Duas notícias de hoje na Folha de São Paulo, abaixo, ajudam, para quem quiser, entender os reclamos pela volta da ditadura. O declínio das instituições públicas paulistas não é obra do acaso, mas decorre de um choque de gestão igual ao implantado em Minas Gerais pelo mesmo PSDB. A definição de meritocracia made in PSDB está no demérito de quem tem para que os já tenham possam continuar tendo mais. Por aí também se explica porque a direita fica ouriçada com a política de cotas. Isto porque as pessoas de Benz têm de dividir espaço com pessoas sem bens! Pior, para evitar a sinergia de cores, o principal responsável pelo jornalismo da Globo, Ali Kamel, ousou por em livro porque “Não Somos Racistas”. A Globo não é racista, é muito pior. Além de sonegadora bilionária, apoia golpes, manipula, e incita ao ódio. A confissão de Rubens Ricúpero ao funcionário da Globo, Carlos Monforte, no famoso Escândalo da Parabólica deveria ser suficiente para entender. Mas como entender se a educação em São Paulo, onde a direita ousa pedir golpe militar em pelo século XXI, é feita mediante a distribuição de milhares de assinaturas da Veja, Folha e Estadão?!
A classe média é média na inteligência, mas elite no conservadorismo. Isto porque recebeu e tomou como verdade a lição de que para que uns, ela, tenham faz-se necessário que outros não tenham. Por isso o direito ainda também trabalha com uma máxima do tempo do império romano: “dar a cada um o que é seu; aos ricos, a riqueza, aos pobres, a pobreza”. A recente decisão do Congresso de precarização das relações do trabalho, a tal de terceirização, é também uma espécie de revogação da Lei Áurea. Não é mera coincidência que os mesmos que são contra as denúncias das forças tarefas que vasculham em busca de trabalho escravo também tenham votado a favor da terceirização.
As duas pontas que amarram a precarização das relações do trabalho que retiram do trabalhador cada vez mais direitos e as marchas dos zumbis pela retorno da ditadura estão ligadas à educação. É uma deficiência do nosso ensino não ter conseguido ensinar aos alunos o que foi e o que significa uma ditadura. Não se pode esperar que o esclarecimento do que seja viver numa ditadura venha exatamente de quem ajudou a implantar, ajudou a defende-la e sustenta-la. A Folha, por exemplo, emprestou peruas para transportar os presos clandestinos, após serem torturados, estuprados e esquartejados, para a vala comum do Cemitério de Perus. É por isso que a Folha ainda hoje trata a ditadura como se tivesse sido uma ditabranda. De fato, para quem dela participou e com ela se locupletou, a ditadura foi branda. Os que foram estuprados nos porões do DOI-CODI, ou presos e torturados na Operação OBAN, não foi nada branda.
Como se vê pelas duas matérias da Folha, não é mero acaso que os sinais mais evidentes de retrocesso político venha exatamente de São Paulo. É um programa muito bem conduzido e financiado por empresas do tipo Boilesen, Multilaser, Banco Itaú, AMBEV, Instituto Millenium. São tantas empresas lutando pelo retrocesso que não admira que até água tenha faltado em São Paulo. USP, UNESP e tantas outras que já foram as melhores do país, depois da longa destruição perpetrada pelo PSDB, pedem, triste ironia, água.
Não é mera coincidência que as principais ONGs e Institutos finanCIAdos pelos EUA ficam em São Paulo. É a má educação que lota a Av. Paulista na Marcha do Zumbis!
Crise financeira faz universidades públicas paulistas cortarem gastos
Unesp suspendeu aumento salarial via progressão na carreira; Unicamp barrou contratações
Medidas são similares às recentes tomadas pela USP; reitores temem maior queda no repasse das verbas
FÁBIO TAKAHASHIREYNALDO TUROLLO JR.DE SÃO PAULO
Em meio a cenário de crise orçamentária, Unicamp e Unesp decidiram suspender contratações ou aumentos salariais via progressão na carreira. As medidas são semelhantes às tomadas pela USP no ano passado –e que estão mantidas para 2015.
Há o temor entre os reitores de que ocorra queda neste ano nos repasses do governo estadual, principal fonte de renda dessas universidades públicas. Nos últimos meses, já cresceram menos do que a inflação, devido ao desaquecimento econômico.
As três instituições concentram cerca de 50% da produção científica do país. Os sindicatos dizem que as medidas de contenção podem causar a saída de servidores.
Na Unesp, portarias publicadas pela reitoria no fim de março suspenderam a progressão na carreira de professores e técnicos. A ascensão proporciona aumento de até 10% ao docente, mediante comprovação de produção.
No ano passado, 578 professores conseguiram o benefício. Neste ano, antes da suspensão, foram 83. A escola possui 3.700 ativos. A reitoria diz que a escola vive "momento orçamentário difícil".
Para o presidente do sindicato dos docentes, João Chaves Junior, há risco de "sangria" de servidores. "É confisco de direitos. Essas carreiras foram conquistadas com muita luta na instituição."
Já a Unicamp decidiu congelar contratações. Não pode haver acréscimo de pessoal na administração. Para as faculdades, foram bloqueados (contingenciados) 25% dos recursos para contratações.
Também estão suspensas designações de técnicos para cargos gerenciais.
MAIS VERBAS
A reitoria da USP diz que manteve medidas de contenção adotadas no ano passado, como redução no custeio. Contratações também estão bloqueadas, e programa de demissão voluntária, que abrangeu 8% dos técnicos, está em fase final de aplicação.
"O Orçamento de 2015 continuará a ser monitorado continuamente, e revisões estão previstas ao longo do ano", afirmou a reitoria, em nota.
Presidente do sindicato dos docentes da USP, Francisco Miraglia diz que os reitores deveriam pedir mais verbas. "A USP abarcou campus da zona leste e Lorena [escola de engenharia], sem acréscimo na cota. Agora, querem que paguemos pela falta de planejamento e de coragem de peitar o governo Alckmin."
A USP afirma que os reitores mandaram ofício com essa solicitação ao governo.
As universidades recebem 9,57% da cota do Estado no ICMS (principal imposto estadual). Com desaquecimento da economia, desde agosto de 2014 essa arrecadação cresce menos que a inflação.
O fenômeno se agravou em 2015. Segundo relatório da USP, em valores corrigidos, a variação do ICMS está em -2,7%; em dezembro, foi -1,2%.
Professores estaduais fecham rodovias de SP em protestos
Categoria fará novo ato em frente à sede do governo nesta sexta (10)
DE SÃO PAULO
Professores da rede estadual fizeram, na tarde desta quinta (9), protestos em ao menos cinco rodovias paulistas. Houve bloqueios na Anchieta, na Régis, Ayrton Senna, na Raposo Tavares e no trecho leste do Rodoanel. Todas as estradas, porém, foram liberadas no início da noite.
Os docentes, que decretaram a greve no último dia 13, decidiram na última assembleia da categoria, na semana passada, fazer atos em rodovias de São Paulo.
O maior dos bloqueios aconteceu na Ayrton Senna. A rodovia foi completamente fechada no km 34, na região de Itaquaquecetuba (Grande SP), sentido interior. Cerca de 250 professores participaram do ato no local, que durou quase duas horas.
Além das rodovias, a Polícia Militar registrou protestos de professores também em São Paulo. Eles aconteceram na avenida Padre José Maria, na zona sul, e na avenida Jacu-Pêssego, na zona leste.
Nesta sexta-feira (10), os professores deverão fazer um novo protesto na frente do Palácio dos Bandeirantes, na região do Morumbi, onde decidirão qual será o andamento da paralisação.
A categoria reivindica reajuste salarial de 75,33%, para equiparação salarial com as demais categorias com formação de nível superior –o piso dos professores estaduais é de R$ 2.415,89.
A categoria diz que a greve tem a adesão de 60% dos professores, enquanto a Secretaria de Educação afirma que 92% dos docentes continuam comparecendo normalmente às aulas. O Estado possui cerca de 230 mil professores
A secretaria afirmou em nota que "não pode pactuar com o movimento que tem incitado os pais a não levarem seus filhos às unidades escolares para inflar a paralisação".
A pasta disse ainda que, ao longo de quatro anos, a categoria teve aumento de 45% em seus salários.
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