Ficha Corrida

17/03/2014

Luiz Zini Pires, um funcionário exemplar para sonegadores

O funcionário da RBS traz informação importante a respeito do cidadão alemão, Uli Hoeness. O ex-jogador foi pego pelo fisco e resolveu cumprir a pena. Pena que a Rede Globo, a quem o patrão do Zeni se filia, não cumpre. Aliás, no final zombeiteiro, esqueceu-se providencialmente do patrão, e do patrão do patrão. Há anos circula a informação de que a RBS possui empresas em paraísos fiscais. No auge da CPI contra Olívio, veio a informação de que a RBS tinha uma empresa nas Ilhas Cayman… A RBS não negou, apenas disse que se tratava de algo legal. É legal, tri-legal… Tenho guardado um exemplar da Folha de São Paulo, imagem acima, do tempo em que a Folha ainda não havia formado consórcio com a Globo para lançar o jornal Valor Econômico, que traz a informação de como a parceria da Globo com a RBS envolvia sonegação fiscal em paraíso fiscal.

Aliás, nem Globo, nem Maluf (Sentença judicial diz que Maluf tratou de dinheiro no exterior) nem RBS seria alguém sem um paraíso fiscal à mão. Há uma campanha na internet para a Globo apresentar o darf de recolhimento dos mais de 650 milhões de sonegação. Zini ainda não passou o Pires pra recolher da Globo…

É por essas e outras que é até engraçado ler o celetista da RBS jogando a culpa da sonegação fiscal do patrão, do patrão do patrão, e dos amigos do patrão, no Governo Federal. Ele recebe um mensalinho, religiosamente, todos os meses para perpetrar isso!

Uli Hoeness, um presidente alemão fora da lei

15 de março de 20143

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Na terça-feira, acomodado na tribuna de honra da Allianz Arena, Uli Hoeness (foto acima, AFP, BD), 62 anos, presidente do Bayern de Munique, bateu palmas para o time no final da decisão contra o Arsenal londrino. O empate classificou a superesquadra alemã para disputar as quartas de final da Copa dos Campeões, em abril. Na noite gelada da Baviera, no mais exclusivo dos lugares do portentoso estádio da Copa do Mundo de 2006, quase todos estavam felizes.

Na próxima partida do campeão europeu e mundial da temporada passada, Hoeness precisará ligar a TV da cadeia. Ele foi condenado a 41 meses de cárcere por sonegação fiscal. A dívida tributária atinge R$ 88,4 milhões. Os compromissos financeiros com o fisco alemão são resultado de lucros por especulação em bolsas de valores, obtidos através de uma conta secreta em bancos suíços.

Ontem, ele renunciou ao estratégico posto no clube que arrecadou R$ 1,3 bilhão em 2013 – atrás só de outros gigantes, Real Madrid e Barcelona.

Em um comunicado breve, ele explicou:

– Depois de conversar com minha família, decidi aceitar a decisão do tribunal. Pedi a meus advogados que não recorram. Isto corresponde ao meu conceito de decência. Esta fraude fiscal é o erro da minha vida. Enfrento as consequências deste erro.

Uli Hoeness é um nome popular no país. Começou de chuteiras, atacante do grande Bayern dos anos 1970. Foi campeão com a seleção no Mundial de 1974, destruindo a mítica Holanda, de Cruyff, na decisão, e ganhou três edições da atual Copa dos Campeões.

No final da carreira, trocou de posição. De terno e gravata ajudou a inovar a Bundesliga. Ganhou o prêmio de executivo do ano em diferentes momentos. Sua foto, só sorrisos, está no “hall of fame” do futebol alemão, como atacante, depois como gerente geral do Bayern (1979 e 2009) e então presidente.

Paralelo a vida de quarta e sábado nos estádios lotados, Hoeness construiu uma sólida empresa no ramo dos alimentos. Ganhou milhões de euros. Sua proximidade com a chanceler Angela Merkel estava em capas de revistas, em páginas de jornais e em encontros privados. Atuava como consultor informal da maior autoridade política do país. Merkel se disse chocada ao descobrir que seu aliado era um especulador financeiro com contras secretas no Exterior.

Quando percebia um jornalista nas redondezas, antes de fuzilar sua imagem no maior escândalo do esporte alemão do século 21, Hoeness insistia em criticar os gastos sem fronteira dos dirigentes europeus, especialmente de ingleses e de espanhóis, com jogadores, a má gestão financeira, as dívidas astronômicas dos clubes e a deslealdade com o fisco dos países. No interior do seu luxuoso escritório em Munique, se transformava. Atuava como um fora da lei.

A boa vida do cidadão alemão se sustenta numa pesada carga de impostos, mas, quando um milionário é descoberto fraudando o Leão, a condenação da sociedade é imediata. Antes mesmo do julgamento, ele já havia sido sentenciado pela mídia e pelas redes sociais. Sua queda não demorou, nem a torcida, que o idolatrava, ficou em silêncio.

A Justiça tem sido severa com os dirigentes do futebol europeu em 2014. O espanhol Sandro Rosell pediu demissão da presidência do Barcelona por irregularidades na contratação de Neymar. Jose María Del Nido, ex-Sevilla, passará sete anos preso por sonegação.

O governo federal do Brasil e seus diferentes braços, que não conseguem fazer com que os grandes clubes paguem os R$ 2,31 bilhões que devem em impostos, ainda não alcançaram alguns obscuros gabinetes do nosso futebol.

Ninguém sabe se um dia irão escalar os postos mais altos. A torcida, mesmo cansada, confia no time da Justiça.

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