Ficha Corrida

14/09/2016

Encontraram o bandido mas prenderam os jovens

Filed under: Etchegoyen,Exército — Gilmar Crestani @ 8:41 am
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Não há novidade quando se descobre que há um ninho de bandidos agindo para incriminar inocentes. A ilegitimidade desta quadrilha é congênita. Há um padrão na incompetência, implantar provas para poder incriminar. Aliás, esse sempre foi o padrão do Exército brasileiro e dos governos sem legitimidade. Valente com jovens, cagão com bandidos. Avante soldados, para trás!

Enxertar objetos que pudessem incriminar jovens foi a operação mais ariscada desses parasitas. Não fazem absolutamente nada para proteger a nação contra o narcotráfico internacional, mas servem para assediar sexualmente jovens que protestam contra uma quadrilha que tomou o cofre central de assalto.  As fronteiras estão abertas, escancaradas. Um heliPÓptero entrou do Paraguai, cruzou vários estados carregado com 450 kg de cocaína. Nada aconteceu. Coincidentemente, o dono do helicóptero vira ministrou e seu amigo, o primeiro a ser comigo, é parça de um  Et, seu Etchegoyen. Aí fica claro quem promove os quebra-quebra para incriminar os jovens. São da mesma famiglia que levou bombas para explodir numa festa com milhares de jovens, o famoso caso do Riocentro, que até hoje continua impune.

Por que o Exército não infiltra nas quadrilhas empresariais? Por que não se infiltra no Panama Papers? Tem muito lavador que goza de medalha a honra militar.

Fica a lição, não deixe ninguém ligado ao exército se aproximar. Se for inevitável, filme. E verifique a mochila para ver se não implantou algo que possa ser usado para te incriminar. Temer também, como coordenador político da Dilma, enxertou Eduardo CUnha na Presidência da Câmara para afastar Dilma e tomar seu posto. Com bandido não se brinca.

Xadrez da volta da comunidade de informações

Por jloeffler – No dia 13/09/2016

Data: 13/09/2016  -Fonte: GGN Autor: Luís Nassif

milico-infiltrado

Não é surpresa que as duas notícias mais relevantes sobre as manifestações anti-Temer tenham sido de veículos fora do mainstream.

No dia 8 de setembro, o blog Ponte divulgou a presença de um agente infiltrado nas redes de namoro Tinder e Facebook, com participação ativa na prisão dos 26 manifestantes (http://ponte.org/?p=17404) mantidos em isolamento.

Sob o codinome de Balta, o agente infiltrou-se também em um grupo de WhatsApp. Nas mensagens do grupo, a Ponte não encontrou nada que sugerisse atos de violência. Coube a Balta sugerir o encontro no Centro Cultural São Paulo. Lá, deu-se a batida da PM e a prisão. Enquanto os detidos eram levados para uma viatura, Beta era isolado do grupo.

Entrevistado, o coronel Dimitrios Fyskatoris, comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC), afirmou que a detenção do grupo ocorreu por acaso.

No dia 9, El País identificou o agente infiltrado (https://is.gd/e7ZZoW). Tratava-se do capitão do Exército Willian Pina Botelho, da comunidade de inteligência.

Peça 1 – as duas pinças do aparelho repressor

Nesses tempos de informação online, confirma-se o que o Xadrez já vinha prevendo pelo menos desde 7 de maio.

No “Xadrez do governo Temer e o fator militar” (https://is.gd/4nhJKW) mostramos as duas pinças que estavam sendo montadas para devolver protagonismo aos militares: a recriação do GSI, entregue ao general Sérgio Etchegoyen, e a entrega do Ministério da Justiça a Alexandre Moraes.

“Do lado de Temer, uma das maneiras de desviar o foco das críticas seria a criação do inimigo interno. Nos últimos anos, uma certa imprensa de ultradireita recriou versões tupininquins da Guerra Fria, com pirações de toda ordem – como a invasão das FARCs, a aliança com as forças bolivarianas. A tentativa de recriação da legitimidade política das Forças Armadas passa por aí”.

(…) A maneira dos militares voltarem para a política seria através da recriação de uma estrutura militar de controle no governo federal, mas diferente do extinto GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República) e mais próximo do SNI (Serviço Nacional de Informações) e da segurança presidencial”.

Os movimentos do jogo estão aí:

Movimento 1 – a recriação da GSI, colocando embaixo dela a Abin (Agência Brasileira de Inteligência e o Sisbin (Sistema Brasileiro de Inteligência) com as comunidades de inteligência, com vistas a envolver as Forças Armadas na repressão interna. A aprovação da Lei Nacional de Inteligência (https://is.gd/n5mj1P) consolidou o novo modelo.

Movimento 2 – o carnaval em torno dos supostos terroristas islâmicos, a fim de recriar o mito do inimigo externo e justificar a entrada das Forças Armadas no jogo.

Movimento 3 – a coordenação da repressão às manifestações pelas Polícias Militares. Há sinais de participação direta do Ministro Alexandre de Moraes nesse jogo (https://is.gd/pIispG ehttps://is.gd/C4gsGj). Desde maio, aliás, Moraes já tentava recriar o clima pós-64 equiparando os protestos pró-Dilma a atos de guerrilha (https://is.gd/9lgLvC).

Peça 2 – a generalização do conceito de inimigo

A repressão de domingo traz um dado assustador.

Os “inimigos” identificados eram jovens, adolescentes em sua maioria, a maioria deles “socorristas” – preparadas para socorrer manifestantes vítimas de gás lacrimogênio. Todos foram levados para a delegacia e mantidos incomunicáveis por várias horas e ameaçados de enquadramento como “organização criminosa”. Para sua sorte, o caso caiu com um juiz legalista e corajoso que mandou soltá-los.

A pesada e injustificada repressão aos manifestantes mereceu cobertura das reportagens online – devido à óbvia dificuldade em enquadrar os repórteres na hora. No dia seguinte, meras reportagens burocráticas dos jornalões. Deu-se mais espaço a UM fotógrafo da UOL que teria sido agredido por UM manifestante. E retomou-se o caso do cinegrafista morto por um rojão de um black bloc em manifestação do Rio de anos atrás. Escondeu-se a informação de que, no domingo, coube a seguranças da CUT – e não à PM – conter os black blocs nas manifestações.

Pior: a primeira prova de envolvimento das Forças Armadas na repressão – o caso do capitão – foi ignorado pelos jornais. Chegou-se ao cúmulo de tirar lições políticas positivas do “look” da primeira dama, e ignorar-se a participação de um capitão da ativa na repressão.

Peça 3 – a radicalização da repressão

O vácuo político abriu espaço para as corporações de Estado.

Os setores técnicos das Forças Armadas e os combatentes na ponta não são chegados à política. O envolvimento das Forças Armadas está sendo comandado pelo General Sérgio Etchegoyen e por setores da burocracia brasiliense. As comunidades de inteligência voltam ao primeiro plano. Em vez de se dedicarem à guerra cibernética, à segurança das pesquisas brasileiras ou do pré-sal, sua missão será recriar a figura do inimigo.

No início, foi o carnaval em torno dos tais terroristas do Estado islâmico. Depois, dos movimentos populares. Agora, chegaram aos filhos da classe média paulistana. Entre a rapaziada que se organizou para as manifestações poderiam estar filhos de procuradores “coxinhas”, de juízes, de jornalistas, armados de gaze, vinagre e outros elementos para socorrer pessoas sufocadas por gás ou pimenta.

Atravessaram muito rapidamente as fronteiras sociais. Imagine-se o que não sucederá na base da pirâmide. Na divisão de trabalhos, caberá à dobradinha GSI-PM a repressão a qualquer forma de protesto de rua. E aos procuradores da Lava Jato a repressão continuada aos quadros políticos.

Peça 4 – as forças anti-repressão

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Aí se entra em um quadro complicado: institucionalmente, não há forças capazes de se contrapor a essa escalada do arbítrio.

Mídia – não se espere defesa de movimentos populares ou de pobres da periferia: não são seu público. Os manifestantes de domingo, sim. A indignação com a violência da PM transbordou dos canais político-partidários. Era a oportunidade de expressarem a indignação, até como maneira de legitimar suas campanhas pró-golpe. O fato de não se manifestarem, ou se manifestarem timidamente, sobre os abusos da PM paulista, e de esconderem a participação do capitão do Exército na criminalização de um grupo de jovens, é significativo: jogaram a toalha. De um lado, devido à pesada crise financeira por que passam. De outro, pelo uso continuado do cachimbo da direita, que os deixou de boca torta. Estão sendo tratados com cenoura e chicote. Na semana passada, a Folha recebeu em almoço a nova diretoria da Caixa Econômica Federal. Ontem, comandantes do Exército.

Judiciário – dependerá cada vez mais da ação individual de juízes. À esta altura, nada se pode esperar do STF (Supremo Tribunal Federal) ou dos tribunais superiores. Os bravos Ministros do Supremo abriram mão de analisar a ilegalidade do golpe, foram cedendo a cada passo, imaginando ser o último, pretendendo afastar de si o cálice da resistência à atual onda de arbítrio, julgando que, alcançados os objetivos de derrubar o governo, a repressão cessaria com em um passe de mágica. A cada dia será mais caro o preço do silêncio. É pungente assistir o Ministro Luís Roberto Barroso derramando diariamente declarações repletas de boas intenções por todos os lados e todos os temas… menos os essenciais. Quando Dilma caiu, suspirou fundo e pensou: poderei voltar à minha doutrinação civilizatória, o discurso do politicamente correto para os salões, sem ser incomodado. Prezado Ministro, lamento decepcioná-lo, mas voces chocaram o ovo da serpente

Ministério Público Federal – No MPF há um conjunto de bravos procuradores, alguns dos quais correram às delegacias no domingo, em defesa dos meninos presos, ao contrário dos procuradores estaduais. A própria PFDC (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão) manifestou-se bravamente em defesa do direito de manifestação. Mas no topo do MPF, o Procurador Geral da República (PGR) Rodrigo Janot já escolheu lado. E, no presidencialismo do MPF, é o PGR quem dá as cartas. Nada se espere dele, a não ser o recrudescimento das ações contra políticos adversários, cumprindo o dignificante trabalho de fuzilar prisioneiros no campo de batalha e blindar os aliados.

A receita está dada: Etchegoyen montando a espionagem; Moraes articulando a repressão às manifestações; Janot coordenando a repressão política. E o sentimento democrático brotando em sucessivas manifestações, tanto de manifestantes nas ruas, como de personalidades em abaixo-assinados.

Fonte: http://www.aepet.org.br/noticias/pagina/13769/Xadrez-da-volta-da-comunidade-de-informaes

Praia de Xangri-Lá – Saiba tudo o que REALMENTE acontece em Xangri-Lá

09/06/2016

Das duas, uma

OBScena: o símbolo do combate à corrupção é tão corrupto quanto os que com ele tiraram selfies

NEWTON ISHI/PLENARIO DA CAMARAOu usaram o japonês por ignorância a respeito de seus antecedentes, ou usaram-no exatamente em virtude dos seus antecedentes no “descaminho”. Há uma terceira hipótese, de tentativa de obstrução da justiça, mas aí seria desfaçatez jamais. Em todo caso, não evitaram a condenação nem a prisão. Nenhuma das razões dignifica os envolvidos. É também emblemático que o golpe paraguaio tenha entre seus símbolos um agente que atuou no contrabando na fronteira do Paraná com o Paraguai. E também não é mero acaso que o único representante diplomático recebido por Michel Temer até hoje seja exatamente um empresário paraguaio que financiou o golpe contra Lugo

O uso do japonês como símbolo do combate à corrupção se assemelha em método ao uso do General Etchegoyen, no GSI (Gabinete de Segurança Institucional). Como se diz nos piores restaurantes, é o que a plutocracia tem para o momento.

Michel Temer escolheu a dedo um filhote da ditadura para dar ao Alvorada um remake de DOI-CODI. Ou, no mínimo, fazer Dilma relembrar os tempos de tortura, estupro e morte, únicos legados da ditadura.

Assim como não há almoço grátis, o japonês e os filhotes da ditadura são alçados à condição de símbolo da hiPÓcrisia reinante. Bolsonaro, que fazia dobradinha de pantera cor-de-rosa quando Lula foi “coercitado”, eleveu Ishii à ídolo, modelo a ser seguido. Pois é, aqui se prende aviãozinhos do tráfico que rendem manchetes em revistas e jornais, longos minutos no Jornal Nacional, mas há um silêncio ensurdecedor a respeito da apreensão de 450 kg de pasta base de cocaína. Aqui se escolhe japonês, pato, filhote e mascotes pelos métodos errados porque as razões por trás das escolhas são ainda piores.

As Marchas dos Zumbis e os panelaços eram apenas uma forma de alçar Eduardo CUnha à regência do Rei Michelzinho. O próximo passo será, aos moldes de D. Pedro II, o golpe maioridade.

Moral da história: uma quadrilha tomou de assalto o Planalto Central, um símbolo do moralismo de ocasião vai preso por corrupção e o Pré-Sal está abrindo o apetite dos lobos ianques.

Caso do “japonês” expõe a hipocrisia do moralismo

Por Fernando Brito · 08/06/2016

Marcelo Auler, em seu blog, conta que, para evitar o constrangimento das fotografias sendo conduzido à cadeia, o agente Newton Hidenori Ishii, o famoso “o Japonês da Federal” entrou discretamente na sede da Polícia Federal de Curitiba, para ser levado ao xadrez.

É direito seu e o que importa é que a ordem judicial tenha sido cumprida, 13 anos depois de ser preso por corrupção,  não que ele tivesse sido humilhado em rede nacional.

O mesmo direito que , em tese, teriam aqueles que ele, tantas vezes, conduziu espetacularmente ao cárcere.

O “Japonês”, desde muito tempo antes metido em encrencas que justificariam que ele estivesse em serviços discretos, administrativos ou de apoio, não se tornou “”estrela” por sua vaidade, embora tenha pego carona na popularidade para, quem sabe, servir-se dela para “aliviar a própria “barra””.

Não, Polícia, Ministério Público e políticos viram que era um personagem útil para fazerem demagogia e promover a ideia de que, agora, qualquer um poderia amanhecer com o “Japonês da Federal” em sua porta.

Marketing puro.

No facebook das tais 10 medidas contra a corrupção, que serve  como promoção do Ministério Público, ele é exibido ao lado de Sérgio Moro e de Deltan Dallagnol como um dos “super-heróis” da moralização.

Políticos como os Bolsonaro usaram fotos com ele para projetar imagem de incorruptíveis.

Coxinhas se fantasiaram de “Japonês da Federal” nas manifestações e no carnaval.

Não estavam avisados? No Blog do Marcelo Auler você pode rememorar quantas vezes e desde quando se adverte sobre o  personagem de que se utilizaram.

Sabiam de tudo e  deliberadamente não ligaram.

E porque não ligaram?

Por uma razão muito simples: a corrupção foi apenas um pretexto para seus objetivos políticos.

O “Japonês” foi só uma máscara de suas intenções.

PS. post atualizado

Caso do "japonês" expõe a hipocrisia do moralismo – TIJOLAÇO | “A política, sem polêmica, é a arma das elites.”

26/03/2014

E a Folha ainda tem coragem de chamar de Ditabranda

Filed under: Animais,Ditabranda,Ditadura,Gorilas,Paulo Malhães — Gilmar Crestani @ 8:49 am
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Uma dita bem dura para quem defende ditadura! Todos os que, como o DCE da UFRGS, admitem a ditadura merecem uma sessão, ou secção, com o Coronel Paulo Malhães…

ditando a duraCoronel admite ter matado na ditadura

Em depoimento à Comissão da Verdade, Paulo Malhães diz que corpos eram mutilados para evitar reconhecimento

Oficial reformado contraria entrevistas e diz ter descumprido ordem para sumir com ossada de Rubens Paiva

BERNARDO MELLO FRANCO, DO RIO, para a FOLHA

Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, o coronel reformado do Exército Paulo Malhães, 76, admitiu ontem que torturou, matou e ocultou cadáveres de presos políticos durante a ditadura militar (1964-1985).

Ele disse não se arrepender de nada e narrou como funcionava a chamada Casa da Morte, em Petrópolis (RJ), centro de torturas clandestino onde teriam sido assassinadas cerca de 20 pessoas.

Levado em cadeira de rodas e usando camisa cinza, terno bege e óculos escuros, o militar chocou integrantes da comissão pela frieza com que respondia às perguntas.

"Quantas pessoas o senhor matou?", quis saber o ex-ministro José Carlos Dias. "Tantas quanto foram necessárias", respondeu o coronel. "Arrepende-se de alguma morte?" "Não." "Quantos torturou?" "Difícil dizer, mas foram muitos", devolveu.

Sem demonstrar incômodo, Malhães defendeu a tortura como método de investigação e explicou como mutilava cadáveres para evitar que fossem identificados.

"A tortura é um meio. Se o senhor quer saber a verdade, tem que me apertar", disse, acrescentando que aprova o método para presos comuns.

Questionado sobre as mutilações de cadáveres, descreveu a prática como uma "necessidade" e disse que os corpos não eram enterrados "para não deixar rastros".

"Naquela época, não existia DNA. Quando você vai se desfazer de um corpo, quais partes podem determinar quem é a pessoa? Arcada dentária e digitais", disse.

"Quebrava os dentes. As mãos, [cortava] daqui para cima", explicou, apontando as próprias falanges.

Chamando as vítimas da repressão de "terroristas", Malhães disse não ter remorsos. "Quando vejo uma pessoa reclamar que um ente querido morreu, pergunto: se tivesse ficado ao lado da esposa e dos filhos, isso teria acontecido?", acrescentou.

Parentes de desaparecidos, ex-presos políticos e a única sobrevivente da Casa da Morte, Inês Etienne Romeu, foram à sede do Arquivo Nacional para ouvir o oficial. Ele só aceitou falar diante da comissão e dos jornalistas.

Confrontado com nomes e fotos de vítimas, Malhães alegou que não conseguia reconhecê-los. Também se recusou a indicar colegas da repressão, com raras exceções.

Numa delas, disse ter recebido ordem do coronel Coelho Neto, então subchefe do CIE (Centro de Informações do Exército), para ocultar a ossada do ex-deputado Rubens Paiva, morto em 1971. Mas afirmou não ter executado a tarefa, contrariando o que disse recentemente aos jornais "O Dia" e "O Globo".

Ele também apontou o coronel Cyro Guedes Etchegoyen, chefe de contrainformações do CIE, como comandante da Casa da Morte.

"Mesmo com tantos anos de advocacia, me choquei com a descrição da mutilação de arcadas dentárias e digitais", disse o ex-ministro José Carlos Dias. "Eu não diria que ele foi corajoso. É um exibicionista, um sádico."

Em depoimento à Comissão da Verdade no dia 15, a ex-presa política Inês Etienne Romeu, apontou seis agentes da ditadura como torturadores que trabalhavam na Casa da Morte.

22/03/2014

A ditadura não era corrupta, era A corrupção

Como mostra o colunista do Estadão, o nível de prazer com que torturavam, estupravam e depois assassinavam, não sem antes roubarem inclusive arcadas dentárias, é assustador na medida que são pessoas que ainda permanecem convivendo como se tivessem ido ao super comprar um pote de margarina. Pior, a existência de pessoas que não só admitem estes atos como, em pleno século XXI, continuam apoiando. Se é verdade que o ser humano, de perto, é assustador, alguns, também de longe são assustadores. Afinal, não há na natureza nenhum animal, tirando estes necrófilos, que sintam prazer com o sofrimento e a morte de semelhantes. O único resquício de “humanidade” foi a decisão de impedir que os cadáveres pudessem “sobreviverem” ao tempo e permitirem que as pessoas descobrissem o nível de crueldade que alguém possa praticar com uma arma na mão e com a vítima algemada.

Roldão Arruda

DITADURA MILITAR

21.março.2014 22:45:03

Torturadores arrancavam arcadas dentárias e cortavam dedos, para impedir identificação dos mortos

Em depoimento à Comissão Estadual da Verdade do Rio, o coronel reformado Paulo Malhães, de 76 anos, acaba de dar importante contribuição para se entender melhor como a ditadura mutilou e desapareceu com os corpos de presos políticos. Segundo o coronel, para evitar que fossem encontrados, os agentes dos serviços de repressão jogavam os mortos em rios, em sacos impermeáveis e com pedras de peso calculado. Isso impedia que afundassem ou flutuassem.

O ventre da vítima também era cortado, evitando assim que inchasse e voltasse à superfície. O objetivo era criar condições para que o corpo fosse arrastado pelo rio. No caso de serem encontrados, os restos mortais dificilmente seriam identificados, porque os militares tomavam a precaução de arrancar as arcadas dentárias e os dedos das mãos, antes de lançá-los às águas.

Essas informações foram divulgadas nesta sexta-feira (21) pelo repórter Chico Otávio, do jornal O Globo, que teve acesso a trechos das declarações. Elas estão localizadas na primeira parte das gravações feitas pela comissão, nas duas visitas que fez à casa do coronel. No total foram gravadas 17 horas de conversa. Desse total, ainda existem 7 horas que não foram integralmente degravadas. Nelas, o coronel trata sobretudo de sua ação na Guerrilha do Araguaia.

O coronel Malhães foi uma peça das mais importantes na engrenagem do Centro de Informações do Exército (CIE), que atuava na área de informação e repressão. Integrava o núcleo mais duro da instituição, ao lado de Freddie Perdigão Pereira e Ciro Guedes Etchegoyen, entre outros oficiais. Também atuou na Casa da Morte, o maior centro de tortura e desaparecimento de presos políticos do País entre 1971 e 1973; e na Guerrilha do Araguaia, no Sul do Pará.

O presidente da Comissão Estadual, advogado Wadih Damous, vai encaminhar cópias do depoimento ao Ministério Público Federal e à Comissão Nacional da Verdade (CNV). Ele disse ao Estado que as informações dadas pelo coronel reformado ainda precisam ser melhor analisadas e cotejadas com outros depoimentos.

“Foi um depoimento relevante, de um quadro qualificado da repressão política, que esteve envolvido em diversos episódios da época, entre eles o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, a idealização da Casa da Morte e a Guerrilha do Araguaia”, afirmou. “Sua palavra tem que ser levada em conta. Talvez esteja apontando o caminho adotado pela ditadura em sua política de desaparecimentos. Mas é preciso também cruzar os dados para verificar sua veracidade. Particularmente não estou satisfeito com a informação de que o corpo do deputado Rubens Paiva foi jogado ao mar. Não digo que ele está mentindo, mas também não afirmo que seja tudo verdade.”

O advogado destacou no depoimento do coronel a seguinte declaração: “Podem escavar o Brasil todo, mas não vão achar ninguém, por nós desaparecemos com todo mundo.”

As dúvidas sobre a veracidade das informações do coronel do antigo CEI devem-se sobretudo ao fato de não ter apresentado nenhum documento comprovando sua veracidade. Ele se baseou exclusivamente na memória e, em diversos momentos, confundiu fatos.

Para ler a reportagem do jornal O Globo, com os trechos do depoimento do coronel, clique aqui.

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