A torcida colombiana de Porto Alegre maltratou meus quatro labradores. Com todo calor que fazia ontem à noite, insistiram para entrar em casa logo no primeiro minuto do jogo do Inter com Once Caldas. Eles não suportam tiros e rojões e buscam abrigo dentro de casa. Eram as viúvas de Pablo Escobar que iniciaram cedo as comemorações. Deveriam saber que é sempre prematuro comemorar um pênalti roubado contra o Inter, e logo no primeiro minuto de jogo.
Hoje a torcida colombiana de Porto Alegre deve engrossar procissão de Navegantes com uma melancia na cabeça e uma abóbora no pescoço. É a única chance dos azuizinhos obterem alguma notoriedade. Quiçá a santa os livre da segunda segundona.
O Inter jogou contra o time colombiano com superioridade incontestável. De quem está nas altitudes há mais tempo que Once Caldas. E sobrou futebol para guardar no estoque um saco de gols perdidos. Oxalá estejam reservados para domingo.
Felizmente, para Victor Vapurub, D’Alessandro não deve jogar o Grenal, já que para a semana Inter já tem jogo pela Libertadores, contra Juan Aurich. E os azuizinhos continuarão sua saga pelo interior da província de São Pedro. A rodoviária os espera para levarem, de ônibus, jogar uma pelada do gauchinho. E o Inter, que dá tantas alegrias à sua torcida, às vezes também se permite alegrar os de pijama. Tanto é que as maiores alegrias deles neste século vem do Inter. Triste sina. Quem não tem time, torce pelo fracasso do outro. Ontem mesmo, fizeram previsões catastróficas, baseados em experiência própria. Mas praga de urubu não prega em cavalo gordo.
Quem pode e conhece, joga com o regulamento embaixo do braço. Inter fez isso ontem, como já o fez em edições anteriores. Fez isso, inclusive, na decisão do gauchinho 2011 quando enfrentou os vizinhos dos cemitérios da Azenha. Quando o jogo vale alguma coisa, o Inter vai lá e grava com ferro e fogo na paleta.
Dizem que o Inter dobrou o salário de D’Ale. Tudo bem. Melhor assim, merecia ter sido triplicado. Vale por um time inteiro de pijama de presidiário. Foi D’Ale que dobrou o time colombiano. Vale cada centavo que recebe. Nas horas vagas poderia ganhar uns trocados dando aulas particulares para Douglas, que tanto maltrata a mítica camisa 10. Ou dar aula de economia para Rockenbach, pois os reais pagos pela melhor torcida tem valor muito superior aos Ienes chineses. Na comparação das moedas, o melhor cotação foi ditada pelo coração. E o coração de D’Alessandro bate com sangue é vermelho!
E Tinga tem raça! Correu como um menino de 18 anos, e jogou como um veterano que conhece todos os atalhos do campo. Só Guiñazu correu mais que ele, mas Guina é de outro planeta. E, não bastasse a marcação implacável, ainda obrigou o bom goleiro do altiplano a fazer importante defesa.
E, para finalizar, se Colombo tivesse desembarcado ontem na Colômbia, teria encontrado pelo menos um Índio, que, como bons vinhos, melhora com o passar do tempo. Sem a precipitação de um Nei, ou o açodamento de um Moledo, Índio foi o cacique da aldeia, com seu tacape certeiro não errou um único golpe. No bang bang do futebol, provou mais uma vez que Índio também pode ser xerife!
Por Felipe Silveira
Redação/Porto Alegre
Fotos: Alexandre Lops
O Internacional segue na luta pelo Tricampeonato da América! O time colorado empatou em 2 a 2 com o Once Caldas, em jogo disputado na noite desta quarta-feira, em Manizales, na Colômbia, e garantiu a vaga na fase de grupos da Libertadores.
Os colombianos fizeram 1 a 0 em uma cobrança de pênalti logo no começo da partida, mas D’Alessandro igualou o placar, também de pênalti, minutos depois. Tinga chegou a colocar o Colorado em vantagem, mas González empatou ainda no primeiro tempo. Na etapa final, o Campeão de Tudo foi inteligente e soube administrar o resultado favorável que começou a ser construído uma semana antes, com a vitória de 1 a 0 no Beira-Rio.
Tinga comemora o segundo gol: Inter segue na luta pelo tricampeonato continental
Na próxima fase, o Inter enfrentará Santos, Juan Aurich, do Peru, e The Strongest, da Bolívia, no Grupo 1. O primeiro jogo será na próxima quinta-feira (9/2), contra o Juan Aurich, no Beira-Rio. Clique aqui e saiba mais sobre a fase de grupos.
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Time modificado
O Inter encarou o desafio em Manizales com uma alteração em relação à escalação utilizada no jogo de ida, uma semana atrás, no Beira-Rio. O atacante Dagoberto, que havia torcido o tornozelo, iniciou no banco de reservas. Tinga foi aproveitado na sua vaga. O lateral Nei, que sentia dores no joelho, foi submetido a um teste momentos antes da partida, mas acabou sendo liberado para jogar. O Inter foi a campo com Muriel; Nei, Rodrigo Moledo, Índio e Kleber; Bolatti; Guiñazu, Tinga, Oscar e D´Alessandro; Leandro Damião.
Golpe duro no comecinho
O começo da partida não poderia ser mais complicado em Manizales. Logo a 1min, a bola foi cruzada para a área e Nei se chocou pelo alto com Beltrán. De forma surpreendente, o árbitro Francisco Chacon marcou pênalti. Nuñez converteu e fez 1 a 0 para o time da casa. O adversário colombiano seguiu pressionando. Aos 7min, após confusão na área colorada, a bola acertou a trave. Dois minutos depois, Nuñez chutou de fora da área e Muriel defendeu.
D’Ale empata, também de pênalti
Mas bastou que o Inter conseguisse encaixar um contra-ataque para igualar o placar. Aos 10min, Oscar recebeu grande lançamento de D’Alessandro, invadiu a área e foi derrubado por Casierra quando preparava o chute. Pênalti claro para o Inter! D’Alessandro, com a braçadeira de capitão, cobrou no cantinho direito, sem chance para o goleiro! 1 a 1.
D’Alessandro foi uma das principais peças do Inter em Manizales
Dois gols em três minutos
O jogo seguiu eletrizante, com as duas equipes buscando o gol. Aos 16min, Pajoy ficou cara a cara com Muriel, mas o chute saiu fraquinho, nas mãos do goleiro colorado. No lance seguinte, Leandro Damião cruzou da direita e Casierra quase fez gol contra. A bola saiu pela linha de fundo. O Inter rondava a área do Once Caldas. Aos 21min, Kleber cruzou da esquerda e Oscar ajeitou com o peito para D’Alessandro, que tocou para Tinga na pequena área. O volante desviou com categoria, no canto esquerdo, para fazer 2 a 1. Mas a vantagem no placar não durou muito. Aos 24min, o ataque do Once Caldas envolveu a marcação colorada e González chutou para empatar novamente a partida.
Ritmo alucinante
O duelo no Palogrande era de tirar o fôlego. Inter e Once Caldas imprimiam um forte ritmo em campo. Era ‘lá e cá’, como se costuma dizer na gíria do futebol. Aos 28min, Nuñez arriscou de fora da área e a bola passou raspando a trave esquerda. Aos 34min, o Inter protagonizou uma jogada espetacular. Após uma troca de passes que mais parecia uma partida de futevôlei, tamanha era a qualidade dos toques, Damião escorou de cabeça para Oscar, que chutou por cima do gol defendido por Martínez. A bola raspou o travessão!
Aos 36min, González chutou de longa distância e Muriel agarrou firme. Um minuto mais tarde, o camisa 1 fez defesa providencial após chute de Amaya que sofreu desvio no meio do caminho. Aos 45min, D’Alessandro experimentou de longe, mas a bola tomou muita elevação.
Inter se fecha bem e aposta no contra-ataque
A primeira boa chance do segundo tempo foi do Inter. Guiñazu chutou da meia-lua e o goleiro teve que se esticar todo para defender. A bola entraria no ângulo esquerdo, em uma excelente conclusão do volante argentino. Para reforçar a marcação, Tinga passou a atuar um pouco mais recuado no meio-campo junto a Guiñazu e Bolatti. A principal arma do Inter na etapa final, como não poderia ser diferente, era o contra-ataque.
Aos 9min, Pajoy cobrou falta e Muriel fez defesa parcial. Reinoso, em posição de impedimento, pegou o rebote e chutou para o gol, que foi bem anulado pela arbitragem. Aos 15min, Reinoso cabeceou perigosamente ao lado do gol colorado. A resposta do Inter foi imediata: D’Alessandro partiu com a bola dominada, invadiu a área, passou pelo zagueiro, mas a finalização foi com um chute fraco, facilitando a defesa do goleiro colombiano.
Aos 17min, Tinga, de boa atuação, deixou o jogo para a entrada de Elton. O Inter tinha dificuldade de sair do campo de defesa. O Once Caldas, por sua vez, lançava-se ao ataque na tentativa de diminuir a vantagem construída pelo Campeão de Tudo, afinal, precisava marcar mais dois gols para ficar com a vaga. Aos 21min, Pajoy cobrou escanteio fechado e quase surpreendeu Muriel. Aos 26min, Reinoso concluiu de bicicleta, mas Muriel estava atento e fez a defesa com segurança.
Aos 31min, Kleber cruzou e Leandro Damião, livre de marcação na área, concluiu para fora, desperdiçando grande chance de ampliar. O Once Caldas seguia ameaçando. Aos 32min, Reinoso, sempre ele, desviou de cabeça e Muriel fez grande defesa, evitando o terceiro gol do time de Manizales. Aos 34min, Damião saiu para a entrada de Dagoberto. E aos 40min, por muito pouco o atacante não marcou o gol da vitória. O chute passou ao lado do gol de Martínez.
Mas a classificação já estava assegurada. Os dois gols marcados na casa do visitante, somados ao gol de Damião no jogo de ida, no Beira-Rio, foram mais do que suficientes para que o Inter seguisse vivo na luta pelo tricampeonato continental.
"Sabíamos que não seria fácil, mas tivemos qualidade para marcar gols. Pena que ainda não estamos na nossa melhor condição física, mas foi uma bela apresentação. Criamos várias portunidades de gol", avaliou o técnico Dorival Júnior.
"Superamos a altitude e o Once Caldas. Tomamos um gol logo no começo do jogo, em um pênalti que acho que não foi, mas soubemos superar as dificuldades", disse Oscar.
"O grupo está de parabéns, pois o objetivo era passar de fase. Vamos continuar trabalhando para melhorar", projetou D’Alessandro.
"Nosso grupo foi muito aguerrido. Temos todas as condições de seguir adiante na busca pelo título", destacou o presidente Giovanni Luigi.
Once Caldas (2): Neco Martínez; Ramos, Diego Amaya, Acosta e Casierra (Cuero); David Álvarez (Del Valle), Rivas, Mario González; Nuñez, Beltrán (Reinoso), Pajoy. Técnico: Pompilio Páez.
Internacional (2): Muriel, Nei, Rodrigo Moledo, Índio e Kleber; Bolatti, Guiñazu, Tinga (Elton), D’Alessandro e Oscar (Fabrício); Leandro Damião (Dagoberto). Técnico: Dorival Júnior.
Gols: Nuñez (O), de pênalti, aos 2 min do 1º tempo; D’Alessandro (I), de pênalti, aos 12 min do 1º tempo; Tinga (I), aos 23 min do 1º tempo; González (O), aos 25 min do 1º tempo.
Cartões amarelos: Nei, Oscar, Muriel (I).
Árbitro: Francisco Chacon, auxiliado por Jose Luis Camargo e Juan Rangel (trio mexicano).
Local: Palogrande, Manizales.