Ficha Corrida

16/03/2016

É deste Brasil que eu gosto

OBScena: mascotes da Operação Zelotes e do Operação Ouro Verde (Portocred)

gerdau e nelsonNão gosto do Brasil com filas de virar o quarteirão em busca de emprego por salário mínimo. E isso quando o salário mínimo era U$ 98 dólares. Neste momento, quando o desemprego alcança sua maior taxa depois de FHC, de 9%, índice inferior a maioria dos países europeus.

Não gosto do Brasil que via crime nas manifestações populares. Não gosto daquele Brasil em que os meios de comunicação de massa usavam do poder de uma concessão pública para derrubar governos democraticamente eleitos. Não gosto daquele Brasil em que estes mesmos meios de comunicação faziam parceria com os ditadores, seja para se beneficiarem economicamente, seja para participarem das sessões de tortura de presos clandestinos. Sou contra a volta a um Brasil em que os financiadores do DOI-CODI podiam participar das sessões de estupro, morte e esquartejamento de quem pensava diferente deles. São contra a volta ao tempo em que se escondiam da família os restos mortais das vítimas vilipendiadas clandestinamente, como faziam as peruas da Folha de São Paulo que auxiliavam no transporte para as valas comuns do Cemitério de Perus, em São Paulo. Mesmo que a Folha entenda que isso não fora uma ditadura mas uma ditabranda, mesmo que a Globo admita, em editorial, que foi um erro ter apoiado ditadores, ainda assim e por isso mesmo, não gosto do Brasil que os a$$oCIAdos do Instituto Millenium querem nos impor novamente. Não quero este Brasil de volta. O normal é andar para frente. Poucos animais andam para trás. A volta para trás pedidas pela marcha dos zumbis é piada como aquela contada em livro pelo professor e escritor Dionísio da Silva: Avante, soldados: para trás!

Gosto de vira-lata, mas não suporto pessoas com Complexo de Vira-Lata. Quem vive falando mal do Brasil ou nunca viajou ao exterior, ou de nada serviram suas viagens. O que é uma pena. Em que lugar do mundo se pode produzir durante o ano todo, sem catástrofes naturais? Quantos países do mundo tem o potencial energético do Brasil? Quantos países do mundo tem a quantidade de praias tão belas quanto o Brasil? Quantos países do mundo tem uma pluralidade de raças e religiões que convivem tão bem uma com as outras? Apesar de que o WikiLeaks vazou dados de que os EUA estavam tentando insuflar ódio religioso no Brasil. Ainda não conseguiram implantar o ódio entre as diversas religiões, mas conseguiram disseminar o ódio político. É a velha tática usada em relação aos países africanos, dividir para escravizar. Que não é nova, pois até os persas insuflavam o ódio entre Atenas e Esparta de modo a enfraquece-los ambos e assim mais facilmente lhes tomar terra e água.

Se temos tanta pobreza não é por culpa da vítima, mas destas elites que saem a rua porque seus filhos têm de disputar vaga na universidade com alunos de classes. Se nosso racismo é renitente culpe-se quem, para criminalizar as cotas, perpetra um petardo de obscenidades com o sugestivo título “Não somos racistas”. Se temos tanta pobreza é porque as pessoas e empresas que criminalizam as políticas sociais são as mesmas que tomam empréstimo no BNDES, na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil. Por que eles buscam crédito no Bradesco ou no Santander. Esta mesma classe média financia seus apartamentos na Caixa, por que não usam um banco particular?

As manifestações vestidas com camisas com o escudo da CBF provam não sua ignorância, mas sua moral seletiva. Não sei se é falta de caráter ou mau caratismo, mas eles acham chic em chamar pragmatismo. A melhor herança das manifestações estão registradas nas justificativas do banqueiro Cláudio Procownick, o dinheiro é a medida de todas as coisas. Isso não explica apenas a prostituição, mas principalmente o renitente trabalho escravo.

Todo vez que ouço um sacoleiro de Miami falando mal do Brasil porque pode comprar ternos chineses mais baratos em terras ianques lembro de Nelson Rodrigues e do Complexo de Vira-Latas da nossa classe média. Digo classe média porque a elite não compra em Miami. Nossos ricos, não nossa classe média, compram na Via Mazzini, onde um simples par de sapato pode custar mais de U$ 2.500 dólares. Só o Diabo Veste Prada

É claro que o Brasil tem problemas, sendo que o maior deles é nossa herança colonial, a República dos Doutores. Deste período também herdamos a ideologia do “melhores quadros”, transformada pela reengenharia do PSDB em meritocracia ou choque de gestão. Todos sabemos em que consiste a meritocracia no PSDB, Aécio Neves é melhor exemplo disso. Nunca teve outra atividade além de político, embora aos 17, quando ainda era estudante no Rio de Janeiro, já tinha um emprego fixo no Gabinete do Tio, em Brasília. Quais eram seus méritos para ganhar emprego de gerente na Caixa Econômica Federal? Se fosse pelos méritos, quem deveria ter ganho estes empregos seria sua irmã, Andrea Neves. Aliás, o cabide em que José Serra pendurou a irmã da amante de FHC, Margrit Dutra Schmidt, explica um bocado a respeito da elite que troca o Brasil pela Avenue Foch. Esta meritocracia esqueceu Luciana Cardoso, irmã de FHC, por longos anos no gabinete do Heráclito Fortes. O choque de gestão ficou claro quando FHC entregou para seu genro, David Zylbersztajn, a administração da Agência Nacional de Petróleo.

Nossos vira-latas adoram citar “o Brasil não é um país sério”, porque tomam a si por medida. Atribuem a frase, por ignorância ou má-fé, ao estadista francês Charles De Gaulle. Uma frase destas jamais sairia da boca de um estadista como Charles de Gaulle. É frase típica do vira-latismo das nossas elites, que vestem camisas da CBF para protestarem contra a corrupção. Referendar a CBF não é coisa de ignorante, é comportamento de mau caráter.

Gosto do Brasil porque até corvos como Carlos Lacerda e seu clone, Aécio Neves, podem, de tanto cuspirem pra cima, se afogarem no próprio cuspe.

Gosto do Brasil porque, por vezes, até no STF há republicanismo, como faz agora Teori Albino Zavaschi, liberando integramente, sem vazamentos seletivos, a felação premiada do Delcídio Amaral. A seletividade continua existindo na velha mídia, divulgando seletivamente apenas as partes que endossam seu golpismo. E é compreensível, porque o golpismo está no DNA das cinco irmãs (Veja, Folha, Estadão, Globo & RBS). Elas não sobrevivem, como prova a falência da RBS em Santa Catarina, sem os dutos públicos. Veja que no RS o governo Sartori parcela o salário dos funcionários mas paga em dia a publicidade na RBS. Quem empresa deixaria de pagar seus funcionários para investir a publicidade? Para ficar no âmbito do Tiririca da Serra,  nem a Tumeleiro.

Gosto deste Brasil republicano dos governos de esquerda, que fortalecem as instituições. Só assim para que ocorra operações como Zelotes, a Ouro Verde e a Pavlova (entenda também porque não sai na imprensa gaúcha). Só deste modo ficamos sabendo das atividades do Delcídio Amaral, Eduardo CUnha, Márcio Fortes, Aécio Neves, famiglia Sirotsky, Gerdau, Nardes, Capez, dos coxinhas do Parcão, além da extensa Lista Falciani do HSBC

3 Comentários »

  1. Vamos lá…,
    Se os deputados e senadores foram eleitos para representar o povo e o povo pede uma avaliação sobre o impeachment, onde há golpe nisso? Ninguém está depondo a presidente do nada, com armas na mão, estão abrindo o processo e colocando para avaliar. Se a maioria votar a favor, isso não é golpe, continua sendo democracia, conforme previsão constitucional.
    Apenas para não confundir as coisas!!!

    Comentário por Paulo — 23/03/2016 @ 8:39 am | Responder

    • Não sejamos simplórios. Até para votar há que se ter razoabilidade. Não é porque sejam representantes do povo que eles possam, passando por cima da Constituição, extinguir o STF. A previsão constitucional existe desde que preenchidos os requisitos. Faltam os requisitos. Então, é golpismo, sim! É por isso também que o nome correto é golpe paraguaio. Como em Honduras e no Paraguai, veste-se de pretextos jurídicos para dar golpe. Nas democracias, governos são trocados mediante eleições. Por enquanto a Dilma não tem nenhuma acusação contra ela. Em compensação, já há acusação contra todos os que querem derruba-la. Portanto, a derrubada atende a um único objetivo, impedir que as denúncias sejam apuradas e os corruptos punidos. Eu jamais estaria do lado do Eduardo CUnha, do Aécio Neves e da Rede Globo.

      Comentário por Gilmar Crestani — 25/03/2016 @ 5:27 pm | Responder

  2. […] Sourced through Scoop.it from: fichacorrida.wordpress.com […]

    Pingback por É deste Brasil que eu gosto | Q RIDÃO... — 16/03/2016 @ 12:18 pm | Responder


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