Depois que a Veja tornou pública a miscigenação do tomate com o boi, o tal de Boimate, todos os celetistas da Veja deveriam ser internados na Nueva Konigsberg…
O Roda Viva e a fábula dos lutadores cubanos deportados
ter, 08/10/2013 – 11:59
Atualizado às 12:00
Participei ontem do Roda Viva entrevistando o governador gaúcho Tarso Genro.
Tarso é um dos bons formuladores do PT, empenhado em prospectar o que seria o novo tempo político, para se fugir da polarizzação política atual.
É crítico da atuação do PT e é crítico da atuação do STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento da AP 470.
No geral, um programa de bom nível, onde a velha polarização se fez presente através de um dos entrevistadores. Um dos pontos levantados foi o caso dos boxeadores cubanos – que vieram para o Panamericano. Repetiram-se todas as acusações formuladas na época.
Que os boxeadores pediram asilo e o asilo lhes foi recusado; que tanto eles queriam fugir de Cuba que voltaram mas, logo depois, fugiram novamente; que o Brasil concedeu asilo a Battisti, que é criminoso, e deportou os cubanos.
Tarso explicou rapidamente que o pedido para voltar para Cuba partiu deles; que os depoimentos foram acompanhados por representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e do Ministério Público. E mais não disse, porque havia outros temas a serem tratados. Mas o jornalista insistiu que, se fosse da vontade deles voltar paa Cuba, não haveria por quê, pouco tempo depois, terem fugido novamente.
As versões e o fato
O episódio é um dos exemplos clássicos da manipulação da notícia, naqueles tempos em que o contraponto se limitava a poucos blogs. Os quatro grandes grupos bateram por semanas na tese de que o asilo tinha sido negado aos cubanos.
Coube ao Extra – o tabloide das Organizações Globo – o furo jornalístico da época. E pela única razão de que, não fazendo parte do mainstream da opinião, não ficou sob vigilância estrita. Com isso, ganhou alguma liberdade para fazer jornalismo.
Repórteres do Extra reconstituiram o período entre o abandono da delegação cubana e a chegada na delegacia de polícia – na qual, solicitaram a volta para Cuba.
Os dois boxeadores foram na conversa de um manager alemão malandro. O sujeito contratou algumas prostitutas e o grupo ficou alguns dias na esbórnia em um motel dos arredores.
Terminada a farra, caiu a ficha dos cubanos sobre o risco de ir para a Europa com o tal manager. Entraram em pânico, não conheciam nada do Rio, pegaram um táxi e foram parar em uma delegacia, pedindo para voltar para Cuba.
Seguiu-se o imenso alarido da imprensa, mesmo o Ministério da Justiça informando que já havia concedido asilo a outros atletas, que o depoimento dos cubanos foi acompanhado por representantes da OAB e do Ministério Público.
De nada adiantaram os fatos – ora, os fatos -, as explicações e a reportagem do Extra. Foram deportados – e não se fala mais nisso… Para se ver livre do estorvo, o Ministério da Justiça enviou-os em avião oficial para Cuba. O alarido aumentou mais ainda. Era como se eles tivessem sido despachados presos e algemados para a ilha.
Nada disso foi contado por Tarso, até por respeito aos cubanos. E lhe valeu o questionamento final do entrevistador que insistia na tese da deportação: Se eles queriam voltar para Cuba, porque fugiram logo depois?
A resposta de Tarso foi óbvia: obviamente porque não lhes agradou voltar.
Poderia ter sido mais específico: fugiram porque, na segunda vez, encontraram um manager mais confiável.
Mas a falta de respeito ao "senhor fato", produto maior e mais nobre do jornalismo, permite até hoje que susbsistam essas versões da "deportação".
Do Extra
Cubanos foram deixados por olheiros em Araruama
Camilo Coelho e Gabriela Moreira – Extra
RIO – Rigondeaux e Lara ficaram a maior parte do tempo em companhia do agenciador alemão Thomas Doering e de um olheiro cubano, que vive fora do país e foi identificado apenas como Alex. Foram os dois que aliciaram a dupla, planejaram uma fuga e lhe prometeram vida milionária na Alemanha. A convivência entre os dois boxeadores e os dois agenciadores foi harmônica até um determinado momento (participe do fórum: Qual mensagem você gostaria de enviar aos boxeadores cubanos que fugiram da Vila do Pan e depois se entregaram para voltar à ilha de Fidel Castro?).
Eles ficaram hospedados na Pousada Pedras Brancas, em Itaipu, Niterói, e diariamente pegavam um táxi para se divertir.
Foram dias de farra: compras de roupas, videogames, tênis, relógios, perfumes e muitas prostitutas. O grupo fez orgias em motéis e boates de Copacabana, Niterói e Araruama.
Ele passou a perna numa conhecida agência européia que estava de olho nos cubanos
Um taxista, que pediu para não ter o nome revelado, serviu de guia para o grupo durante todo o tempo. Ele revelou que o alemão negociava o passe dos boxeadores com alguém por telefone.
– Ele passou a perna numa conhecida agência européia que estava de olho nos cubanos. Como ele chegou primeiro, começou a fazer leilão – contou.
Esse, no entanto, não foi o único problema. Assustado com a repercussão do caso e temendo que os boxeadores fossem reconhecidos, o grupo decidiu trocar de cidade: em 30 de julho, o alemão Thomas, o olheiro cubano e os dois boxeadores se bandearam para Araruama.
Rigondeaux e Lara acabaram abandonados pelo alemão e pelo olheiro no dia 1º de agosto. Eles deixaram uma mala de dinheiro com os cubanos, pegaram um táxi e embarcaram para a Alemanha. Um dia após serem abandonados, os boxeadores desistiram da fuga e pediram socorro.
Ra a ilha
O Roda Viva e a fábula dos lutadores cubanos deportados | GGN