Os médicos cubanos e o tiro de canhão de Serra no próprio pé
Kiko Nogueira 19 de julho de 2013
Em 1999, ele defendeu a vinda de profissionais de Cuba, medida que chama hoje de “absurda”.
Serra é um mestre na arte de se superar. Em visita ao Senado na terça, convocada por ele mesmo, desceu a lenha no programa “Mais Médicos”, que pretende ampliar a presença de profissionais estrangeiros no Brasil.
“É um tiro no pé. Um tiro de canhão porque é uma medida absurda, inclusive para enfraquecer o próprio governo”, disse. “A ideia é não fazer nada, é fazer propaganda e publicidade. A questão é fazer o efeito de passar para a opinião pública que está preocupado com a saúde”.
Grande estrategista político, ao menos segundo ele mesmo, Serra deu mais um tiro de canhão no próprio pé. Em 1999, quando ministro da Saúde, falando sobre a dificuldade de levar profissionais para o interior do país, defendeu a vinda de médicos cubanos. De acordo com o Jornal de Brasília daquele ano, afirmou que apresentaria “uma solução jurídica que vai permitir a permanência dos médicos cubanos no Brasil”.
Num jantar na casa do então senador Ney Suassun, ele voltaria ao tema. “Serra defendeu também a permanência de médicos cubanos no país, que, ao contrário de colegas brasileiros, seriam menos resistentes à idéia de trabalhar no interior do Brasil”.
Em 2000, seu ministério redigiria um decreto para regulamentar o trabalho dos estrangeiros, especialmente de Cuba, que atuavam na região Norte.
Na época, naturalmente, não houve um pio de jornais e revistas contra a importação de médicos.
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Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.
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