Ficha Corrida

01/01/2015

Rede Baita Serpente continua a desova

Filed under: Grupo RBS,Grupos Mafiomidiáticos,Paulo Santana,RBS — Gilmar Crestani @ 2:09 pm
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rbs (2)

Paulo Sant’ana continua rendendo popularidade à égua madrinha dos gaúchos.

Veja que coincidência ou de porque de onde menos se espera é de lá mesmo que não sai nada. No Ano VI do golpe militar, a Zero Hora lançou um caderno especial chamado: Ano VI da revolução democrática. Na boca dos magarefes da RBS, golpe vira revolução; e ditadura, é coisa democrática. E assim se explica porque o Levy Fidelix da RBS fume pelo aparelho excretor.

Não há perspectiva de que este panorama venha a melhorar. Até os celetistas novos, como David Coimbra, embarcaram na viagem ensandecida das justificativas mais estapafúrdias.

De quem nasceu pelas mãos da ditadura não se pode esperar algo melhor.

É do DNA da RBS recrutar o que existe de pior em termos ideológicos. A opção preferencial por fazer às vezes dos financiadores ideológicos dá nisso. Os frutos são decorrência lógica da origem e do adubo.

É desta pocilga que foram expelidos Antônio Brito, Yeda Crusius, Ana Amélia Lemos, Lasier Martins, Luis Carlos Prates, Paulo Sant’ana… Foi daí que saíram os apoios ao Rigotto, Britto & Sartori

De Palomas a Punta del Este

Postado por Juremir em 31 de dezembro de 2014

ZH demo craticasPablo G. Malanta é colunista do jornal Meia-Noite, veículo da Rede Baita Sol, de Palomas, cuja linha editorial se destaca pelo bairrismo e pela defesa esporádica do racismo e da homofobia como valores da tradição gaudéria.

A defesa do machismo é permanente.

O jornal Meia-Noite é famoso pela manchete: “Nenhuma vítima de bombacha no tsunami da Indonésia”.

Em 2014, Meia-Noite e Rede Baita Sol não viram racismo no episódio em que a torcedora do Grêmio chamou o goleiro Aranha, do Santos, de macaco. Também não viram homofobia na pressão, que acabou em incêndio criminoso, para não acontecer um casamento gay num Centro de Tradições Gauchescas de Santana do Livramento. Também não viram, contrariando a opinião pública internacional, qualquer arbitrariedade de parte de Israel na Faixa de Gaza.

O lema da Rede Baita Sol é fazer média com o mediano.

Preconceito vira bom senso, valores familiares e senso comum passado de geração em geração.

Pablo G.  Malanta tem esse apelido por ser a única anta mala a se achar genial.

Na sua última defecada, Malanta descreveu Punta del Este como um paraíso no inferno uruguaio. Por que o Uruguai é um inferno? Malanta não explicou. Mas apresentou as qualidades do paraíso: bons pêssegos, beleza natural e ausência de uruguaios. Por que não ter uruguaios é uma qualidade? Malanta também não explicou.

Xenofobia dispensa explicações.

vira-bostAo final, destacou que Punta del Este não tem negros e que se estabeleceu uma segregação racial sem violência.

Malanta justapôs essa afirmação como uma descrição. Não estabeleceu um nexo causal explícito do tipo Punta é um paraíso por não ter negros. A lógica do texto, porém, era mesmo de justaposição, cada elemento acrescentando uma camada à precedente sem a necessidade de conectivos. Falar em segregação racial sem violência subentende algo positivo, pois negativo, ou seja, pior, seria com violência. Para bom entendedor, meia asneira basta…

Malanta pediu desculpas.

Disse que não pretendia ser racista. Na verdade, queria, como sempre, aparecer. Não é inteligente o suficiente para ter feito a justaposição sem conectivos para provocar uma confusão e poder se defender dizendo que só descreveu.

Malanta escreve mal. Atrapalhou-se com a lógica da construção do texto. Deixou vir à tona o seu preconceito. Na sua defesa, aparece que ele é casado com uma negra. Nossos senhores de escravos adoravam suas negras.

Eu, cronista do b em Palomas, nunca vou a Punta del Este. Estive lá num bailão brega-chique em que os convidados vestiam-se como pinguins e tocava sertanejo pré-universitário. Não voltei. Vou ao Rio de Janeiro e ao Nordeste. Gosto de praia com negros, pardos, brancos, pobres, ricos, todos misturados, tudo se confundindo e vibrando em comum. Em Punta, a reunião da elite branca gaúcha “que se acha” me provoca ânsia de vômito.

Não convivo bem com mais de três lacerdinhas por metro quadrado.

Preconceito? Sofisma. Preconceito é chamar negro de negrão, não chamar alemão de alemão.

O preconceito exige uma relação de dominação histórica e de humilhação consolidada.

Será que Pablo Malanta, num ato falho, revelou a razão que leva parte de tantos gaúchos a Punta del Este?

Foi uma mescla de incompetência, senilidade, vontade de aparecer, arrogância, incapacidade de escrever bem, racismo incontido e estupidez. Não faz muito, Malanta teve uma briga com um colega na Rádio Gaudéria.

cudelix– Vai gritar com tua mãe – atacou.

– Tua mãe, filho da puta – replicou o ofendido.

Como punição, Malanta passou a ter espaço dominical, visto que não tem mais fôlego para escrever diariamente, no obscurantista Meia-Noite. O outro, o provocado, com seu pé na África, foi demitido sumariamente.

Racismo e homofobia na Rede Baita Sol não geram sanções. Só distinção.

Afinal, são valores da tradição local.

De Palomas a Punta del Este Juremir Machado da Silva – Correio do Povo | O portal de notícias dos gaúchos

30/08/2014

Racismo, até quando?

ali kamelNão sou favorável punição ao clube. Sou, sim, favorável à punição ao torcedores. E aí, não só pela justiça desportiva, mas pela Justiça Comum. Cadeia para os ofensores e seus protetores. Não adianta punir o Clube, até porque o Grêmio tem,  há muito tempo, torcedores e jogadores negros.  Punir o Clube seria também punir os demais gremistas que são contra o racismo.

O que falta não é punição a clubes, como aconteceu com o Esportivo. Precisa é de punição exemplar para quem comete ou acoberta o crime. Se o Grêmio  entregar os torcedores racistas. Se todos os times começarem entregando quem pratica o racismo para a Justiça Comum, aí sim talvez o livro do responsável pelo jornalismo da Globo possa fazer sentido.

Não é sintomático que o racismo tenha se manifestado cada vez com mais força exatamente quando os a$$oCIAdos do Instituto Millenium resolveram atacar os governos Lula e Dilma por começarem, mesmo que timidadamente, políticas voltadas à inclusão social e racial, como a política de cotas?! Não é mera coincidência que a Ali Kamel escreveu um livro contra as cotas chamado “Não somos racistas”.

Racismo, até quando? Até quando um racista conduzir o jornalismo da Globo!

Após atos racistas, STJD adia 2º jogo entre Santos e Grêmio

COPA DO BRASIL
Partida só acontecerá após julgamento da equipe gaúcha

ALEX SABINODE SÃO PAULO

O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) adiou a partida entre Santos e Grêmio, marcada para a próxima quarta (3), na Vila Belmiro.

A decisão foi tomada nesta sexta (29), um dia depois do primeiro jogo das oitavas da Copa do Brasil, em que o goleiro Aranha, do Santos, afirmou ter sido chamado de "preto fedido" e "macaco", entre outras ofensas.

O segundo confronto, que decidirá vaga para as quartas, vai acontecer só quando ficar resolvido se haverá punição ao clube gaúcho.

"Precisamos decidir antes de o jogo acontecer", disse o presidente do STJD, Caio César Rocha Vieira. Caso a decisão sobre a eventual punição ao Grêmio deixasse pra ser tomada após o segundo jogo, a determinação talvez resultasse em vão no que diz respeito ao andamento da competição –o time já poderia estar eliminado.

O pedido de adiamento da partida foi feito por Paulo Schmitt, procurador-geral do STJD. "Estamos correndo contra o tempo para fazer a denúncia", disse ele à Folha, horas antes de apresentá-la.

O Grêmio será acusado de "ato discriminatório relacionado a preconceito em razão de raça". Pode ser excluído da Copa do Brasil.

"No caso, o CBJD [Código Brasileiro de Justiça Desportiva] prevê multa de R$ 100 mil e perda de três pontos na competição", explica ele. Como o Grêmio perdeu a primeira partida, seria eliminado.

Em Porto Alegre, o Santos venceu por 2 a 0. Na Vila Belmiro, o Grêmio tem de inverter essa desvantagem.

Se o julgamento acontecesse após o segundo jogo, que levasse à classificação do Santos, o tribunal poderia apenas aplicar uma multa ao time de Porto Alegre.

Segundo o presidente do STJD, todo o processo, incluindo possíveis recursos, pode levar "mais de 20 dias".

O Santos defende que o rival não seja responsabilizado e que a culpa seja atribuída apenas aos torcedores.

"Tenho certeza que a diretoria do Grêmio está tão indignada quanto a nossa", disse o presidente do clube paulista, Odílio Rodrigues.

ABATIMENTO

No vestiário da arena gremista, após o jogo, Aranha estava abatido.

"Não é a primeira vez que passo por isso, mas queria que fosse a última", disse aos companheiros.

O técnico Oswaldo de Oliveira revelou preocupação com o goleiro do seu time. Perguntou se ele queria ficar fora da partida deste domingo (31), contra o Botafogo. O goleiro disse que estava bem.

14/02/2014

Tinga

Filed under: Futebol,Tinga — Gilmar Crestani @ 7:40 am
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Só os racistas, os juízes e os são-paulinos não gostam dele…

Uma história sobre Paulo César, o Tinga

Enviado por implacavel, qui, 13/02/2014 – 21:57

Daniel Cassol – Blog Impedimento

A Restinga é um dos bairros mais populosos de Porto Alegre. O censo de 2010 indicava que sua população era de 51.560 moradores. Sua formação, a partir dos anos 60, tem a ver com a urbanização da cidade – e tem a ver também com exclusão social. Para abrir avenidas e solucionar os problemas de habitações insalubres, moradores das Vilas Theodora, Marítimos, Ilhota e Santa Luzia foram removidos para um novo bairro do extremo sul porto-alegrense, a 22 quilômetros da região central.

Foi na Restinga que dona Nadir criou seus quatro filhos com o salário de faxineira. Quando pegava o ônibus de manhã cedo, pensava: “Quando será que vou parar de trabalhar?” Numa tarde de 1997, seu filho Paulo César foi encontrá-la no serviço. Tinha 19 anos, estava acompanhado de uma equipe de televisão e vinha contar de seu primeiro salário como profissional: 2,5 mil reais.

Tinga já era uma revelação do time do Grêmio, aparecendo ao grande público com um golaço contra o Sport Recife. Diante do repórter Régis Rösing, chorou ao ver a mãe limpando chão.

– Já prometi pra ela que isso aí vai mudar, e vai mesmo, disse, deixando bem claro: “trabalhar não é vergonha pra ninguém”.

A vida da família mudou rapidamente, porque Tinga logo se tornaria um jogador importante para o Grêmio, ao ponto de sua torcida reproduzir, na arquibancada do Olímpico, o grito de guerra daEstado Maior da Restinga, uma das mais populares escolas de samba de Porto Alegre:

– Tinga, teu povo te ama!

Tinga mudou a condição de vida da família rapidamente, mas há outras coisas que demoram a mudar. Num jogo de 2001, Ronaldinho fez um gol pelo Grêmio e correu para abraçar Tinga no banco de reservas: “Esse gol é pra nós, que somos da vila”, disse, num episódio não registrado mas muito conhecido em Porto Alegre. Ser da vila e, principalmente, ter a pele bem escura, ainda representam um problema.

Carregando no nome o bairro onde nasceu e seu criou, Tinga é respeitado em todos os clubes por onde passou e é ídolo de vários deles. No Internacional, afirmar que foi bicampeão da Libertadores e autor do gol do título em 2006 é, na verdade, diminuir sua importância histórica na reconstrução do clube. Jogador de fibra, presente em todos os cantos do campo, pegador e goleador, Tinga foi um dos jogadores mais importantes do Inter no período entre 2005 e 2006. No Borussia, da Alemanha, a reverência e o respeito com que dirigentes, torcedores e companheiros se despediram em 2010 é a melhor prova da trajetória que construiu.

Tinga sempre foi um jogador sério, dentro e fora de campo. Um treinador do Internacional disse certa vez que Tinga puxava os companheiros pelo exemplo, dedicando-se nos treinos e nas partidas como se estivesse em início de carreira. No Cruzeiro, o técnico Marcelo de Oliveira afirmou que o jogador era referência para os mais jovens do grupo. Foi assim em todos os clubes.

Nada disso, porém, foi suficiente para mudar o preconceito, que nos estádios de futebol emerge na vazão dos sentimentos levianos que expomos quando em multidão. Tinga, que em 2005 já havia ouvido imitações de macaco quando pegava na bola no estádio Alfredo Jaconi, teve de ouvir a ofensa mais uma vez na noite desta quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014, no Estadio de Huancayo, no Peru.

Ao final do jogo entre Cruzeiro e Real Garcilaso, uma equipe de TV pediu que Tinga comentasse o episódio. Ele tomou ar, respirou o ar da Restinga, o cheiro do colo da mãe Nadir, os golaços que fez, os títulos que conquistou, o respeito que adquiriu no futebol, todas as entrevistas ponderadas e inteligentes que deu ao longo da carreira, e disse com a serenidade e a altivez dos grandes:

– Se pudesse não ganhar nada e ganhar esse título contra o preconceito, eu trocaria todos meus títulos por igualdade em todos os lugares, todas as áreas, todas as classes.

Não precisa nos dar mais nada em troca, Tinga. Teu exemplo é o suficiente.

Daniel Cassol

Uma história sobre Paulo César, o Tinga | GGN#.Uv3XhJVJU4S.facebook

19/01/2014

Nós vamos invadir sua praia

Filed under: Grupos Mafiomidiáticos,Rolezinho — Gilmar Crestani @ 8:33 am
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O hoje direitista Róger, da banda Ultraje a Rigor, compôs aquela música que é a comprovação de que pimenta no dos outros é refresco. Róger sabia que Shopping é a praia de paulistano. Invadir a praia dos outros era tão legal, invadir sua praia, shopping, não é nada legal.

Tome-se o exemplo de Porto Alegre. Onde foram parar os campos que existiam atrás do Chocolatão? E aqueles do Cristal, onde hoje há uma floricultura e um estacionamento de ônibus, ao lado do Hipódromo? Também estão sumindo aqueles entre a Pereira Paiva e o Guaíba. Quando vim do interior jogava peladas nestes campos. Havia campeonatos neles. Sem espaço por aqui, meus conterrâneos, incluindo dois dos meus irmãos, criaram o Esporte Clube Campo Branco em Viamão.  Onde estão os espaços públicos de Porto Alegre?

A direita não se apropria só dos espaços. Também tenta capturar as manifestações de insatisfação. As manifestações de julho incluíam jogar merda na RBS e na Globo, tanto que seus funcionários não podiam acompanhar as manifestações com os logotipos dos respectivos grupos. Tentaram direcionar contra o Governo Federal, mas estava terminantemente proibido discutir a corrupção municipal, estadual ou empresarial. Os 650 milhões de sonegação da Rede Globo não poderia ser pauta, e isto explica a invisibilidade dos manifestantes que carregavam cartazes contra a corrupção dos grupos mafiomidiáticos.

‘Rolezinhos’ têm raízes na luta pelo espaço urbano

James Holston, professor da Universidade da Califórnia, prevê novos protestos

Antropólogo estuda a periferia de SP desde os anos 80 e diz que reação da PM e dos shoppings aos ‘rolês’ foi exagerada

ELEONORA DE LUCENADE SÃO PAULO

Como os protestos de junho passado, os "rolezinhos" são manifestações de uma cidadania insurgente cujas raízes estão na luta pelo espaço urbano que ocorre há décadas no Brasil. A análise é do antropólogo James Holston, professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA).

Pesquisador da periferia paulistana desde os anos 1980, ele avalia que a politização do movimento foi provocada pela repressão exagerada e pouco inteligente.

Autor de "Cidadania Insurgente" (Companhia das Letras, 2013), Holston tem ligações familiares com o Brasil e passa temporadas em São Paulo. Nascido em Nova York, estudou também filosofia e arquitetura.

Nesta entrevista, concedida por telefone desde os EUA, ele comenta o consumismo cantado no funk ostentação, trilha de "rolezinhos": "Do ponto de vista político, significa o triunfo de um capitalismo deslumbrado, como ocorre no Brasil nos últimos 20 anos em todas as classes".

Folha: Como o sr. avalia os "rolezinhos"?
James Holston – Os "rolezinhos" existem há tempos nas periferias. Frequentei muito o shopping Aricanduva por causa de minhas pesquisas na zona leste. O shopping é a praia do paulistano. Essa juventude não está excluída dos shoppings. Estão entre os melhores fregueses.
A diferença foi o número de pessoas. Deu medo nos lojistas. Passear, brincar, paquerar nos shoppings se politizou agora por causa da repressão policial e da reação dos donos de shoppings. Reprimir nos primeiros "rolezinhos" no fim de dezembro foi uma reação exagerada, pouco inteligente e pouco ágil. O "rolezinho" nunca teve esse aspecto politizado. Agora virou movimento, uma expressão de conquista de espaço.

O sr. estudou os movimentos nas periferias de São Paulo no século passado. Quais são as diferenças em relação ao que ocorre hoje?
Por décadas, o coração da politização das classes mais humildes do Brasil foi conquistar o espaço, o terreno da casa, o bairro, a autoconstrução, a luta. As classes altas também ocupam, conquistam, defendem, segregam seus espaços. As classes trabalhadoras fazem isso conquistando novos direitos de cidadania. Isso muitas vezes afronta as classes médias.
Há em São Paulo uma tensão em torno do espaço que há anos não existia. Antes as classes dominantes dominavam completamente. Agora, não. As classes mais humildes têm noção do direito de ocupar, de viver, de circular.

Como o sr. explica o funk ostentação, espécie de trilha sonora dos "rolezinhos"?
É uma releitura paulistana do funk carioca, passando pela Baixada Santista. A pauta mudou da criminalidade para o consumo.

Essa ideia de consumismo exacerbado não se choca com a herança política de luta por espaço, que era mais coletiva?
Claro. O consumo na autoconstrução nos bairros nos anos 1970, 1980, 1990 era mais coletivo: todo mundo trabalhando. Esse consumo de hoje é também de autoconstrução, mas, personalista. Do ponto de vista político, significa o triunfo de um capitalismo deslumbrado, como ocorre no Brasil nos últimos 20 anos em todas as classes.

E o que mostra a reação aos "rolezinhos"?
As elites sempre reprimiram as manifestações populares por conquista de espaço. A mensagem é de que o pobre tem que saber o seu lugar; pode circular humildemente, fazendo o seu serviço. Mas, se circula com ostentação, mostrando que é dono de sua própria vida, ofende e afronta a elite brasileira.

Há ligação com as manifestações de junho?
Há uma articulação politizada nos dois casos. A polícia tem que assumir uma culpa muito grande, pois teve uma reação exagerada. Os "rolezinhos" são continuidade dos movimentos de junho, pois têm a ver com ocupação de espaço, com circulação.
Há diferenças; não há homogeneidade. Os "rolezinhos" são mais focados no consumo, na produção cultural, têm menos organização política. Mas podem vir a ter.

Quais os reflexos políticos dos "rolezinhos"? Eles vão crescer ou murchar?
É difícil prever. A rapaziada dos "rolezinhos" não quer ser politizada em demasia. Querem voltar à praia do shopping, para paquerar, zoar. Não quer dizer que não possam evoluir, ou outros grupos possam adotar a tática. Acho que isso vai acontecer. Vai ser um ano quente e deveria ser. Porque as reivindicações de junho não foram atendidas e também não sumiram. O que vai acontecer com toda essa energia? Com a chegada da Copa, vai esquentar.

O gigante acordou?
Muitos disseram isso. Outros, que a periferia nunca dormiu. A cidadania insurgente está sempre presente. Esquenta e esfria dependendo de circunstâncias impossíveis de prever. O Brasil vibra nos últimos 50 anos de cidadania insurgente. É uma coisa ótima para sacudir uma sociedade de muita desigualdade.

07/12/2013

Nem a morte salva o caráter de quem não tem

Filed under: Mandela — Gilmar Crestani @ 11:56 pm
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Mandela: de terrorista a herói internacional

Por Jornalismo Wandosex, 6 de dez de 2013

 

A partida de Mandela comoveu o mundo. O ícone da luta pela igualdade racial morreu ontem, aos 95 anos, em Pretória. Vejamos algumas capas dos jornais pelo mundo:

Imagens retiradas do Facebook de @MarceloAneasComo podemos ver, nenhum assunto foi merecedor de dividir a capa com o mito que ajudou a extinguir a segregação na África do Sul. Mas, no Brasil, a coisa foi um pouco diferente. Vejamos o que gritaram as letras garrafais de algumas manchetes brasileiras:

jornalbrasil

Como no dia seguinte ao caso do helicóptero, a notícia de maior destaque na Folha e no Estado não foi a morte de Nelson Mandela, mas o mensalão – principal assunto do país desde 2005. Se Jesus tivesse voltado ontem, até ganharia uma fotinho bacana no topo, mas a manchete principal seria "Judas Mensaleiro" Dentro daquele cruel regime, Mandela lutou pela liberdade de seu povo e reagiu de forma violenta à segregação. Para Ronald Reagan e Margareth Thatcher, por exemplo, Mandela era considerado um criminoso comunista e terrorista. Mas isso não foi uma exclusividade desses nobres estadistas. Vejamos como a Folha de São Paulo se referia a ele em fevereiro de 1969: Mandela, portanto, era considerado um terrorista do movimento negro que se apoiava em grupos comunistas clandestinos. Advogados do governo africâner o acusaram de ser um subversivo marxista. Quase um Zé Dirceu sul-africano! O que aconteceu de lá pra cá? Por que a imprensa de repente passou a ver no antigo terrorista um homem doce e conciliador? Essa frase de William Waack no Jornal da Globo nos ajuda a entender:

"Nelson Mandela demorou mais de 50 anos para descobrir que sua maior arma era o sorriso"

Entenderam? Enquanto o regime do apartheid persistiu, Mandela não sorria para os brancos segregadores, mas jogava bombas e preparava tocaias contra eles. Era um terrorista do mal que lutava pela fim da violência contra os negros. Terminado o regime de segregação, Mandela foi solto e não precisou mais fazer cara feia. As táticas violentas se tornaram desnecessárias e um discurso conciliador ganhou espaço. E o mais importante: o líder sul-africano finalmente descobriu sua arma mais poderosa: o sorriso. Foi a partir de então que este homem passou a conquistar simpatia internacional.

Nada como 27 anos de cadeia para recuperar um terrorista. Se a gente for pensar no caráter pedagógico, até que o apartheid não foi tão ruim assim. Aprendida a lição, Mandela voltou a sorrir e tornou-se um mito internacional da igualdade e da justiça, amado até mesmo por quem sempre o chamou de terrorista.

03/10/2013

Como o Tio Sam USAria a lei para cuidar das suas Yoani Sánchez

Filed under: Panteras Negras,Terrorismo de Estado,Yoani Sánchez — Gilmar Crestani @ 9:24 am
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Sócrates, da democracia corintiana, e o gesto de apoio aos Panteras Negras

É até engraçado a condenação dos Panteras Negras por reagirem de modo violento ao sistema que os trava como escravos. Prender, torturar, matar simplesmente porque eram de cor preta, raça negra, era considerado normal. Aguentar em silêncio é coisa de Martin Luther King. Defender o direito dos seus nos EUA é crime. Com prisão perpétua, em solitária. Imagine se Cuba fizesse isso com Yoani Sánchez…

Se os brasileiros quiserem entender um pouco do que foi os Panteras Negras não é difícil. A internet está cheia de informações.

Na Olimpíada da Cidade do México, Tommie Smith e John Carlos, dois atletas medalhistas dos EUA, fizeram a saudação "black power", braço estendido com o punho enluvado e fechado, durante a cerimônia de premiação da modalidade. O Comitê Olímpico Internacional (COI) baniu-os dos jogos.

O punho erguido ("Raised Fist") foi usado como símbolo de propaganda do Black Panther Party.

Reinaldo, Eusébio e Sócrates (futebolista), todos ex-jogadores de futebol comemoravam seus gols com o braço erguido e punho fechado assim como os Panteras.

USA, scarcerato Black Panther da 40 anni in cella d’isolamento

Herman Wallace ha passato gli ultimi 41 dei suoi 71 anni in una cella d’isolamento di 3 metri per 2, ventitré ore al giorno, tutti i giorni. Novecentomila ore di solitudine senza poter leggere, studiare o lavorare.

Nel 1971 Herman Wallace, Albert Woodfox e Robert Hillary King (conosciuti come gli Angola 3, dal nome della prigione dove sono detenuti) erano tre giovani membri delle Black Panthers, l’organizzazione rivoluzionaria che lottava per i diritti dei neri americani. Vennero condannati per rapina a mano armata e spediti al Penitenziario di Stato della Louisiana, anche detto "Angola prison".

Le Pantere Nere continuarono l’attività politica da dietro le sbarre, studiando, fornendo supporto legale (Wallace e Woodfox divennero "jailhouse lawyers", esperti di questioni giudiziarie per i loro compagni di cella), organizzando scioperi e assemblee carcerarie. Nel 1972, durante una rivolta, la guardia carceraria Brent Miller venne pugnalata a morte. Le accuse ricaddero sui tre, che vennero giudicati colpevoli e condannati ad una vita d’isolamento.

Herman Wallace sta morendo. Ha quasi 72 anni, un tumore al fegato allo stadio terminale e gli restano poche settimane di vita, forse appena qualche giorno. Il giudice Brian Jackson ne ha ordinato la scarcerazione immediata, non per motivi di salute (che pure sarebbero stati sufficienti al rilascio), ma perché ha stabilito che la sentenza di condanna emessa 40 anni fa è incostituzionale: viola il XIV emendamento della Costituzione americana, quello che tutela l’eguale protezione di ogni cittadino americano. Il nostro "giusto processo", che a Wallace è sempre stato negato.

Andrew Cohen, giornalista del The Atlantic, ha studiato a fondo il caso Wallace ed è arrivato alla conclusione che non esiste neppure una prova che dimostri la sua colpevolezza nell’omicidio di Miller. Cohen racconta come l’indagine condotta sia stata del tutto "inadeguata" e perlopiù viziata da pregiudizi razziali. Ma il giornalista soprattutto denuncia l’enormità della pena inflitta: un unicum nel sistema giudiziario americano che il reporter, cronista di giudiziaria e attivitista contro la pena di morte, giudica "crudele quanto inusuale".

Amnesty International, che si occupa del caso degli Angola 3 da diversi anni, ha rilasciato un comunicato che giunge alle stesse conclusioni: "Non esiste nessuna prova che leghi i due al delitto; le tracce di DNA che avrebbero potuto scagionare Woodfox e Wallace sono andate perdute e le deposizioni dei testimoni oculari screditate".

L’ultimo appello con il quale si chiedeva la scarcerazione di Wallace risale a luglio scorso. Ora, finalmente, un giudice ha deciso di fare quello che è giusto, anche se con 40 anni di ritardo. Herman Wallace è libero, anche se la sua libertà equivale a morire fuori dalla cella nella quale ha passato tutta la sua vita. Non è molto. Non è molto per la "patria dei diritti civili", non è molto per la giustizia, non è molto per chi si è battuto per anni contro questa condanna assurda. Ma siamo sicuri significhi molto per Herman Wallace e la sua famiglia.

USA, scarcerato Black Panther da 40 anni in cella d’isolamento – AgoraVox Italia

05/04/2013

O filho da mãe

Filed under: Aborto,Energúmenos,Excrescência — Gilmar Crestani @ 7:17 am
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Maldita a mãe que aborta o filho errado! Excrescência

Feliciano volta a afirmar que africanos são amaldiçoados

Manifestação foi feita ao STF, em inquérito que o investiga por preconceito

Ao tribunal, deputado cita trecho da Bíblia usado historicamente para embasar atitudes consideradas racistas

TAI NALONRUBENS VALENTEDE BRASÍLIA

Em defesa protocolada no STF (Supremo Tribunal Federal), o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) reafirmou que paira sobre os africanos uma maldição divina e procurou justificar a fala com uma afirmação que, publicamente, tem rechaçado: a de que atrelou seu mandato parlamentar à sua crença religiosa.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara é alvo de inquérito no STF por preconceito e discriminação por uma declaração no microblog Twitter.

Em 2011, ele escreveu que "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime, à rejeição".

Na época, Feliciano também postou que africanos são amaldiçoados pelo personagem bíblico Noé. "Isso é fato", escreveu no microblog. O post depois foi deletado, mas provocou protestos.

A Procuradoria-Geral da República denunciou o deputado ao Supremo -onde ele também responde a uma acusação de estelionato.

Feliciano é acusado de induzir ou incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, crime sujeito a prisão de um a três anos e multa. Não existe tipificação penal para homofobia.

Em sua defesa no STF, protocolada no dia 21, Feliciano disse que não é homofóbico e racista. Reafirma, porém, a sua interpretação de que há a maldição contra africanos.

"Citando a Bíblia […], africanos descendem de Cão [ou Cam], filho de Noé. E, como cristãos, cremos em bênçãos e, portanto, não podemos ignorar as maldições", afirmou, na peça protocolada em seu nome pelo advogado Rafael Novaes da Silva.

"Ao comentar [no Twitter] acerca da ‘maldição que acomete o continente africano’", disse sua defesa, o deputado quis afirmar que é "como se a humanidade expiasse por um carma, nascido no momento em que Noé amaldiçoou o descendente de Cão e toda sua descendência, representada por Canaã, o mais moço de seus filhos, e que tinha acabado de vê-lo nu".

A defesa disse ainda que há uma forma de "curar a maldição", entregando "os seus caminhos ao Senhor". "Tem ocorrido isso no continente africano. Milhares de africanos têm devotado sua vida a Deus e por isso o peso da maldição tem sido retirado", diz o texto.

Historicamente, interpretações distorcidas do trecho da Bíblia citado pelo pastor serviram como justificativa para atitudes e manifestações racistas, como as dos proprietários de escravos no Brasil e nos EUA no século 19.

Ao STF Feliciano não entrou em detalhes sobre sua afirmação sobre os gays -disse apenas que não há lei que criminalize sua conduta.

O pastor também afirmou que seu mandato está atrelado à religião, embora tenha dito durante a atual crise que sua crença não afeta sua atuação na Câmara. Usou esse argumento para se manter na presidência da comissão.

Ao STF afirmou que suas manifestações no Twitter estão "ligadas ao exercício de seu mandato". A estratégia é vincular as declarações à imunidade parlamentar.

Feliciano foi eleito para a comissão em março. Após protestos contra sua permanência, o pastor conseguiu aprovar requerimento fechando as sessões para o público.

27/07/2011

Noruega ensina que racismo não pode ser visto como folclore

Filed under: Direita — Gilmar Crestani @ 9:34 am
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Quarta, 27 de julho de 2011, 08h13

Velas e mensagens são deixadas na praia em frente à ilha de Utoeya, na Noruega. Ali e na capital, Oslo, foram mortas 76 pessoas em tiroteio e explosão ...Reuters

Velas e mensagens são deixadas na praia em frente à ilha de Utoeya, na Noruega. Ali e na capital, Oslo, foram mortas 76 pessoas em tiroteio e explosão de bomba

Marcelo Sener
De São Paulo

Se existe algo que o massacre na Noruega pode nos ensinar é que racismo, machismo e xenofobia não devem ser tratados como mero folclore.

Entre as palavras e as ações há um longo caminho, mas sempre pode existir alguém disposto a percorrê-lo.

Sarah Palin, candidata republicana a vice-presidente e musa do ultra-conservador Tea Party, dizia que a deputada democrata Gabrielle Giffords era um dos "alvos a serem abatidos" na política norte-americana.

Tratava-se de uma metáfora, mas um atirador em Arizona, a levou ao pé da letra. A tentativa de abater o alvo, uma das vozes contra a política hostil aos imigrantes, resultou em seis mortes em janeiro último, na cidade de Tucson.

Não há hoje quem não tema as possíveis consequências políticas de uma Europa economicamente em frangalhos -a lembrança da mistura depressão-fascismo do século XX ainda é suficientemente viva para suscitar este temor. Mas parece não ser o bastante para afastar a xenofobia, agora focada na repulsa ao Islã e a imigrantes que vem da África e Ásia.

A recente era da globalização só funcionou enquanto serviu como uma segunda colonização.

Os países periféricos foram instados a abrir seus mercados, homogeneizar suas normas, privatizar e internacionalizar suas empresas estratégicas, criando mercados alternativos ao já saturados no hemisfério norte.

Mas o mundo tornou-se global apenas em uma direção, pois as fronteiras voltaram a se fechar de forma ainda mais vigorosa, com a construção de grandes muros e o recrudescimento das leis de imigração – imigração esta que em outros tempos supriu com mão de obra barata, serviços que nacionais se recusavam a cumprir.

Pouco se pode fazer, é verdade, para impedir de todo ações repentinas de vingadores que se sentem representantes de uma nova cruzada, propondo salvar o mundo com toscas visões.

Mas estimular o discurso do ódio certamente não é uma delas.

O alarmismo com a fé diversa, o maltrato com o forasteiro e o diferente, o apego extremado a valores moralistas, são o caldo de cultura próprio para gerar ações excludentes, que tanto podem reverter em atentados quanto desembocar em políticas de Estado. Afinal, o que pode ser mais terrorista que o Holocausto?

Se a história se repete, como profetizava Marx, o receio é que nos abata mais uma vez como tragédia. Parafraseando Martin Luther King, parece ser o caso de nos preocuparmos tanto com o silêncio dos bons, quanto com o grito dos maus, este cada vez mais ensurdecedor.

O Brasil não vive o momento depressivo que se espalha pela Europa e Estados Unidos, fruto dos desvarios neoliberais, que maximizaram os mercados e o lucro e minimizaram as regulações.

Ao revés, vive anos de crescimento que resultaram em inesperada mobilidade social, mas isto também é motivo para cautela.

À incorporação de direitos civis a grupos minoritários, como homossexuais, instaurou-se uma brigada da moral, com forte apelo religioso. À incorporação ao mercado consumidor de uma classe emergente, recém-saída da linha de pobreza, levantou-se reação de quem se sente invadido em espaços até então exclusivos, entre faixas de automóveis e assentos de aviões. Ao pujante crescimento do Nordeste, esboça-se uma xenofobia de cunho separatista.

Aqui, como na Europa, devemos temer, sobretudo, aos que se propõe a nos higienizar ou recuperar valores tradicionais, que apenas remontam a mais exclusão.

O antídoto ao fascismo é o exercício da democracia e a preservação da dignidade humana como vetor de políticas sociais.

Só se abate o preconceito acreditando na igualdade.

Marcelo Semer é Juiz de Direito em São Paulo. Foi presidente da Associação Juízes para a Democracia. Coordenador de "Direitos Humanos: essência do Direito do Trabalho" (LTr) e autor de "Crime Impossível" (Malheiros) e do romance "Certas Canções" (7 Letras). Responsável pelo Blog Sem Juízo.

Noruega ensina que racismo não pode ser visto como folclore – Terra – Marcelo Semer

As sementes e os semeadores do extremismo

Filed under: Direita — Gilmar Crestani @ 9:08 am
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Ex apocalípticos y nuevos integrados

Roberto Samar y Marcelo García retoman el debate entre periodistas “independientes” y “militantes” para señalar que, más allá de cualquier debate, la acción periodística modifica los acontecimientos y que hay que superar la falsa dicotomía.

Por Roberto Samar y Marcelo J. García *

“Independientes” vs. “militantes”: la más reciente dicotomía, en un cuadrilátero plagado de dialécticas, afecta al oficio periodístico. Oficio siempre listo para generar las antinomias de los otros, en este caso se autoincrimina. Los unos integrados se autodefinen como libres y estigmatizan a los otros como sujetados. Los otros, otrora apocalípticos, invierten la carga. En el fondo del asunto está esa cosa llamada realidad: cómo se accede a ella y cómo se la cuenta.

Los medios de comunicación oposicionistas plantean, una y otra vez, que el periodismo independiente está asociado a lo transparente y lo objetivo, y que el periodismo militante bucea en las profundidades de la subjetividad, manchándose con la política. La fantasía del acceso directo a la realidad transparente ha sido cuestionada –con argumentos y con razón– por la academia, pero no ha perdido credibilidad en cierto sentido común social. Las cosas “son”, resabio posible de la raíz positivista en nuestra sociedad.

Pero si algo ha quedado claro en los últimos años de vida pública argentina es que la acción periodística modifica los acontecimientos, bastante más que el termómetro modifica la temperatura del objeto que mide. La batalla mediática instaurada a partir del debate y la aprobación de la Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual quitó las caretas de la pretendida objetividad de forma brutal. Los independientes e integrados pretenden continuar su marcha como si nada pasara, pero la realidad ha magullado el ojo miope de la tuerta verdad objetiva. Ya pocos dudan de que la cobertura de un acontecimiento comunica un recorte del mismo. Planos de señoras elegantes en una manifestación connotan una cosa distinta de aquellos que muestren gente proclive al desmán. En casi toda marcha habrá, seguramente, de los unos y de los otros, pero se mostrará más a unos que a otros.

Los sociólogos de los medios en el Norte lo llaman frame, no sólo de imágenes, sino de palabras. Una entrevista con Luis D’Elía, por caso, puede ser presentada como una entrevista con un dirigente social, con un profesor de Historia o con un piquetero. Libertad de encuadre, pero encuadre al fin. Ningún frame falta en su totalidad a la “verdad”, pero todos faltan a ella un poco. La verdad, sostiene Foucault, está atravesada por relaciones de poder. D’Elía, en el marco de nuestras relaciones hegemónicas, es ante todo, para muchos, “un piquetero”.

El trabajador del periodismo “integrado independiente” está condicionado por la línea editorial de la empresa. El periodista “militante, ex apocalíptico”, también sigue, sin duda, una línea. Ambos pueden sostener esa línea con más o menos convencimiento, por dinero o por amor. Se podrá estar más o menos de acuerdo con los intereses que defienden cada uno (negocios, proyecto u otros). Pero eso no modifica los condicionamientos del oficio. En la mayoría de los casos, los trabajadores de prensa no eligen los temas a cubrir, no seleccionan la foto que ilustra la noticia, no disponen del epígrafe, no escriben los títulos ni diseñan las tapas. Cuando se imponen, los condicionamientos instalan en la rutina profesional valores peligrosamente extra-profesionales.

Quienes estamos más cerca de los ex apocalípticos que de los nuevos integrados tenemos que entender que superar la falsa dicotomía impone no repetir las prácticas de éstos. Hay, por fuera de los medios oligopólicos, un abanico heterogéneo de comunicadores convencidos y profesionales. La batalla se gana en radios comunitarias, medios cooperativos y diarios independientes, cuya primera militancia es la honestidad.

Es probable que la plena implementación de la Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual nos permita pensar más allá de las trincheras de las falsas dicotomías y desarrollar un pensamiento basado en la pluralidad. La ley requiere que se construya y se consolide un actor social al que hoy se empieza (muy) lentamente a ver. Para el periodismo, tomar la palabra en libertad no significa omitir algunas de las mejores prácticas de su tradición. Aunque nadie sea “independiente” y no haya objetividades bobas y todos sean, de una forma u otra, “militantes” y plagados de subjetividades, no está de más sostener, por el bien del interés público y de su propia credibilidad, la separación básica entre información y opinión.

El desenlace reciente del murdochiano inglés News of the World luego de 168 años de vida es una lección a estudiar. La ética profesional no es patrimonio exclusivo de unos ni de otros. Como escribieran los también centenarios ingleses de The Guardian: Que la opinión sea libre, pero los datos sagrados.

* Licenciados en Ciencias de la Comunicación. Miembros del Departamento de Comunicación de la Sociedad Internacional para el Desarrollo (www.sidbaires.org.ar).

Página/12 :: La ventana :: Ex apocalípticos y nuevos integrados

21/06/2011

No país do individualismo não há crime coletivo

Filed under: Democracia made in USA — Gilmar Crestani @ 7:04 am
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Sim, também não restaram provas dos massacres indígenas do Gal. Custer, de que houve segregação racial e existiu uma tal de Ku Klux Kan. Faltam provas que os EUA invadiram o Afeganistão, prenderam inocentes em Guantánamo e que o um americano esteve na lua…

El Supremo falla a favor de Walmart y frena el mayor caso por discriminación sexual

Las trabajadoras "no han presentado pruebas convincentes de que exista una política discriminatoria", según el alto tribunal estadounidense

YOLANDA MONGE – Washington – 20/06/2011

Buenas noticias para Walmart, para las grandes compañías y pésimas noticias para las trabajadoras del gigante norteamericano. Las mujeres que demandaron por discriminación sexual al mayor minorista del mundo, la cadena de grandes almacenes WalMart, sabían que su lucha era la de David contra Goliath. Si el Tribunal Supremo de Estados Unidos les hubiera dado la razón, la decisión hubiera afectado a más personas que el número total que a día de hoy sirven en el Ejército, la Marina, las Fuerzas Aéreas, los Marines y los Guardacostas de EE UU. Más de millón y medio de mujeres hubieran puesto contra las cuerdas a WalMart. Pero el Supremo ha dicho, de forma unánime, ‘no’, y ha ganado Goliath.

Los jueces del Supremo han argumentado en contra de la demanda colectiva que los abogados de las cinco mujeres que en 2001 iniciaron la querella contra WalMart han fracasado en su intento de probar que existía una política corporativa común destinada a discriminar a las mujeres de la empresa. Las trabajadoras "no han presentado pruebas convincentes de que exista una política discriminatoria en cuanto al pago y los ascensos a nivel nacional", ha escrito el juez Antonin Scalia, en nombre de la mayoría conservadora de la Corte.

El máximo tribunal ha sido unánime en varios aspectos y ha estado dividido en otros respecto de la querella. Por ejemplo, cuatro magistrados (Ruth Ginsburg, Stephen Breyer, Sonia Sotomayor y Elena Kagan) han expresado que ellos hubieran devuelto el caso a una instancia inferior para que las trabajadoras pudieran intentar hacer prosperar la demanda colectiva bajo otro ángulo legal. Sin embargo, en lo que todos han estado de acuerdo es en que "la Corte descalifica la demanda colectiva", ha escrito Ginsburg, como portavoz de la minoría liberal.

A partir de ahora, las mujeres que buscaban ser reivindicadas jurídicamente en el Supremo pueden continuar su lucha de forma individual, lo que es una labor de titanes que a la larga les reportaría muchísimo menos dinero y que sin duda no pondría ninguna presión sobre WalMart. Dos de las mujeres que habían demandado a la empresa, Betty Dukes y Christine Kwapnoski, estaban presentes en el momento de la lectura del fallo.

El caso se remonta al año 2001, cuando Betty Dukes alegó que a pesar de haber trabajado duro y bien durante seis años se le denegó, por ser mujer, acceder a los cursos de formación que le habrían reportado puestos superiores y mejor remunerados, lo que es una violación del Título VII del Acta de Derechos Civiles de 1964. Si el Supremo hubiera fallado a favor de las denunciantes, la sentencia hubiera tenido sin duda consecuencias que hubieran ido más allá de las fronteras económicas del mayor minorista del mundo -las indemnizaciones serían de miles de millones- ya que las demandas colectivas aumentan la presión en las empresas para que busquen arreglos debido al alto costo que acarrea la defensa y para evitar onerosos juicios largos.

El caso conocido como ‘Dukes contra WalMart’ hubiera marcado sin duda un antes y un después en la historia de las relaciones laborales de Estados Unidos, como lo ha probado el hecho de que para que se hubiera llegado a celebrar un juicio se haya tenido que pasar primero por el Supremo para que decida quién puede participar en la querella. El Supremo no decidía si había habido discriminación o no, sólo abría la puerta a un proceso judicial.

El caso que presentó Dukes junto a otras cinco compañeras -y que hubiera afectado a más de 1,5 millones de mujeres que hubieran trabajado antes de 1998 en cualquiera de los 3.400 centros que WalMart tiene en el mundo- languideció durante años en Cortes de Apelaciones hasta que el año pasado el Supremo decidió intervenir en el asunto. Si las mujeres denunciaban de manera colectiva, tenían alguna esperanza.Si luchaban individualmente contra una gran corporación como es WalMart, sus posibilidades de ganar eran casi nulas. "Es David contra Goliath", dijo Jocelyn Larkin, una de las abogadas de las mujeres.

Las mujeres representan dos tercios de la plantilla de la cadena pero ganan un 14% menos que cualquier hombre, según datos recogidos en la denuncia. De media, una mujer tarda más de cuatro años en lograr ascender a asistente de encargado frente a los menos de tres que tarda un hombre. WalMart ha negado siempre todo lo anterior y ha enfatizado que su política corporativa prohíbe "cualquier tipo de discriminación a la vez que promueve la diversidad y garantiza un tratamiento igualitario".

Pero las más de 100 declaraciones de mujeres que habían aportado su testimonio como base para la denuncia dibujaban un escenario muy diferente. Algunas hablaban de cómo a los gerentes hombres les gustaba celebrar reuniones en clubs de ‘strippers’ o como no veían extraño reunirse por negocios en los restaurantes Hooters (donde las camareras tienen que tener grandes pechos y llevar faldas mínimas) a pesar de las quejas de las compañeras femeninas. Otra mujer explicaba que su superior le dijo que "se arreglara" y se quitara "las telarañas que le colgaban del maquillaje". En otro caso, un supervisor espetó a una subordinada: "Emperifollate; cómprate unas pinturas y vístete mejor".

WalMart ha ganado y como temían los grupos de defensa de los derechos civiles el mensaje que se ha enviado es que si eres demasiado grande nadie te va a demandar. El hecho de que por primera vez en la historia haya habido tres mujeres sentadas en la máxima corte (el total es de nueve jueces), todas nombradas por presidentes demócratas, una de ellas -Ruth Ginsburg- con una dilatada carrera en defensa de los derechos de las mujeres, parece haber tenido poco peso -excepto las anotaciones de devolver el expedeinte a una instancia inferior- a la hora de sopesar un caso de desigualdad, sexismo y techos de cristal

El Supremo falla a favor de Walmart y frena el mayor caso por discriminación sexual · ELPAÍS.com

03/04/2011

Bolsoignaro

Filed under: Ditadura — Gilmar Crestani @ 11:20 am
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DukeBolsonaro

29/03/2011

Bolsonaro diz não querer os votos que o elege

Filed under: Ditadura — Gilmar Crestani @ 9:22 pm
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Militar, Bolsonaro encara tudo de frente. Sem vaselina. Deve ter começado na infância, com algum cabo. O bonito é que ele se vê em cada eleitor o seu. Eles se merecem!

Bolsonaro diz que errou, mas que não quer ‘voto de ignorante’

por Lilian Venturini

29.março.2011 17:24:35

Eduardo Bresciani, do Estadão.com.br

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) afirmou nesta terça-feira, 29, que se equivocou ao responder a uma pergunta de Preta Gil no programa CQC sobre o que faria se seu filho de apaixonasse por uma mulher negra. No programa, Bolsonaro afirmou que não discutiria essa “promiscuidade”. Nesta tarde, o deputado disse que achou que a pergunta era se o seu filho namorasse uma pessoa do mesmo sexo. “Foi um mal entendido, eu errei. Como veio uma sucessão de perguntas eu não ouvi que era aquela pergunta, foi um equívoco. Eu entendi que a pergunta era se meu filho tivesse um relacionamento com gay, por isso respondi daquela forma. Na verdade, quando eu vi a cara da Preta Gil eu respondi sem prestar atenção”, disse ele.

Questionado sobre qual seria sua resposta sobre a pergunta feita pela cantora e apresentadora, o deputado não poupou Preta Gil de ataques: “Eu responderia que aceito meu filho ter relacionamento com qualquer mulher, menos com a Preta Gil”.

O deputado também reagiu quando foi perguntado se sua postura ofensiva contra os homossexuais não poderiam lhe tirar votos. “O dia que eu me preocupar com eleitor eu viro vaselina. Não quero me preocupar com um eleitor que quer que eu chame ele de bonitinho. Não quero voto de ignorante”.

Em meio a movimentação de alguns parlamentares para levá-lo ao Conselho de Ética, o próprio deputado decidiu protocolar um requerimento naquele colegiado pedindo para ser ouvido. “Não vou deixar ninguém aparecer em cima disso. Eu mesmo vou pedir pra me explicar lá”. O deputado afirmou que já foi processado no Conselho cerca de 20 vezes durante seus seis mandatos e que foi absolvido em todas as vezes.

23/03/2011

“Ariano branco”, quase nazista, assim é o DEM

Filed under: Cosa Nostra — Gilmar Crestani @ 8:30 am
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Deputado Júlio Campos chama ministro do STF de ‘moreno escuro’

Publicada em 22/03/2011 às 19h07m

BRASÍLIA – O ex-governador de Mato Grosso e deputado federal Júlio Campos (DEM-MT), em reunião da bancada do partido na Câmara, referiu-se ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, como "moreno escuro". Ao criticar a eficácia do foro privilegiado destinado às autoridades no país e defender a manutenção de prisão especial para autoridades, o deputado fez menção ao ministro.

" A gente não é obrigado a lembrar o nome de todo mundo, toda hora "

– Todo mundo sabe que essa história de foro privilegiado não dá em nada. O nosso amigo Ronaldo Cunha Lima precisou ter a coragem de renunciar ao cargo para não sair daqui algemado. E depois, meus amigos, você cai [sic] nas mãos daquele moreno escuro lá no Supremo, ai já viu – disse o deputado em reunião da bancada.

Questionado sobre o assunto, o deputado disse ter esquecido o nome do ministro e citou-o como moreno escuro, porém sem nenhuma maldade.

– Ao fazer um pequeno debate me esqueci o nome do ministro e falei "aquele moreno escuro", mas não foi com nenhuma maldade. A gente não é obrigado a lembrar o nome de todo mundo, toda hora -, declarou Júlio Campos.

Deputado telefonou para pedir desculpas ao ministro

Após ter chamado o ministro Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa de " moreno escuro", o deputado Júlio Campos (DEM-MT) ligou para pedir desculpas. Em nota, a assessoria diz que o parlamentar fez contato com o chefe de gabinete de Joaquim e "pediu que sejam passadas desculpas ao magistrado por eventuais constrangimentos" e que não houve intenção de "desprestigiá-lo".

O deputado esclarece que usou a expressão "ilustre moreno escuro" porque não lembrou naquele momento do nome do magistrado.

Na nota, o parlamentar justifica que na reunião na bancada do DEM se posicionou contrário ao foro privilegiado por acredita ser uma "utopia". Ele defende o direito à prisão especial autoridades civis, militares, eclesiásticas devidamente constituídas.

Leia a nota na íntegra:

"O deputado federal Júlio Campos (DEM/MT) vem esclarecer juntamente à imprensa que quando usou a expressão "ilustre ministro moreno escuro" em menção ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa foi somente por não lembrar naquele momento o nome do magistrado.

De acordo com o deputado, não houve interesse de desmerecer o ministro na expressão. A fala do parlamentar foi feita na reunião de bancada do DEM ao falar sobre o Foro Privilegiado, uma das discussões concernentes à Reforma do Código Penal.

Para evitar possíveis constrangimentos e interpretações dúbias, o deputado Júlio Campos já fez contato com o chefe de gabinete do ministro Joaquim Barbosa, Drº Marco Aurélio e pediu que sejam passadas desculpas ao magistrado por eventuais constrangimentos referentes ao que foi divulgado pela mídia, mas deixou bem claro que não houve o interesse em desprestigiá-lo.

O parlamentar também se posicionou na ocasião contrário ao Foro Privilegiado por acredita que ele é uma utopia, enquanto outros processos passam por quatro instâncias, o Foro Privilegiado passa somente por uma. No entanto, entende que deve ter direito à prisão especial autoridades civis, militares, eclesiásticas devidamente constituídas".

Deputado Júlio Campos chama ministro do STF de ‘moreno escuro’ – O Globo

11/11/2010

Monteiro Lobato e o racismo

Filed under: Cultura — Gilmar Crestani @ 8:30 pm
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Lobato, negros e Mayaras

O Parecer nº. 15/2010 do Conselho Nacional de Educação – que identifica situações de racismo no livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato – causou polêmica nos meios literário e educacional. Uma passagem do referido livro diz: “Sim, era o único jeito — e Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro acima, com tal agilidade que parecia nunca ter feito outra coisa na vida senão trepar em mastros”.Por Olívia Santana*, no Vermelho

Ora, há muito se associa a imagem das pessoas negras a macacos. Já vimos insultos a jogadores de futebol, no vôlei e em inúmeras situações da vida cotidiana. Na escola, não raro, professores despreparados chegam a justificar manifestações racistas como brincadeira.

Evitemos as saídas simples. Não se trata de defender a não exposição das crianças a um autor de méritos reconhecidos, como Lobato. Trata-se de ter visão crítica sobre possíveis racismos em expressões supostamente carinhosas, como a infantilização do negro, sua comparação com um macaco, como feito com a simpática personagem Tia Nastácia. Cabe à escola desnaturalizar estereótipos racistas.

LobatoTodo autor é fruto do seu tempo, mas o racismo atravessa o tempo e permanece arraigado às relações sociais, não nos permitindo contemporizá-lo. Ciente disso, um professor de Brasília analisou o livro em tela e formalizou denúncia junto à Ouvidoria da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial-SEPPIR. Por sua vez, a SEPPIR acionou o Conselho Nacional de Educação.

Com base no artigo 5º da Constituição de 1988, que criminaliza o racismo, e na LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -9394/06, alterada pelas leis 10.639/08 e 11.645/08, para inclusão da história e da cultura afro-brasileira, africana e indígena, o CNE elaborou o Parecer nº.15/2010. Esse Parecer resgata as normas da própria Coordenação-Geral de Material Didático do MEC, que estabelecem que “na avaliação dos livros indicados para o Plano Nacional de Biblioteca nas Escolas, as obras “primem pela ausência de preconceitos, estereótipos e que não sejam selecionadas obras clássicas ou contemporâneas com tal teor”. Em casos em que a obra selecionada mantenha tais problemas, será acompanhada de “uma nota de orientação sobre a presença de estereótipos raciais”. Fato curioso é que os escritores Márcia Camargo e Vladimir Saccheta, na abertura da 3ª edição, 1ª impressão, publicada em 2009 de Caçadas de Pedrinho, devidamente atualizada no que diz respeito às novas normas da língua portuguesa, situa historicamente a obra de Lobato, explicando que na época não havia legislação protetora dos animais silvestres. Mas não há nenhuma referência à linguagem racialmente discriminatória que há no livro, em contraste com os avanços que houve no Brasil em relação ao enfrentamento do racismo, desde a Constituição de 1988.

Assim, longe de ser um ato de censura, como alguns intelectuais reclamam, o parecer orienta o trato da questão racial na escola, instituição que deve educar todo o povo brasileiro, sem discriminação de qualquer segmento que compõe a nossa matriz civilizacional.

Lobato é, sem dúvida, um grande nome da literatura nacional, o que não o impede de ter pés de barro, ou aversão ao barro negro. Há os que gritam que o Brasil trata a cidadania negra e indígena com paternalismo, e não se diz uma palavra sobre a escravidão branca. Sabe-se que brancos escravizaram brancos no passado e até negros escravizaram negros. Toda forma de escravidão deve ser rechaçada em nome da humanização, da evolução dos sistemas de organização social e da socialização da riqueza que o trabalho é capaz de gerar. Mas povos brancos se lançaram a escravizar outros povos e reelaboraram simbolicamente as experiências que travaram contra os seus. Quando se pensa em escravidão branca, nos invade a imagem do glorioso Spartacus, o grande e bravo líder de uma rebelião escrava que confrontou o poder na Roma Antiga. Como se reelabora a tragédia vivida pelos povos negros? O que nossas crianças e adultos sabem sobre a escravidão negra? O navio negreiro, a subalternidade, a desumanização do continente africano. A indústria cultural e a literatura hegemônica não deram voz e imagem de dignidade aos vencidos e suas formas de resistência. Não fosse o Movimento Negro, Zumbi não seria mais que um espectro entre os morto-vivos a povoar histórias de terror.

O ser humano é um ser cultural e politicamente construído. Seu imaginário de sucesso ou de fracasso é, também, feito de símbolos construídos na dinâmica social concreta. A verdade é que as crianças têm recebido na escola uma enxurrada de livros que enaltecem a branquitude e a riqueza. Branca de Neve, Bela Adormecida, Rapunzel, Gata Borralheira… Os famosos contos dos irmãos Grimm dominam o ranking literário infantil.

A turma do Sítio do Pica Pau Amarelo é um contraponto à exaltação do herói e da heroína europeus, afirma a cultura nacional, mas o lugar do negro nas histórias de Lobato é silenciado, inviabilizado: é um não-lugar. A única criança negra é o saci, um diabo, que fuma e tem uma perna só. Tia Nastácia e Tio Barnabé não têm família, vivem na cozinha e nos fundos da casa de dona Benta, são subservientes, infantilizados, ainda que cuidadosos. A criança negra que cresce ouvindo essas histórias, sem uma abordagem crítica e sem outras histórias que possam valorizá-las, são efetivamente vítimas silenciosas da violência simbólica. Reeducar o povo brasileiro é um desafio a ser vencido, sob pena de continuarmos produzindo Mayaras e outros jovens que odeiam negros, índios e nordestinos.

Há que se contestar as injustiças, mesmo que estas tenham sido cometidas por um notável pioneiro da literatura infantil. E despertar na criança a capacidade de análise crítica, para que possam ver os pés de barros de muitos mestres. Mas será que a escola aguenta este outro tipo de modelo de educação que tanto beneficiaria negros e brancos e contribuiria para interações não hierárquicas e estereotipadas?


*Olívia Santana é vereadora de Salvador e Coordenadora de Combate ao Racismo do PCdoB

02/11/2010

Bode Expiatório

Filed under: Isto é PSDB! — Gilmar Crestani @ 12:13 pm
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Os sulistas racistas já encontraram a desculpa para a derrota do representante do atraso. Foram os nordestinos. Em alguns sites e blogs sulistas, ou sul maravilha, o procenceito transborda em doses homéricas. E tudo embasado na mais pura “sabiduria” tucana e da elite que representa. Calçados no padrão Veja de informações, atribuem a derrota ao bolsa família e aos nordestinos. Não necessariamente nesta ordem.

Nesta segunda-feira, o preconceito paulista desceu a  Serra. A hashtag #nordestisto chegou ao Trending Topics do Twitter. Como toda “sabiduria” tucana da classe mérdia sulista está calcada sobre padrões falsos, o grito dos excluídos do Planalto serviu apenas para comprovar aquilo que a campanha já havia deixado claro. A candidatura do “jênio”, como batizou PHA, foi o congraçamento dos retardados com mal-intencionados. Se não conseguem elaborar uma desculpa melhor fundamentada, como podem se achar mais preparados? Até um apedeuta como o Lula consegue ter um raciocínio melhor elaborado. Aliás, Lula é tão despreparado que venceu com um “poste”.

Como divulgou o insuspeito jornal paulista, Valor Econômico, das famiglias Frias e Marinho, “a diferença da petista para o tucano foi de pouco mais de 12 milhões de votos. Essa vantagem ocorreu graças à enorme votação de Dilma no Nordeste, onde ganhou 10.717.434 de votos a mais do que Serra. Logo, mesmo se o Nordeste – maior reduto eleitoral do PT – fosse excluído dos cálculos, a candidata governista venceria a eleição por um saldo de 1,3 milhão de votos, ou 0,9 ponto percentual (50,9% a 49,1%)”.

Portanto, culpar os nordestinos pela vitória de Dilma é um atestado de burrice que os desqualifica para ocuparem o cargo máximo. O argumento os denunciam. Não estavam preparados!

Atualizando: Leia matéria mais completa no Maria Fro

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