A Folha admite em editorial, pela primeira vez, que privada faz mal. Ao afirmar que a “Comissão nasce com reputaçã arruinada pela presença de deputados que receberam doações de empreiteiras investigadas”, a Folha endossa o luta do PT pelo financiamento público das eleições. Ao invés de achincalhar o Congresso, o pior Congresso depois de redemocratização, a Folha deveria cobrar de Gilmar Mendes, o estafeta do FHC no STF, que devolva o processo que engavetou. Apesar de a votação estar irreversível, Gilmar Mendes pediu vistas e engavetou, a pedido do PSDB, o processo de interesse da OAB. Gilmar Mendes pediu vistas quando a votação já estava em 6 x 1, portanto, irreversível. Por quê? Esta é a pergunta que a Folha deveria se fazer neste editorial.
Ora, se o financiamento é privado, e, como dizia o ultraconservador norte-americano, Milton Friedman, não existe almoço grátis, então é lógico que as empresas vão buscar construir suas bancadas financiando afins ideológicos. Foi assim por exemplo, que a RBS já conseguiu emplacar três senadores: Sérgio Zambiase, Ana Amélia Lemos e Lasier Martins. É claro que contou com o apoio da massa bovina de um povo que ela conduz a cabresto. Mas não teriam sido eleitos se não fizesse de seus mais fiéis escudeiros mariposas dos múltiplos holofotes da empresa. Para se viabilizar candidato, Lasier Martins ganhou da RBS um programa itinerário pelo RS, onde pode, com o auxílio dos microfones, construir toda sorte de alianças e finanCIAmentos. Já fizera isso com Ana Amélia. E depois dizem que seu jornalismo é isento. Sim, de honestidade!
Não é mero acaso que Folha, RBS, Estadão, Veja e Globo estejam mancomunados no Instituto Millenium. É ali que traçam o programa de moer gente adversária e divinizar seus ladrões.
A Folha, que é de São Paulo, ainda deve um editorial para explicar porque não há CPI em São Paulo, justamente onde o PSDB manda e desmanda, com o auxílio de milhares de assinaturas dos grupos mafiomidiáticos espalhadas pelas escolas públicas…
O que fica do editorial da Folha é a mensagem de que a privada faz mal à saúde, e por aí se explica todo ódio à Petrobrás!
EDITORIAIS
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CPI privatizada
Comissão nasce com a reputação arruinada pela presença de deputados que receberam doações de empreiteiras investigadas
Foi-se o tempo em que a simples instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito deixava em pânico o governante de turno. Após uma época por assim dizer amadora, os dirigentes partidários aprenderam com a prática democrática a bloquear ou domesticar esse instrumento de investigação.
Nada disso é novidade. A CPI da Petrobras que deve começar a funcionar nesta quinta-feira (26) na Câmara dos Deputados, contudo, leva a um novo patamar a ideia de profissionalização da política.
Até agora, agindo em nome da própria legenda ou saindo em defesa do governo do qual faziam parte, deputados federais e estaduais, bem como vereadores, mobilizavam-se para impedir a implantação de CPIs indesejadas, ou, caso falhassem nessa missão, buscavam tornar inócuos os seus trabalhos.
Um bom exemplo do primeiro tipo de esforço pode ser encontrado na Assembleia Legislativa de São Paulo, onde tais comissões são sistematicamente boicotadas no nascedouro. As gestões tucanas no Estado há anos se beneficiam desse expediente.
No Congresso Nacional, sobram exemplos de articulações destinadas a esterilizar a ferramenta de investigação. Basta olhar para as duas CPIs que já se dedicaram à Petrobras para perceber o quanto suas atuações terminaram manietadas pelo governo petista.
Ainda que reprováveis e contrárias ao interesse público, tais manobras em certa medida obedeciam a uma lógica política. Situação e oposição sempre podiam argumentar que uma estava instrumentalizando a CPI contra a outra, em geral com fins eleitorais.
O que poderão dizer, entretanto, alguns dos partidos que indicaram integrantes da nova comissão criada para apurar os desvios na estatal? Como tem sido noticiado nos últimos dias, vários desses deputados obtiveram doações expressivas de empreiteiras investigadas no escândalo da Petrobras.
Para piorar, Hugo Motta (PB), que o PMDB quer na presidência da CPI, teve 60% de sua última campanha paga com recursos dessas empresas, enquanto Luiz Sérgio (RJ), nome sugerido pelo PT para a relatoria dos trabalhos, recebeu o equivalente a 40% de seus gastos.
Entre os financiadores e os eleitores, entre o dinheiro e o voto, de qual lado cada congressista ficará? A pergunta, válida em diversas circunstâncias, torna-se ociosa nesse caso. Sua mera pertinência, pouco importando a resposta, arruína a reputação da CPI.
Bastaria escolher outros congressistas para corrigir o erro. Mas não houve equívoco, obviamente. Cada um desses nomes foi pensado com o mesmo esmero que teriam os melhores profissionais, cientes de que precisam entregar aquilo para o que foram contratados.
Mesmo para os rebaixados padrões da política brasileira, a nova CPI da Petrobras vai representando um aviltamento sem precedentes.
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