se com traficantes, advogar para traficantes, montar um bancada de vereadores que nada vai lhe acontecer. O suprassumo disso tudo pode ser entendido por uma das já famosas tentativas de beatificação do PSDB: o dinheiro das empresas doados para as campanhas do PSDB já limpos, para os demais partidos são sujos. Não deveria haver esta diferença. E ela só pode ser admitida se aceitarmos que o uso das lavanderias do HSBC, Liechtenstein e Panama Papers deixam o dinheiro da corrupção mais limpos.

No caso do estagiário à CUnha não há só convicção. Seus próprios correligionários e agora também a porta-voz do PSDB, Folha de São Paulo, mostram do que é feito. Não será por falta de denúncias. As privatizações, seja de FHC sejam as que ameaçam JD (é só uma sigla que pode dizer respeito a José Dirceu ou a João Dória…), é a forma por excelência com que o PSDB monta bancadas de apoio.

Espera-se que não demorem para prenderem João Dória Jr tanto quanto demoraram para encarcerar o ventríloquo do golpe paraguaio.

O único problema é que ele pertence ao PSDB, partido sobre o qual só se pode escrever hagiografias.

Eduardo CUnha & João Dória Jr: são frutos dos mesmos métodos, mesmos apoios, prestam o mesmo serviço e têm a mesma proteção!

9 dos 55 vereadores de SP foram eleitos com doações de Doria

Nove dos 55 vereadores eleitos em São Paulo contaram com doações próprias do futuro prefeito da cidade, João Doria (PSDB); o tucano tirou do do próprio bolso nas últimas eleições R$ 2,9 milhões como pessoa física, segundo balanço parcial da Justiça Eleitoral; ele aparece como o maior doador individual na disputa paulistana e entre os dez maiores do país. Um terço desse valor foi empregado no financiamento dessa "bancada própria"

20 de Outubro de 2016 às 06:33 // Receba o 247 no Telegram

SP 247 – Nove dos 55 vereadores eleitos em São Paulo contaram com doações próprias do futuro prefeito da cidade, João Doria (PSDB). O tucano desembolsou do próprio bolso nas últimas eleições R$ 2,9 milhões como pessoa física, segundo balanço parcial da Justiça Eleitoral. O empresário aparece como o maior doador individual na disputa paulistana e entre os dez maiores do país. Um terço desse valor foi empregado no financiamento dessa "bancada própria", diz reportagem da Folha de S.Paulo.

"Este tipo de financiamento, permitido pela legislação, mas apontado como uma distorção que beneficia os mais ricos, ajudou a garantir a maior bancada para os tucanos a partir de 2017. Além dos nove eleitos para o Legislativo, cinco candidatos que receberam o financiamento de Doria serão suplentes.

O levantamento da Folha em dados da Justiça Eleitoral considera quantias nas quais Doria aparece como doador originário, mesmo que o repasse tenha sido feito por meio de sua campanha. Só doações acima de R$ 5.000 foram contabilizadas.

A legislação impede doação de pessoas jurídicas, mas não prevê limite para autodoação. Pelo sistema eleitoral, sempre que um candidato repassa para outro, é necessário preencher o doador originário.

O investimento com recursos próprios ajudou a garantir 11 cadeiras ao PSDB, duas a mais que nas eleições anteriores. Os dois novatos são Aline Cardoso, com R$ 78,6 mil de Doria, e Daniel Annenberg, com uma contribuição mais humilde, de R$ 15,4 mil.

Seis vereadores receberam quantias na casa dos R$ 100 mil: Eduardo Tuma, Gilson Barreto, Mario Covas Neto, Patrícia Bezerra, Claudinho de Souza e Salomão Pereira (este último não se reelegeu)."

9 dos 55 vereadores de SP foram eleitos com doações de Doria | Brasil 24/7

24/05/2015

Quando presidente não lidera, Congresso vende voto a 200 paus

fhc-valoriza-deputadosCom a mesma flacidez moral da bunda do Kim Kataguiri, FHC é onipresente nos grupos mafiomidiáticos. Hoje sai do esgoto para lecionar mais uma de suas formulações acacianas. O Conselheiro Acácio deveria seguir o conselho do Lula e explicar como foi que ele liderou a compra da reeleição.

FHC lidera tanto que até sua ex-amante, Miriam Dutra, lhe confiou a paternidade de filho de outro. Se há algo de bom no tico-tico é que ele choca o ovo e alimenta o filho do chupim.

Para alguém que se arvora em sociólogo e cientista político, que já foi presidente, é difícil acreditar que ele nunca tenha lido Montesquieu. Será que ele não nunca ouviu falar em separação dos poderes? Não é de admirar que com esta inteligência tenha levado guampa até da amante.

O ódio despeitado de FHC a Lula e Dilma é que ele não consegue entender que um bom governo não precisa ser ventríloquo da Globo nem capacho dos EUA. A moral do governo FHC vazou por inteiro pelo Escândalo da Parabólica.

Rubens Ricúpero resumiu muito bem as relações entre FHC & Rede Globo: “o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde”. Se o Kim Kataguiri soubesse da lei Rubens Ricúpero não teria mostrado a bunda…

A sorte de FHC é que este pessoal do MBL não tinha nascido quando ele quebrou o Brasil. Seu azar é que a internet não o deixa mentir impunemente. E é mais fácil mostrar sua obscena pequenez política que passar a mão na bunda flácida do Kim Kataguiri.

Taí ó, se há algo que combina com a bunda do Kataguiri são as bochechas de FHC, pois ambas produzem a mesma coisa.

Quando presidente não lidera, Congresso ocupa espaço, diz FHC

Para tucano, Dilma está "pagando pecados" por erros de gestão

FLÁVIA FOREQUE, DE BRASÍLIA, para  a FOLHA

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez neste sábado (23) uma crítica a Dilma Rousseff ao dizer que há carência de liderança no país.

"Ninguém faz ou muda nada sem liderança e o Congresso percebe isso, quem lidera e quem não lidera", disse.

Ao afirmar que hoje a relação entre congressistas e Executivo tem como foco obter "um pedaço do Orçamento", o ex-presidente disse ainda que, "quando o presidente não lidera, o Congresso ocupa espaço".

O tucano deu palestra na manhã de sábado em um centro universitário de Brasília.

Ao falar à imprensa, foi perguntado sobre liderança no país: "Falta comando e quem vai exercer comando, os partidos não estão organizados pra constituírem maiorias estáveis no Congresso".

Para FHC, o país vive uma "dúvida híbrida". "Estamos no presidencialismo ou no parlamentarismo?", questionou, citando tarefas delegadas ao vice-presidente Michel Temer (PMDB) e ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Cardoso foi questionado ainda sobre o corte de R$ 69,9 bilhões nas contas do Executivo, anunciado na sexta (22). Ele o atribuiu a erros de gestão e disse que o governo "está pagando seus pecados" ao reduzir recursos em áreas como Saúde e Educação.

O tucano ainda comparou o anúncio a uma "operação sem anestesia" –para ele, faltam explicações sobre o que ocorrerá daqui para frente.

"Quando você faz contenção fiscal, tem que explicar o que vem depois. Qual é o horizonte? Só vemos nuvem negra, e aí as pessoas ficam irritadas, não aceitam", disse.

17/06/2014

Evite amadores, aprenda a ser corrupto com quem entenda

 

A estranha “anistia” da mídia para a compra de votos na reeleição de FHC

17 de junho de 2014 | 09:14 Autor: Fernando Brito

abafa

O repórter Fernando Rodrigues, do UOL, em seu blog, registra – “sem juízo de valor”, como ele próprio frisa – o noticiário da época do escândalo da compra de votos para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso.

É aquilo que, anteontem, o “Príncipe” disse que era “baixo nível” Lula ter mencionado, em resposta ao súbito acesso de moralidade do tucanato.

Seria baixo nível porque ninguém foi responsabilizado judicialmente.

Entre outras razões porque caberia ao Procurador Geral da República fazê-lo, e neste cargo foi cuidadosamente mantido o senhor Geraldo Brindeiro, de quem deixo a descrição por conta da gentil colega Cynara Menezes, da CartaCapital:

Seu (de FHC) procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, era conhecido pela alcunha vexaminosa de “engavetador-geral da República”. O caso mais gritante de corrupção do governo FHC, em tudo similar ao “mensalão”, a compra de votos para a emenda da reeleição, nunca chegou ao Supremo Tribunal Federal nem seus responsáveis foram punidos porque o procurador-geral simplesmente arquivou o caso. Arquivou! Um escândalo.

Foi, prossegue Cynara, a regra daqueles tempos. E com a cumplicidade dos grandes jornais que jamais cobraram a elucidação dos casos.

“Privatizações, Proer, Sivam… Pesquisem na internet. Nada, nenhum escândalo do governo FHC foi investigado. Nenhum. O pior: após o seu governo, o ex-presidente passou a ser tratado pela imprensa com condescendência tal que nenhum jornalista lhe faz perguntas sobre a impunidade em seu governo. Novamente, pesquisem na internet: encontrem alguma entrevista em que FHC foi confrontado com o fato de a compra de votos à reeleição ter sido engavetada por seu procurador-geral. Depois pesquisem quantas vezes Lula teve de ouvir perguntas sobre o “mensalão”. FHC, exatamente como Lula, disse que “não sabia” da compra de votos para a reeleição. Alguém questiona o príncipe?”

O registro dos fatos – “sem juízo de valor”, repito sua ressalva providencial – pode apascentar a consciência do repórter a quem vieram as provas inequívocas de corrupção em benefício pessoal – agora o destaque é meu – do próprio primeiro mandatário do País. Mas não posso concordar com que seja “ocioso especular sobre detalhes do episódio”.

Afinal de contas, não parece que, sem investigação, sem responsabilização judicial, sem punição, este episódio possa estar coberto por uma estranha “anistia da conveniência política”.

Mas registro, na íntegra, o seu post no blog que mantém no UOL.

Conheça a história da compra de votos a favor da emenda da reeleição

Fernando Rodrigues

O mais importante a respeito desse episódio de 1997 é que nada foi investigado como deveria. Dessa forma, restam apenas os fatos em torno da revelação do fato –trata-se de fato, pois houve provas materiais periciadas a respeito.

Tento evitar escrever sobre assunto tão antigo porque agora é ocioso especular sobre certos detalhes do episódio. Mas como FHC e Lula trocaram chumbo a respeito, é útil fazer aqui, sem juízo de valor, uma cronologia dos acontecimentos:

1) 28.janeiro.1997 – a Câmara aprova a emenda constitucional da reeleição: dispositivo passa a permitir que prefeitos, governadores e presidente disputem um segundo mandato consecutivo.

2) 13.maio.1997: Folha publica reportagem da compra de votos para aprovação da emenda da reeleição. Manchete no alto da primeira página, em duas linhas: “Deputado conta que votou pela reeleição por R$ 200 mil” (clique na imagem para ampliar):

Folha-13maio1997

3) O que disse FHC, então presidente da República: sempre negou o esquema. Dez anos depois, em sabatina na Folha, em 2007, o tucano não negou que tenha ocorrido a compra de votos. Alegou que a operação não foi comandada pelo governo federal nem pelo PSDB: “O Senado votou [a reeleição] em junho [de 1997] e 80% aprovou. Que compra de voto? (…) Houve compra de votos? Provavelmente. Foi feita pelo governo federal? Não foi. Pelo PSDB: não foi. Por mim, muito menos”.

4) Provas: confissão gravada de 2 deputados federais do Acre que diziam ter votado a favor da emenda da reeleição em troca de R$ 200 mil recebidos em dinheiro. Outros três deputados eram citados de maneira explícita e dezenas de congressistas teriam participado do esquema. Nenhum foi investigado pelo Congresso nem punido.

5) CPI: PT e partidos de oposição tentam aprovar requerimento de CPI. Sem sucesso

6) Operação abafa 1: em 21.maio.1997, apenas 8 dias depois de o caso ter sido publicado pela Folha, os dois deputados gravados renunciam ao mandato (Ronivon Santiago e João Maia, ambos eleitos pelo PFL –hoje DEM– do Acre). Eles enviaram ofícios idênticos ao então presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). Ambos alegaram “motivos de foro íntimo’”. Em comentário irônico à época, o então deputado federal Delfim Netto disse: “Nunca vi ganhar um boi para entrar e uma boiada para sair”.
Reportagem de 21.maio.1997 relata procedimentos utilizados na reportagem sobre a compra de votos.

7) Operação abafa 2: em 22.maio.1997, só 9 dias depois de a Folha ter revelado o caso, tomam posse como ministros Eliseu Padilha (Transportes) e Iris Rezende (Justiça). Ambos eram do PMDB, partido que mais ajudou a impedir a instalação da CPI para apurar a compra de votos.

8) Operação abafa 3: apesar da fartura de provas documentais, o então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, não acolhe nenhuma representação que pedia a ele o envio de uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal.
Em 27.junho.1997, indicado por FHC, Geraldo Brindeiro toma posse para iniciar o seu segundo mandato como procurador-geral da República. Sempre reconduzido por FHC, Brindeiro ficou oito anos na função, de julho de 1995 a junho de 2003.

9) Fim do caso: em junho de 1997, o Senado aprova, em segundo turno, a emenda da reeleição, que é promulgada. No ano seguinte, FHC se candidata a mais um mandato e é reeleito.

A Polícia Federal não investigou? De maneira quase surrealista, sim. O repórter responsável pela reportagem foi intimado a dizer o que sabia a respeito do caso em… 4 de junho de 2001. O inquérito era apenas protocolar. Não deu em absolutamente nada.

A estranha “anistia” da mídia para a compra de votos na reeleição de FHC | TIJOLAÇO | “A política, sem polêmica, é a arma das elites.”

25/04/2013

Aécio quer vender a única coisa que FHC comprou

Filed under: Aécio Neves,Compra de Votos,FHC,Isto é PSDB!,Reeleição — Gilmar Crestani @ 8:25 am
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Aécio: – vou vender a reeleição!

FHC: – eu compro!

Aécio quer o fim da reeleição

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Senador mineiro, prestes a se candidatar à Presidência da República em 2014 pelo PSDB, defende proposta que estipula mandato único de 5 anos com validade já para as próximas eleições; ideia vai de encontro com tese de seu tutor FHC, que aprovou uma emenda para viabilizar sua reeleição em 1997

25 de Abril de 2013 às 05:30

247 – Prestes a se candidatar à Presidência da República em 2014 pelo PSDB, o senador mineiro Aécio Neves prepara um projeto para acabar com a possibilidade de reeleição presidencial, de governadores e prefeitos e ampliar de quatro para cinco anos os mandatos de todos os novos eleitos. Se sua ideia for aprovada, a regra passe a valer já para os vencedores do pleito de 2014. A reeleição de Dilma Rousseff (PT) não entraria a tempo na nova regra.

Segundo o Estadão, Aécio considera os quatro anos previstos na legislação vigente são insuficientes para uma gestão minimamente eficiente de um País ou Estado. A reeleição, por sua vez, condiciona a segunda metade do mandato à campanha eleitoral, submetendo o governo e, por extensão, a população, a uma gestão distanciada dos reais interesses do País. Ele chama de soluções bienais a falta de coincidência das eleições que considera nefasta para a administração pública. Com frequência, classifica de "loucura" eleições de dois em dois anos.

O senador mineiro está ciente da dificuldade de emplacar um projeto desses no Congresso, mas considera que a proposta lhe dá vantagem na campanha de 2014. Ele pode passar a ideia do desapego, já que a regra se aplicaria a ele próprio, e da nova fase do PSDB. O então presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, hoje defensor da candidatura de Aécio, aprovou uma emenda para viabilizar sua reeleição em 1997.

Aécio quer o fim da reeleição | Brasil 24/7

21/10/2012

Veja como funciona o Mensalão do Alckmin

Filed under: Compra de Votos,Geraldo Alckmin — Gilmar Crestani @ 9:40 am

Na coluna Painel da Folha de São Paulo, a revelação: 

Recomeço A reforma do secretariado de Geraldo Alckmin, prevista para novembro, terá como pano de fundo a reconfiguração de forças à reeleição. Quatro partidos aliados ensaiam mudança de rota para 2014: PP, PSB, PDT e PSD planejam rediscutir a relação com o tucano.

Fidelidade Alckmin tem convicção do apoio de DEM, PPS e PV, todos desidratados nas urnas, e PTB. Para fazer frente a possíveis baixas, o governador corteja PRB e PR. As siglas, que já votam com ele na Assembleia, podem ser agraciadas com cargos.

Caipira Também mirando novo mandato, o tucano deseja incorporar prefeitos que deixam as funções em dezembro, como Barjas Negri (Piracicaba), Vitor Lippi (Sorocaba) e Eduardo Cury (São José dos Campos).

11/10/2012

O STF é cego; o povo, não!

Filed under: Ação 470,Compra de Votos,FHC,STF — Gilmar Crestani @ 8:25 am

 

FHC e a história de duas capas da Folha

No dia 13 de maio de 1997, o deputado Ronivon Santiago confessou ter vendido seu voto para a releeição de FHC por R$ 200 mil; oito anos depois, Roberto Jefferson afirmou que parlamentares vendiam votos ao PT por R$ 30 mil/mês, algo que jamais foi provado, e o resultado é o que se viu ontem no STF; todos são iguais perante a lei?

Brasil 247 – Maio de 1997. Fernando Henrique Cardoso, no terceiro ano do seu primeiro mandato, aprova a emenda da reeleição, esticando o poder presidencial no Brasil de quatro para oito anos – o antecedente histórico, no Congresso, havia sido a compra dos cinco anos para José Sarney, onde congressistas foram presenteados com farta distribuição de concessões de rádio.

Na Folha de S. Paulo, um parlamentar, o deputado Ronivon Santiago (PFL-AC) confessa ter recebido R$ 200 mil para votar a favor da reeleição – uma reforma constitucional articulada por Sergio Motta, que era o braço direito e operador principal de FHC. Autor da reportagem, Fernando Rodrigues vence o Prêmio Esso de Jornalismo.

Maio de 2005. Acossado por uma série de denúncias, Roberto Jefferson concede uma entrevista à jornalista Renata Lo Prete e diz que deputados vendiam seus votos ao PT em troca de uma mesada de R$ 30 mil/mês, o “mensalão”. Anos depois, o delator admite que a palava mensalão era apenas uma figura retórica e jamais foram encontrados saques ou depósitos nos valores denunciados por Jefferson. Os recursos sacados eram correspondentes aos valores dos acordos eleitorais feitos pelo PT e dirigentes de vários partidos – entre os quais, o próprio PTB, de Roberto Jefferson – para pagar campanhas passadas e organizar campanhas futuras.

A única semelhança entre os dois casos é que, assim como Fernando Rodrigues, Renata Lo Prete também venceu o Prêmio Esso de Jornalismo. Em 1997, o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, era apelidado de “engavetador-geral da República” e ele, naturalmente, não encontrou indícios para abrir uma investigação. Em entrevistas, FHC chegou a dizer que, se alguém tentou comprar votos, não foi ele – a emenda da reeleição poderia vir a beneficiar também prefeitos e governadores.

Hoje, FHC é quem organiza o discurso da oposição. Numa palestra no Itaú Unibanco, disse que a condenação dos réus da Ação Penal 470 é a prova de que as instituições estão funcionando no Brasil. Talvez tenha sido a confissão de que, nos seus oito anos de governo, em que Brindeiro foi reconduzido três vezes para a Procuradoria-Geral da República, elas não tenham funcionado a contento.

O Esquerdopata

03/10/2012

Quem compra quem?

Filed under: Compra de Votos — Gilmar Crestani @ 8:58 am

Bem lembrado. Se a coincidência dos saques com as votações no Congresso configurariam compra de votos, porque a coincidência forçada do julgamento daqueles episódios com as eleições municipais também não o seriam?

Orwell e a “compra de votos”no mensalão

09:39, 2/10/2012 Paulo Moreira LeiteJustiça, Política, eleiçõesTags: Mensalão, STF

George Orwell ensinou a todos nós  que a linguagem pode ser uma arma do conhecimento mas também pode servir à mentira. Pode encobrir a realidade e também pode desvendá-la.

Vejamos, por exemplo, por onde caminham as conclusões do julgamento do mensalão no STF. Não vou  discutir as sentenças proferidas. Quero  discutir a interpretação.

A principal é dizer o seguinte: está provado que houve compra de votos e que o mensalão não era, portanto, caixa 2 de campanha. Parece haver uma relação de causa entre uma coisa e outra.

Essa é a  teoria desde a denúncia inicial, em 2006. Mas há um problema elementar neste raciocínio.

Não há nexo entre as coisas. Dinheiro de caixa 2 é dinheiro não registrado, sem origem declarada. Sua origem pode ser uma atividade criminosa, como tráfico de drogas, ou propina conseguida em negociações escusas com o governo.

O dentista que dá desconto no tratamento mas não dá recibo inclui-se no mundo imenso do Caixa 2.
O mesmo acontece com  com uma empresa legal, que dá emprego a milhares de pessoas – e não cumpre suas obrigações com o fisco. Muitas empresas privadas têm um caixa 2 especialmente reservado para pagamentos por fora. Isso inclui, como nós sabemos, as contribuições de campanha.

A CPMI dos correios demonstrou que grandes empresas privadas deixaram mais de R$ 200 milhões com o esquema de Marcos Valério, entre 2000 e 2005. Nenhuma foi levada ao julgamento agora em pauta, aliás.

Esse dinheiro, muitas vezes, era limpo e declarado. Outras vezes, não.

Isso não muda a natureza do problema.

Quando falou que movimentava recursos “não declarados” Delubio contou uma parte da história. Tentou amenizar sua pena, o que eu acho compreensível, Numa democracia  ninguém é obrigado a se auto-incriminar, como a gente aprende em seriado americano quando a policia interroga  um suspeito, certo?

Caixa 2  tem a ver com a origem. Não explica a finalidade do pagamento. Quem fala em “compra de consciências” está falando em finalidade.  Embora alguns ministros tenham  tido que isso era irrelevante, eu acho que tem importância, sim.

Está lá, na denúncia. Por que não tem importância?

É um ponto central do problema, quando se recorda nossa legislação eleitoral, tão favorável ao poder econômico privado.

Muito antes de Orwell denunciar o stalinismo, grande assunto de toda sua obra, adivinhar o que anda pela “consciência” dos homens intriga os filósofos e os políticos.

No auge do obscurantismo católico,  até as  fogueiras da inquisição ardiam  para que os infiéis confessassem os pecados que lhe eram atribuídos – e não reconheciam como tais.  Não comparo o julgamento à Inquisição. Mas aquela experiência terrível — e tantas outras — mostra que a consciência humana é materia muito delicada.

Às vezes tenho a impressão de que provas parecem não importar muito nos dias de hoje. Mas  acho que falar em “compra de votos”  implica em provar que a pessoa tinha uma convicção e mudou de ideia porque recebeu dinheiro no bolso.

Sei que isso pode acontecer. Quantos exemplos de carreirismo nós encontramos no cara que mente para subir na empresa, no puxa-saco que sorri o tempo inteiro para ter aumento  e assim por diante?

Seria bobo pensar que não há pessoas assim na política. Mais. O inquérito mostrou até que o dinheiro do mensalão foi usado para pagar indenização a namorada de um político falecido. Tenho certeza de que muitos políticos fizeram desvios – quem sabe muito piores do que este.

Quem olhar as votações ocorridas no período – 2003 e 2004 — em que teria ocorrido a “compra de votos” ficará espantado em função de uma coisa. Os calendários dos pagamentos não são conclusivos. Aquilo que o ministério público alega com seu levantamento a defesa  desmente com outra. Na melhor das hipóteses, é um empate de provas. Mas há um elemento maior e mais decisivo. É a política, estúpido.

Naquele momento, o governo Lula tinha aliados à direita e fazia uma política que, sob este critério, também estava  à direita. A esquerda do PT e mesmo fora dele não cansava de denunciar o que ocorria. O PSOL preparava seu racha e, dentro do governo, personalidades de pensamento semelhante começavam a esvaziar gavetas.

O Planalto cumpria parte da agenda do PSDB, do PP, do PTB   e assim por diante. Aprovou a reforma da previdência – que era uma continuação do governo FHC – e outras medidas no gênero. O primeiro ato público do governo Lula foi um protesto de 25 000 servidores na Esplanada.

O governo pagava direitinho as contas de um empréstimo no FMI e governava com os juros no céu. Achava que esse era um pacto necessário para assegurar as condições mínimas de governar, após o ambiente de colapso e pânico que o país atravessou em 2002.

Banqueiros internacionais elogiavam a política econômica.

Você acha que o Roberto Jefferson precisava de R$ 4 milhões no bolso para votar a favor de mudanças na Previdência? Ou o PL? Ou o PP?

Eu acho que não. Eles dizem que não. Eles tinham embarcado no projeto Lula, como o PL fizera antes, ao garantir até a cadeira de vice-presidente. Falaram isso ao serem ouvidos na Polícia Federal. Falaram que iriam usar o dinheiro para a atividade mais importante de todo político: preparar a próxima campanha e pagar as contas anteriores.

E se você acha que isso é feio, subdesenvolvido, cínico, saiba  que está enganado. Até na Alemanha esses acordos são feitos. Os verdes  deixaram a ultraesquerda para assumir um governismo perpétuo. Hoje se aliaram ao governo de Angela Merkel, que comanda a reação européia contra o Estado de Bem-Estar Social. Democratas de centro e republicanos idem adoram trocar postos no primeiro escalão de presidentes do lado oposto, nos EUA.

Se você olhar os petistas que receberam dinheiro do esquema, irá reparar que eles pertenciam ao Campo Majoritário, que sustentava a política do governo, mesmo a contragosto às vezes. (Toda luta política depois do jardim de infância inclui momentos de contragosto, certo…?)

Isso acontecia porque o financiamento de Marcos Valério e Delúbio Soares não se destinava a alimentar uma “organização criminosa,” como os bandidos que roubam automóvel ou assaltam residências.

Não há como justificar nenhum desvio, roubo ou coisa parecida. Há crimes que devem ser punidos. Mas não é preciso aplicar a tecnologia tão bem explicada por Orwell para acreditar que a mentira virou verdade.

A menos, claro, que você pretenda tratar a política como crime. A vantagem de quem faz isso é atingir objetivos políticos enquanto se esconde atrás da ética. A desvantagem para os outros é fazer o papel de bobo.

Por mais que você goste de comparar a política brasileira a uma quitanda de bairro, não se iluda. Todos partidos têm  seus compromissos, prioridades e assim por diante. Caso contrário, não sobrevivem.

O PP, o PL e outros se aliaram ao governo Lula depois da  Carta ao Povo Brasileiro, que levou muitos  petistas para debaixo  do tapete, não é mesmo?

Os partidos podem ser e são muito parecidos pelos escândalos e eu acho que já discuti isso aqui algumas vezes. (O mais divertido dessa discussão é o  escandalômetro. Dados do TSE mostram que o  PSDB é o campeão nacional de fichas sujas enquanto PMDB, DEM, PP vêm depois. O PT fica em 8O lugar, o que é lamentável mas não parece compatível com a  fama atual, quem  sabe  mais um efeito George Orwell – ou seria melhor falar em Goebells?)

Mas o esquema tinha um fundo político, alimentava a política e era alimentado por ela.

É difícil negar que ao longo do tempo governos de partidos diferentes produzem resultados diferentes, como as pesquisas de distribuição de renda, desemprego e redução da miséria não se cansam de demonstrar. (Não vamos nos estender muito sobre isso, é claro…)

Estas políticas se mostraram tão diferentes que  hoje em dia os mais pobres costumam votar de um jeito e os mais ricos, de outro.

Veja que aí também há quem fale em “compra de votos”, que seria a versão popular da compra de “consciências”.

É o mesmo raciocínio. No Congresso, a compra de “consciência.” No povão, a compra de votos. Num caso, o “mensalão.”Em outro, o Bolsa Família, as políticas de estimulo ao crescimento para impedir a queda no emprego, o salário mínimo…

Deixando de lado, claro, a troca de voto por dentadura e por um par de sapatos, que é expressão da miséria política em sua face mais degradante, eu acho é preciso prestar atenção nessa visão.

É uma espécie de racismo social. Explico. Ninguém fala em compra de votos quando um governo conservador dá um pontapé nos juros, enriquece a clientela do mercado financeiro – que fará o possível para assegurar a manutenção dessa política no pleito seguinte. Vozes graves e olhares sisudos chegam a elogiar o massacre social que estamos assistindo na Europa, hoje em dia – da mesma foram que apoiaram a sangria dos países do Terceiro Mundo décadas atrás. Considera-se que essa é uma visão legítima no debate econômico. Se um partido social-democrata apóia esta medida, demonstra maturidade, espírito civico.

Mas quando um governo procura beneficiar os interesses dos pobres e indefesos, está fazendo compra de votos. Se um político conservador resolve apostar seu futuro nessa alternativa, só pode ser em troca de $$$. Curioso, não?

E é mais curioso ainda quando alguém tem o mau gosto de lembrar que outro escândalo, igualzinho, e mais antigo, foi conveniente retirado das manchetes e da televisão.

Estou falando, claro, do mensalão tucano que, em nova homenagem a Orwell,  é chamado de “mineiro”, o que é uma ofensa a um estado inteiro. O mensalão, vá lá, PSDB-MG, ficou para as calendas, embora seja quatro anos mais antigo.

Considerando as eleições para prefeito, neste domingo, e as sentenças que nos aguardam, é impossível deixar de reparar na coincidência e deixar de perguntar: quem está “comprando consciências”?

ÉPOCA – Paulo Moreira Leite » Orwell e a “compra de votos”no mensalão » Arquivo

07/08/2012

Jânio de Freitas: compra de votos para reeleição de FHC foi “comprovada, atestada”

Filed under: Compra de Votos,FHC,Isto é PSDB!,Jânio de Freitas,Reeleição — Gilmar Crestani @ 7:53 am

O Brasil é ‘primário’, diz Janio de Freitas na TV

O colunista de política da Folha foi entrevistado no programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura

DE SÃO PAULO

O Brasil ainda é um país com pouca força institucional, ou "primário", nas palavras de Janio de Freitas, colunista da Folhaentrevistado ontem no programa "Roda Viva", da TV Cultura.

Apresentado como "decano da crítica política no Brasil" pelo âncora Mario Sergio Conti, Janio de Freitas fez críticas ao fisiologismo no Legislativo, à política do "toma lá, dá cá" do Executivo e à lentidão do Judiciário.

"Você acha que depois de esperar 30 anos, ainda que se ganhe [uma ação], isso pode ser considerado justiça? Só o Judiciário de um país primário pode permitir isso", disse, exemplificando com o escândalo do mensalão, que se tornou público em 2005, mas só agora está sendo julgado.

O colunista disse que tem "uma tendência" a se identificar com as causas sociais e, por isso, aceita quando o rotulam como "de esquerda".

Ele fez críticas aos ex-presidentes Lula, por ter mudado o discurso ao assumir o poder, e Fernando Henrique Cardoso. A compra de votos para a reeleição, revelada pela Folha em 1997, foi classificada como "o mais grave dos episódios […] desde a saída do [presidente João Baptista] Figueiredo [1985]", disse. "Essa, sim, é uma compra comprovada, atestada."

O colunista também fez críticas à imprensa. Reclamou, entre outras coisas, da excessiva preocupação dos jornais com aspectos estéticos.

05/08/2012

STF como catapulta dos jurássicos do PSDB

Filed under: Compra de Votos,FHC,Isto é PSDB!,STF — Gilmar Crestani @ 10:16 pm

 

Mauricio Dias: O fantasma de Lula ronda os tucanos e FHC atira no pé

publicado em 5 de agosto de 2012 às 11:16

FHC pede que outra de suas façanhas seja esquecida.  Sérgio Motta, o Serjão, estava no centro do esquema de compra de votos para a reeleição do ex-presidente. Foto: Montagem extraída de CartaCapital

por Mauricio Dias, em CartaCapital

O fantasma de Lula ronda a noite tucana e transforma o sonho político deles para 2014 em pesadelo. Um terrível pesadelo. É por essa razão e não por suposta preocupação ética que o PSDB dá atenção e tratamento especiais ao ex-presidente petista no decorrer do julgamento da Ação Penal 470, batizada de “mensalão” por Roberto Jefferson, o réu delator de um suposto esquema de compra de votos, armado em 2005, para a aprovação de projetos de interesse do governo.

Já de olho na eleição de 2014, os tucanos pretendem abalar a popularidade e o prestígio de Lula. Assim, o PSDB anuncia também uma programação própria das sessões no STF na página do partido na internet. O show precisa continuar.

Essa tática tucana é reafirmada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na vanguarda das ações contra Lula, ele aparece na blogosfera em vídeo de 1 minuto e 25 segundos, no qual bota pressão no Supremo Tribunal Federal (STF). FHC, em linguagem sibilina, usa e abusa de sociologia rasteira, comum nos botequins e, também, nos bons restaurantes que frequenta. O tema é o dito mensalão. “O comentário de que não há punição no Brasil, e que a corrupção é ligada a isso, é frequente…”

Dessa forma, o ex-presidente abre o discurso sobre o julgamento em andamento no Supremo. Ao falar de impunidade como estimuladora da corrupção, ele responsabiliza os juízes, os ministros, a Justiça. Enfim, esbofeteia a própria Têmis. E faz corar a estátua de granito de Ceschiatti, mantida em frente ao prédio do STF, em Brasília.

Além de agredir a Magistratura, o ex-presidente também se agride. Descuidado, atira no próprio pé ao fazer a conexão entre corrupção e impunidade. Tal aproximação sugere esta pergunta:

Teria ocorrido o chamado mensalão se tivesse havido punição para os corruptores do governo e os parlamentares corrompidos para aprovar, no Congresso, a emenda constitucional que deu a FHC a reeleição?

Recordar é viver. Em 1997, surgiram gravações de escutas telefônicas levantando fortes evidências de que havia um esquema para compra de votos de deputados arregimentados por Sérgio Motta, o Serjão, então ministro das Comunicações.

O jornal Folha de S.Paulo foi o primeiro a apontar o escândalo e, para ilustrar a sequência de reportagens, criou um “selo” com a frase: “Reeleição comprada?”

Além de dois governadores, Orleir Cameli (AC) e Amazonino Mendes (AM), dois deputados, João Maia e Ronivon Santiago, ambos do PFL, integravam o projeto. Curiosamente, o deputado Maia era um egresso do PT. Os tucanos mais ortodoxos podem argumentar que o ex-petista inoculou nas negociações para a aprovação da emenda o vírus da corrupção. Não poderia ser também resultado do encontro de Maia, já então pefelista, com o peessedebista Serjão, o fator de formação dessa pororoca venal?

A oposição daquela época, os partidos de esquerda essencialmente, tinha força reduzida no Congresso e não conseguiu criar uma CPI para investigar as denúncias. O rolo compressor governista, PSDB, PFL e PMDB, botou uma pedra sobre a história. Impediu a punição dos culpados. E, neste caso, a Magistratura não tem culpa. FHC sabe disso.

Mauricio Dias: O fantasma de Lula ronda os tucanos e FHC atira no pé « Viomundo – O que você não vê na mídia

02/08/2012

Tarso: o mensalão e a compra de votos por FHC

Filed under: Compra de Votos,FHC,Isto é PSDB!,Reeleição — Gilmar Crestani @ 9:42 pm

O Estado Democrático de Direito é o melhor não porque ele é o Estado perfeitamente justo.

Saiu na Carta Maior:

Mensalão e Judicialização da Política: a metáfora da mesa

Atualmente perpassa, na maioria da mídia tradicional, uma forte campanha pela condenação dos réus do “mensalão”, apresentando-os como quadrilheiros da impureza política. Os réus do “mensalão” e o PT já estão condenados. Já foram condenados independentemente do processo judicial, que muito pouco acrescentará ao que já foi feito, até agora, contra os indivíduos e o partido, sejam eles culpados ou não, perante as leis penais do país. O artigo é de Tarso Genro.
Tarso Genro (*)
O grande legado da chamada “era Lula” não é o “mensalão”. Nem este é o maior escândalo da história recente do país. Se a compra de votos para a reeleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso – que certamente ocorreu à revelia do beneficiário – tivesse a mesma cobertura insistente da mídia e se os processos investigativos tivessem a mesma profundidade das investigações do chamado “mensalão”, a eleição que sucedeu aqueles eventos poderia ter sido inclusive anulada e um mar de cassações de mandatos e de punições pela Justiça poderia ter ilustrado, ali sim, o maior escândalo institucional da República. Tratava-se da nulidade de um mandato presidencial, cuja viabilidade teria sido literalmente comprada.
Assim como o impedimento do Presidente Collor foi feito dentro do Estado Democrático de Direito, o processo do mensalão” também o foi. Isso é bom para o país e bom para a democracia. A compra de votos para a reeleição, porém, foi diluída em termos de procedimento penal e logo arquivada também politicamente. Naquela oportunidade a política não foi judicializada, consequentemente, não foi “midiatizada” e, como sabemos, na “sociedade espetáculo” de hoje o que não está na mídia não está na vida política.
O fato de que o Estado de Direito funcionou em todos estes casos não quer dizer que isso ocorreu de maneira uniforme. O tratamento não foi igual para todos os envolvidos. As ações e providências políticas no Estado de Direito refletem no espaço midiático de forma diversa e não cumprem finalidades meramente informativas. São “mercadorias informativas” cujo objeto não é promover necessariamente decisões judiciais perfeitas e justas, apenas passam o “olhar” dos detentores do poder de informar. A Justiça, como a renda, é sempre distribuída desigualmente, porque sobre a distribuição da Justiça e a distribuição de renda incidem fatores externos às suas normas de repartição ideal, que se originam da força política e econômica dos grupos envolvidos nos conflitos políticos.
O Estado Democrático de Direito é o melhor não porque ele é o Estado perfeitamente justo. O Estado de Direito é o desejável porque ele oferece melhores possibilidades de preservar direitos e acolher demandas e porque ele é a melhor possibilidade para preservar os direitos humanos e as liberdades públicas. O processamento dos réus do “mensalão” deve ser considerado, assim, como uma normalidade do Estado Democrático de Direito, mas o que não pode ser considerado como aceitável é o massacre midiático que já condenou os réus e condenou o PT e os petistas de forma indeterminada, antes do pronunciamento do STF. E isso não foi feito de maneira ingênua.
Vejamos porque isto ocorre. O grande legado da “era Lula” foi, além do início da mudança do modelo econômico anterior, o início de uma verdadeira “revolução democrática” no país, o que fez o seu governo ser tão combatido pela direita neoliberal, cujas posições refletem na maior parte da grande mídia, que é plenamente posicionada nos conflitos políticos e econômicos do país.
Mas o que é esta “revolução democrática”? Suponhamos que a democracia seja uma grande mesa onde todos, abrigados no princípio da igualdade formal, sentam-se para viabilizar seus interesses e disputar algo da renda socialmente gerada pelo trabalho social. Nesta grande mesa (resultado aqui no Brasil da Constituição Democrática de 88), entre a promulgação da Constituição e os governos FHC, todos sentavam nos lugares reservados por aquele ordenamento. Obviamente, porém, alguns sentavam em bancos mais elevados, viam toda mesa, observavam o que estava em cima dela para adquirir, para comprar, para “pegar” pela pressão ou pelo Direito. Conversavam entre si de maneira cordata, transitavam “democraticamente” os seus interesses, tendo na cabeceira da grande mesa os Presidentes eleitos.
Outros estavam sentados em bancos tão baixos que não viam o Presidente, não participavam do diálogo, não sabiam o que estava em cima da mesa. Não tinham sequer a quem se reportar em termos de exercício do seu poder de pressão. Estavam só formalmente na mesa democrática, sem poder e sem escuta. O que Lula promoveu foi apenas a correção da altura dos bancos, que agora permite aos trabalhadores, sindicalistas ou não, com as suas grandezas e defeitos, os “sem-terra” e “sem-teto”, os que não contavam nas políticas de Estado, os excluídos que não podiam ascender na vida (inclusive os grupos empresariais e setores médios que não tinham influência nas decisões do Planalto) verem o que sempre esteve em cima da mesa.
O simples fato de ver e dialogar permitiu que estes contingentes sociais passassem a disputar a posse de bens e uma melhor renda. A democracia em abstrato tornou-se um jogo mais concreto. Os governos Lula, assim, levaram a uma nova condição o princípio da igualdade formal, que começa pelo direito das pessoas terem a sua reivindicações apreciadas pelo poder, impulsionadas pelo conhecimento do que pode ser repartido e do que está “em cima” da mesa da democracia.
Isso foi demais. Significou e significa um bloqueio à ruína neoliberal que perpassa o mundo e, embora tenha sido um projeto também negociado com o capital financeiro, trouxe para a política, para o desejo de mudar, para a luta por melhorias concretas, milhões e milhões de plebeus que estavam fora do jogo democrático. Estes passaram a comer, vestir, estudar e reduzir os privilégios da concentração de renda.
A “plebeização” da democracia elitista que vigorava no Brasil é o fator mais importante do ódio à “era Lula” e do superfaturamento político do “mensalão”. Este é o motivo do superfaturamento, que pressiona o STF para que este não faça um julgamento segundo as provas, mas faça-o a partir de juízo político da “era Lula”, que cometeu o sacrilégio de “sujar” com os pobres a democracia das elites.
Para não entrar em debates mais sofisticados sobre Teoria Econômica, situo como premissa – a partir de uma ótica que pretende ser de grande parte da esquerda democrático-socialista – o confronto político sobre os rumos da sociedade brasileira, após a primeira eleição do Presidente Lula: de um lado, tendo como centro aglutinador os dois governos do Presidente Fernando Henrique, um bloco político e social defensor de um forte regime de privatizações, alinhamento pleno com os EEUU em termos de política global -inclusive em relação ao combate às experiências de esquerda na América Latina- com a aceitação da sociedade dos “três terços” (um terço plenamente incluído, um terço razoavelmente incluído e um terço precarizado, miserável ou totalmente fora da sociedade formal, alvo de políticas compensatórias), experiência mais próxima do projeto de sócio-econômico dos padrões neoliberais, que hoje infernizam a Europa; de outro lado, tendo como centro aglutinador os dois governos Lula, um bloco político e social que “brecou” o regime de privatizações, reconstruiu as agências financeiras do Estado (como Bndes, Banco do Brasil e Caixa Federal, para financiar o desenvolvimento), estabeleceu múltiplas relações em escala mundial -libertando o país da tutela americana na política externa- protegeu as experiência de esquerda na América Latina e desenvolveu políticas públicas de combate à pobreza, programas de inclusão social e educacional amplos, tirando 40 milhões de brasileiros da miséria, com pretensões mais próximas das experiências social-democratas, adaptadas às condições latino-americanas.
Estes dois grandes blocos têm no seu entorno fragmentos de formações políticas que ora se adaptam a um dos polos, combatem-se, ou fazem alianças pontuais sem nenhuma afinidade ideológica. Como também fazem alianças as direitas liberais com a extrema esquerda e o centro, ora com a esquerda, ora com a direita. Mais frequentemente estas alianças foram feitas para paralisar iniciativas dos governos Lula, que sobrevivem até o presente, como as políticas de valorização do salário-mínimo, as políticas de implementação do Mercosul, a política externa quando valoriza os governos progressistas latino-americanas e as políticas, em geral, de combate às desigualdades sociais e regionais.
Atualmente perpassa, na maioria da mídia tradicional, uma forte campanha pela condenação dos réus do “mensalão”, apresentando-os como quadrilheiros da impureza política. A mídia seleciona imagens e produz textos que já adiantam uma condenação que o Poder Judiciário terá obrigação de obedecer, pois “este é o maior escândalo de corrupção da história do país”, o que certamente começou com o Partido dos Trabalhadores e seus aliados no governo.
Os réus do “mensalão” e o PT já estão condenados. Já foram condenados independentemente do processo judicial, que muito pouco acrescentará ao que já foi feito, até agora, contra os indivíduos e o partido, sejam eles culpados ou não, perante as leis penais do país. O processo judicial, aliás, já é secundário, pois o essencial é que o combate entre os dois blocos já tem um resultado político: o bloco do Presidente Lula, em que pese a vitória dos seus dois governos, tornou-se – partir do processo midiático – um bloco de políticos mensaleiros, cujas práticas não diferem, no senso comum, de qualquer dos partidos tradicionais. Vai ser muito duro recuperar estas perdas. Mas elas serão recuperadas, pois o povo já se acostumou a ver o que está em cima da mesa da democracia e sabe que ali tem coisas para repartir.
(*) Governador do Estado do Rio Grande do Sul

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