Ficha Corrida

26/04/2014

A herança da ditadura está morta em lugar desconhecido

ditadura (2)Eu acho adequado que todo aquele que é favorável à ditadura deveria ter algum familiar preso, de preferência filho, torturado, morto, esquartejado e largado em lugar desconhecido para nunca mais ser encontrado. Aí, talvez, possam compreender o que significa uma ditadura como a que tivemos com os gorilas no poder.

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

A dor de não saber

A ditadura levou a professora; o que houve, e por que alguns colegas lhe negaram apoio?

Quinta-feira, 23 de outubro de 1975. A Congregação, órgão máximo do Instituto de Química da USP, está reunida para uma decisão importante: o que fazer a respeito da professora Ana Rosa Kucinski, desaparecida havia 19 meses.

Em 22 de abril de 1974, Ana Rosa, de 32 anos, disse aos colegas que iria ao centro da cidade almoçar com o marido, o físico Wilson da Silva. No trabalho, Wilson contou algo semelhante: almoçaria com a mulher e depois voltaria ao escritório.

Nunca mais foram vistos. Ambos militavam no que restava da Ação Libertadora Nacional, organização armada de esquerda. Os poucos integrantes ainda vivos eram perseguidos com especial brutalidade pelo regime militar.

Confirmado o desaparecimento, a família da Ana Rosa iniciou uma cruzada. Recorreu à Organização dos Estados Americanos, ao Departamento de Estado dos EUA, levou o caso ao general Golbery, chefe da Casa Civil do governo Geisel, com intermediação do então arcebispo de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns.

Pressionado, o ministro da Justiça, Armando Falcão, disse em nota oficial que Ana Rosa não estava presa. Era uma "terrorista foragida". Apesar das mentiras de Falcão, as evidências eram fortes: Ana Rosa havia sido levada pela repressão.

O reitor da USP, Orlando Marques de Paiva, monta um grupo para analisar o caso. No burocratês uspiano, uma "comissão processante", formada por um representante da consultoria jurídica da universidade, Cassio Raposo do Amaral, mais dois professores: um da própria Química, Geraldo Vicentini, e outro da Odontologia, Henrique Tastaldi, que estava se aposentando para depois ser recontratado pelo IQ.

Apesar das evidências fornecidas pela família, que apontavam para uma captura pelo aparato repressor, a comissão faz um relato frio. Prende-se às faltas de Ana Rosa, e às consequências trabalhistas. Recomenda dispensar a professora.

O parecer é encaminhado à Congregação. Quinze professores do Instituto de Química estão reunidos. Por razões até hoje desconhecidas, o assíduo presidente do colegiado, Paschoal Senise, não comparece. Walter Colli, da bioquímica, também não está.

Em votação secreta, por 13 votos a favor e dois em branco, a instância máxima do Instituto de Química da USP demite Ana Rosa Kucinski por "abandono de função".

No livro semificcional "K", o jornalista Bernardo Kucinski, irmão de Ana Rosa, especula como teria sido esse encontro. Com base na ata da reunião, e imaginando o que pensavam os envolvidos, Kucinski constrói um quadro em que, por razões diversas –convicções reacionárias, estratégia, omissão, covardia–, os votantes permitem que uma injustiça aconteça.

Mas outros pesquisadores, que analisaram recentemente o processo, têm uma visão mais nuançada. Tiram o foco da Congregação e destacam a etapa anterior, a do duro relatório da comissão processante, que teria selado o desfecho do caso.

Independente do ponto de vista, muitas perguntas sobre a Congregação jamais terão resposta.

De quem foram os dois votos em branco? E foram de protesto, ou saíram em branco por uma trivialidade qualquer? Por que o professor Senise, que nunca faltava, se ausentou?

E mais: por que o grupo, que incluía gente de esquerda, votou maciçamente para demitir uma professora que eles sabiam ter sido levada pela repressão? Foram forçados, ou votaram com a consciência? Por que não optaram por algo mais brando, como uma suspensão?

A historiadora Janice Theodoro da Silva, presidente em exercício da Comissão da Verdade da USP, esquadrinhou a papelada. E prefere não especular sobre as motivações da Congregação.

"Como a gente não sabe, eu não julgo", ela diz. "Temos de conviver com a dor de não saber."

Uma dor que os colegas de Ana Rosa na USP conhecem bem.

Em depoimento emocionado (youtu.be/VcrR1JbfH9w), a hoje professora aposentada Shirley Schreier descreve a última vez em que viu Ana Rosa. Na juventude, foram muito próximas. Depois Shirley mergulhou no trabalho e ficou sem tempo para a amiga.

Pouco antes de desaparecer, Ana foi à sala de Shirley conversar. Percebeu que ela estava ocupada, disse que viria outro dia. Jamais voltaram a se ver.

Terça-feira passada houve uma cerimônia no IQ. Na data exata dos 40 anos do desaparecimento, finalmente o instituto pediu desculpas à família de Ana Rosa Kucinski. A demissão foi revogada.

Nos jardins da instituição, uma escultura da artista Kimi Nii –uma flor metálica– agora homenageia a cientista que a ditadura assassinou.

cby2k@uol.com.br

10/03/2011

Evasão de informação

Filed under: FSP — Gilmar Crestani @ 8:10 am
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Com todo o aparato de uma mega empresa, o Grupo Folha não consegue explicar, ou prefere esconder, que a USP foi sucateada. A preferência dos alunos por outras instituições demonstra que o PSDB conseguiu destruir aquela que era uma das melhores faculdades do país. Hoje, mesmo passando no vestibular, o universitário se obriga a frequentar outra faculdade para ter um bom ensino. É a meritocracia que PSDB impingiu: o mérito é do aluno que busca instituições onde a qualidade do ensino está acima das questões ideológicas que o PSDB tenta impor no ensino público. Dizer que agora o estudante pode disputar vagas em várias universidades públicas é uma não informação. Informação séria e honesta seria explicar porque, dentre duas universidades públicas, o universitário foge da USP. A USP, como o PSDB, virou última opção.

Um em quatro aprovados desiste da USP

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DE SÃO PAULO

Dos 10.652 nomes que constavam na primeira chamada da Fuvest (vestibular da USP) neste ano, 2.562 não se apresentaram para a matrícula, informa a reportagem de Laura Capriglione e Fábio Takahashi publicada na edição desta quinta-feira da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL)

O resultado dessa espécie de evasão instantânea é que nunca foi tão gorda a lista da segunda chamada. Em 2005, de 9.567 aprovados na Fuvest, 1.243 desistiram da USP na primeira chamada –dava 13% do total.

Cursinhos, reitoria da USP e MEC atribuem o fenômeno à multiplicação de vagas nas universidades federais, ao Sisu (Sistema de Seleção Unificada) –pelo qual um estudante pode disputar vagas em várias universidades públicas pelo Enem–, ao ProUni e ao Fies (financiamento estudantil do governo federal).

A Fuvest já divulgou a terceira lista de aprovados, na expectativa de preencher 1.113 vagas ainda sem dono.

Leia a reportagem completa na Folha desta quinta-feira, que já está nas bancas.

Folha.com – Saber – Um em quatro aprovados desiste da USP – 10/03/2011

21/12/2010

A (má) educação dos tucanos

Filed under: Isto é PSDB!,PIG — Gilmar Crestani @ 8:39 am
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Ficaram oito anos falando da falta de cultura do Lula, de que não lia nem falava inglês. A ex-funcionária da RBS, ex-professora da UFRGS, era a rainha filósofa que os platonistas da imprensa queriam no governo. Desastre completo. E a educação no RS é da lata. Ou contêineres. Neste final de ano, quando os gaúchos se perguntam o que é feito da UERGS, sai uma pesquisa internacional mostrando toda eficiência tucana na área educacional. A USP caiu como uma bolinha de papel. Mas na cabeça dos estudantes. Para a imprensa se os fatos demonstram que os tucanos são incompetentes, pior para os fatos. Até porque não se trata apenas de incompetência, mas de deformação ou má formação de todo uma classe política. Aconteceu com a USP, aconteceu com a UERGS, acontece onde quer que haja um tucano no governo. Aliás, tudo começou com o prof. Cardoso. As reformas da previdência casada com os PDVs destroçou as Universidades. Se na educação é assim com os tucanos, nas outras não é menos pior.

Só na velha mídia, comandada pelo coronelismo eletrônico, tucano adorna geladeira….

DEVERIA HAVER PSICOTÉCNICO PARA DIPLOMAR TUCANO!!!!!

Fique com a matéria do VIOMUNDO

20 de dezembro de 2010 às 20:54

USP cai 84 posições no ranking mundial

por Conceição Lemes

Há tempos se ouvem rumores de que a qualidade de ensino das universidades estaduais paulistas está em queda. A Science, de 2 de dezembro, aumentou a suspeita. Na reportagem de seis páginas dedicada à ciência brasileira – foi a principal da edição —  a Universidade de São Paulo (USP), apesar de ter grande produção científica, não teve nenhuma pesquisa destacada.

A reportagem começou e terminou por Natal (RN). Mais precisamente no município Macaíba, que sedia o Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lilly Safra, mais conhecido como Centro do Cérebro, implantado pelos neurocientistas Miguel Nicolelis e Sidarta Ribeiro.

A reportagem destacou também, entre outras,  as pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Petrobras e da Amazônia.

A mídia brasileira, exceto o Correio Brasiliense, ignorou solenemente a edição 331 da Science , que foi festejada no exterior por cientistas que torcem pelo sucesso do Brasil. Pudera. A  Science é a mais prestigiosa revista de ciência do mundo, ao lado da Nature , inglesa.

Por que essa conduta, afinal a reportagem da Science foi um gol de placa da ciência brasileira?

Como o feito merecia supercobertura da mídia nativa, só restam hipóteses para o descaso com que tratou a façanha. Mesquinhez? Incompetência? Miopia jornalística? O fato de um projeto inovador de ciência estar brotando no Nordeste e não no Sul do Brasil? Façam as suas apostas.

Pior fez a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo — Fapesp. Proibiu a sua agência de  divulgar a proeza brasileira na Science. Inveja pela USP não ter sido destacada? Bancar avestruz como se não houvesse ciência de ponta sendo feita no Brasil além de São Paulo?

Mas nada como um dia após o outro. A verdade aparece. Documento obtido com exclusividade pelo Viomundo (está abaixo) mostra que o processo de declínio na qualidade da USP é mais intenso do que até os próprios críticos da USP no mundo acadêmico imaginavam.

O documento em questão é um relatório de avaliação institucional feito pela equipe do reitor da USP, professor João Grandino Rodas, assinado pelo vice-reitor e pelos pró-reitores  e enviado por e-mail a todos os docentes e funcionários.

“A antiga reitora, Suely Vilela, instituiu um prêmio de excelência acadêmica, que, na prática, é um bônus em dinheiro para a comunidade da USP”, explica-nos um funcionário da universidade. “Só que este ano não foi concedido. A explicação está na insuspeita confissão da equipe do professor Rodas, demonstrando que, na atual gestão, a USP perdeu várias posições no ranking acadêmico. É o resultado da implantação dos métodos da gestão tucana na Universidade. ”

O e-mail enviado aos professores está abaixo. Atente. Nos diversos ranqueamentos acadêmicos de universidades importantes no mundo, a USP perdeu posições em todos. No WEBOMETRICS, a USP caiu da posição 38ª, no segundo semestre de 2009, para 122ª, no segundo semestre de 2010.  Ou seja, rodou 84 posições escada abaixo.

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PÉSSIMA NOTÍCIA PARA O RODAS: UNIVERSIDADE DO MÉXICO SUPERA A USP

Webometrics, como já dissemos,  é um dos ranqueamentos acadêmicos de universidades no mundo. Se considerarmos apenas a América Latina,  a USP está em segundo lugar. A primeira em qualidade é a Universidade Nacional Autônoma  do México.

Inegavelmente, uma péssima notícia  para o reitor João Grandino Rodas, ex-diretor da Faculdade de Direito da USP,   o segundo colocado da lista tríplice apresentada pelo Conselho Universitário ao então governador José Serra  (PSBD). Mesmo sendo o segundo,  ele foi  escolhido como reitor.

O professor Rodas segue à risca a filosofia do PSDB.  Com avaliação institucional, a USP deixou de pagar o bônus aos professores e funcionários e ainda os chamou de incompetentes.

O professor Rodas adota também a cartilha tucana de administração,pautada pela ausência de diálogo com a comunidade acadêmica e os funcionários.

Um de seus últimos atos de 2010 foi processar 24 alunos por militância política, o que tem motivado protestos na USP, como o Ato contra a Criminalização da Política e o Manifesto em Defesa da Política na USP.

Será que a USP ainda tem jeito? Será que vai reverter esse quadro desalentador?

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