Ficha Corrida

27/10/2013

Azevedo, Magnoli & Pondé, as caras da Folha são

ILUSTRADA EM CIMA DA HORA

Grupo impede debates de colunistas da Folha

Manifestantes em festival na BA suspenderam falas de Demétrio Magnoli e L. F. Pondé

DE SÃO PAULO

Uma manifestação de cerca de 30 estudantes interrompeu ontem duas mesas na Flica (Festa Literária Internacional de Cachoeira), na Bahia.

O protesto pedia o cancelamento de debates com o sociólogo Demétrio Magnoli e o filósofo Luiz Felipe Pondé, colunistas da Folha. A organização da Flica cancelou as mesas para garantir a segurança dos convidados.

A mesa "Donos da Terra? – Os Neoíndios, Velhos Bons Selvagens", da qual participavam Magnoli e a historiadora Maria Hilda Baqueiro Paraíso, foi interrompida 20 minutos após o início do debate, que havia começado às 10h (no horário da Bahia, que não adere ao horário de verão).

Segundo Emanuel Mirdad, um dos organizadores da Flica, os alunos, que estavam sentados assistindo ao debate, gritaram palavras de ordem contra Magnoli, a quem chamaram de racista.

O protesto seguiu com alunos se despindo. Outros estudantes jogaram uma cabeça de porco no palco.

"Eu sou um antirracista e é por isso que sou contra as cotas. Os grupos, a fim de não discutir argumentos sobre cotas, preferem lançar impropérios. Eles não se limitam a fazer isso. Eles depredam o debate", afirma Magnoli.

A organização do festival deslocou seguranças para proteger Magnoli, que se recusou a deixar o palco. Para encerrar a manifestação, os alunos exigiram o cancelamento da mesa em que Pondé participaria, às 20h (hora local) e a divulgação de um manifesto.

Com a participação de Pondé e do sociólogo francês Jean-Claude Kaufmann, a mesa, de nome "As Imposições do Amor ao Indivíduo", discutiria o tema do amor.

A organização do festival permitiu que os estudantes lessem a nota no palco. O evento decidiu cancelar também a mesa com Pondé, que ocorreria à noite.

"[A acusação de racismo] É uma coisa idiota. Quem me lê sabe que eu nunca escrevi nada desse tipo. Isso revela a estupidez do movimento deles e o caráter totalitário e difamatório", afirma Pondé.

"Eu acho errado cota baseado em raça, seja lá qual raça for. O que devia existir é uma escola pública decente, mas dizer que é racismo é mau-caratismo."

Era o quarto dia do festival, previsto para terminar hoje.

A reportagem não conseguiu localizar representantes do grupo de alunos antes da conclusão desta edição.

7 Comentários »

  1. […] Como se diz, não se fala de corda em casa de enforcado. Na Folha de Eliane Cantanhêde, de Demétrio Magnoli, de Reinaldo Azevedo, e outros do mesmo quilate, o conteúdo que Prata vendia por ironia é […]

    Pingback por Quando a ironia depende de explicação | andradetalis — 14/11/2013 @ 4:24 am | Responder

  2. […] Como se diz, não se fala de corda em casa de enforcado. Na Folha de Eliane Cantanhêde, de Demétrio Magnoli, de Reinaldo Azevedo, e outros do mesmo quilate, o conteúdo que Prata vendia por ironia é […]

    Pingback por Quando a ironia depende de explicação | Ficha Corrida — 10/11/2013 @ 10:10 am | Responder

  3. Os estudantes poderiam “enquadrá-los”, questiona-los, inquiri-los na hora do debate, mas cercear o debate, impedir alguém de expor seu ponto de vista é no mínimo perigoso. Seria “progressista” trocar a censura, o obscurantismo verde-oliva pelo vermelho-foice-martelo? Numa sociedade democrática todos têm direito à palavra, e a justiça apara as pontas, as calúnias e difamações. O debate, incluindo de opiniões que pareçam idiotas, sofríveis, é que eleva o nível de compreensão dos assuntos, o discurso “monoideológico” é “pluricerceante”.

    Comentário por Humberto — 28/10/2013 @ 1:45 pm | Responder

    • Bem, Humberto. Os estudantes sabiam o que estavam fazendo. Isto é, Magnoli tem espaço cativo na velha mídia. Pode falar sem contraditório o que quiser. Os alunos não precisam de mais demonstrações. Não é verdade que todos tem direito à palavra. Desde quando Folha, Estadão, Globo, Veja, RBS dão espaço para estudantes se defenderem das imbecilidades ditas por sujeitos como estes Magnoli?!

      Comentário por Gilmar Crestani — 03/11/2013 @ 4:26 pm | Responder

      • Gilmar, vamos ponderar. O fato de um sujeito dar sua opinião num grande veículo não justifica proibi-lo de falar em outros foros.
        Ninguém proíbe esses estudantes de falarem nos grandes veículos midiáticos. Eles não têm chance por outros motivos, como pouca influência, pouca simpatia dos donos dos jornais e TV’s etc. Mas não porque são proibidos.

        Comentário por Rafael José Caruccio — 07/11/2013 @ 12:02 am | Responder

      • Não seria mais democrático, ali mesmo no evento, mandar perguntas para os palestrantes? Incrementar o debate? Tem gente que, por pura falte de leitura mesmo, pensa que ser contra cotas é igual a racismo, que aconselhar uma filha a não andar à noite na rua é machismo etc. Os debates estão se tornando conversa de mudo pra surdo. Isto não é esquerda x direita, é outra coisa que ainda não consegui definir.

        Comentário por Rafael José Caruccio — 07/11/2013 @ 12:07 am | Responder

  4. […] A Folha de São Paulo, com a chegada de expoentes da direita amestrada como Reinaldo Azevedo e Demétrio Magnoli, um vira-bosta e um racista, solta hoje mais esta pérola do torcidômetro conta Lula e Dilma: […]

    Pingback por Fracassomaníacos | Ficha Corrida — 28/10/2013 @ 7:42 am | Responder


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