Se é legítimo buscar sempre novas melhorias, também não deve ser esquecido pelo caminho o tanto que se conquistou. Se não é tudo, já muito para fazer de conta que não aconteceu. Dentre as reivindicações do ano passado, quais foram atendidas e por quem?
O Mais Médicos foi uma demanda que está sendo atendida. Se não é tudo, é mais do que se imaginava. Acabar com 14 mil médicos espalhados pelo Brasil em regiões onde antes não havia demonstraria doença mental.
Haddad criou as ciclovias e melhorou o trânsito com os corredores de ônibus. A Veja e seus anencefálicos bateram duro contra, mas uma pesquisa mostrou que 80% dos paulistanos aprovam. Exigir mais educação é imperativo, mas não se pode esquecer do PRONATEC, PROUNI, do ENEM, do SISU, dos Cientistas Sem Fronteiras.
Avançar, sim, para melhorar e ampliar o que já se conseguiu. Dar marcha ré é coisa que interessa aos projetos da Marina e do Aécio. Eles estão mais preocupados em dar satisfação aos banqueiros e aos EUA.
Ao primeiro movimento de queda, Marina botou Neca Setúbal embaixo do braço e trocou a campanha por uma viagem aos EUA . Aécio não consegue sequer apoio dentro do próprio partido, pois FHC já declarou apoio a Marina e Geraldo Alcmin posa em “santinhos” com Marina.
O que se vê é a reunião dos velhacos aos que, chegando agora, se dobram em salamaleques dos velhos. A degenerescência precoce de Marina revela uma carreirista sem precedentes. Como assim a se explicar porque nenhum partido presta, e ela faz, literalmente, qualquer negócio. Decididamente, não há limites quando não há caráter.
Jovens, chegou a hora!, por Gilson Caroni Filho
sab, 27/09/2014 – 16:25
Não costumo comentar pesquisas, mas a de ontem, do Datafolha, me obriga a abrir uma exceção. Dilma cresceu nas pesquisas com intenções de voto que migraram de Marina para ela. Os analistas da grande imprensa rapidamente arrumaram uma explicação: "a candidata da Rede perdeu votos nos extratos mais pobres". É o desejo se confundindo com a análise. É a tentativa de ocultar o mais significativo: parcela da juventude que estava com Marina da Silva entendeu que ela nada mais é que " a velha direita" disfarçada de " nova política". Mas vocês, jovens que são, sabem o que é velho, mesmo que o disfarce tenha maquiagem da grande mídia.
Tentaram instrumentalizá-los nas suas legítimas manifestações de junho do ano passado. Mas ali, com o apoio inestimável da Mídia Ninja, vocês começaram a entender que queriam transformá-los em massa de manobra para interesses reacionários. Pregavam ódio à política. No primeiro momento, vocês até que se confundiram ao gritar "não à política". Mas com o tempo, afirmaram, mais uma vez, que só se aprende na ação, se deram conta de que a alternativa que lhes propunham era dizer sim a uma imprensa, que abandonou o jornalismo, para virar panfleto partidário do PSDB. A opção que lhes ofereciam era deixar tudo com o mercado e ficarem brincando com celulares, aplicativos e joguinhos. E foi aí, mostrando que não se deixariam infantilizar, que se deu o que chamarei de "a grande recusa": vocês estão começando a vida, mas não são mais crianças. São jovens cidadãos que não estão acorrentados ao cabresto dos fetiches. Conheceram as ruas e entenderam que é nela que se faz a grande política.
Confesso que na minha juventude era muito mais fácil optar por um caminho. As coisas eram claras ou escuras, pois vivíamos sob uma ditadura brutal. Para vocês, foi mais difícil: vivemos uma crise de representação e todos se dizem democratas, velhos corruptos falam de uma indignação que não sentem e escravocratas resolveram posar de vestais da República.
Mostrando discernimento, aprenderam a ler a grande imprensa e passaram a ignorá-la. A edição da revista "Veja" desta semana é um exemplo. Prometeu um "tiro de prata" e produziu uma matéria patética, um tiro de espoleta que evidencia a tarefa dos estudantes jornalismo: recriar a imprensa, pois a que aí está jogou sua credibilidade no ralo.
Por fim, e isso foi maravilhoso, compreenderam que nada é mais novo e revolucionário do que dar continuidade a três governos que reduziram substancialmente as desigualdades com políticas de inclusão. Nada é mais importante do que continuar tirando milhões de pessoas da miséria, dando-lhes condições de frequentar uma escola e, posteriormente, ingressar em uma faculdade. Vocês, mais do que eu, sabem como é rica a convivência, em ambiente acadêmico, de pessoas de classe média alta com jovens oriundos de comunidades carentes. Como o a gente aprende com isso, como vencemos preconceitos. E é isso que faremos juntos: continuaremos vencendo preconceitos e construindo um mundo novo.
Em vários artigos os concitei à reflexão. Hoje é diferente. Venho aqui para externar meu orgulho pelos jovens que não se renderam ao discurso do ressentimento, do ódio de classe reproduzido pela mídia, por algumas escolas, igrejas e alguns professores portadores de discursos pseudomodernos.
Meu orgulho é como pai, avô e professor. Seguiremos unidos até a vitória. Um grande abraço.