Ficha Corrida

24/12/2015

Gilberto Dimenstein, o jumento da Folha

Filed under: Chico Buarque,Fascismo,Gilberto Dimenstein,Violência — Gilmar Crestani @ 9:21 am
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E ainda há gente que não descobriu quem chocou a horda fascista. Além dos donos, há penas de aluguel, como esta do Gilberto Dimenstein. Não existisse internet, e todos ficaríamos com as versões das cinco irmãs mafiosas (Folha, Estadão, Veja, Estadão, Globo & RBS). Eles são os verdadeiros chocadores do ovo da serpente.

Como o Dimenstein não é um idiota, só posso concluir que seus fascismo, seu estrabismo ideológico é de caso pensado. Não se trata de alguém manipulado, mas de alguém que, por interesses escusos, manipula. Se fosse um idiota eu perdoaria, como ele tem conhecimento suficiente para discernir, só posso achar que se trata de um fdp, de um mau caráter.

Desde quando é bate boca alguém ser interpelado na rua por quem não conhece e ser cobrado por suas posições políticas? Se isso não fascismo então não sei o que seja fascismo.

Maria Frô perde a paciência com Dimenstein: e se fosse o inverso?

publicado em 23 de dezembro de 2015 às 19:05

Captura de Tela 2015-12-23 às 18.54.55

por Conceição Oliveira, a Maria Frô, no Instagram

Não vejo petistas atacando na rua gente como Dimenstein, Noblat e o restante daqueles que perderam a vergonha em defender o golpe.

Petistas não  atacam nas ruas os tucanos envergonhados, desses que se dizem defensores da educação, mas apoiam Serra, Richa, Perillo, Aécio e o fechador de escolas e batedor de alunos: Alckmin.

Se os petistas agissem como esses asnos que tentaram acossar Chico, Dimenstein iria ver a ‘boa medida’ de aprovação dos governos tucanos que ele não cansa de defender.

Que sorte que entre os petistas não tem fascistas, asnos, gente ignara, estúpida e inútil.

PS do Viomundo: Em sua página no Facebook, a blogueira traz informações sobre o Rolezinho do Chico, marcado para o próximo dia 29 no Leblon, além da impagável reprodução abaixo:

Captura de Tela 2015-12-23 às 19.00.35

Maria Frô perde a paciência com Dimenstein: e se fosse o inverso? – Viomundo – O que você não vê na mídia

26/08/2014

Máfia muda de nome mas mantém as mesmas práticas

rede globo cegoSerá que a mudança de nome atende a um pedido dos advogados? Afinal, se o DARF estava em nome da Organizações Globo o Grupo Globo não precisa pagar? Quando muda de nome, a sonegação é perdoada?

É a velha mídia adotando a velha lição daquele personagem do romance O Leopardo, do Tomaso de Lampedusa, Tancredi: “Mudar tudo para que tudo continue como está…” Não fosse a gordura adquirida dos ditadores que lhes deu a força do monopólio, e hoje a organização mafiosa seria apenas mais um grupo de fundo de quintal!

MÍDIA 2

Organizações Globo mudam o nome para Grupo Globo

DE SÃO PAULO – As Organizações Globo, conjunto de empresas de mídia da família Marinho, mudaram de nome para Grupo Globo. A logomarca também foi modificada.

Segundo comunicado do grupo, a alteração tem como objetivo "estimular a cooperação e o alinhamento" entre as empresas, para uma visão mais abrangente do público.

Fazem parte do grupo empresas como Editora Globo, Rede Globo de Televisão, Globosat e Infoglobo e Sistema Globo de Rádio.

23/08/2014

Enzo Peri é aluno da escola Nanci Andrighi

Filed under: Covardes,Ditadura,Enzo Peri,Exército,Gorilas,Nancy Andrighi — Gilmar Crestani @ 9:35 am
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Dilma BonnerA covardia do Exército Brasileiro não se resume em pegar em armas para derrubar governo eleito. Continua com o uso das mesmas armas para prender, torturar, estuprar, assassinar e esquartejar, suprassumo da covardia, esconder os pedaços de corpos. Não poderia ser diferente o comportamento de gorilas cujo cérebro cabe numa cápsula. Hoje, são cartuchos vazios, com medo da meleca que saiu de dentro deles. Pior do que a covardia é a proteção que alguns membros do Poder Judiciário dá aos açougueiros de gente. A Ministra do STJ, Nanci Andrighi, ao declarar que a lei da Anistia limpa o crime dos criminosos, cospe nos cadáveres que ainda permanecem escondidos nos porões do Exército.

A Bomba do Riocentro, por exemplo, foi colocada depois da Lei de Anistia, mas pela lei dos acobertadores, está perdoado. O silêncio do exército é comprado pelos grupos mafiomidiáticos que se beneficiaram da ditadura. O Globo, Zero Hora saudaram a chegada da ditadura. Com ela prosperaram e hoje não querem ver os arquivos abertos para que não apareça as digitais dos seus donos.

Os sequazes continuam fazendo escola. Os métodos ditatoriais de interrogatório foram incorporados por William Bonner.

Chefe do Exército impõe silêncio sobre crimes da ditadura

Documento do general Enzo Peri proíbe que unidades militares deem informações sobre crimes do período

Procurador considera ato ilegal e quer ação contra comandante do Exército por sonegar informações públicas

DE SÃO PAULO

Ofício assinado pelo general Enzo Peri, comandante do Exército, proíbe que unidades militares deem informações sobre crimes ou violências praticadas em suas dependências durante a ditadura militar (1964-1985).

Em documento encaminhado a subordinados em fevereiro, Enzo disse que qualquer informação referente ao tema deveria ser respondido exclusivamente por seu gabinete.

A descoberta do ofício foi do Ministério Público Federal, que o recebeu após ter informações negadas pelo Hospital Central do Exército, conforme informou nesta sexta (22) o jornal "O Globo".

"A respeito do assunto, informo a esse comando que pedidos/requisições de documentos realizados pelo Poder Executivo, Poder Legislativo, Ministério Público, Defensoria Pública e missivistas que tenham relação ao período de 1964 a 1985 serão respondidos, exclusivamente, por intermédio do gabinete do comandante do Exército", diz trecho do documento assinado pelo general Enzo Peri.

Atualmente, há mais de 200 investigações em curso no Ministério Público Federal sobre crimes e violências ocorridas na ditadura. Em uma delas, sobre a morte de um militante no Hospital Central do Exército no Rio, o procurador Sérgio Suiama recebeu o ofício ao solicitar dados sobre o episódio.

Por considerar o gesto de Enzo ilegal, Suiama vai pedir que a Procuradoria-Geral da República ingresse com uma representação contra o comandante do Exército pelo ato de avocar, o que resultou na sonegação de informações.

"Há uma centralização indevida de informações que é contrária à lei. Não dá para o chefe de um órgão avocar para si a decisão de passar ou não determinada informação", disse o procurador.

Exército, Marinha e Aeronáutica tratam a ditadura como um tabu. Além de evitar reconhecer os erros e os crimes praticados no passado, as Forças Armadas se negam a colaborar com investigações sobre o tema. A Comissão Nacional da Verdade reclama das dificuldades e obstáculos criados pelas Forças.

"O problema não é o passado, o problema é o comandante do Exército presente decidir, em um Estado Democrático de Direito, o que deve e o que não deve ser informado à sociedade", ressaltou o procurador Sérgio Suiama.

O Exército não comentou o ofício assinado por Enzo Peri. Na tarde desta sexta não havia ninguém no centro de comunicação da Força para comentar o episódio. O general nunca se pronunciou publicamente sobre a ditadura.

    30/06/2014

    Mugido do Mujica não repercute em ouvidos moucos

    Faltou Mujica incluir o clã brasileiro na famiglia FIFA. São por demais conhecidos os liames da famiglia de João Havelange, filha e genro(Ricardo Teixeira) em parceria com a Rede Globo. Há que se reconhecer na Globo o braço midiático da FIFA no Brasil. A CBF é um extensão dos negócios da Rede Globo. A Globo, com Ricardo Teixeira antes, e agora com Marin, dá cartas e joga de mão.  A exaustão com que o Sportv mostrou as imagens de  Suárez mordendo Chiellini atendiam desejo da FIFA e não só retirar o Uruguai, mas construir uma imagem negativa como linha auxiliar de sua atuação no ostracismo do brilhante jogador uruguaio.

    Há unanimidade em se dizer que Ricardo Teixeira e seus substitutos são mafiosos do futebol. Só não mostram o restante da família, porque aí, bem, aí teriam de se ver os Capo di tutti i capi, a Rede Globo.

    Mujica carga duramente contra la FIFA

    El presidente uruguayo tilda a los dirigentes del organismo de "viejos hijos de puta", y dice que la sanción a Suárez es "fascista"

    El País Madrid 30 JUN 2014 – 14:24 CET161

    ampliar foto

    El presidente uruguayo, José Mujica, en una entrevista. / Bernardo Perez

    El presidente de Uruguay, José Mujica, ha insultado duramente a los dirigentes de la FIFA al tildarlos de "viejos hijos de puta" por la sanción impuesta a Luis Suárez, castigo que ha calificado de "fascista".

    más información

    Las declaraciones se produjeron en el aeropuerto de Montevideo, al que el presidente uruguayo se acercó para recibir a los jugadores de la selección a su regreso a casa tras la derrota ante Colombia el pasado sábado 28. Al ser preguntado sobre la expulsión de Luis Suárez, Mujica no se mordió la lengua y respondió que "los de la FIFA son una manga de viejos hijos de puta".

    Las declaraciones se produjeron en el aeropuerto y, tras realizarlas, Mujica se llevó las manos a la boca dándose cuenta de que su afirmación había sido grabada para la televisión. Pero tras este gesto, instó al periodista a publicarlas si quería.

    "Podían haber sancionado, pero no sanciones fascistas", siguió diciendo al periodista de La hora de los Deportes, un conocido programa de la televión pública uruguaya, en relación a la sanción del delantero uruguayo Luis Suárez.

    Suárez fue castigado con nueve partidos internacionales, cuatro meses de inhabilitación para cualquier actividad relacionada con el fútbol y 82.00 euros de multa por el mordisco que propinó en el Mundial al defensa italiano Giorgio Chiellini.

    Mujica carga duramente contra la FIFA | Mundial Brasil 2014 | Deportes | EL PAÍS

    17/04/2014

    Este Aécio é um “Flor De Pessoa”!!

    Filed under: Bandidagem,CEMIG,Energia Elétrica,Isto é PSDB! — Gilmar Crestani @ 11:04 am
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    Ufa! Finalmente alguém largou o controle remoto. Aneel foi à TV desmascarar mentiras da Cemig-PSDB

    17 de abril de 2014 | 06:55 Autor: Fernando Brito

    aneel

    Ontem, a gente publicou aqui o vídeo mentiroso – vamos parar de ter medo da palavra, não é?- veiculado pela Cemig nas emissoras de TV de Minas Gerais, apontando a Aneel e o Governo Federal pelo reajuste que ela própria pediu nas tarifas de luz dos mineiros.

    Hoje, publica a resposta, imediata e dura, que a Aneel deu a esta farsa, com um comercial esclarecendo quem pediu aumento, de quanto, o quanto foi autorizado e a explicação de que, desejando, o governo de Minas não precisa sequer aplicar este valor.

    É que a Aneel só deu autorização para menos a metade dos brutais 29,74% solicitado pela empresa do Governo de Minas, aquela que tem dinheiro em caixa para se candidatar a comprar usinas na Colômbia.

    De quebra, o anúncio da Aneel mostra que o Governo mineiro é o que mais encarece a conta de luz, com a maior alíquota de ICMS sobre energia do país.

    É isso aí.

    Finalmente alguém compreendeu que tem hora que é preciso largar o controle remoto e passar a mão numa boa e velha borduna.

    Lá no final, coloco, para quem não viu, o criminoso “comercial” da Cemig.

    Mas, antes, porque parece ser a primeira reação à altura tomada por um órgão deste Governo, desde a aposentadoria do blog da Petrobras,  contra a campanha de manipulação com que procuram engabelar o povo brasileiro

    O vídeo e a transcrição de seu texto, enquanto aplaudo de pé que ainda exista alguém com brios na propaganda oficial:

    “É falsa a afirmação da CEMIG de que o reajuste na conta de luz dos mineiros é decidido pelo Governo Federal. Na verdade, a CEMIG pediu à ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) um reajuste de 29,74%nas contas de luz dos consumidores mineiros. A Aneel autorizou 14,24%.
    “Ressalte-se que este é o índice máximo. O reajuste nas contas de luz pode ser menor por decisão da CEMIG e do governo mineiro. Hoje grande parte dos consumidores mineiros paga uma alíquota de até 30% de ICMS na sua tarifa de energia, o maior índice do país.
    “Foi a ação do Governo Federal que fez com que, no ano passado, os consumidores de todo o país tivessem uma redução média de 20,2% no valor da conta de luz.”.

    E aqui, o vídeo sem-vergonha veiculado pelo Governo mineiro, “empurrando” o reajuste que pediu para o colo do Governo Federal.

    Em tempo: leio no Painel que ao governo  vai partir “para cima do governo de Minas e da Cemig pela propaganda em que a estatal de energia mineira responsabiliza o governo federal pela alta de 14% na tarifa elétrica. A AGU vai acionar o Estado governado pelo PSDB na Justiça Eleitoral por uso da máquina pública e no Conar por propaganda enganosa”. É isso: ninguém se põe de pé sem buscar seus sentimentos de honra e dignidade.

    Ufa! Finalmente alguém largou o controle remoto. Aneel foi à TV desmascarar mentiras da Cemig-PSDB | TIJOLAÇO | “A política, sem polêmica, é a arma das elites.”

    14/04/2014

    Enquanto os cães ladram, a caravana passa

    Filed under: Ódio de Classe,InVeja,Isto é PSDB!,Lulinha,Xico Graziano — Gilmar Crestani @ 11:35 pm
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    Quando o ódio diz mais sobre quem odeia do que sobre o objeto do ódio!

    friboi

    Caluniador de filho de Lula na internet é ‘executivo do instituto FHC’

    Postado em 14 de abril de 2014 às 7:12 am

    Fabio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do ex-presidente Lula, pediu a abertura de um inquérito no 78º. DP, na capital paulista, para a identificação dos responsáveis por boatos na internet de que seria dono de grandes áreas de terra e supostas mansões e aviões, além de empresas. Uma das áreas mostradas é, na verdade, da Escola Superior de Agricultura (Elsalq), de Piracicaba.

    Seis internautas já foram chamados a depor. Apenas um, Daniel Graziano, ainda não compareceu. Daniel é gerente administrativo e financeiro do Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC), ligado ao ex-presidente tucano.

    É filho de Xico Graziano, coordenador da área de internet do pré-candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves. Procurado no iFHC, ele não retornou. Os outros intimados – Roger Lapan, Adrito Dutra Maciel, Silvio Neves, Paulo Cesar Andrade Prado e Sueli Vicente Ortega – disseram acreditar que os comentários sobre compra de fazendas e aviões fossem verdadeiros e não teriam “pensado na hora de fazer as postagens”.

    O advogado de Lulinha, Cristiano Zanin Martins, diz aguardar o resultado das investigações para definir se entrará ou não com processo contra as pessoas que “macularam a imagem” de seu cliente.

    Lulinha mora no Paraíso, na capital paulista, numa área de classe média. No seu prédio, diz ele, nenhum morador conversa com ele. Por outro lado, diz ser abordado o tempo todo pelos porteiros, faxineiros, garçons e frentistas que querem bater papo e perguntar sobre seu pai.

    Saiba Mais: brasil econômico

    Diário do Centro do Mundo » Caluniador de filho de Lula na internet é ‘executivo do instituto FHC’

    13/04/2014

    Taxidermia do MPF

    Filed under: Golpismo,Golpistas,Máfia,Márcia Milhomens,Mistério Púbico — Gilmar Crestani @ 9:55 am
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    Retrato pronto, acabado e definitivo de uma instituição à serviço de interesses antidemocráticos!

    JANIO DE FREITAS

    Nos passos de Obama

    Não se esperava que a Promotoria do DF criasse o novo ardil para xeretar comunicações da Presidência

    Esperava-se que Barack Obama fizesse escola, conforme a regra histórica de que maus usos do poder encontram seguidores com mais facilidade do que os bons. Esperava-se, mas não que fosse aqui, nem, muito menos, que o poder da Promotoria do Distrito Federal fosse o criador do novo ardil para xeretar as comunicações da Presidência da República, incluída a da própria presidente Dilma Rousseff.

    É também interessante que o juiz da Vara de Execuções Penais e o ministro Joaquim Barbosa não dessem sinal algum de estranheza –sem falarmos nas providências legais necessárias– ao deparar-se com coordenadas geográficas de latitude e longitude para pedir quebra de sigilo telefônico de números, endereços e portadores de celulares não citados. A alternativa a essa indiferença seria o conhecimento prévio, por ambos, da artimanha e do alcance da alegada identificação de telefonema no presídio da Papuda.

    O fato é que, não fosse a argúcia do advogado José Luis Oliveira Lima, que providenciou um laudo técnico para localizar os dois pontos indicados pelas coordenadas geográficas, nada faz crer que as comunicações de celulares da Presidência escapassem da violação. Um jogo de coordenadas contrabandeava o Planalto na quebra de sigilo e o outro referia-se à Papuda, também citada por coordenadas para manter a lógica do disfarce. Mas o pedido estava em nome da promotora Márcia Milhomens Sirotheau Corrêa, e isso basta para presumir-se o despacho do juiz ou do ministro: ela é a promotora que se ocupa das alegações de regalias, privilégios, telefonema, churrascos e o demais que mantém há cinco meses o regime fechado de prisão de José Dirceu, condenado ao semiaberto.

    É possível, mas não provável, que a promotora concursada ignore a proibição legal para quebra de sigilo coletiva, sem indicação de destinatário e objetivo. Também se poderia supor que desejasse verificar se teve procedência palaciana o (negado) telefonema em que James Correia, secretário no governo baiano, teria falado com José Dirceu. Essa motivação razoável não resiste, porém, a outro componente do ardiloso pedido de quebra de sigilo.

    O alegado telefonema a José Dirceu tem data precisa: 6 de janeiro. Apesar disso, a pedida quebra de sigilo quer saber dos telefonemas trocados pelos celulares de todos na Presidência entre 1º e 16 de janeiro. Sem dúvida, nesse prazo há uma intenção precisa, embora recôndita. Não seria arbitrária, na transformação de um dia em duas semanas, uma Promotoria tão minuciosa a ponto de se interessar até por saber se os petistas, em seus primeiros dias na Papuda, receberam uma banana, talvez laranja, ausente no café da manhã de outros presos.

    Muita coisa no pedido de quebra de sigilo justificaria uma investigação, que não se deve esperar, das suas motivações e da sua autoria. Além das prontas medidas administrativas merecidas pelo objetivo de violar comunicações da Presidência da República e tentá-lo por meio de um ardil.

    Muita coisa, aliás, está excessivamente esquisita nos procedimentos do Supremo Tribunal Federal, do Judiciário em Brasília e do Ministério Público do Distrito Federal em relação a condenados petistas e não petistas da ação 470. São prazos desrespeitados, suspeitas marotas, apurações que não andam (o prazo para elucidação do tal telefonema terminou em fevereiro), repórteres usados para publicar inverdades como uma construção luxuosa na Papuda destinada aos petistas, e por aí vai. O conceito da Justiça terminará pagando mais esta conta.

    09/10/2013

    FHC e Gilmar: “esqueçam o que escrevi”

    Filed under: FHC,Gilmar Mendes,Golpismo,Privataria Tucana,Privatas do Caribe,Privatidoações — Gilmar Crestani @ 10:39 pm
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    Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
    O jornalista Frederico Vasconcelos, que mantém o blog Interesse Público na Folha, ironiza, sem usar adjetivos, o comportamento de Fernando Henrique Cardoso e do Ministro Gilmar Mendes.
    Fred, como é conhecido, extrai trechos do artigo publicado no jornal “O Estado de S. Paulo” pelo ex- presidente, com lamúrias pelo STF ter acolhido os embargos infringentes, “recurso de que só os doutos se lembravam e sabiam dizer no que consistia”, diz que isso caiu sobre a opinião pública “como ducha de água fria”.
    O jornalista traz, então, trechos do voto de Celso de Mello, lembrando que o douto Fernando Henrique deles deveria se lembrar, pois os tentara extinguir, quando Presidente, propondo a sua supressão, em projeto de lei do Executivo.
    E corta na carne, com uma faca gentil:
    Talvez por elegância ou esquecimento, o decano (Celso de Mello) não mencionou que o seu vizinho de plenário, ministro Gilmar Mendes, que votara pela rejeição dos embargos infringentes, foi um dos autores do projeto que pretendia abolir esses recursos no STF.
    Em seu currículo, Gilmar Mendes registra que, “na condição de Subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil (abril de 1996/janeiro de 2000) participou da elaboração, coordenação ou revisão dos projetos e estudos legislativos e constitucionais do Governo Fernando Henrique Cardoso”.
    “É um dos autores, junto com Ives Gandra Filho e Sálvio de Figueiredo Teixeira, do texto do Projeto de Lei no 4.070/98 do Poder Executivo, que resultou na Lei no 9.756/98, que introduziu importantes mudanças na legislação processual civil”.

    Ou seja, Gilmar Mendes “esqueceu” – e certamente não por elegância, mas por conveniência e escasso espírito jurídico – o que ele próprio escreveu e recebeu a chancela presidencial de FHC.
    Quem sai aos seus não degenera, não é verdade?

    Altamiro Borges: FHC e Gilmar: “esqueçam o que escrevi”

    03/09/2013

    Globo agora renega sua sociedade com a Ditadura

    Filed under: RBS,Rede Globo de Corrupção,Rede Globo de Sonegação — Gilmar Crestani @ 10:47 pm
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    O editorial de O Globo e a caixa preta da relação da mídia com a ditadura

    A participação da mídia brasileira no golpe de 64 e na ditadura é um episódio que ainda está para ser plenamente contado. Muitos dos compromissos que levaram uma parte importante da imprensa brasileira a se aliar com setores golpistas e autoritários permanecem presentes e se manifestam em outros debates da vida nacional.

    Marco Aurélio Weissheimer

    O jornal O Globo publicou editorial, dia 31 de agosto, admitindo que “o apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro”, ou um “equívoco” como também diz o texto. A decisão de tornar pública essa avaliação, diz ainda o editorial. “vem de discussões internas de anos, em que as Organizações Globo concluíram que, à luz da história, o apoio se constituiu um equívoco”.
    Quase 50 anos depois do golpe civil-militar que derrubou o governo constitucional de João Goulart, as organizações Globo vêm a público falar desse “equívoco”, lembrando que outros grandes jornais do país também aderiram ao movimento golpista (cita o Estado de São Paulo, a Folha de São Paulo, o Jornal do Brasil e o Correio do Brasil, “apenas para citar alguns”) e admitindo que as vozes recentes das ruas afirmando que “a Globo apoiou a ditadura” são inquestionáveis.
    Mas o que poderia parecer uma autocrítica acaba descambando ao longo do texto do editorial para um exercício cínico de justificação da decisão tomada em 1964 e de ocultamento dos benefícios que a empresa teve por seu apoio aos golpistas. O texto cita um editorial assinado por Roberto Marinho em 1984, que “ressaltava a atitude de Geisel em 13 de outubro de 1978, que extinguiu todos os atos institucionais, o principal deles o AI5, reestabeleceu o habeas corpus e a magistratura (…)”.
    Logo em seguida, justifica o apoio ao golpe destacando “os avanços econômicos obtidos naqueles vinte anos” e a crença de que o golpe foi “imprescindível para a manutenção da democracia e, depois, para conter a irrupção da guerrilha urbana”. O argumento do editorial, em resumo, é: “à luz da história, olhando 50 anos depois, foi um erro, mas naquele momento foi imprescindível para a manutenção da democracia”.
    A mídia e a ditadura: uma história que deve ser contada
    O exercício editorial de cinismo e memória seletiva de O Globo serve ao menos como oportunidade para trazer à luz um debate que permanece escondido nas sombras no Brasil. É uma oportunidade histórica para debater as relações entre as grandes empresas de comunicação do país e a ditadura civil-militar que atingiu o Brasil entre 1964 e 1985. Várias dessas empresas construíram seus impérios midiáticos gozando de favores e benefícios dos governos da ditadura. A imensa maioria da população brasileira não conhece essa história, especialmente as novas gerações.
    O nosso país está muito atrasado neste processo. A Argentina, ao contrário do que aconteceu no Brasil, está acertando as contas com o período da ditadura militar (1976-1983). Além de dar prosseguimento ao julgamento dos militares e policiais acusados de crimes como tortura e assassinato, o governo argentino decidiu mexer em outro vespeiro e levantou o tapete que escondia as relações promíscuas entre a ditadura e meios de comunicação. No dia 24 de agosto de 2010, por exemplo, a presidente Cristina Fernández de Kirchner apresentou um relatório de mais de 20 mil páginas acusando os donos dos principais jornais do país de envolvimento em crimes de lesa-humanidade cometidos durante a ditadura.
    No relatório, intitulado Papel Prensa, a Verdade, o governo argentino denunciou os proprietários dos jornais La Nación, Clarín e do extinto La Razón de terem se apropriado ilegalmente e mediante ameaças da maior empresa fornecedora de papel jornal do país na época da ditadura, a Papel Prensa, em novembro de 1976. O documento relata como os antigos proprietários da empresa, o banqueiro David Gravier e sua esposa Lídia, foram sequestrados pelos militares em 1977 e forçados a assinar papéis “vendendo” suas ações na empresa. Uma parte importante das investigações do governo argentino baseia-se no testemunho de Lídia Papaleo que, além ter sido sequestrada, foi torturada pelos militares argentinos.
    Em um artigo, intitulado “O que há por trás de um jornal chamado Clarín” (Carta Maior (04/06/2012), o jornalista Eric Nepomuceno relata um trecho de um novo depoimento de Lídia Papaleo à Justiça argentina. Ela afirmou:
    Até hoje lembro os rostos de meus torturadores. Porém, nenhum desses rostos, nenhum desses olhares, me persegue e amedronta mais em meus pesadelos que o olhar de Héctor Magnetto me dizendo que ou assinava a venda de Papel Prensa, ou eu e minha filha seríamos mortas.
    Héctor Magnetto, assinala Nepomuceno, era e continua sendo o principal executivo do grupo Clarín. Foi quem, naquele distante 1976, e antes do sequestro e das torturas de Lidia Papaleo, se reuniu com ela, e foi diante dele que ela capitulou.
    Os proprietários dos jornais acusados acusaram e seguem acusando o governo argentino de querer controlar a imprensa e impor um regime de censura. A verdade é que, como aconteceu também no Brasil, essas empresas apoiaram a ditadura, beneficiaram-se com ela e, possivelmente, são cúmplices diretos ou indiretos de vários crimes cometidos pelo regime ditatorial. Ao mexer na caixa preta da mídia, Cristina Kirchner comprou aquela que é, talvez, a mais pesada luta de seu governo.
    Porta-vozes do interesse público?
    As empresas de comunicação têm o hábito de se apresentarem como porta-vozes do interesse público. Em que medida uma empresa privada, cujo objetivo central é o lucro, pode ser porta-voz do interesse público? Essas empresas participam ativamente da vida política, econômica e cultural do país, assumindo posições, fazendo escolhas, pretendendo dizer à população como ela deve ver o mundo. No caso do Brasil, assim como ocorreu na Argentina, a história recente de muitas dessas empresas é marcada pelo apoio a violações constitucionais, à deposição de governantes eleitos pelo voto e pela cumplicidade com crimes cometidos pela ditadura militar (cumplicidade ativa muitas vezes, como no caso do uso de veículos da Folha de São Paulo para o transporte de presos políticos torturados durante a famigerada Operação Bandeirantes).
    Até hoje nenhuma dessas empresas julgou necessário justificar seu posicionamento durante a ditadura. O Globo faz o primeiro ensaio disso agora, em um texto que, a todo momento, procura justificar o “erro” pelo “contexto histórico”. Muitas delas sequer usam hoje a expressão “ditadura” ao se referir àquele triste período da história brasileira, preferindo falar em “regime de exceção”. Agem como se suas escolhas (de apoiar a ditadura) e os benefícios obtidos com elas fossem também expressões do “interesse público”. Apoiar o golpe militar que derrubou o governo Jango foi uma expressão do interesse público? Ser cúmplice de uma ditadura que pisoteou a Constituição brasileira, torturou e matou é credencial para se apresentar como defensor da liberdade? O silêncio dessas empresas diante dessas perguntas, por outro lado, não deixa de ser uma resposta às mesmas.
    No Rio Grande do Sul, temos também um triste capítulo dessa história que ainda está para ser devidamente contada. O jornal Zero Hora ocupou o lugar da Última Hora, fechado pelos militares por apoiar Jango. O batismo de nascimento deste jornal foi marcado por atos de violência contra o Estado Democrático de Direito. Três dias depois da publicação do Ato Institucional n° 5 (13 de dezembro de 1968), ZH publicou matéria sobre o assunto afirmando que “o governo federal vem recebendo a solidariedade e o apoio dos diversos setores da vida nacional”. No dia 1° de setembro de 1969, o jornal publica um editorial intitulado A preservação dos ideais, exaltando a “autoridade e a irreversibilidade da Revolução”. A última frase editorial fala por si: “Os interesses nacionais devem ser preservados a qualquer preço e acima de tudo”.
    Interesses nacionais ou interesses empresariais? A expansão da empresa de mídia gaúcha se consolidou em 1970, com a criação da RBS. A partir das boas relações estabelecidas com os governos da ditadura militar e da ação articulada com a Rede Globo, a RBS foi conseguindo novas concessões e diversificando seus negócios. Hoje, quem falar em resgatar essa história será acusado de ser “inimigo da liberdade de imprensa”.
    Mas não foi apenas a Zero Hora. O Correio do Povo teve ativa participação no Golpe de 1964 que derrubou o governo de João Goulart. O artigo “1964: o Rio Grande do Sul no olho do furacão”, de Enrique Serra Padrós e Rafael Fantinel Lamiera, descreve o comportamento da publicação então pertencente ao grupo Caldas Junior:
    “O jornal Correio do povo assumiu uma crítica violenta, acusando Goulart de agitador, violador da democracia, demagogo e de querer instalar um “neoperonocastrismo” no Brasil (seja lá o que isso quisesse dizer).
    Adotava uma linha de questionamento como a que vinha sendo utilizada por Lacerda e a imprensa do centro do país nos ataques tanto ao governo federal quanto ao próprio Brizola. Tratava-se de uma referência explícita aos planos de instalar no Brasil um regime comunista aos moldes “caudilhescos” e populistas dos pampas; em decorrência, uma mistura de Perón e Fidel Castro, dois dos maiores pesadelos das direitas latino-americanas” (p.41, in A Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul)”.
    Repetindo posição assumida por outros jornais de grande circulação do país, o Correio do Povo publicou às vésperas do golpe de 1964, um editorial clamando “para que as Forças Armadas cumprissem sua histórica missão de serem sustentáculos da lei e da ordem, sob o espírito de sua vocação histórica, o cristianismo e a democratismo-liberal. O final do desse editorial afirma:
    “O caminho a seguir nesta hora de decisão não comporta dúvidas ou vacilações: é o do saneamento ético das cúpulas políticas e administrativas e da anulação dos inimigos da pátria e da democracia, que se encastelaram funestamente na própria cidadela do poder”.
    A participação da mídia brasileira no golpe de 64 e na ditadura que se seguiu a ele é um episódio que ainda está para ser plenamente contada. Há muitas lacunas e zonas cinzentas nesta história. E isso não parece ocorrer por acaso. Muitos dos compromissos que levaram uma parte importante da imprensa brasileira a se aliar com setores golpistas e autoritários permanecem presentes e se manifestam em outros debates da vida nacional.
    Enquanto a sociedade não decidir que abrir essa caixa preta é uma condição para o avanço da democracia no país, essas empresas, no Brasil, na Argentina e em outros países da América Latina seguirão praticando um de seus esportes preferidos: pisotear a memória e apresentar os seus interesses privados como se fossem interesses públicos.
    (*) Publicado originalmente no Sul21.

    Carta Maior – Marco Aurélio Weissheimer – O editorial de O Globo e a caixa preta da relação da mídia com a ditadura

    18/05/2013

    Cabo no rabo e pá de terra por cima

    Filed under: Ditadura,Jorge Rafael Videla — Gilmar Crestani @ 11:01 am
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    Por que todo fdp demora para morrer?

    Encontro com o “assassino filho de mil prostitutas”

    Kiko Nogueira 17 de maio de 2013 3

    O relato de uma entrevista que não aconteceu com o ditador argentino Jorge Rafael Videla, morto hoje.

    Videla

    Videla

    Jorge Rafael Videla morreu na sexta, 17 de maio, aos 87 anos, na prisão de Marcos Paz, onde cumpria pena perpétua pelos crimes cometidos durante a ditadura militar argentina.

    Videla governou o país entre 1976 e 1981, depois de um golpe que depôs María Estela Martínez de Perón. Em 1985, foi sentenciado à perpétua. Em 1990, Menem, então presidente, o liberou num indulto, junto com outros militares e chefes de polícia.

    Em 2010, num novo julgamento, Videla ganhou de novo a prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade. Foi considerado responsável também por um esquema de sequestros de recém-nascidos de militantes mortos ou desaparecidos. Numa entrevista ao jornalista Ceferino Reato, Videla admitiu ter sido responsável direto pelas “mortes e desaparecimentos de entre 7 mil e 8 mil pessoas”. “Eu sabia tudo o que estava acontecendo e autorizei tudo”, disse. “Tenho peso na alma, mas não estou arrependido de nada”.

    Nos anos 90, enquanto indultado, Videla fazia exercícios na Costanera Sur, um parque ecológico nas cercanias de Buenos Aires. Num desses passeios, encontrou o escritor e jornalista Martín Caparrós. Caparrós havia retornado à Argentina depois de um exílio na Europa, primeiro em Paris e depois em Madri. Hoje é colunista do El País.

    Ele escreveu sobre o dia em que esteve com o general, tentando entrevista-lo, acompanhado de um cinegrafista. Como no caso da morte de Margaret Thatcher na Inglaterra, a de Videla está provocando mais júbilo do que tristeza no país. O relato de Caparrós é sobre os bastidores de uma reportagem que ele não conseguiu fazer – e sua impotência patética diante de um monstro. “Durante anos, eu me perguntei que ideia de jornalismo me impediu de partir o gravador em sua cabeça”.

    O assassino filho de mil putas Jorge Rafael Videla, digno militar argentino, acaba de morrer. Ele morreu, por sorte, em uma prisão. Seu desaparecimento – seu desaparecimento – é um alívio para todos. É raro que a morte seja uma alegria, mas agora é. Alguns, neste momento, lamentam que ele não tenha sofrido como suas vítimas. Sem comparar, eu acho que ele sofreu muito ao ver que os argentinos ricos que o apoiaram quando seu governo torturava e matava o abandonaram.

    Mas essa é outra discussão. Eu me lembro da única vez em que o vi. Em 1991, um indulto de Carlos Menem o havia soltado.

    O general Videla estava livre e alguns amigos me disseram que, durante muitas manhãs, ele passeava pela Costanera Sur, antes da reforma de Puerto Madero, então um lugar muito marginal.

    Lá estávamos nós, Rafael Calvino e eu. Como você poderá ver, no final tivemos uma breve conversa. Durante anos, muitas vezes eu me perguntei por que razão, que medo, que ideia de jornalismo me impediu de partir o gravador em sua cabeça. Ou de pelo menos tentar.

    O ginásio de Videla

    Eram apenas 08:30 quando o Peugeot 504 veio de Cangallo devagar, tranquilo, e pegou a Costanera até o fim, até a fragata Sarmiento. O carro era cinza, seminovo, absolutamente discreto, só com uma antena a mais.

    Liliana Imas Heker e Ernesto tinham me dito dois dias antes.

    – Quando eu vi pela primeira vez eu não podia acreditar. Na verdade, eu não vi, eu ouvi. Eu estava fazendo flexões e, de repente, ouvi uma voz muito seca, muito forte, que me disse: “Bom dia, senhor”. Levantei a cabeça e o vi. Até hoje a impressão perdura.

    Imas disse isso. E Heker disse que não sabia o que fazer.

    – Queríamos que ele fosse reconhecido, era terrível que este homem estivesse andando por aí como se nada tivesse acontecido.

    Uma antena a mais não é grande coisa esses dias. Dentro do carro – placa C1386767 – estavam uma senhora obesa, um gorila e um homem magro com um bigode que estava dirigindo com a janela aberta, tomando o ar da manhã fria. O ex-general, ex-presidente, ex-salvador do país, ex-presidiário e ex-assassino Jorge Rafael Videla estava indo, toda segunda, quarta e sexta-feira, fazer exercícios matinais.

    No julgamento de 2010

    No julgamento de 2010

    – Começou a aparecer no final de outubro, disse Imas. E nunca parou desde então.

    O carro pegou de surpresa a Calvino e a mim. Embora o estivéssemos esperando, ao invés de parar, o carro continuou, virou e dirigiu-se para o Sports City Armando. Pensávamos que o havíamos perdido: eu achei que, pelo menos, tinha arruinado sua manhã esportiva, e imaginava pessoas invadindo distraidamente o lugar que o homem frequentava, apenas para foder um pouco sua vida.

    Esperamos mais um tempo e ele não retornou. No final, nós começamos a caminhar em direção a um coreto. Ao chegarmos, encontramos o carro; ao lado, encostado na grade do calçadão, o gorila lia no jornal sobre o empate do Boca e, um pouco mais adiante, no gramado da avenida, o ex resfolegava por causa do esforço dos abdominais.

    – Eu não vou falar. Estou fazendo a minha atividade diária.

    Fazia um tempo que eu caminhava ao seu lado. O ritmo era forte e ele fingia não me ouvir. Eu gritava:

    – Mas você não se preocupa por estar num lugar público?

    – Você não tem medo?

    – Eu não fiz o que você fez.

    – São questões de critério.

    Ele disse isso sem rodeios, sem me olhar uma única vez, e saiu correndo com suas pernas magras. Estava sozinho. O guarda-costas continua lendo o jornal, quieto, e ele trota, como se estivesse assobiando. Usa calção azul, camiseta azul e uma toalha de mão que passa na cara de vez em quando. Para um homem da sua idade, sua condição física é notável. Apesar do suor e das veias saltadas nas têmporas, como se prometessem explodir.

    O lugar é idílico, muito verde e quase deserto. Há jacarandás em flor e as vozes benignas de muitos pássaros. No meio da avenida, entre as árvores, jovens gritam e se empurram. O ex passa por eles, alguém o reconhece e todo o grupo fica imobilizado, congelado.

    – Eu o mato com a indiferença.

    Diz, mais tarde, um garoto de cabelo curto, um dos frequentadores do local.

    – Para mim, é de morte o cara correr como qualquer um, com tudo o que ele fez, mas é melhor matá-lo com indiferença.

    – Sim, porque você vê que ele olha para você para que seja reconhecido, para que você possa dizer alguma coisa.

    – Sim, ele te desafia.

    – Não, ele quer cumprimentá-lo. No começo, ele ficava lá no final do calçadão, perto da fragata, mas agora vem até aqui, ganhou confiança.

    Diz outro corredor, de seus quarenta anos, o cabelo cinza impecavelmente penteado, sem suar.

    – Eu vim aqui para correr e o resto não me importa, você sabe.

    Mas agora o ex continua trotando suavemente, afiado, e um entregador de jornais passa de bicicleta ao seu lado e o cobre de elogios. Não ouvi as palavras, mas compreendi os gestos, os sorrisos. Um caminhoneiro o saúda e o ex responde com o braço erguido.

    – Outro dia ele estava correndo na minha frente e eu o ultrapassei bruscamente para ver o que acontecia e ele virou-se rapidamente, assustado. O tipo deve ter medo, com o passado que tem.

    – Eu não dou nada por ele, como faço com qualquer milico, digamos, perto do fim, um sessentão muito bronzeado. Porque ele não me fez nada, nem a algum parente meu, então eu não tenho nada contra ele.

    A Costanera Sul é remanescente de outro tempo, outro país. A ruína do que o país seria quando tinha um futuro, uma parte da cidade que a natureza está recuperando lentamente. No coreto, no final do século, o Dr. Luis Viale, há 120 anos, ofereceu seu casaco a uma senhora em um naufrágio, a fim de se afogar como um cavalheiro. Aqui, o mundo parou num gesto de bronze, inútil, perfeitamente desnecessário.

    Uma outra corredora, de seus 30 anos, diz:

    – Ele não é um cara mau, é um assassino condenado pela justiça.

    – Que tipo de justiça? A mesma que o soltou? Justiça só serve para condenar os pobres. A justiça soltou esse cara e outros. O que eu não entendo é a igreja. Eles o condenam e depois o bispo o abençoa. Me pergunto se o bispo crê no mesmo Deus que eu acredito. Que arrogância, por favor, que arrogância!

    O ex caminha de volta. Depois de um tempo, aparece sua esposa, que foge ao ver Calvino com a câmera na mão. Eu me pergunto por que escolheu esse lugar. Sua casa é na Figueroa Alcorta, ao lado dos bosques de Palermo, mas é provável que seja muito popular. Aqui, no entanto, há apenas um punhado de gente, entre eles oficiais do exército. Mas, de qualquer forma, há algo desafiador no fato de ele estar num passeio público e não escondido em um clube ou numa quinta. Como quem reivindica o direito de usar uma cidade que era dele.

    O ex está chegando ao coreto com a veia muito inchada.

    – Se eu tivesse feito o que você fez, teria muito medo.

    – Se você tivesse feito alguma coisa, não estaria aqui.

    Ele diz isso com um grunhido, sem olhar para mim, e não entendo muito bem a ameaça. Eu o sigo, dizendo estupidamente que repita, que repita se tiver coragem, mas ele caminha até o carro onde o espera o segurança. Eu não sei mais o que fazer, ele está saindo e só por respeito eu acho que devo gritar alguma coisa. Então eu grito “assassino” e ele se vira, olha para mim e entra no carro. Como acontece toda segunda, quarta e sexta, às 9 horas, em Cangallo e na Costanera.

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    TAGS » dcm, desaparecidos, ditadura militar Argentina, jorge rafael videla, martín caparrós, morte de videla, presos políticos

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    Sobre o autor: Kiko Nogueira Veja todos os posts do autor Kiko Nogueira

    Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

    Diário do Centro do Mundo – Encontro com o “assassino filho de mil prostitutas”

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