Ficha Corrida

23/05/2014

Calma! Passô! Passô!

Filed under: Copa 2014,Grupos Mafiomidiáticos,Manada,Manipulação,Tijolaço — Gilmar Crestani @ 11:01 pm
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Hoje de manhã, como faço todas as manhãs, me deparei com a manchete fora de contexto da Folha sobre a Copa. Confesso que fiquei atônico, sem entender o que estava se passando. Fui conferir se não não era um site fake, uma Falha de São Paulo. Não. Não era. Por razões diversas, outros blogs sujos também fizeram leituras diferentes sobre o mesmo fenômeno sobrenatural. A pergunta que subjaz a todos os que acompanham a histeria hidrófoba da mídia em relação à Copa é como foi possível uma campanha obcecada contra a Copa sem qualquer lastro com a realidade e tenha sido engolida sem qualquer análise pela manada que segue bovinamente tudo o que a velha mídia manda fazer. Tanto o Nassif como o Tijolaço tiveram a mesma perplexidade. Embora tenhamos enveredado pelos vias diversas, o ponto de chegada é o mesmo: quem vai se responsabilizar pelos imensos prejuízos causados à imagem do Brasil, à conta do psiquiatra do Paulo Coelho, a todos os imbecis que ficam imprecando contra a Copa sem apresentar um único argumento com fundamento senão a repetição daqueles que torcem contra a Copa com o único sonho de, como isso, tentar prejudicar Dilma. Se preciso fosse, e se resolvesse em dividendo eleitoral, jogariam novamente Bomba no Riocentro… 

A seguir, o que publiquei esta manhã. Abaixo, na sequência, o texto do Tijolaço:

As empresas de mídia atreladas aos partidos de oposição vislumbraram nos tumultos contra a Copa uma forma de alavancar o peso morto de seus candidatos. O IBOPE de ontem sepultou de vez os morto-vivos como Aécio Neves. Hoje, a Folha saiu de sua contumaz crítica aos gastos para a Copa. Em nenhum momento a Folha divulgou que não há dinheiro público nos investimentos dos estádios, apenas empréstimos, que por serem empréstimos devem ser pagos, do BNDES. Até aí, as cinco famiglias (Civita, Frias, Mesquita, Marinho & Sirotsky) do Instituto Millenium também se valem dos empréstimos do BNDES. Os investimentos públicos das três esferas (Federal, Estaduais e Municipais) estão voltados às obras de mobilidade urbana. As ruas, viadutos, calçamentos continuarão existindo depois da Copa. São o legado. A Folha nunca publicou, por razões óbvias, que não há nenhum centavo do orçamento Federal destinado à construção dos Estádios. Pior do que a manipulação dos grupos mafiomidiáticos atrelados à direita hidrófoba é a manada que não usa nenhum dos dois neurônios antes de distribuírem desinformações.

Quando um Ministro do Governo Dilma dá alguma declaração que possa ser explorada politicamente pela oposição, como aquela do Guido Mantega dizendo que o Governo trabalha para que os preços não subam, a Folha dá em manchete para acusar o governo de “intervencionismo econômico”. Quando os eventuais futuros ministros do candidato Aécio Neves falam que está muito alto o salário mínimo, ou que precisam privatizar a Petrobrás e o Banco do Brasil e provocar mais arrocho salarial, aí a Folha fecha-se em copas.

Se o custo da Copa equivale a um mês de gastos com educação, os milhões sonegados pela Globo e pelo Itaú, custeariam a educação por quantos meses?!

Quando se cai na real, a conversa sobre a Copa é outra

23 de maio de 2014 | 08:55 Autor: Fernando Brito

graficocopa

Com anos de atraso, a Folha publica hoje um levantamento feito pelos repórteres Gustavo Patu, Dimmi Amora e Filipe Coutinho que, como e diz nas conversas informais, “baixa a bola” dos “gastos absurdos com a Copa do Mundo”.

É o que dá ter raros momentos de jornalismo correto na mídia brasileira, porque não é nenhum “furo”, mas apenas a compilação de dados que são e sempre foram públicos.

A começar pela abertura do texto escrito pelos três:

Mesmo mais altos hoje do que o previsto inicialmente, os investimentos para a Copa representam parcela diminuta dos orçamentos públicos.

Alvos frequentes das manifestações de rua, os gastos e os empréstimos do governo federal, dos Estados e das prefeituras com a Copa somam R$ 25,8 bilhões, segundo as previsões oficiais.

O valor equivale a, por exemplo, 9% das despesas públicas anuais em educação, de R$ 280 bilhões.

Em outras palavras, é o suficiente para custear aproximadamente um mês de gastos públicos com a área.

E eles próprios se encarregam de dizer que nem sequer é assim, porque estes gastos diluíram-se pelos últimos sete anos e, sobretudo, porque uma parte ( a maior parcela, 32%) é feita com financiamentos de bancos públicos (quase toda do BNDES) e vai retornar.

Adiante falarei dela.

Bem, do gráfico publicado, conclui-se que o Governo Federal gastou R$ 5,8 bi diretamente com a Copa: R$ 2,7 bi na modernização e ampliação dos aeroportos, R$ 1,9 em segurança pública – quase tudo equipando, a fundo perdido, as polícias estaduais -, R$ 600 mil em portos, R$ 400 mil em telecomunicações  e R$ 200 milhões em gastos diversos.

Aeroportos e portos, além de serem serviços públicos essenciais ao desenvolvimento econômico, geram receitas de tarifas e concessões.

Nenhum tostão, como você vê, em estádios.

Do dinheiro dos estádios, um total de R$ 8 bilhões, perto da metade veio de financiamentos federais, através do BNDES, de duas formas: debêntures e empréstimos.

Debêntures são “letras” financeiras e, no caso do estádio, seus tomadores pagam 6,2%% de juros mais a inflação do período.

No caso dos empréstimos, os tomadores, além de oferecer garantias, têm de pagar  TJLP (taxa de juros de longo prazo), que de 2009 para cá variou entre 6,25% e 5%, mais  1,4% (taxa  BNDES + intermediação financeira), mais risco de crédito (até 4,18%), além da taxa que o o tomador pagará a o banco operar o crédito. No total, portanto, pagam juros muito semelhantes (em geral um pouco maiores, em alguns momentos frações de centésimo menores) que a taxa de juros com que o Governo capta dinheiro no mercado.

Isso quer dizer que não houve empréstimo subsidiado pelo Governo Federal?

Sim, houve,  maiores. E continuam existindo, independente de Copa.

São os recursos para obras de mobilidade urbana que, só nos empreendimentos ligados à Copa, receberam  R$ 4,4 bilhões.

Como é isso: o BNDES financia contrando TJLP + 2% no caso de o empréstimo ser tomado por Estados e Municípios ou por TJLP + 1% + risco de crédito de até 4,18% no caso do financiamento ser feito por empresa privada.

Convenhamos que  é uma forma muito mais adequada de o banco usar seus recursos em favor da população do que, como fez em 2002, aplicar R$ 281 milhões (R$ 1 bilhão, hoje, corrigidos pela taxa Selic) na Net, então propriedade dos Marinho (a família mais rica do Brasil), que estava enforcada de dívidas.

No caso dos Estados e Municípios, a grande maioria, boa parte dos gastos vem  das contrapartidas locais para obras de mobilidade (R$ 2,4 bi, ou 41%) e os restantes R$ 3,3 bilhões em gastos diretamente com obras dos estádios e com as do seu entorno (ruas, praças, pátios, passarelas).

Os números insuspeitos publicados pela Folha vêm na mesma linha daquilo que ontem se comentou aqui.

Tirando os gastos imprevistos de três governos estaduais (Sérgio Cabral , com o Maracanã, Agnelo Queiroz, com o Mané Garrinha e Aécio Neves-Anastasia como Mineirão, que começou as obras ainda na gestão do atual candidato do PSDB à Presidência), os outros dois estádios que custaram muito mais do que o inicialmente previsto, o Beira-Rio e o Itaquerão, foram  tocados pela iniciativa privada.

Há uma hidrofobia de direita implantada na mídia e em parte da classe média que eclipsa qualquer capacidade de exame racional dos fatos.

Se eu fosse um obtuso irracional, que não reconhecesse o direito de uma categoria profissional essencialíssima , como a dos professores, poderia dizer que se gastou muito mais que aquele “um mês”  de Educação que a Copa custou com as greves e paralisações (em geral, justas) do magistério.

E isso seria uma apelação, porque eu estaria colocando nos direitos dos professores a “culpa” das nossas históricas carências no setor.

Colocar na Copa a “culpa” pelos problemas da educação, da saúde, da assistência social, da habitação é, igualmente, uma estupidez.

Que só tem um fundamento, embora a maioria dos que fazem isso não o percebam: as eleições.

Quando se cai na real, a conversa sobre a Copa é outra | TIJOLAÇO | “A política, sem polêmica, é a arma das elites.”

19/05/2014

Ração para vira-lata: 50% a mais de gasto com a Copa

Filed under: Complexo de Vira-Lata,Copa 2006,Copa 2014 — Gilmar Crestani @ 9:09 am
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copa da hipocrisia

O complexo de vira-lata se confunde com o torcidômetro do contra.  Quando o Brasil anunciou a vinda da Copa e das Olimpíadas, ninguém se mostrou contra. Pelo contrário, o que teve de político tentando tirar uma casquinha da conquista do Lula não está no gibi. De repente, os que não tem voto descobriram que torcer contra a Copa poderia ser a única arma para derrotarem Lula e Dilma. Até aí, nada demais, é direito dos políticos tiraram proveito de tudo o que lhes der retorno político. Algo bem diferente são os jornais, revistas, rádios e Tvs embarcarem na onda só para favorecerem seus parceiros. As disputas pela hegemonia ideológica conta com a ignorância das pessoas cuja inveja é o atributo que floresce sempre que alguém consegue fazer o que nem em sonho conseguiram. São alimentados pelas vozes do ódio contra quem faz. Torcem para quem só sabe desfazer, destruir,vender… Viva os vira-bostas da mídia e seus vira-latas que comem ração que lhes é fornecida gratuitamente.

02/06/2006 – 09h09

Alemanha gastou 50% a mais que o previsto com estádios

copa 2014 glçoboRodrigo Mattos
Da Folhapress
Em São Paulo

Na construção dos estádios da Copa do Mundo, os organizadores alemães ultrapassaram os gastos previstos e estouraram prazos de obras. É o que mostra comparação entre o documento de candidatura da Alemanha para o Mundial e os dados do site do Comitê Organizador, após as reformas.

ESTÁDIOS TERÃO NÚMERO MENOR DE ASSENTOS DO QUE PREVISTO

A maioria dos estádios alemães terá menos lugares para o público na Copa do que previa a candidatura. Boa parte deles ficou maior do que o plano, mas, para o Mundial, foram reduzidos os assentos disponíveis aos torcedores.
São dez os estádios que receberão menos gente do que estava planejado. As exceções são os campos de Kaiserslautern e de Dortmund, cuja capacidade inicial foi ampliada.
Sede da final, o estádio de Berlim foi um dos que mais encolheram para o Mundial. Para a decisão, terá 10 mil lugares a menos do que o prometido.
Na candidatura, a previsão era de um estádio de 77.190 pessoas, sendo 65.268 de torcedores.
O estádio construído comporta 74.220 pessoas. Por segurança, a capacidade caiu para 66.021 na Copa. Excluídos os VIPs e a imprensa, sobraram 55.562 lugares na final.
Todos os estádios sofreram restrições similares. Considerada a capacidade total, sete deles tiveram aumento em relação à proposta inicial. Mas, com as reduções impostas para a Copa, receberão menos gente que o previsto. Três deles ficaram, efetivamente, menores. E dois estão iguais ao planejado.

copa dos oportunistasEntregue em 2000 à Fifa, a proposta alemã previa gastos de 940,6 milhões de euros (R$ 2,8 bilhões) com os 12 estádios escolhidos para o Mundial. Mas as despesas da Alemanha com essas reformas totalizaram 1,410 bilhão de euros (R$ 4,2 bilhão).
Houve acréscimo de 471,1 milhões de euros (R$ 1,4 bilhão), ou seja, 50% mais do que o previsto.
A explosão de gastos ocorreu em 10 dos 12 estádios. A maior diferença foi em Munique.
A idéia inicial era reconstruir o Estádio Olímpico, com investimento de 84,6 milhões de euros (R$ 249,3 milhões). Mas os clubes Bayern de Munique e o TSV 1860 bancaram um novo estádio, a Alianza Arena, por 280 milhões de euros (R$ 825,4 milhões).
Em Nuremberg, porém, o custo foi multiplicado por quase 20 vezes e tudo foi pago pelo Estado e prefeitura locais.
As prefeituras, os Estados e o governo federal bancaram a maior parte dos gastos da Copa, empregando 620 milhões de euros (R$ 1,8 milhão). Clubes e empresas pagaram o restante.
"Há muito mais dinheiro privado neste Mundial do que no de 1974. Naquela época, era só dinheiro publico", explicou o vice do Comitê Organizador Wolfgang Nierbach à "Folha de S.Paulo".
Além dos gastos inflados, 7 dos 12 estádios foram completados depois do prazo prometido. Sttutgart protagonizou o maior atraso. Previsto para agosto de 2001, só foi inaugurado no final de 2005.
Três ficaram prontos nas datas previstas. Hannover e Colônia anteciparam as obras.
A Alianza Arena estourou o prazo por 35 meses. "Os clubes quiseram fazer um novo estádio por conta deles", explicou Stephan Eiermann, assessor do Comitê Organizador. Foi um dos cinco estádios novos.
Ainda há novas praças em Gesenkirchen, Hamburgo, Frankfurt e Leipzig. Em outras sete sedes, houve reformas.

24/03/2014

De onde vem o ataque à Petrobrás!

imprensa e ditaduraSe eles vigiam empresa na China, porque não vigiariam uma concorrente em Pasadena?! Parece óbvio, e é. A partir de dados coletados em Pasadena que, relacionados com projetos políticos contrários à empresa no Brasil, a NSA/CIA consegue casar o boato fundado e meias verdades. A versão vencedora depende da capacidade em se desmontar o quebra-cabeça. Na equação Brasil x EUA fica fácil. Os EUA encontram mais facilmente vira-latas em território brazuca do que chineses dispostos a colaborarem com os EUA em prejuízo à China. Nossos vira-bostas são insuperáveis na arte do sabujismo. Ninguém mais ao redor do mundo faz o papel de capacho do que colonistas e âncoras dos grupos mafiomidiáticos tupiniquins. Não é mero acaso que a simples menção à eventual prejuízo ourice os vendilhões da pátria para a privatização.

Como mostra charge do Santiago a respeito do papel da imprensa na implantação da ditadura no Brasil, nada hoje é mais permeável ao interesses das grandes corporações norte-americanas (e isso é sinônimo de interesse ianque) do que as cinco irmãs (RBS, Folha, Globo, Veja & Estadão).

EUA vigiam empresa da China, diz ‘NY Times’

Objetivo seria invadir aparelhos fabricados

DE SÃO PAULO

A Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) teve acesso aos servidores da Huawei, uma das maiores empresas de tecnologia da China, informou anteontem o jornal americano "The New York Times".

Com base em documentos obtidos pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden, o jornal diz que a NSA conseguiu obter informações sobre as operações e as comunicações dos diretores da empresa.

A operação, chamada Shotgiant, teria como objetivo localizar vínculos entre a empresa e o Exército Popular de Libertação, entidade acusada pelos americanos de invadir sistemas do governo e de empresas nos EUA a pedido do regime chinês.

A publicação, no entanto, afirma que o plano também era explorar a tecnologia da empresa para poder controlar as comunicações de aparelhos, como celulares e tablets, exportados para outros países.

Para a NSA, alguns suspeitos de terrorismo espionados utilizam aparelhos da companhia. Nos últimos anos, os EUA limitaram a expansão da Huawei no país por vê-la como uma ameaça à segurança nacional.

Segundo relatório do Congresso americano, os aparelhos da empresa são considerados porta de entrada para a espionagem chinesa. O documento recomendou também que os produtos não fossem usados pelo governo e por empresas americanas, o que gerou atrito com Pequim.

02/02/2014

Profissão, manifestante

Filed under: Manipulação — Gilmar Crestani @ 9:13 am
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bandeira-manifestanteBatman de passeata

Protético que comparece aos protestos do Rio vestido de homem-morcego confessa ter ‘síndrome de super-herói’

BERNARDO MELLO FRANCODO RIO

Passe livre, greve de professores, gastos com a Copa do Mundo. Não importa a causa: se é dia de manifestação no Rio, a presença dele é tão garantida quanto os coros contra o governador Sérgio Cabral (PMDB).

Desde junho de 2013, o protético Eron Morais de Melo, 32, sai de casa fantasiado de Batman para participar dos protestos. Ficou amigo dos "black blocs", escalou os Arcos da Lapa, foi preso e colecionou fotos nos jornais.

"No dia do primeiro protesto, eu pensei: Quero ir, mas quero fazer algo diferente’. Não queria ser mais um na multidão", conta o homem-morcego carioca.

A inspiração para o figurino veio de uma montagem no Facebook na qual o prefeito Eduardo Paes (PMDB), responsável pelo aumento das passagens de ônibus, era retratado como o Coringa.

"Se o Eduardo Paes é o Coringa, amigo, eu sou o Batman!", decretou Melo. "Mas não é só uma fantasia bonita. Tem que ter conteúdo."

CELEBRIDADE

Depois de sete meses nos protestos de rua, ele virou celebridade na semana passada, graças à internet. Foi filmado discutindo com moradores do Leblon, após um "rolezinho" frustrado no shopping do bairro.

O vídeo já foi assistido mais de 500 mil vezes na internet.

"O Batman acabou se tornando uma pessoa pública", diz Melo, falando do personagem na terceira pessoa.

"Eu encaro isso como uma missão. O Brasil precisa de um herói. O Batman não vai salvar a nação sozinho, mas tem o papel de chamar as pessoas para lutarem pelos seus direitos", discursa.

O Bruce Wayne carioca vive numa casa simples no subúrbio de Marechal Hermes, a quase 30 quilômetros da praia e do bairro com o metro quadrado mais caro do país.

No vídeo que o tornou famoso, o cineasta Dodô Brandão, morador do Leblon e diretor do esquecido "Dedé Mamata" (1988), o acusa de exaltar um símbolo do capitalismo americano.

"É um discurso de nacionalismo hipócrita", reage o protético. "Ele toma Coca-Cola, usa calça jeans? Nada disso é nacional. Se o herói dele for o Saci-Pererê, se ele só tomar caldo de cana, aí pode conversar comigo", desafia.

Orgulhoso, o dublê de super-herói conta que venceu torneios de "cosplay", em que jovens se fantasiam de personagens dos quadrinhos, e confeccionou a própria fantasia, à exceção da máscara.

SEM BATMÓVEL

Melo já sai de casa a caráter, para a alegria da criançada que joga bola em frente à batcaverna. Sem batmóvel, ele vai para os protestos de trem. Até a Central do Brasil, de onde vai a pé para as manifestações no centro, são 18 estações. A reação dos passageiros é mais amigável que a dos policiais.

"Já tomei muita bomba de gás lacrimogêneo. Na passeata dos professores, na Cinelândia, tossi tanto que perdi o rumo. Alguém viu que estava passando mal e me tirou do tumulto", lembra.

Uma cena parecida se deu na terça-feira passada, quando a Folha acompanhou Melo de sua casa até um ato no centro do Rio.

Ele marchava na avenida Presidente Vargas quando foi detido por usar máscara, desafiando a lei estadual que proíbe o uso do adereço. Já estava no camburão quando os gritos de "Solta o Batman!" e o assédio da imprensa convenceram a PM a liberá-lo.

"Viva a liberdade e a democracia!", ele saiu berrando, com o punho erguido e a presença garantida nos jornais cariocas do dia seguinte.

Mais tarde, o protético subiria nas roletas da Central e seria recompensado com o assédio de uma ativista fantasiada de Mulher Gato.

Em casa, ele conta, a reação é um pouco diferente. "Minha mulher fica brava, diz que sou marido e filho ao mesmo tempo. Mas não tem jeito: quando vejo uma injustiça, não consigo ficar parado. Ela sabe que tenho síndrome de super-herói."

Melo diz que foi convidado a se filiar a um partido de esquerda, mas recusou.

"O lugar do Batman não é com os políticos, é na rua com o povo", afirma, do alto de seu bat-palanque imaginário. "Se eu luto contra o sistema, não posso entrar nele!"

03/09/2013

Planalto quer fechar Globo e Veja e prender William Waack?

Filed under: Arapongagem made in USA,Bandidagem,Isto é EUA! — Gilmar Crestani @ 9:04 am
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Planalto quer fechar empresa que ajuda espião

‘Pode ser banco, empresa de telefonia’, diz ministro das Comunicações sobre alcance da futura medida

02 de setembro de 2013 | 22h 54

Lu Aiko Otta – O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA – Dilma Rousseff quer incluir na legislação brasileira um dispositivo que permita suspender a operação de empresas que cooperarem com esquemas de espionagem internacionais. A presidente também encomendou o fortalecimento da rede interna de comunicação do governo, pois ainda hoje muitos de seus auxiliares usam serviços vulneráveis como o Gmail.

Veja também:
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As duas medidas foram discutidas ontem na reunião de Dilma com os ministros diretamente envolvidos no caso das suspeitas de espionagem dos EUA. "Pode ser banco, empresa de telefonia", disse o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, sobre a suspensão de operações de empresas. "Se cooperarem com esses esquemas, terão a licença de operação aqui no Brasil cancelada", disse ao Estado.

O dispositivo deverá ser incluído no marco civil da internet, em discussão no Congresso, ou no projeto de lei de segurança de dados pessoais, que está em elaboração pelo governo. Dilma pediu a Bernardo e ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para rever os textos e incluir modificações.

Além da possibilidade de punição às empresas, ela quer obrigar sites estrangeiros, como o Facebook e outros, a armazenarem dados de brasileiros no Brasil. Hoje, eles ficam guardados nos EUA. Isso deverá constar do novo marco da internet.

A denúncia que as comunicações de Dilma e seus principais assessores estariam sendo monitoradas levou a presidente a pedir o fortalecimento da rede de comunicação do governo.

"Vamos ter de construir uma intranet em áreas sensíveis", disse Bernardo. Além da Presidência, ele citou os ministérios da Defesa, Relações Exteriores e Advocacia-Geral da União.

Hoje, os e-mails de Dilma são criptografados, assim como seus telefones. Porém, não é raro que ela utilize aparelhos não criptografados para se comunicar com os seus ministros.

Na equipe de governo, nem toda troca de correspondência se dá de forma segura. "Tem gente que manda e-mail pelo Gmail, com cópia para o Obama", disse Bernardo. A ideia é estabelecer protocolos mais seguros.

Aplicativos. Dilma pediu também uma análise dos aplicativos mais utilizados no País. Há suspeitas de que aplicativos possam ser utilizados para acessar outros dados do usuário.

O governo quer, ainda, oferecer um e-mail criptografado gratuito para brasileiros. O projeto está em estudos pelos Correios e deverá ser lançado no ano que vem. O aporte de recursos públicos, se houver, será pequeno.

04/07/2013

Comparativismo

Filed under: Comparativismo,Energúmenos — Gilmar Crestani @ 9:33 am
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O Brasil formador de opinião, com diploma de curso superior e menosprezo pelos que NÃO tem o mesmo “iluminismo formal”, adora comparar, sem contextualizar, itens de serviços brasileiros com os do chamado primeiro mundo. A partir de um dado isolado tomam a parte pelo todo. Desenterram uma unha e logo associam ao pé que o Saci-Pererê não tinha.

A primeira falácia nestas comparações facebookeanas está em desconsiderar a evolução histórica. Falam como não só estivéssemos estagnados no tempo, como até teríamos regredido. Para fundamentar, nada. Nenhum dado. Se alguém ainda acredita nisso, relinche! Dizem que tudo está ruim e citam a Suécia para comparar transportes. Tratam da saúde da Espanha sem apresentar um dado. Por que não comparam com a saúde da Espanha de hoje?

Uma questão básica, que de tão elementar dá pena do comparativista, tenta explicar a insatisfação generalizada. Estar insatisfeito não é tradução direta de que estejamos pior do que já estivemos. Quem não tinha emprego e hoje tem, não pode, por óbvio, se contentar com as latinhas cheias de arroz e feijão. Quer carne. De primeira. E pensa no acesso à educação. Quando a tem, quer de qualidade. Quando tem, não quer pagar. Busca acesso à saúde, quiçá um plano da UNIMED… 

Ter conseguido comer não supre outras carências. Um fogão novo, uma geladeira, uma tv. Se tinha tv, agora quer de Led. A melhora em relação ao passado não impõe renúncia a melhoras ainda maiores. Portanto, querer mais não  significa ter piorado. A menos, claro, que a inveja por ter conseguido menos que o invejado pode ter reduzido ainda mais a massa encefálica. Seria só inveja? Ou ódio ao que também obteve avanços? Medo que alguém melhorou e eu não? Alguém passou na UFRGS e eu, não? Inveja do vizinho que consegue no SUS tratamento para aqueles procedimentos caros, como aqueles para o câncer, que seus planos particulares não cobrem? Ou só a soma de todos os medos? Será que os energúmenos já assistiram o documentário do Michel Moore, SOS Saúde?

Não me parece que seja difícil entender que em época de pouco emprego, quem tem procura preservar o seu. Quando a bandeira do emprego desaparece, perder até pode ser uma oportunidade para arrumar algo ainda melhor, e por isso os riscos são menores.  Deve ser por isso que nas passeatas não há faixas pedindo mais emprego… Como não ver que antes se trabalhava num regime quase escravocrata, com um contingente de desempregados que destruía famílias inteiras, sem poder fazer greve porque o olho da rua era serventia do patrão. Hoje, com o pleno emprego, quem perder num encontra logo noutro lugar. Mas a gente não quer só emprego, não é mesmo?! Queremos emprego, diversão e arte. Alguns seguem a meca das propagandas e querem viajar a Miami, Cancun, Rivera…

É evidente que a gente não quer só emprego. Queremos diversão, arte, faculdade gratuita e posto de saúde a 200 metros de casa com toda infraestrutura e medicação. Um pronto socorro em cada bairro. E a SAMU em todas as esquinas. Claro, com médicos que trabalhem mais de quatro hora por dia, pois, como diz a propaganda, “não se faz saúde sem médicos”…  Diante da falta de médicos, será que a categoria, para evitar a vinda de médicos estrangeiros, estaria disposta a uma carga horária de 5 horas diárias? Cinco!

E quais são os elementos usados pelos mistificadores do comparativismo?

A Escandinávia, pela qualidade dos serviços oferecidos, sempre foi considerada exemplo. De quantas horas é a jornada de trabalho dos médicos lá? Queremos serviços da Escandinávia, mas não queremos a carga tributária da escandinávia. Lá todos pagam, aqui só paga quem não consegue sonegar. Veja a Rede Globo, campeã do moralismo rastaquera classe mérdia, sonegando 2,1 bilhões só em imposto de renda. Pior, quando devem, conseguem renegociar ou até isenção, quando não empréstimos subsidiados, como conseguiu a RBS no tempo de FHC (eis aí a razão pela qual Pedro Parente e Pérsio Arida, depois de apeados do governo federal, viraram membros da corte Sirotsky…)

Quantos hospitais poderiam ser melhor aparelhados com os impostos sonegados pela Rede Globo? São os mesmos grupos mafiomidiáticos que não contratam jornalistas, para não assinar carteira nem recolher direitos sociais, mas obrigam a se transformarem em prestadores de serviços, PJs. Pessoas jurídicas. E assim burlam o fisco e seus contratados. Que o diga o ex-repórter Carlos Dornelles. Em tempos de comparação caberia perguntar o que aconteceria se os grupos de mídia escandinavos cometessem o mesma pilantragem dos congêneres tupiniquins? O que aconteceria na Suécia se um jornal publicasse um editorial saudando a chegada da ditadura?

espanhaxbrasilDepois que a seleção Brasileira ganhou da Espanha na Copa das Confederações, os vira-latas e vira-bostas entenderam por bem comparar o nível de educação formal da Espanha com o Brasil. Então, porque não comparam o de emprego da Espanha com o do Brasil? E falando em emprego, será que alguém ainda lembra como foi que a telefônica entrou no Brasil, aqui em Porto Alegre? Quais são os modelos da Espanha para o mundo? A monarquia mais corrupta da Europa (aliás, quer algo mais anacrônico que monarquia, esta instituição medieval!?), a Zara e seu trabalho escravo. Ninguém lembra também que a Espanha ofereceu ao mundo a Inquisição e a Opus Dei. E hoje privatiza os serviços de saúde e tem a maior taxa de desemprego da Europa.

Para finalizar, estes idiotas do comparativismo rasteiro poderiam comparar o salário de um funcionário da Telefônica na Espanha e com o pago no Brasil…

22/05/2013

Mistificação de vira-lata

Filed under: Isto é EUA!,Terrorismo de Estado — Gilmar Crestani @ 9:19 am
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Se a aproximação com os EUA fosse determinante, o México não estaria nesta merda toda. O Afeganistão se aproximou dos EUA para lutar contra a Rússia. Os EUA invadiram o Afeganistão, não a Rússia. Os EUA se aliaram ao Iraque para lutar contra o Irã. Os EUA invadiram o Iraque, não o Irã. Ninguém faz aliança com Leão impunemente. Aproximar-se aos EUA é como chocar o ovo da serpente. E quem cria cuervos…

JULIA SWEIG

Por uma aproximação Brasil-EUA

Agora ou em outubro, chega a hora de Obama apoiar Dilma por um assento no Conselho de Segurança

O vice-presidente americano, Joe Biden, fará visitas ao Brasil, à Colômbia e a Trinidad e Tobago na próxima semana.

Não pense que Biden tenha um papel meramente cerimonial: ele cuida de pautas domésticas importantes como imigração, armas e Orçamento. Essas visitas também não são para angariar patrocínio ou apoio a empreendimentos americanos no exterior.

Ao que tudo indica, o governo Obama decidiu tentar aproveitar enormes oportunidades, até agora em grande parte perdidas, nas áreas de emprego, energia e prosperidade na América Latina.

E por que agora? A reforma da imigração, que é a prioridade legislativa do presidente neste ano, alertou a Casa Branca para o potencial benefício à política externa na América Latina.

A disposição da Casa Branca e do público americano em lidar com questões domésticas tabus, como imigração, armas, energia, legalização da maconha e talvez até Cuba, abre as portas para uma potencial convergência com a América Latina e para a derrubada de frequentes barreiras ideológicas que muitas vezes esgotam a paciência e o ânimo diplomáticos.

Biden chegará ao Brasil cinco meses antes da visita de Estado da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos e dez anos após George W. Bush e Luiz Inácio Lula da Silva terem reunido seus gabinetes para discutir o potencial estratégico das duas democracias e suas economias. Desde então, houve dezenas, se não centenas, de reuniões ministeriais ou subministeriais, além de diálogos, iniciativas e intercâmbios governamentais nas áreas de defesa, negócios, ciência e educação.

Ainda assim, falta algo entre as duas potências –algo que podemos chamar de ausência de ambição.

Então deixe-me ressuscitar duas boas ideias que os vices Biden e Michel Temer e os presidentes Obama e Dilma talvez finalmente abracem.

A primeira será mais difícil para Brasília. Tanto o Brasil quanto os EUA precisam de empregos para a classe média, de crescimento econômico e de uma estratégia em relação à China. O benefício de uma cooperação econômica que vá além de investimentos e tratados de bitributação é claro: é hora de um comércio (mais) livre, sem esperar que Roberto Azevêdo e a OMC o façam.

Talvez seja politicamente incorreto pensar tão grande, mas o Brasil tem proteções sociais suficientes para se tornar mais aberto.

A segunda ideia será mais difícil para Washington. Na semana que vem ou em outubro, chegará a hora de deixar de lado as advertências verbais e inequivocamente apoiar o Brasil (assim como a Índia) para que o país consiga um assento no Conselho de Segurança da ONU.

O Brasil é um país pacifista, não nuclear, democrático e expressa o ponto de vista amplamente aceito de que respostas militares a ameaças de segurança –vide a Síria, o Irã e o Iraque– não precisam se tornar padrão universal.

As duas ideias requerem superação das crenças das respectivas classes burocráticas e políticas, mas podem abrir as portas a um potencial perene e até agora inexplorado. Quem sabe a visita de Biden construa o palco.

22/03/2013

Itaú só rima com c…

Filed under: Banco Itaú,Golpismo,Pedro Malan — Gilmar Crestani @ 9:44 am
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Malan é a ponte entre oposição e mídia global

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Já foi identificado, em Brasília, o personagem que conecta interesses oposicionistas a publicações internacionais, como a revista The Economist e o jornal Financial Times; trata-se do ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan, atual membro do conselho de administração do Itaú Unibanco, que desfruta de prestígio junto aos meios financeiros internacionais; periódicos ingleses têm feito críticas constantes à condução da economia por Guido Mantega e, neste fim de semana, a Economist passou a defender a eleição de Aécio Neves

22 de Março de 2013 às 08:16

247 – Os aparatos de inteligência em Brasília – e, que fique bem claro, não têm qualquer relação com a Abin – já identificaram o nome do personagem que mais tem trabalhado para conectar os interesses da oposição ao governo federal a grandes publicações internacionais. Trata-se do economista Pedro Sampaio Malan, que foi ministro da Fazenda nos oito anos do governo FHC (1995-2002) e hoje faz parte do conselho de Administração do Itaú Unibanco.

O exemplo mais recente dessa costura está publicado neste fim de semana, na revista britânica The Economist. Trata-se de uma reportagem sobre o processo político no Brasil, em que a publicação defende a "receita mineira" e o nome de Aécio Neves para o Palácio do Planalto. Malan é um dos principais conselheiros econômicos de Aécio, assim como o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga.

Antes dessa reportagem, a mesma Economist que havia feito uma capa sobre a decolagem do Brasil, no início do governo Dilma, já havia dado outras demonstrações de uma guinada em sua política editorial. Recentemente, a revista pediu, com todas as letras, a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, como única medida capaz de garantir a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

A Economist foi também seguida pelo jornal inglês Financial Times, que, além de pedir a cabeça de Mantega, também abriu espaço para que o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, reclamasse da política econômica no Brasil e de supostas mudanças constantes nas regras do jogo.

Ministro da Fazenda num momento em que o Brasil tinha poucas reservas internacionais e foi três vezes ao Fundo Monetário Internacional, Malan conquistou muito prestígio junto aos círculos financeiros internacionais. A aproximação com o Unibanco se deu quando o banco dos Moreira Salles obteve autorização para incorporar a chamada parte boa do extinto Nacional. E quanto o Unibanco se fundiu com o Itaú, Malan foi guindado ao conselho de administração.

Discreto, o ex-ministro da Fazenda pouco fala com a imprensa, mas suas movimentações internacionais já dispararam o alarme em Brasília. Já sabe, por exemplo, que a agenda da oposição rumo ao Planalto passa por questões como a suposta estagflação (crescimento baixo e inflação alta), o desempenho da Petrobras e a estratégia do BNDES de fomentar "campeões nacionais".

Novos ataques virão. Com a assinatura de Malan.

Malan é a ponte entre oposição e mídia global | Brasil 24/7

25/07/2011

O complexo de vira-lata

Filed under: Brasil,Democracia made in USA — Gilmar Crestani @ 9:29 am
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Celso Amorim24 de julho de 2011 às 17:32h

Até os jornais brasileiros tiveram de noticiar. Uma força-tarefa criada pelo Conselho de Relações Exteriores, organização estreitamente ligada ao establishment político/intelectual/empresarial dos Estados Unidos, acaba de publicar um relatório exclusivamente dedicado ao Brasil, -pontuado de elogios e manifestações de respeito e consideração. Fizeram parte da força-tarefa um ex-ministro da Energia, um ex-subsecretário de Estado e personalidades destacadas do mundo acadêmico e empresarial, além de integrantes de think tanks, homens e mulheres de alto conceito, muitos dos quais estiveram em governos norte-americanos, tanto democratas quanto republicanos. O texto do relatório abarca cerca de 80 páginas, se descontarmos as notas biográficas dos integrantes da comissão, o índice, agradecimentos etc. Nelas são analisados vários aspectos da economia, da evolução sociopolítica e do relacionamento externo do Brasil, com natural ênfase nas relações com os EUA. Vou ater-me aqui apenas àqueles aspectos que dizem respeito fundamentalmente ao nosso relacionamento internacional.

Logo na introdução, ao justificar a escolha do Brasil como foco do considerável esforço de pesquisa e reflexão colocado no empreendimento, os autores assinalam: “O Brasil é e será uma força integral na evolução de um mundo multipolar”. E segue, no resumo das conclusões, que vêm detalhadas nos capítulos subsequentes: “A Força Tarefa (em maiúscula no original) recomenda que os responsáveis pelas políticas (policy makers) dos Estados Unidos reconheçam a posição do Brasil como um ator global”. Em virtude da ascensão do Brasil, os autores consideram que é preciso que os EUA alterem sua visão da região como um todo e busquem uma relação conosco que seja “mais ampla e mais madura”. Em recomendação dirigida aos dois países, pregam que a cooperação e “as inevitáveis discordâncias sejam tratadas com respeito e tolerância”. Chegam mesmo a dizer, para provável espanto dos nossos “especialistas” – aqueles que são geralmente convocados pela grande mídia para “explicar” os fracassos da política externa brasileira dos últimos anos – que os EUA deverão ajustar-se (sic) a um Brasil mais afirmativo e independente.

Todos esses raciocínios e constatações desembocam em duas recomendações práticas. Por um lado, o relatório sugere que tanto no Departamento de Estado quanto no poderoso Conselho de Segurança Nacional se proceda a reformas institucionais que deem mais foco ao Brasil, distinguindo-o do contexto regional. Por outro (que surpresa para os céticos de plantão!), a força-tarefa “recomenda que a administração Obama endosse plenamente o Brasil como um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. É curioso notar que mesmo aqueles que expressaram uma opinião discordante e defenderam o apoio morno que Obama estendeu ao Brasil durante sua recente visita sentiram necessidade de justificar essa posição de uma forma peculiar. Talvez de modo não totalmente sincero, mas de qualquer forma significativo (a hipocrisia, segundo a lição de La Rochefoucault, é a homenagem que o vício paga à virtude), alegam que seria necessária uma preparação prévia ao anúncio de apoio tanto junto a países da região quanto junto ao Congresso. Esse argumento foi, aliás, demolido por David Rothkopf na versão eletrônica da revista Foreign Policy um dia depois da divulgação do relatório. E o empenho em não parecerem meros espíritos de porco leva essas vozes discordantes a afirmar que “a ausência de uma preparação prévia adequada pode prejudicar o êxito do apoio norte-americano ao pleito do Brasil de um posto permanente (no Conselho de Segurança)”.

Seguem-se, ao longo do texto, comentários detalhados sobre a atuação do Brasil em foros multilaterais, da OMC à Conferência do Clima, passando pela criação da Unasul, com referências bem embasadas sobre o Ibas, o BRICS, iniciativas em relação à África e aos países árabes. Mesmo em relação ao Oriente Médio, questão em que a força dos lobbies se faz sentir mesmo no mais independente dos think tanks, as reservas quanto à atuação do Brasil são apresentadas do ponto de vista de um suposto interesse em evitar diluir nossas credenciais para negociar outros itens da agenda internacional. Também nesse caso houve uma “opinião discordante”, que defendeu maior proatividade do Brasil na conturbada região.

Em resumo, mesmo assinalando algumas diferenças que o relatório recomenda sejam tratadas com respeito e tolerância, que abismo entre a visão dos insuspeitos membros da comissão do conselho norte-americanos- e aquela defendida por parte da nossa elite, que insiste em ver o Brasil como um país pequeno (ou, no máximo, para usar o conceito empregado por alguns especialistas, “médio”), que não deve se atrever a contrariar a superpotência remanescente ou se meter em assuntos que não são de sua alçada ou estão além da sua capacidade. Como se a Paz mundial não fosse do nosso interesse ou nada pudéssemos fazer para ajudar a mantê-la ou obtê-la.

Celso Amorim

Celso Amorim é ex-ministro das Relações Exteriores do governo Lula. Formado em 1965 pelo Instituto Rio Branco, fez pós-graduação em Relações Internacionais na Academia Diplomática de Viena, em 1967. Entre inúmeros outros cargos públicos, Amorim foi ministro das Relações Exteriores no governo Itamar Franco entre 1993 e 1995. Depois, no governo Fernando Henrique, assumiu a Chefia da Missão Permanente do Brasil nas Nações Unidas e em seguida foi o chefe da missão brasileira na Organização Mundial do Comércio. Em 2001, foi embaixador em Londres.

O complexo de vira-lata « CartaCapital

07/05/2011

Complexo de vira-lata

Filed under: Cultura — Gilmar Crestani @ 10:31 am
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Woody Allen, Machado de Assis e o complexo brasileiro de inferioridade

O Brasil comemorou como uma vitória em Copa do Mundo.
Virou assunto em telejornais em rede nacional.
Woody Allen gosta de Machado de Assis.
Woody Allen coloca Memórias Póstumas de Brás Cubas entre seus cinco livros preferidos.
Junto, por exemplo, com uma biografia sem qualquer importância artística do cineasta Elia Kazam.
A tradução americana de Memória Póstumas reduziu o título da obra ao simplismo estilo Hollywood: memórias de um perdedor. Tudo precisa ser classificado como herói ou vilão, vencedor ou perdedor.
A comemoração brasileira com a preferência de Woody Allen é um atestado de complexo de inferioridade.
Um recibo de que falta legitimação internacional para Machado de Assis.
O mesmo já tinha acontecido quando Susan Sontag citou Machado de Assis.
A França não gastaria uma linha de júbilo se Woody Allen tivesse citado Marcel Proust entre seus preferidos.
Consideraria normal, óbvio, tudo em honra de Woody Allen, não de Proust.
A Rússia não moveria um músculo se Woody Allen tivesse falado em Tolstoi ou Dostoievski.
Seria apenas um atestado de boa cultura e de bom gosto do cineasta americano.
Nada capaz de influenciar a ideia que o mundo tem dos grandes escritores russos.
O Brasil, nesse campo, repete o Rio Grande do Sul.
Os gaúchos adoram se vangloriar das suas diferenças em relação ao Brasil.
Mas vira notícia no Rio Grande do Sul quando um "dos nossos" é reconhecido "lá fora", Rio e São Paulo.
Até ser entrevistado pela Marília Gabriela e pelo Jô Soares dá notícia aqui.
Pura caipirice. Provincianismo rastaquera.
Nenhum brasileiro pisca de emoção quando um europeu se diz fã de Garrincha, de Pelé, de Romário, de Ronaldinho Gaúcho, de Kaká ou de Ronaldo Fenômeno.
É que eles não precisam de legitimação no estrangeiro.
Quem os admira é que se legitima ao citá-los.
Woody Allen gostar ou não de Machado de Assis não tem qualquer importância.
Salvo para a legitimação de Woody Allen como bom leitor.
Comemorar o contrário é reconhecer que Machado de Assis ainda não figura inquestionavelmente entre os grandes escritores universais. E não adianta culpar a língua. Fernando Pessoa superou todas as barreiras.
Como diria Nelson Rodrigues, continuamos com complexo de vira-lata.
Postado por Juremir Machado da Silva – 07/05/2011 08:44

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