Ficha Corrida

31/10/2016

Filha da puta não tem filiação

Filed under: Ana Júlia Ribeiro,Estudantes,Fascismo,MBL,PSDB — Gilmar Crestani @ 8:57 am
Tags:

Meu pai, João, era gremista e da ARENA. Eu nunca seria da ARENA, embora tenha flertado com seu gremismo.

Lembro, lá na roça, ouvindo seu radinho de pilha, “Plante que o João garante”, lema de uma campanha do ditador de plantão para os agricultores. De João para João, parecia dois em um. Ou um em dois. Era o tempo de João Batista Figueiredo, aquele que preferia o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo.

Aliás, a direita tem essa do cheiro. A Eliane Cantanhêde tem essa de que o povo do PSDB é uma massa cheirosa. Já os CUritibanos elegeram neste domingo Rafael Greca, aquele dos tubos, que vomitou com o cheiro de povo.  

Pois é novamente do Paraná que vem mais uma pérola fascistóide. A estudante, ainda adolescente, Ana Júlia Ribeiro é uma farsa porque é filha de petista. Claro, para quem o ódio é a medida para todas as coisas, só poderia ver com veneno o fruto da árvores envenenada.

O ataque parte da Milícia dos Bundas Liberadas à menina se deve ao simples fato de que ela é filha de petista. É compreensível que assim o façam. Eles medem os outros tomando a si por parâmetro. É que entre eles, são assim, o filho é uma mera extensão do pai. Na cabeça dos anencefálicos não há absolutamente nenhum livre arbítrio. O que não é doutrinado pelo pai, é pela Rede Globo e acabou o assunto. Sempre amei meu pai, mas nunca fui sua extensão. Nem ele quis que o fosse. Será que FHC quis que Luciana Cardoso e Paulo Henrique Cardoso fossem iguais a ele? Seguissem as mesmas ideologias e as mesmas práticas? Eduardo CUnha também sonhou com filhos à sua imagem e semelhança?

Parece que a direita fascista concebe filhos não em úteros, mas em formas. As boçalidades que li pelo simples fato de a menina ser filha de petista não é um retrato da atualidade brasileira. É uma filosofia onde quer que haja fascistas! É a manifestação pura e simples de seres abduzidos para serem meros robôs. Até papagaio teria mais cérebro.

Como não há limite para a imbecilidade, como não lembrar do sambista Dicró: “Todo filho de piranha parece com o pai”.

A secundarista Ana Julia e o inquisidor rabugento

Comente

O Brasil conheceu esta semana, na figurinha frágil, chorosa mas convicta de uma menina de 16 anos, um comovente motivo de ter esperança no futuro.

Ana Júlia Ribeiro confrontou aqueles engravatados e mal-encarados deputados da Assembleia Legislativa do Paraná para explicar a eles porque os secundaristas do Estado – e, agora, pelo Brasil afora – estão ocupando suas escolas.

A garota começou com uma pergunta óbvia mas cortante: afinal, a quem pertencem as escolas? Por que, então, chamar aquele movimento de baderna?

Por dez minutos, Ana Julia fez engolir em seco aquele rebotalho da velha, velhíssima política num pedaço do  Paraná que parece sonhar com o IV Reich.

Velha política que, arriscando-se a uma comparação arriscada, se manifestou pela voz do presidente da, digamos, casa, um Ademar Traiano.

Ilustre desconhecido no Brasil, embora seja dono de sete mandatos estaduais no Paraná, Traiano, do PSDB, quis censurar a menina com a arrogância típica dos truculentos, dos reacionários e dos machistas.

De repente, graças às redes sociais, Sua Senhoria obteve seus 15 minutos de fama. Ao frescor juvenil, honesto, franco, corajoso de Ana Julia, contrapunha-se o ridículo porta-voz do passado.

Fico imaginando o massacre midiático que Ana Júlia irá sofrer, por parte dos escribas de aluguel. Na idade dela, Joana d’Arc também apanhou muito da Inquisição , dos ingleses invasores e do status quo dos franceses traíras.

Ana Julia e sua geração não têm sonhos de heroísmo nem de santidade. Só pretendem um pouquinho de justiça e de bom senso num país que aderiu definitivamente à marcha da insensatez.

Blog do Nirlando Beirão – R7

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.