Ficha Corrida

15/12/2013

Com Cantanhêde, até no nariz de cera tem pó

perrellaQualquer pessoa medianamente versado em jornalismo sabe o que significa nariz de cera. Eliane Cantanhêde, que pelo nome não se perca, tem a parte mais notável de sua biografia a defesa incondicional do PSDB. Quer botar no boca de Lula o é que do nariz do PSDB. Aliás, não vi no texto dela qualquer prova de que Lula tenha acusado tucanos de usar cocaína. Pelo contrário, apesar do título, ela mesma reproduz declaração do Lula: "Se for comparar o emprego do Zé Dirceu no hotel com a quantidade de cocaína no helicóptero, pelo menos houve uma desproporcionalidade no assunto". Onde Lula associa algo a alguém para que ela acuse o golpe e cometa um título destes: “A cocaína de Lula”? Como se pela declaração reproduzida por ela, Lula não acusou o PSDB, mas ela acusa Lula.

Talvez ela não saiba, mas está por demais manjada a tática de José Serra contra Aécio Neves, quando os jornais de São Paulo disputavam com os de Minas Gerais quem seria o candidato à Presidência pelo PSDB. O Estadão atacou de Pó pará, governador, insinuando um hábito há muito atribuído a Aécio Neves. O Jornal de Minas acusou o golpe e revidou, naquilo que parecia mais um briga de bugio do que uma disputa eleitoral, com “Minas a reboque, não”.

ELIANE CANTANHÊDE

A cocaína de Lula

BRASÍLIA – Lula não precisa e não deveria desferir golpes abaixo da cintura, até porque o PT já tem bom arsenal contra os tucanos nas eleições de 2014, atacando de Siemens, Alstom, trem, metrô, palavrinhas que marcam bem uma campanha.

Com sua alta popularidade, seu poder de comando no PT e seu status de ex-presidente, ele deveria pensar bem antes de falar e mais ainda antes de insinuar. Mas Lula foi buscar mensagem subliminar de profundo mau gosto contra adversários.

Os gritos ecoavam no salão cheio de jovens e militantes no congresso do PT: "Sou brasileiro e não me engano, a cocaína financia os tucanos".

O grande líder não apenas autorizou como potencializou, jogando gasolina na fogueira: "Se for comparar o emprego do Zé Dirceu no hotel com a quantidade de cocaína no helicóptero, pelo menos houve uma desproporcionalidade no assunto".

Era para ser mais um ataque à imprensa, tática surrada de Lula para levar as plateias petistas ao delírio, mas virou uma tentativa um tanto sórdida de criar e massificar um vínculo dos tucanos com cocaína.

A referência dos militantes –que até podem ser irresponsáveis– e do seu líder –que não tem esse direito– era à grande dose da droga encontrada no helicóptero da família do senador Zezé Perrella.

Perrella é ligado ao candidato tucano à Presidência, Aécio Neves, mas ele não é do PSDB, é do PDT. E, aliás, até sexta não havia algo que o comprometesse com a cocaína e muito menos um documento, uma declaração ou uma revelação envolvendo o tucano com as drogas do helicóptero.

Derrotado usar essa sujeira já seria inadmissível. Se quem usa é potencial vitorioso, como Lula, passa a ser indigno. Enlameia não os adversários, mas a própria campanha.

Duvido que Dilma aprove. Mas também duvido que ela tenha poder para controlar Lula, o partido e até a própria campanha. Que, apesar de favorita, vai por um mau caminho.

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