Empresas alguma artistas para, em seus Camarotes do Itaquerão, vaiarem Dilma. Ser xingado pelos Reis dos Camarotes da Globo e quetais é sempre uma honra. O comportamento dos que foram ao jogo com o único intuito de xingarem demonstra que a violência nos estádios não tem nada a ver com instrução, mas com educação. Pessoas que não conseguem conviver com a divergência, que não sabem se comportar em público não deveriam aparecer em público. A inveja talvez seja o sentimento mais mesquinho do ser humano. Que de humano este ser Rei do Camarote global não tem nada…
MÔNICA BERGAMO
monica.bergamo@grupofolha.com.br
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MARADONA DIZ QUE VAIA A DILMA É ‘ABSURDO’. E ACERTAPLACAR DO JOGO DO BRASIL
"É uma vergonha. Eu não vou assistir a mais nenhuma partida nos estádios. Eu vou ver no hotel, pela televisão", dizia Diego Maradona à equipe que o acompanhava no Itaquerão, anteontem, na abertura do Mundial.
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A coluna acompanhou toda a partida ao lado do craque argentino. Maradona estava irritado porque não tinha conseguido achar o lugar reservado a ele na arena. Ficou perdido. Cercado por torcedores brasileiros, foi salvo do tumulto por Ana Palenga, da empresa Alufer, que construiu toda a estrutura metálica da cobertura do Itaquerão. Levado ao camarote em que ela estava, Maradona tentava se acalmar para ver o jogo.
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"Brasil, claro!", responde ele sobre a seleção que contaria com sua torcida. E, contando nos dedos cada um dos gols que os brasileiros e os croatas fariam, deu o palpite certeiro: "Três a um".
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A partida começa. Maradona, mãos nos joelhos e de óculos escuros, só tem olhos para o jogo. De repente… gol da Croácia! Ele se assusta. Fica em dúvida. "Gol?" Olha para o telão. Confirmado: 1 a 0 contra o Brasil. O craque fecha ainda mais a cara –ele não é exatamente um senhor simpatia, como notam todos os que estão no camarote.
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"E, gente, ele é pé-frio. Vou ficar longe", observa um dos convidados da Alufer. "It’s time to go [é hora de ir embora]", diz outro. Por superstição, todos começam a se afastar do ex-jogador. As poltronas à esquerda dele ficam vazias.
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O Brasil começa a atacar. Num quase gol, o argentino aplaude. Depois, com as mãos, faz o gesto de que a seleção está num vaivém, sem resultados. Mas logo Neymar coloca a bola na rede adversária. Maradona levanta, aplaude. Sem muita euforia.
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E chega o intervalo.
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"Eu não gostei do Brasil", diz Maradona. "Não gostei da defesa. O ataque está bom. A bola sempre passa pelo Neymar. E isso é bom."
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Ele diz que as seleções, em regra, nunca vão bem nas primeiras partidas que disputam numa Copa. "É sempre muito difícil. O primeiro jogo é um choque grande na cabeça dos jogadores", afirma –ele disputou quatro mundiais.
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Os anfitriões oferecem a Maradona cerveja, vinho branco, espumante. Ele recusa. Aceita só salgadinhos.
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Maradona não entende direito as agressões dirigidas à presidente Dilma Rousseff. A coluna traduz os xingamentos para o espanhol. "Absurdo, absurdo!", diz ele. O argentino é simpatizante dos governos de esquerda da América Latina. Foi amigo de Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela. "Não há outro Chávez, assim como não há outro Fidel Castro [de Cuba] ou outro Lula", afirma.
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A partida recomeça. O juiz marca o pênalti a favor do Brasil. Na hora, Maradona não notou que haveria dúvidas. E comemorou mais um gol do Brasil. Com discrição.
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"Você não se emociona? Você não lembra de quando estava lá? Você era um ídolo para nós!", diz Luana Palenga. "Obrigado", agradece Maradona. Mais um gol. Mais uma comemoração discreta.
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Faltam dez minutos para o fim da partida. Agora, sim, é hora de ir embora. Maradona se despede, cumprimentando cada um. Sai com o passo apressado para evitar o assédio dos fãs brasileiros.
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XIXI NA VAN RUMO AO ITAQUERÃO
"Esse favelão é o estádio do Corinthians? Genteeeee… que favelão", diz Pedro Scooby, marido de Luana Piovani, um dos convidados da Sony para a partida de abertura da Copa no Itaquerão. "Vou esculhambar!".
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Ele estava com amigos. "A Luana? Ela ficou em casa. Ela é contra a Copa. A Luana é black bloc", explicava.
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Scooby estava na expectativa: vão vaiar a Dilma? O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) estaria no mesmo camarote que a presidente. "Ah, mas esse eu aplaudo. Deixa a Dilma virar que eu aplaudo."
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A viagem do ponto de encontro da Sony, na zona norte, ao Itaquerão, na zona leste, numa van da empresa, demorou mais de uma hora. "Quanto tempo falta para um xixi?", perguntava o ator Thiago Lacerda. "Essa notícia é boa: VIPs colocam canarinho para fora!", dizia Scooby. O carro para. Metade dos convidados desce para ir ao banheiro de um bar. Lacerda é reconhecido. Simpático e solícito, faz selfies com as trabalhadoras do lugar.
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