TRE do Rio manda Folha retirar texto de Aécio da internet
Segundo juiz, senador fez propaganda eleitoral antecipada; jornal não retira e recorrerá da decisão
DE SÃO PAULO
O Tribunal Regional Eleitoral do Rio determinou que a Folha retire da internet uma coluna escrita pelo senador Aécio Neves (MG), pré-candidato do PSDB à Presidência e colunista do jornal.
Segundo a decisão do juiz Guilherme Pedrosa Lopes, o senador, com a contribuição da Folha, realizou propaganda eleitoral antecipada na coluna "O fim da miséria", publicada no dia 26 de maio.
No texto, Aécio relata as "visões" e os "compromissos" do PSDB para combater as desigualdades sociais.
No dia seguinte à publicação da coluna, uma denúncia anônima foi encaminhada ao setor de fiscalização do TRE-RJ pedindo a punição do senador por ele usar o jornal para fazer propaganda eleitoral antecipada.
A denúncia diz ainda que o senador utiliza a Folha e a "mídia em geral" para fazer campanha fora do prazo legal –permitida em lei a partir do dia 6 de julho.
"É uma violência contra a liberdade de expressão. A coluna era uma manifestação de opinião legítima para aquele espaço", disse o advogado da Folha Luís Francisco Carvalho Filho.
Na decisão do TRE, do último dia 28, o juiz determinou a retirada da coluna da internet em 48 horas.
Notificada nesta terça (10), a Folha não retirou o texto do ar e vai recorrer da decisão.
Procurado, o senador informou, via assessoria de imprensa, que ainda não tomou conhecimento da decisão do TRE e que o artigo tratava de "assunto de interesse nacional".
Embora não seja obrigada por lei, a Folha adota há anos a praxe de deixar de publicar textos de colunistas quando eles são oficializados candidatos a cargos eletivos no Poder Executivo.
Colunista do jornal desde julho de 2011, Aécio Neves deixará de escrever no espaço de opinião da página A2 a partir do dia 16 –no fim de semana, ele será oficializado candidato do PSDB à Presidência.
Perpetrada a vendeta contra o PT e depois de inocentar Fernando Collor de Mello, proíbe transmissão ao vivo de julgamentos políticos futuros, e para não julgar os parceiros do PSDB, o incorporador Assas Jb Corp foge da raia e decide investir na compra de imóveis em Miami… Para não chamar de verdugo, carrasco e capitão-de-mato, a Folha fica no eufemismo comum para pistoleiro descartável: “polêmico”.
Joaquim Barbosa antecipa aposentadoria e deixa STF
Ministro, que poderia ficar até 2024 no tribunal, decide sair no fim de junho
Primeiro negro a presidir corte ganhou fama com mensalão; Dilma não tem prazo para definir substituto
DE BRASÍLIA
Relator do maior processo criminal já julgado pelo Supremo Tribunal Federal e o mais polêmico presidente da história recente da corte, o ministro Joaquim Barbosa, 59, anunciou nesta quinta (29) que se aposentará e deixará o tribunal no final de junho.
Primeiro negro a presidir o STF, Barbosa ganhou fama como o relator que conduziu o julgamento do mensalão, que levou a antiga cúpula do PT, incluindo o ex-ministro José Dirceu, à prisão.
O resultado do julgamento tornou Barbosa popular a ponto de receber aplausos na rua e alimentou especulações sobre suas ambições políticas. Sem filiação a nenhum partido, ele não pode se candidatar a nada nas eleições de outubro, mas seu apoio é cobiçado pelos rivais da presidente Dilma Rousseff.
Barbosa anunciou sua decisão no início da sessão desta quinta no STF. "Requererei meu afastamento do serviço público após quase 41 anos", disse. "Tive a felicidade, a satisfação e a alegria de compor essa corte no que é talvez seu momento mais fecundo, de maior criatividade e de importância no cenário político-institucional do nosso país."
Barbosa deixa o cargo após 11 anos no tribunal e antes de completar o mandato de dois anos como presidente, que iria até novembro. Ele poderia continuar ministro até a aposentadoria compulsória, prevista para 2024, quando completará 70 anos de idade.
Indicado ao STF pelo ex-presidente Lula, Barbosa travou disputas com colegas, atacou jornalistas, acusou advogados de conluio com juízes e associações de magistrados, de corporativismo.
Antes de informar seus colegas sobre sua aposentadoria, Barbosa esteve com Dilma e os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
O ministro dava sinais há algum tempo de que não exerceria seu mandato até o fim. No auge do julgamento do mensalão, colegas achavam que ele poderia sair em abril para se candidatar a um cargo eletivo, mas ele não se filiou a partido no prazo legal.
Depois de encerrada a primeira fase do mensalão, em 2012, quando conseguiu a condenação da maioria dos réus, Barbosa sofreu um revés com a chegada à corte de Teori Zavascki e de Luís Roberto Barroso.
A maioria que seguira sua interpretação do caso se desfez, e Barbosa viu a condenação dos réus pelo crime de formação de quadrilha cair no julgamento de recursos, no começo deste ano. A aposentadoria prematura começou a ser, então, trabalhada.
O ministro passou a ser alvo de críticas cada vez mais abertas de advogados e de movimentos ligados ao PT e ao governo, principalmente após impedir que os condenados do mensalão em regime semiaberto tivessem direito ao trabalho externo.
Nesta semana, outra decisão o deixou contrafeito: o adiamento do julgamento de uma ação que discute perdas provocadas por planos econômicos. Prevendo novas derrotas em plenário, Barbosa, que em diversas ocasiões reagiu de forma explosiva ao ser contrariado, resolveu sair.
A pessoas próximas, teceu críticas à corte, aos novos ministros e, em especial, ao revisor do mensalão, ministro Ricardo Lewandowski, com quem protagonizou embates violentos no julgamento. Lewandowski é o vice-presidente do STF e o próximo a assumir o comando do tribunal.
Segundo interlocutores, Barbosa não queria transmitir o cargo ao desafeto e ainda por cima arriscar-se a ouvir críticas dele em plenário.
Fora do STF, Barbosa deverá se dedicar à vida acadêmica. Ele quer dar palestras no exterior e trazer colegas acadêmicos para o Brasil.
A presidente Dilma não tem prazo para escolher o ministro que o substituirá.
(SEVERINO MOTTA, MARCIO FALCÃO, VALDO CRUZ E GABRIELA GUERREIRO)
Ao longo da vida, essa anta (adjetiva) continuou praticando depredações. Depredou a boa educação, o bom gosto, depredou – ou tentou depredar – a imagem de seu país, a verdade e, no último domingo, depredou o programa Manhattan Connection
Em 2007, o ex-colunista da revista Veja (hoje um dos apresentadores do programa Manhattan Connection, da Globo News) Diogo Mainardi publicou livro que surpreendeu o país por ter como título insulto ao então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que batia recordes sucessivos de popularidade e terminou seu governo com 80% de aprovação.
O livro "Lula é minha anta", porém, segundo seu autor não questiona a inteligência do ex-presidente – e seria prova ainda maior de burrice se o fizesse –, pois cita o animal como "substantivo" e não como "adjetivo".
Explico: Mainardi via Lula como "anta" no sentido de um animal a ser caçado, ou melhor, a ser cassado. Literalmente.
O título do livro teve origem em uma das colunas do sujeito publicada na Veja em 2005 sob o título "Uma anta na minha Mira". No trecho do texto reproduzido abaixo, o autor explica a "razão" do insulto ao então primeiro mandatário do país.
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"(…) Passei o ano todo amolando Lula. Dediquei-lhe mais de trinta artigos. Prometi derrubá-lo em 2005. Fracassei. Prometo derrubá-lo em 2006. Chegaram a atribuir motivos ideológicos à minha campanha contra o presidente. Não é nada disso. Tentei derrubá-lo por esporte. Há quem pesque. Há quem cace. Eu não. Prefiro tentar derrubar Lula. Ele é minha anta. Ele é minha paca (…)"
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O ex-editor da Editora Globo Paulo Nogueira escreveu recentemente em seu blog, Diário do Centro do Mundo, que se tornou desafeto de Mainardi por ter dito que ele "vivia de Lula", ou seja, que a única projeção real que obteve em sua carreira se deveu à caça que empreendeu ao petista ao longo dessa obsessiva campanha de três dezenas de artigos.
Alguém pode discordar do blogueiro do DCM?
Mainardi não conseguiu "derrubar" Lula em 2006 nem nos anos seguintes por uma simples razão: não é um homem de ideias, não faz críticas sérias a Lula, ao PT, a Dilma, aos governos petistas e ao país em que vive, o qual, aliás, ele detrata de uma forma que brasileiro algum pode aceitar.
Após recente polêmica em que esse indivíduo se meteu ao tentar – e não conseguir – humilhar a empresária Luiza Trajano, presidente da rede varejista Magazine Luiza, no programa de que participa na Globo News, eclodiu nas redes sociais um outro texto dele, também de 2005, em que faz um pavoroso ataque a este país.
Sim, o Brasil tem muitos problemas – entre os quais sua classe política, suas instituições em geral, como ocorre em tantos outros países jovens como este –, mas o que Mainardi disse não deriva desses problemas, mas de um verdadeiro ódio que nutre não só ao país, mas ao seu povo.
Um trecho daquele texto hediondo esclarece tudo:
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"(…) Entre viajar para os Estados Unidos e rodar pelo Brasil, é muito mais recompensador viajar para os Estados Unidos. O potencial turístico brasileiro costuma ser grandemente superestimado. Jamais seremos uma meta preferencial dos estrangeiros. O país tem pouco a oferecer. Só desembarcam aqui os turistas mais desavisados. Ou então os que buscam sexo barato. O mundo está cheio de lugares mais atraentes que o Brasil. Da Tunísia à Croácia, da Indonésia à Guatemala. Temos muitas praias. Mas nosso mar é feio. Turvo. Desbotado. Com despejos de esgoto. Pouco peixe. Peixe ruim. Chove demais. Chove o ano todo. Não temos monumentos. Não temos ruínas arqueológicas. Nossas cidades históricas são um amontoado de casebres ordinários e igrejas com santos disformes . Não temos o que vender porque não sabemos fazer nada direito. Não temos museus (…)"
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É por proferir "pérolas" como essas que tanta gente, no Brasil, despreza Mainardi.
Aliás, a repulsa nacional a esse sujeito é tanta que post que publiquei nesta semana sob o sugestivo título "Diogo Mainardi paga mico na Globo News" bateu o recorde de audiência deste Blog, com mais de 32 mil pessoas que curtiram o texto no Facebook – até o momento em que escrevo (23/01), pois a "curtição" continua correndo solta naquela rede social.
O comportamento sociopático do enfant terrible em questão ecoa desde 1979, no período "black block" dele, quando, de relógio Rolex no pulso – filhinho de papai que era –, apareceu depredando uma agência bancária durante uma greve do setor (vide foto acima). A cena saiu em destaque na revista Veja (edição nº 576 de 19 de set. de 1979).
Ao longo da vida, essa anta (adjetiva) continuou praticando depredações. Depredou a boa educação, depredou o bom gosto, depredou – ou tentou depredar – a imagem de seu país, depredou a lógica, depredou o jornalismo, depredou a literatura, depredou a verdade e, no último domingo (19/01), depredou o programa Manhattan Connection.
Para Fernando Rodrigues, fazendo coro ao seu partido, o PSDB, a Bolsa Família faz parte de “programas assistencialistas oficiais”. É assistencialista porque, como ele mesmo escreve, “Bolsa Família começava a ter resultados visíveis, com a ascensão social dos mais pobres”.
O que causa urticária, de fazer babarem de ódio, é esta tal de “ascensão social dos mais pobres”. Onde já se viu isso! Já o roubo de bilhões no Metrô de São Paulo, e o providencial esquecimento na gaveta de ofício da justiça da Suíça pedido investigação não merece uma linha do indigitado colunista de aluguel. Nem um ponto de interrogação sobre o Bolsa Crack, como chamou o Estadão, do Alckmin. O que ele falou sobre a sonegação milionária da Rede Globo?
FERNANDO RODRIGUES
Bolsa Família e eleição
BRASÍLIA – Até quando o Bolsa Família será vital nas eleições presidenciais no Brasil? Se depender do PT, para sempre. O partido deu grande ênfase ao tema em sua propaganda na TV na semana passada.
Hoje, haverá uma grande festa com a presença da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Vão celebrar os dez anos do Bolsa Família, que atende a dezenas de milhões de brasileiros. Ministros farão palestras sobre o impacto do programa em suas áreas. A ideia é dar uma conotação épica ao evento.
Em 2014, tudo indica que Dilma não poderá contar com uma economia pujante. Sua reeleição terá de ser conquistada com base nos resultados de programas assistencialistas oficiais. É fundamental reforçar no eleitorado a percepção de que o Bolsa Família é essencial para o desenvolvimento do país.
Quando conquistou sua reeleição, Lula teve o melhor dos mundos. O Bolsa Família começava a ter resultados visíveis, com a ascensão social dos mais pobres. Além disso, a economia do Brasil estava aquecida.
Agora, os efeitos do Bolsa Família já estão incorporados ao dia a dia da população carente. E o crescimento da economia tem sido anêmico, para dizer o mínimo.
A atual presidente só tem uma vantagem comparativa em relação a seu padrinho político. Em outubro de 2005, um ano antes de sua reeleição e ainda abalado pelo mensalão, Lula era aprovado por apenas 28% dos eleitores. Dilma tem hoje 38%, dez pontos a mais.
Ou seja, a presidente começa a campanha pela reeleição a partir de um patamar mais elevado do que seu antecessor. O solavanco que tem pela frente é o baixo crescimento da economia.
É por essa razão que os dez anos do Bolsa Família serão tão festejados hoje. Interessa a Dilma e ao PT manter o programa bem vivo na mente dos eleitores mais pobres.