Atualização, 12/02/2011. Vem aí mais uma colheita da OAB. E começa a ganharmais espaço na velha mídia. A OAB é nossa instituição mais parecida com o Egito. Se não aquele dos faraós, pelo menos aquele de Mubarak…
Aqui fala um bacharel em direito. Nem por isso, ou talvez por isso, tenho minhas reservas à respeito das reservas da OAB. Quando cursava a12 faculdade e a ordem ainda não se parecia com nome de absorvente, começaram minhas desconfianças a respeito da seus compromissos com a ética e com a isonomia. Lá na Ritter do velho Romeu, estudante que se formava não precisava fazer exame da Ordem. Por quê? Porque a Ordem tinha cátedra na casa do velho Ritter. Isto é, onde havia sociedade, os sócios eram as próprias leis. E nem sou tão velho assim. Era um dos bastiões ainda vivo da República dos Bacharéis. Aquele caiu, outros já carcomidos pelos cupins sobrevivem às idiossincrasias políticas.
A expressão República dos Bacharéis foi cunhada para designar o elitismo político paulista na primeira república. Como na velha Ritter, não havia exame intermediário, os bacharéis saídos da faculdade de Direito de São Paulo logo aparelhavam o Estado. Eram deles os cargos mais proeminentes e os menos também. Foi Getúlio Vargas quem, em 1930, acabou com este patrimonialismo. É dessa lembrança antiga que o paulistismo sobrevive. E é dessa memória não formatada que vive a OAB.
Poucos sabem, mas a OAB é a única autarquia que não é e não pode ser auditada pelo Tribunal de Contas da União. É o último bastião do anacronismo, junto com a gravata num país tropical que faz 40 graus… Excetuada pela gestão de Raimundo Faoro, a OAB tem sido um mero instrumento de poder, de manutenção do poder pelo poder. Faoro, ao contrário, lutou contra Os Donos do Poder.
Graças ao medo que os bacharéis evocam, muito devido à banalização da expressão “vou te processar”, se anacronismo continua com a reserva de mercado nos Tribunais. É o famoso quinto que os democratas não têm coragem de mandarem para os quintos. É o quinto dos conchavos, razão da existência das OABs.
O magistrado que se preparou, se profissionalizou, fez concurso e passou por mérito é obrigado a conviver, e convivem calados, com o entulho da República dos Bacharéis
Paulicéia desvairada
Se alguém acha que eles, os bacharéis da OAB, largam o osso assim no más, deve lembrar que a Revolução de 32, travestida de constitucionalista, foi uma tentativa de voltarem ao poder. Não por acaso, foi a faculdade de direito de São Paulo que se transformou no quartel-general do MMDC, movimento cívico-militar cujo nome foi criado a partir das iniciais de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, jovens mortos a tiros meses antes no confronto com getulistas, para derrubarem Getúlio Vargas. Para se ter uma ideia, dentre os “revolucionários” estava Júlio de Mesquita Filho, diretor do jornal “O Estado de S. Paulo”. Isso explica muito do conservadorismo paulista, de Ademar de Barros, Paulo Salim Maluf, TFP, Opus Dei, Oréstes Quércia, FHC e José Serra.
De Belém para a presepada
E, agora, de Ophir Cavalcanti, presidente da OAB nacional, o último defensor da velhas ideias. Suas posições não são equivocadas, já que representam a instituição que preside. Equivocada é a existência de uma instituição que teima em se preservar aos moldes em que nasceu. Não só não se atualiza, como luta para manter-se no passado.
Dois acadêmicos do Recife, outro centro tradicional do Direito, haviam conseguido a dispensa da prova da oab. Mas o Supremo, mesmo depois da chapoletada da OEA, manteve a capitania hereditária da OAB. Lametável, sob qualquer ângulo, manutenção deste anacronismo. Afinal, se a OAB prima pelo qualidade de seus associados, deveria fiscalizar melhor as faculdades de direito, onde, inclusive, fazem parte do corpo docente. A prova da OAB não elimina advogado aliado de traficante. Então, prova técnica é mera manifestação de poder. Monopólio de poder. O último entulho de uma entidade que teima em não se modernizar. Porque não lhe interessa.
Dilema do salgadinho. A OAB é grande porque a Justiça é cega ou a Justiça é cega porque a OAB é grande?!
Vox populi, Vox Dei
A sabedoria popular já consolidou uma séria de piadas que condensam uma experiência de vida nada agradável no mundo dominado pelos bacharéis em direito. Aproveite e divirta-se, mas cuidado para não ser processado…
Por que o advogado atravessa a estrada?
Porque ele viu um acidente de trânsito do outro lado.
Como tirar um advogado de cima de uma árvore?
Corte a raiz.
O que é preto e marrom e fica bem num advogado?
Um dobermann.
Quem inventou o fio de prata?
Dois advogados discutindo por uma moeda.
Por que a Ordem dos Advogados proíbe relações sexuais entre advogados e seus clientes?
Para evitar que seus clientes sejam cobrados duas vezes por um serviço essencialmente similar.
O que acontece quando você cruza um advogado e um bibliotecário?
Toda a informação de que você precisa, mas você não vai entender uma palavra do que ele disser.
Qual a diferença entre o pôquer e a lei?
No pôquer, se você é pego roubando, você fica de fora.
Por que os advogados são parecidos com mísseis nucleares?
Se um lado tiver, o outro vai ter que ter também.
Qual a diferença entre o urubu e o advogado?
O advogado participa de programas de milhagem nas companhias aéreas.
Qual a diferença entre a pulga e o advogado?
Um é um parasita que chupa seu sangue até o fim, o outro é um pequeno inseto.
Qual a diferença entre a sanguessuga e o advogado?
A sanguessuga vai embora quando a sua vítima morre.
Qual a diferença entre o juiz de boxe e o advogado?
O juiz de boxe não recebe mais quando a luta é mais longa.
Por que os correios retiraram de circulação uma série de selos com efígies de advogados famosos?
Porque as pessoas ficavam em dúvida sobre em qual lado do selo deveriam cuspir.
Por que as piadas de advogado não funcionam?
Porque os advogados não acham graça nenhuma nelas, e o resto das pessoas não acham que são piadas.
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