Ficha Corrida

15/06/2014

Dinheiro compra tudo, não todos!

 

O tiro saiu pela culatra

15 de junho de 2014 | 01:54 Autor: Miguel do Rosário

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A dignidade, assim como a coragem, é contagiosa. Jornalista da ESPN ensina isso.

Transcrição o texto lido pelo jornalista:

“Eu queria dizer a esses destemperados e malcriados, frequentadores de mural, que tem a mania de dizer impropérios, xingar, maltratar, não respeitar a opinião alheia. E que tem como gurus gente que só semeia o ódio, a inveja – gente como Demétrio Magnoli, Augusto Nunes, Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo – , que eu continuarei, daqui dessa tribuna, falando desse jeito, do jeito que eu faço. Eu não vou me envergar! Podem vir, com pedras, que eu trarei laranjas, pra gente saborear aqui nos intervalos.”

Jornalista José Trajano, falando sobre os xingamentos à Presidenta Dilma Rousseff.

O tiro saiu pela culatra | TIJOLAÇO | “A política, sem polêmica, é a arma das elites.”

08/01/2014

Capitães-de-mato

Filed under: Demétrio Magnoli,kátia Abreu,Tenharim — Gilmar Crestani @ 7:20 am
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Magnoli, a Kátia Abreu de cuecas

Postado por Juremir em 5 de janeiro de 2014

Por José Ribamar Bessa Freire

05/01/2014 – Diário do Amazonas

Demétrio Magnoli, doutor em Geografia, nunca pisou o chão da aldeia Tenharim em Humaitá, sul do Amazonas, invadida neste natal por madeireiros e outros bichos ferozes. Nunca cheirou carne moqueada de anta cozida no leite de castanha, nem saboreou essa iguaria refinada da culinária Kagwahiva. Jamais ouviu narrativas, poesia ou o som melodioso da flauta Yrerua tocada na Casa Ritual – a Ôga Tymãnu Torywa Ropira. Nem assistiu a festa tradicional – o Mboatava. Para falar a verdade, ele nunca viu um índio Tenharim em toda sua vida, nem nu, nem de tanga ou em traje a rigor. Nunca.

Não sabe o que perdeu. Não importa. O papa também nunca esteve no inferno, nem viu o diabo chupando manga, mas discorre sobre o tema. Desta forma, Magnoli se sentiu à vontade para escrever, na quinta feira, A Guerra do Gentio, no Globo (02/01), no qual comenta o recente conflito, numa área que desconhece e dá palpites sobre a identidade de índios, que nunca viu. Quando a gente carece de experiência e de vivência pessoal, procura as fontes ou quem estudou o assunto. O papa, por exemplo, lê a Bíblia e os teólogos. O que leu Magnoli sobre os Tenharim?

Nada de consistente. Muita gente boa escreveu sobre eles, com uma reconhecida produção etnográfica. Nimuendaju descreveu os Parintintin, com quem conviveu nos anos 1920, no rio Madeira. O gringo Waud Kracke redigiu a tese na Universidade de Chicago, nos anos 1970, depois de gravar os cantos e narrativas na língua Kagwahiva, que aprendeu a falar. Miguel Angel Menéndez viajou pelo Tapajós para a tese de doutorado na USP, no final dos anos 1980. Edmundo Peggion fez uma etnografia dos Tenharim e defendeu sua tese sobre a organização Kagwahiva, na USP, publicada em 2011.

Cacique motoqueiro

O geógrafo Magnoli, formado também pela USP, nem seu souza. Ignora-os, assim como desconhece a documentação dos arquivos. Menciona os jesuítas e o ciclo da borracha, sem apoio de qualquer fonte histórica. Não consultou na Biblioteca de Évora o manuscrito de Manoel Ferreyra, que percorreu a região em meados do séc. XVIII. Para isso, nem precisa viajar a Portugal. Basta ir ao Museu do Índio, no Rio, onde estão também microfilmes de relatórios do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) dos anos 1920-30 redigidos pelo inspetor Bento Lemos, que fornece dados históricos sobre os Tenharim e outros povos Kagwahiva, conhecidos até 1920 pelo nome genérico de Parintintin.

Ou seja, o cara não pesquisou nos arquivos, não leu os antropólogos, nunca ouviu um Tenharim, mas usa a página nobre de um jornal de circulação nacional para cagar regras – essa é a expressão – sobre os Kagwahiva. Pontifica sobre eles num texto que pretende ser infalível como uma encíclica. Insinua que a morte de Ivan Tenharim, na estrada, foi acidente de trânsito como quer a polícia, e não assassinado em uma emboscada como afirmam os índios. Aliás, segundo ele, o “cacique motoqueiro” nem índio é. Rouba-lhe a identidade depois de morto, falando urbi et orbe como o papa:

“O cacique motoqueiro dos Tenharim, as aldeias indígenas que vivem de rendas de pedágios clandestinos, os índios terena e guarani que cultivam melancias em “terras sagradas”para vendê-las no mercado não são “povos da floresta”, mas brasileiros pobres de origem indígena”.

Demétrio dixit. Qual o critério que ele usa para do alto das suas tamancas trombetear quem é índio e quem não é? O mercado. Eis aí: o mercado opera o milagre da transfiguração de índios em ‘brasileiros pobres’. Vendeu uma melancia? Então deixou de ser índio – afirma o contundente Magnoli. Sem o respaldo das ciências sociais, seu discurso deriva para o senso comum. E o senso comum, no caso, se chama Kátia Abreu, senadora, pecuarista e articulista do caderno Mercado da Folha de São Paulo, porta-voz do agronegócio.

Cartilha de Kátia

Magnoli reza pela cartilha de Katia Abreu, a quem segue como um cachorrinho a seu amo. Copia dela ipsis litteris, sem aspas, até a negação da identidade indígena. Só troca ‘silvícola’ por ‘gentio’, mas a ‘matriz epistemológica’ é a mesma: o interesse do agronegócio nas terras indígenas. Se a venda de uma melancia transforma o ‘gentio’ em ‘brasileiro pobre’, então a terra onde a plantou deixa de ser indígena e fica assim liberada para os donos da soja, da cana e do gado. Magnoli não questiona a terra concentrada em mãos de um único fazendeiro, mas o faz quando se trata de comunidades indígenas, manifestando maliciosamente fingida dúvida:

“Muita terra para pouco índio”, diz uma sabedoria popular cada vez mais difundida, mesmo se equivocada” – escreve Magnoli. Que ‘sabedoria’ é essa? Que ‘popular’ é esse? Quem difunde? Se é equivocada, porque ele e outros formadores de opinião espalham tal equívoco? Magnoli repete a mesma lenga-lenga da Katia Abreu – a terra é secundária, o que os índios, “necessitam é, sobretudo, de postos de saúde e escolas públicas”. Critica o termo oficial “desintrusão” para descrever a remoção de todos os não índios das terras indígenas, porque não aceita chamá-los de “intrusos”.

Uma vez mais reproduz o discurso de Kátia Abreu que igualmente não conhece os índios nem de vivência, nem de leitura ou pesquisa, mas também caga regras, que Magnoli copia e o leitor lê, comprando gato por lebre. Copia até o método – a “abreugrafia” – que consiste em dispensar o trabalho de campo e o contato direto com os índios, que nunca são ouvidos contrariando uma regra básica do jornalismo. Reforça preconceitos boçais e chega a ofender os índios quando reproduz acriticamente o discurso do “senso comum”:

“Edvan Fritz, almoxarife, deu um passo conceitual adiante: “Eles [os índios] vêm à cidade, enchem a cara, fazem baderna e fica por isso. Índio é protegido pelo governo que nem bicho, então tem de ficar no mato, não tem que viver em dois mundos, no nosso e no deles” – escreve Magnoli.

O outro lado

É isso que Magnoli transcreve. No entanto, o bom jornalismo manda ouvir o outro lado. Por que quando no “outro lado” estão os índios, quase nunca eles são ouvidos, mesmo quando são bilíngues e falam português? Duas excelentes jornalistas – Elaíze Farias e Kátia Brasil – publicaram no portal Amazônia Real, a entrevista do índio Ivanildo Tenharim, refugiado no quartel do Exército em Humaitá, depois da invasão à aldeia, onde ele dá a sua versão sobre os recentes ataques:

“Existem muitos madeireiros que têm raiva da gente porque eles não podem invadir a reserva para tirar madeira. Tempos atrás, com as operações da Funai e de outros órgãos, eles tiveram carros e tratores apreendidos e ficaram com mais raiva. O que eles fizeram foi aproveitar o momento para se unirem contra nós, se articulando com a população. Foram eles que bancaram o protesto de sexta-feira, quando invadiram as aldeias”.

A Polícia confirma as informações do índio: “Identificamos fazendeiros, madeireiros e funcionários tentando invadir a Terra Indígena Tenharim – declarou o tenente coronel Everton Cruz. A expedição punitiva que saiu de Apuí no dia 26 de dezembro contou com 29 caminhonetes “para fazer buscas aos três homens desaparecidos” – informou o delegado Robson Janes, que apontou também a presença de madeireiros e fazendeiros. Para a líder indígena Margarida Tenharim as acusações de que os três homens foram mortos por índios não tem provas: “É um absurdo. Não fazemos isso”.

Mas a voz dos índios não encontra eco no espaço do jornal gerenciado por Demétrio Magnoli, que aproveita para atacar Lula e o que chama de lulismo, responsáveis – segundo ele – pelos conflitos. Desrespeita, além disso, Dilma Rousseff, a quem denomina depreciativamente de “presidente de direito”, em oposição a Lula que seria o “presidente de facto”. Seu ataque é tão rasteiro e primário que, lendo-o, dá vontade de votar na Dilma, mesmo sabendo de que Kátia Abreu faz parte de sua base aliada. Desconfio que se trata de propaganda subliminar.

Demétrio Magnoli, militante de esquerda do grupo trotskista Liberdade e Luta (LIBELU) nos anos 1980, não ouve o outro lado porque trocou de lado. Agora quem dá as cartas para ele é o agronegócio. Madalena arrependida, Demétrio Magnoli podia ser a Kátia Abreu de paletó e gravata, mas é a Kátia de cueca, que ficaria limpa se lavada nas águas ainda claras do igarapé Preto da aldeia Tenharim.

27/10/2013

Azevedo, Magnoli & Pondé, as caras da Folha são

ILUSTRADA EM CIMA DA HORA

Grupo impede debates de colunistas da Folha

Manifestantes em festival na BA suspenderam falas de Demétrio Magnoli e L. F. Pondé

DE SÃO PAULO

Uma manifestação de cerca de 30 estudantes interrompeu ontem duas mesas na Flica (Festa Literária Internacional de Cachoeira), na Bahia.

O protesto pedia o cancelamento de debates com o sociólogo Demétrio Magnoli e o filósofo Luiz Felipe Pondé, colunistas da Folha. A organização da Flica cancelou as mesas para garantir a segurança dos convidados.

A mesa "Donos da Terra? – Os Neoíndios, Velhos Bons Selvagens", da qual participavam Magnoli e a historiadora Maria Hilda Baqueiro Paraíso, foi interrompida 20 minutos após o início do debate, que havia começado às 10h (no horário da Bahia, que não adere ao horário de verão).

Segundo Emanuel Mirdad, um dos organizadores da Flica, os alunos, que estavam sentados assistindo ao debate, gritaram palavras de ordem contra Magnoli, a quem chamaram de racista.

O protesto seguiu com alunos se despindo. Outros estudantes jogaram uma cabeça de porco no palco.

"Eu sou um antirracista e é por isso que sou contra as cotas. Os grupos, a fim de não discutir argumentos sobre cotas, preferem lançar impropérios. Eles não se limitam a fazer isso. Eles depredam o debate", afirma Magnoli.

A organização do festival deslocou seguranças para proteger Magnoli, que se recusou a deixar o palco. Para encerrar a manifestação, os alunos exigiram o cancelamento da mesa em que Pondé participaria, às 20h (hora local) e a divulgação de um manifesto.

Com a participação de Pondé e do sociólogo francês Jean-Claude Kaufmann, a mesa, de nome "As Imposições do Amor ao Indivíduo", discutiria o tema do amor.

A organização do festival permitiu que os estudantes lessem a nota no palco. O evento decidiu cancelar também a mesa com Pondé, que ocorreria à noite.

"[A acusação de racismo] É uma coisa idiota. Quem me lê sabe que eu nunca escrevi nada desse tipo. Isso revela a estupidez do movimento deles e o caráter totalitário e difamatório", afirma Pondé.

"Eu acho errado cota baseado em raça, seja lá qual raça for. O que devia existir é uma escola pública decente, mas dizer que é racismo é mau-caratismo."

Era o quarto dia do festival, previsto para terminar hoje.

A reportagem não conseguiu localizar representantes do grupo de alunos antes da conclusão desta edição.

25/05/2012

Pimenta Neves, o bom companheiro de Demétro Magnoli

Onde é mesmo que Demétrio Magnoli dá expediente? No Estadão. Então, óbvio ululante. As fontes do Estadão são tão podres quanto às da Veja. Aliás, eles não são parceiros do Instituto Millenium? O diretor de redação do Estadão, Pimenta Neves, colega de Demétrio Magnoli, assassinou Sandra Gomide. Elementar, caro Watson! Pelo que se tem visto, há mais bandidos no coronelismo eletrônico dos grupos mafiomidiáticos que no Presídio Central. Chamem o camburão!

Em artigo de defesa, Demétrio Magnoli condena a revista Veja

Em artigo de defesa, Demétrio Magnoli condena a revista VejaFoto: Montagem/247

Sociólogo foi mais um a defender Policarpo Júnior, ao dizer que jornalistas podem ter fontes criminosas, desde que não soneguem do público notícias relevantes (exatamente o que Veja fez)

25 de Maio de 2012 às 08:36

247 – O sociólogo Demétrio Magnoli bem que tentou socorrer a revista Veja, mas seu artigo “Os bons companheiros”, publicado ontem, no jornal O Globo, na prática, condena o jornalismo praticado pela revista – e, em especial, pelo diretor da sucursal brasiliense, Policarpo Júnior.

Na sua argumentação, Magnoli sustenta que jornalistas podem, sim, se aproximar de fontes criminosas, desde que essa aproximação os ajude a revelar fatos e notícias de interesse público. Mas, na frase seguinte, ele afirma que jornalistas não têm, no entanto, o direito de sonegar do público notícias relevantes.

É exatamente aí que Magnoli se trai e acaba condenando o jornalismo praticado por Veja. Na sua relação de uma década com Carlos Cachoeira, Idalberto Matias e Jairo Martins, Policarpo Júnior tinha plena ciência de quem eram e do que faziam os personagens. Chamava Cachoeira de “empresário de jogos”, quando, no Brasil, essa espécie, proibida por lei, não existia – o que há são bicheiros.

Veja também tinha total conhecimento de que Cachoeira era o verdadeiro "segredo do sucesso" da empreiteira Delta no Centro-Oeste – há, inclusive, um grampo em que um repórter da revista tranquiliza Dadá sobre uma reportagem que sairia no fim de semana, dizendo que o alvo não era a construtora (leia mais aqui).

Segundo Magnoli, o suposto ataque à liberdade de imprensa, nas críticas que vêm sendo feitas a Policarpo Júnior, teria sido organizado por uma máfia de “bons companheiros”. No entanto, o que ficou claro com a Operação Monte Carlo é que os verdadeiros “goodfellas” eram Policarpo, Dadá, Jairo e Cachoeira.

Leia, abaixo, o artigo de Magnoli:

‘Os bons companheiros’, um artigo de Demétrio Magnoli

PUBLICADO NO GLOBO DESTA QUINTA-FEIRA

DEMÉTRIO MAGNOLI

De “caçador de marajás”, Fernando Collor transfigurou-se em caçador de jornalistas. Na CPI do Cachoeira, seu alvo é Policarpo Jr., da revista “Veja”, a quem acusa de associar-se ao contraventor “para obter informações e lhe prestar favores de toda ordem”. Collor calunia, covardemente protegido pela cápsula da imunidade parlamentar. Os áudios das investigações policiais circulam entre políticos e jornalistas ─ e quase tudo se encontra na internet. Eles atestam que o jornalista não intercambiou favores com Cachoeira. A relação entre os dois era, exclusivamente, de jornalista e fonte ─ algo, aliás, registrado pelo delegado que conduziu as investigações.

Jornalistas obtêm informações de inúmeras fontes, inclusive de criminosos. Seu dever é publicar as notícias verdadeiras de interesse público. Criminosos passam informações ─ verdadeiras ou falsas ─ com a finalidade de atingir inimigos, que muitas vezes também são bandidos. O jornalismo não tem o direito de oferecer nada às fontes, exceto o sigilo, assegurado pela lei. Mas não tem, também, o direito de sonegar ao público notícias relevantes, mesmo se sua divulgação é do interesse circunstancial de uma facção criminosa.

Os áudios em circulação comprovam que Policarpo Jr. seguiu rigorosamente os critérios da ética jornalística. Informações vazadas por fontes diversas, inclusive a quadrilha de Cachoeira, expuseram escândalos reais de corrupção na esfera federal. Dilma Rousseff demitiu ministros com base naquelas notícias, atendendo ao interesse público. A revista na qual trabalha o jornalista foi a primeira a publicar as notícias sobre a associação criminosa entre Demóstenes Torres e a quadrilha de Cachoeira ─ uma prova suplementar de que não havia conluio com a fonte. Quando Collor calunia Policarpo Jr., age sob o impulso da mola da vingança: duas décadas depois da renúncia desonrosa, pretende ferir a imprensa que revelou à sociedade a podridão de seu governo.

A vingança, porém, não é tudo. O senador almeja concluir sua reinvenção política inscrevendo-se no sistema de poder do lulopetismo. Na CPI, opera como porta-voz de José Dirceu, cujo blog difunde a calúnia contra o jornalista. Às vésperas do julgamento do caso do mensalão, o réu principal, definido pelo procurador-geral da República como “chefe da quadrilha”, engaja-se na tentativa de desqualificar a imprensa ─ e, com ela, as informações que o incriminam.

O mensalão, porém, não é tudo. A sujeição da imprensa ao poder político entrou no radar de Lula justamente após a crise que abalou seu primeiro mandato. Franklin Martins foi alçado à chefia do Ministério das Comunicações para articular a criação de uma imprensa chapa-branca e, paralelamente, erguer o edifício do “controle social da mídia”. Contudo, a sucessão representou uma descontinuidade parcial, que se traduziu pelo afastamento de Martins e pela renúncia ao ensaio de cerceamento da imprensa. Dirceu não admitiu a derrota, persistindo numa campanha que encontra eco em correntes do PT e mobiliza jornalistas financiados por empresas estatais. Policarpo Jr. ocupa, no momento, o lugar de alvo casual da artilharia dirigida contra a liberdade de informar.

No jogo da calúnia, um papel instrumental é desempenhado pela revista “Carta Capital”. A publicação noticiou falsamente que Policarpo Jr. teria feito “200 ligações” telefônicas para Cachoeira. Em princípio, nada haveria de errado nisso, pois a ética nas relações de jornalistas com fontes não pode ser medida pela quantidade de contatos. Entretanto, por si mesmo, o número cumpria a função de arar o terreno da suspeita, preparando a etapa do plantio da acusação, a ser realizado pela palavra sem freios de Collor. Os áudios, entretanto, evidenciaram a magnitude da mentira: o jornalista trocou duas, não duzentas, ligações com sua fonte.

A revista não se circunscreveu à mentira factual. Um editorial, assinado por Mino Carta, classificou a suposta “parceria Cachoeira-Policarpo Jr.” como “bandidagem em comum”. Editoriais de Mino Carta formam um capítulo sombrio do jornalismo brasileiro. Nos anos seguintes ao AI-5, o atual diretor de redação de Carta Capital ocupava o cargo de editor de “Veja”, a publicação na qual hoje trabalha o alvo de suas falsas denúncias. Os editoriais com a sua assinatura eram peças de louvação da ditadura militar e da guerra suja conduzida nos calabouços. Um deles, de 4 de fevereiro de 1970, consagrava-se ao elogio da “eficiência” da Operação Bandeirante (Oban), braço paramilitar do aparelho de inteligência e tortura do regime, cuja atuação “tranquilizava o povo”. O material documental está disponível no blog do jornalista Fábio Pannunzio, sob a rubrica “Quem foi quem na ditadura”.

Na “Veja” de então, sob a orientação de Carta, trabalhava o editor de Economia Paulo Henrique Amorim. A cooperação entre os cortesãos do regime militar renovou-se, décadas depois, pela adesão de ambos ao lulismo. Hoje, Amorim faz de seu blog uma caixa de ressonância da calúnia de Carta dirigida a Policarpo Jr. O fato teria apenas relevância jurídica se o blog não fosse financiado por empresas estatais: nos últimos três anos, tais fontes públicas transferiram bem mais de um milhão de reais para a página eletrônica, distribuídos entre a Caixa Econômica Federal (R$ 833 mil), o Banco do Brasil (R$ 147 mil), os Correios (R$ 120 mil) e a Petrobras (que, violando a Lei da Transparência, se recusa a prestar a informação).

Dilma não deu curso à estratégia de ataque à liberdade de imprensa organizada no segundo mandato de Lula. Mas, como se evidencia pelo patrocínio estatal da calúnia contra Policarpo Jr., a presidente não controla as rédeas de seu governo ─ ao menos no que concerne aos interesses vitais de Dirceu. A trama dos bons companheiros revela a existência de um governo paralelo, que ninguém elegeu.

Em artigo de defesa, Demétrio Magnoli condena a revista Veja | Brasil 247

13/08/2011

DEMo na propaganda

Filed under: Ali Kamel,Demétrio Magnoli,Política de Cotas,Reinaldo Azevedo — Gilmar Crestani @ 7:39 am
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Mas a prática é outra, muito diferente. Por fora, bonita embalagem, por dentro, grande porcaria. Adivinhe qual foi o partido que entrou com ação no STF contra a política de cotas? O DEMo! Aliás, nenhuma surpresa. Demétrio Magnoli, no Estadão, Reinaldo Azevedo na Veja e Ali Kamel, n’O Globo foram os grandes comparsas do DEMo na luta contra a política de cotas. Agora, mais uma vez, o DEMo quer se apropriar do que não é seu. Mas é da sua natureza… e tem no PIG seus principais aliados. Aliás, os a$$oCIAdos dod Instituto Millenium abraçaram a causa em nome do DEMo, talvez pelo simples prazer de combater mais uma iniciativa de esquerda. Mais do que discutir idéias ou levar aos leitores informações, o PIG está armado para combater a esquerda. Taí porque Bolsonaro se sai liso e ileso nas análises da mídia.

DEM põe negro como garoto-propaganda e ataca esquerda

Em depoimento gravado para inserções do partido, jovem baiano afirma que ”esquerda não é dona da periferia” e defende cotas

13 de agosto de 2011 | 0h 00

Lucas de Abreu Maia e Bruno Siffredi / ESTADÃO.COM.BR – O Estado de S.Paulo

Em uma nova inserção partidária que vai ao ar hoje, o DEM usa o depoimento de um militante negro para criticar a esquerda e tentar aproximar o partido da população pobre. No vídeo, o jovem baiano Bruno Alves diz morar na periferia e afirma: "Alguns políticos pensam que eu tenho que ser de esquerda". "A esquerda não é dona dos jovens nem da periferia", afirma Bruno na propaganda de 30 segundos.

Ele defende, em seu depoimento, bandeiras tradicionalmente associadas ao governo Lula e partidos de esquerda. Diz ser a favor das cotas "para pobres, independente (sic) da cor" e do Bolsa Família. "Mas as pessoas não podem depender dela (da bolsa) para sempre", diz. E arremata: "Eu quero mais. Quero saúde, segurança e paz".

A ideia das propagandas é, segundo o senador José Agripino Maia (RN), presidente nacional do DEM, "fixar uma posição de centro e eliminar da esquerda qualquer ideia de progressismo". Ele nega, contudo, que o partido esteja usando a raça de Bruno Alves para atacar a esquerda. "São simbologias. A esquerda se coloca como protetora de certos conceitos", afirma. "Mas (o vídeo) não está atacando a esquerda. Está fazendo uma constatação. Aquele rapaz teve uma ação. Ele é um ativista do partido que por acaso é da cor negra."

Agripino admite, entretanto, que o objetivo das inserções é retirar do DEM a pecha de direitista e elitista. "O DEM não é um partido de elite e esta é a linha que foi adotada nos programas, (Os vídeos) conceituam o partido e mostram sua atuação na oposição."

Em outra inserção que também começa a ser exibida amanhã, o DEM mostra uma maçã podre e a compara ao governo do PT. "O Democratas é assim: fiscaliza o governo, aponta os erros, cobra responsabilidades e luta por mais transparência", diz o narrador, enquanto são exibidas manchetes de jornais com denúncias contra o PT – uma delas intitulada "Petista é preso com R$ 437 mil em notas", de 2005.

Os dois vídeos, dirigidos por José Fernandes – marqueteiro da bem-sucedida campanha à reeleição de Agripino Maia ao Senado -, terminam com o slogan: "Democratas, o partido da sociedade livre e da democracia brasileira".

DEM põe negro como garoto-propaganda e ataca esquerda – brasil – Estadao.com.br

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