Autor:
Paulo Cezar
Impressionante o que se tornou o jornal "O estado de SP", em uma matéria ele publica a realidade imparcial, exaltando o bom resultado do país no PAN. Em outra, tendo ainda como alvo o ministério dos esportes cravejado por recentes denúncias, contradiz o que ele mesmo havia dito alguns dias antes, para chamar o desempenho no PAN , antes "histórico" de "fraco"……Artigo 1 http://www.estadao.com.br/noticias/esportes,brasil-fecha-pan-com-48-ouros,792617,0.htm
Brasil fecha Pan com 48 ouros País encerra competição neste domingo com melhor desempenho fora de seu território 30 de outubro de 2011 | 20h 04
AE – Agência Estado
GUADALAJARA – Os Jogos de Guadalajara vão entrar para a história do esporte brasileiro como o melhor desempenho do País em um Pan fora de seu território. O Brasil encerra a competição, finalizada neste domingo, com 48 medalhas de ouro, 35 de prata e 58 de bronze (141 no total), desempenho bastante melhor que o do Pan de Santo Domingo, em 2003, quando os atletas brasileiros subiram o lugar mais alto do pódio 29 vezes e somaram 123 medalhas.
Jonne Roriz/AESolonei Silva conquistou o último ouro do Brasil no Pan
Por pouco o Brasil não superou também o desempenho que teve no Rio, quando competiu em casa. Na ocasião, foram 52 ouros, apenas quatro a mais do que os conquistados em Guadalajara. Assim, fizeram falta as medalhas certas que acabaram sendo desperdiçadas, casos do futebol e do basquete masculino (eliminados na primeira fase) e dos campeões mundiais Fabiana Murer (prata no salto com vara), Roseli Feitosa e Everton Lopes (ambos bronze no boxe). O judô feminino também não colaborou com nenhum ouro.
Por outro lado, o Brasil se destacou em alguns dos esportes olímpicos mais tradicionais, igualando ou até melhorando o desempenho do Rio na natação, no judô, no atletismo, na vela, no vôlei (quadra e praia) e nas ginásticas, modalidades, que, juntas, renderam 41 ouros e um total de 85 medalhas. Handebol, triatlo, tiro, tênis de mesa, levantamento de peso, caratê e patinação também deram um ouro cada ao Brasil.
Quem mais colaborou individualmente para o desempenho brasileiro no quadro de medalhas foi Thiago Pereira, que conquistou quatro ouros em provas individuais e outras duas em revezamentos, tornando-se o atleta do Brasil que mais tem medalhas de ouro pan-americanas: 12. Antigo recordista, Hugo Hoyama chegou à sua 11.ª com a vitória no tênis de mesa por equipes em Guadalajara.
O Pan também comprovou a evolução do Brasil em disputas importantes. No atletismo feminino e na natação masculina, as provas de velocidades foram dominadas por brasileiros. Na ginástica artística masculina, na ginástica rítmica e no tiro o Brasil também se mostrou um patamar acima do que vinha sendo apresentado em Jogos anteriores. No vôlei, os quatro ouros em jogo na praia e nas quadras ficaram com o Brasil, com direito à seleção masculina B vencendo com certa facilidade Cuba (vice-campeã mundial) na final do Pan.
Os brasileiros também conquistaram resultados expressivos no Pan, aumentando as expectativas por bons resultados na Olimpíada de Londres. César Cielo ignorou a altitude e fez o segundo melhor tempo do ano nos 100 metros livre. No revezamento 4×100 metros no atletismo, as brasileiras quebraram o recorde nacional e colocaram a equipe brasileira num novo patamar.
Campeã olímpica, Maurren Maggi voltou à boa forma e fez sua melhor marca no ano. Ainda no atletismo, Lucimara Silvestre, voltando de punição por doping, estabeleceu novo recorde sul-americano. Aos 21 anos, Fernando Reis venceu a categoria mais de 105kg no levantamento de peso, deu ao Brasil sua primeira medalha de ouro na modalidade na história do Pan e pulverizou os antigos recordes da competição no arranque, no lançamento e no geral.
Artigo 2
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/8/brasi…
Brasil potência esportiva
Autor(es): Rubens Barbosa O Estado de S. Paulo – 08/11/2011
"A pátria em chuteiras", na expressiva descrição de Nelson Rodrigues, tornou-se mundialmente conhecida pelo futebol. Aos poucos, a atividade esportiva foi-se diversificando e hoje somos uma força também, entre outros, no voleibol, na natação e nos náuticos.
No momento em que o Brasil completava sem brilho os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em que entramos na reta final do Campeonato Brasileiro de Futebol e começam a ficar apertados os prazos para a organização da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016, o esporte virou notícia nas páginas policiais. A queda do ministro do Esporte, depois da abertura de inquérito pelo Supremo Tribunal Federal (STF), juntamente com o ministro anterior, por desvio de recursos públicos por meio de ONGs que deveriam atuar para ajudar no desenvolvimento de diferentes atividades esportivas, é mais um episódio lamentável numa área que se tornou sensível politicamente por compromissos internacionais assumidos pelo País com a Copa e os Jogos Olímpicos.
Cresce, cada vez mais, a percepção de que o comando esportivo do Brasil, do governo às entidades responsáveis pela organização das diferentes atividades, está defasado e necessita de reforma e faxina generalizada.
No caso do futebol, a estrutura personalista, não empresarial nem profissional, na direção dos clubes, a falta de um calendário que compatibilize os diferentes campeonatos regionais e nacionais com os compromissos internacionais dos clubes e da seleção justificam os comentários de Juca Kfouri, que, em artigo no atual número da revista Interesse Nacional, observa, com propriedade: "Na verdade, vivemos sem saber o que queremos ser quando crescer em matéria de política esportiva e não temos sido capazes de nos aproveitar das oportunidades que a globalização oferece, limitados ao papel de exportar matéria-prima, com nos tempos da dependência do País essencialmente agrícola".
Tudo isso explica o episódio, amplamente noticiado, do abandono, desde 2007, de facilidades de treinamento em Campos do Jordão para atletas que iriam representar o Brasil no exterior. O centro não saiu do papel, embora os recursos tenham sido transferidos e apropriados por alguém.
Diante desse quadro negativo, quem haveria de supor que o Brasil está entre as maiores potências esportivas do mundo?
Recentemente tomei conhecimento de um site, criado por três rapazes fanáticos por esporte, que veio suprir uma lacuna: a ausência de um verdadeiro ranking mundial de países na prática de todos os esportes. O site, criado em 2008, chama-se greatestsportingnation.com e é atualizado mensalmente. Para organizar esse ranking não foram poucos os desafios: como combinar esportes coletivos e competições individuais e como distribuir pontos em cada competição. Não estão incluídos, pela dificuldade de aferir pontuação, campeonatos de clubes no futebol, no hóquei e no basquetebol, além de esportes motorizados (carros e motos) e envolvendo animais, com exceção dos equestres, por fazerem parte dos Jogos Olímpicos.
Depois de incluir cerca de 80 diferentes atividades esportivas, concedendo pontos aos primeiros oito colocados, em eventos que devem necessariamente ser internacionais, 110 nações marcaram pelo menos um ponto, até agosto. O resultado em 2011 repete os de 2008 a 2010. Como era de esperar, os EUA dominam a cena, marcando pontos na quase totalidade das 80 atividades esportivas, sobretudo em virtude da força de suas esportistas femininas.
O ranking mundial das 20 primeiras potências esportivas, seguro indicador da pujança esportiva do país, é o seguinte: EUA, Rússia, França, China, Japão, Alemanha, Canadá, Austrália, Suécia, Áustria, Itália, Reino Unido, Coreia do Sul, Noruega, Brasil, Suíça, Espanha, Finlândia, Polônia e Holanda.
A posição, no 15.º lugar, ocupada pelo Brasil tem grande significado e mostra o potencial do País, forte nos esportes coletivos, pela habilidade individual de nossos atletas, e em novas e diferentes modalidades, graças à abnegação e ao talento de atletas que dividem a atividade esportiva com trabalho para conseguirem sobreviver.
Se a falta de planejamento, a desorganização dos calendários, a falta de renovação e de espírito criativo da maioria das lideranças esportivas tornam difícil a vida dos atletas, a situação, nos últimos anos, agravou-se com o aparelhamento do Estado por partidos políticos e as evidências de corrupção com o desvio de dinheiro público. E se o Brasil está entre as principais potências esportivas apesar de todas essas mazelas, imaginem se tivéssemos um projeto esportivo, com calendários, recursos, campos especializados de treinamento, maior apoio oficial e do setor privado e melhor utilização dos recursos vindos das loterias para as especialidades em que o País tem realmente chance de se destacar.
Espera-se que o novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, possa desmontar os esquemas de apropriação indébita de recursos públicos pelo PC do B. A seriedade e a honestidade do ministro são conhecidas, mas também terá de demonstrar eficiência e competência, quatro qualidades não facilmente encontradas hoje nas lideranças esportivas do nosso país.
O acompanhamento das obras de construção dos estádios para a Copa do Mundo e da gestão financeira dos recursos governamentais alocados para esse fim será uma das prioridades do novo ministro. Os preparativos para os Jogos Olímpicos, tanto da infraestrutura física quanto da seleção dos representantes brasileiros, demandarão atenção especial do Ministério do Esporte.
O desempenho fraco da representação brasileira nos Jogos Pan-Americanos é um sinal de alerta. Ainda há tempo para o planejamento e o desenvolvimento de um programa de apoio efetivo para preparar atletas para os Jogos Olímpicos de 2016.