Um exemplo bem didático para se explicar a terceirização aconteceu esta semana.
Trabalhadores sindicalizados terceirizaram sua representatividade, mediante mensalidade, à Força Sindical. A Força Sindical terceirizou sua representação no Congresso ao Paulinho, do Solidariedade. O terceirizado sindical terceirizou a um funcionário seu, cujo salário é terceirizado aos cofres públicos, para apresentar sua primeira inciativa legislativa depois de muitos anos de parlamento: soltar ratos no Congresso. Conclusão, os trabalhadores filiados ao Força Sindical terceirizaram sua representação no Congresso Nacional a ratos. Faz todo sentido: quem se relaciona com ratos, ratos serão seus representantes.
Os inimigos dos trabalhadores estão nus. Os ratos roeram suas fantasias.
Para resumir o que significa a Força Sindical basta dizer que foi criada por Collor de Mello, para servir-lhe de base de sustentação em oposição à CUT. Seus finanCIAdores todos sabem quem são.
Roendo o pão que o Paulinho amassou, os filiados ao Força Sindical é que se chama de uma grande massa de manobra. Pior, dão mostras de sofrerem da Síndrome de Estocolmo. Como pode apoiarem um Sindicado que luta pela precarização das relações de trabalho, transferindo ao patrão direitos a duras penas conquistadas na democratização. Mesmo nos setores mais conservadores da classe média há um desconforto com a proposta levada a cabo por Eduardo Cunha. Fica ainda mais gritante o acinte quando se sabe que a mulher de Eduardo Cunha entrou contra a Rede Globo, de quem era funcionária, pelo fato de ter sido constrangida a se tornar pessoa jurídica para trabalhar como prestadora de serviço à Globo. Aliás, o que era uma prática dos grupos mafiomidiáticos tornou-se lei para a sociedade. Tomou-se um mau exemplo, uma prática ilegal, que a Justiça do Trabalho vinha reiteradamente condenando, em lei.
O que assunta, mais até do que a precarização das relações de trabalho, que devolve o Brasil ao período pré-república, é o fato de que isso só foi possível graças ao apoio, não do PSDB, DEM, SDD, mas do PTB e PDT. Estes dois últimos, se tivessem vergonha na cara tirariam o “T” da sigla. Trabalhador que ainda vota no PDT e no PTB bem que merece este pontapé na bunda. Quem não se valoriza, merece que seja tratado com desprezo. Se tendo vencido Dilma, o Congresso ainda consegue impor uma derrota deste tamanho, imagine se Aécio tivesse ganho. Ao invés de Bolsa Família, o Congresso teria capacidade para aprovar até bolsa pó. O PSDB demonstrou, ao votar em peso pela terceirização, o quanto tem de respeito pelas relações de trabalho. Assim como terceiriza à imprensa a defesa de suas ideias, também terceiriza a responsabilidade social aos seus finanCIAdores ideológicos.
O que tudo isto prova é que a nossa sociedade, seja por ignorância seja por má fé, é muito conservadora.
Se está ruim com Dilma, imagine com Aécio Neves, onde o despudor seria a medida de todas as coisas. Construir aeroporto nas terras do Tio Quedo ou sumir com helipóptero com 450 kg de cocaína passaria a ser coisa de amador. Ele faria pó do Brasil, para consumo próprio.