A impoluta porta-voz do PSDB, Eliane Cantanhêde, com todo seu vira-latismo, adota, sem constrangimento, a alcunha lançada pelos genocidas. A briosa jornalista, convenientemente, esquece que nos 30 do século passado, Hitler pôs Goebbels para trabalhar na defesa da super raça ariana: os nazistas botaram no mesmo barco anões, homossexuais, ciganos, judeus. E eram tantos estes “degenerados”, que buscaram uma “solução final”, muito parecida com que o que Israel está fazendo com a Palestina.
Israel usa contra o Brasil, a pátria do Osvaldo Aranha, criador daquele “paraíso artificial”, a mesma linguagem diplomática que usa em relação aos palestinos. É bem verdade que há vozes dentro e fora de Israel que condena a invasão da Cisjordânia, Gaza e do toda terra ou pedaço de pedra ao redor de Jerusalém por colonos de todas as partes do mundo. Só eu conheço uma meia dúzia de brasileiros que para lá partiram. Israel não passa de um encrave norte-americano no Oriente Médio. Retire da espalda os pittbuls norte-americanos e Israel vira um anão de jardim. As únicas resoluções da ONU que não tem qualquer validade são aquelas que envolvem Israel e os EUA. Por que será?
Nas votações da ONU, como mostra o painel da imagem, qual é o único país que não quer investigar o genocídio dos palestinos? De repente descubro que o mundo todo está errado e Israel, à sobra dos EUA, é o único certo.
ELIANE CANTANHÊDE
“Anão diplomático”
BRASÍLIA – Depois de três anos e meio de uma política externa dorminhoca, o Brasil deu um pulo da cama, tomou-se de brios e partiu para cima de Israel.
Em sintonia fina com o Planalto e num mesmo dia, o Itamaraty votou a favor de uma resolução dura contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, soltou uma nota com zero firula, convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv e chamou o embaixador israelense em Brasília para dar um recado mal humorado.
A nota oficial, condena “energicamente o uso desproporcional da força” e foi recebida como uma declaração de guerra diplomática por Israel, que reagiu também de forma surpreendente e ácida, ora criticando a “irrelevância” da diplomacia brasileira, ora chamando o Brasil de “anão diplomático”. Planalto e Itamaraty bufaram.
As relações entre Brasil e Israel têm sido pautadas pelo pragmatismo, por exemplo, na área comercial, mas nunca foram de amor. Portanto, o Brasil se fingiu de desentendido na guerra civil síria, assistiu de camarote o desastre político no Egito e, pior, lavou as mãos quando os vorazes russos passaram a devorar nacos da Ucrânia. Mas o país se sentiu à vontade para condenar Israel. E com motivos inquestionáveis.
Mortes são dolorosas em quaisquer circunstâncias, mas mortes de militares em guerras e em situação de tensão são compreensíveis, como são agora as pouco mais de 30 mortes de soldados israelenses. Mas como não ver, não ouvir e não gritar diante de centenas de mortes de civis palestinos (e de onde quer que seja), ainda mais se grande parte delas são de mulheres e crianças? E como não ver, não ouvir e não gritar que caíram mais de 700 de um lado e menos de 5% disso no outro? Crime de guerra?
A posição brasileira, clara e dura, marca uma inflexão da política externa de Dilma, a meses do fim do governo, e confirma que Israel perdeu a guerra da opinião pública internacional e está cada vez mais isolado.