Ficha Corrida

26/06/2016

Depois da BROI, PSDB & Rede Globo preparam Petrobrax

20160626_095344Algum gaúcho ainda há de lembrar como foi a entrega da CRT à RBS. Enquanto Britto preparava o sucateamento administrativo, a RBS adestrava a manada de midiotas de que só a iniciativa privada sabe administrar. O delírio da massa privatista com os ensinamentos da RBS foi tamanho que sequer se deram conta que a Telefónica era… estatal. Espanhola, sim, mas administrada pelo Governo Espanhol. Há uma coincidência que derivou do negócio. Apeado do poder, Antonio Britto foi se desintoxicar na…. Espanha! Quer outra coincidência? Onde FHC e Rede Globo esconderam Miriam Dutra? Se alguém disse Espanha, acertou…

Em 2001 publiquei um artigo no Observatório da Imprensa RBS & PT – Os negócios, a política e a esquerda. Portanto, há muito tempo que venho denunciando a promiscuidade dos grupos mafiomidiáticos com seus finanCIAdores ideológicos. Os ataques obsessivos e insanos, diuturnamente, ao Governo Olívio Dutra fazem parte de uma estratégia que deu certo, razão pela qual vem sendo empregada em relação a Lula e Dilma. Caçam Lula da mesma forma que caçaram Olívio Dutra. A criminalização da esquerda trouxe ao RS três gestões extremamente desastrosas: Germano Rigotto, Yeda Crusius e José Ivo Sartori. Desastrosas para o Estado, mas extremamente benéfica aos cofres da RBS. Sem uma esquerda atuante, a RBS se uniu a GERDAU, Augusto Nardes e à manada de midiotas gaúchos e conseguiu eleger dois senadores: Ana Amélia Lemos e Lasier Martins. Eles ajudaram cumpriram com os designios dos patrões e ajudaram a dar o golpe. A  RBS aparece na Operação Zelotes mas quem liga pra sonegação? Como diziam os cartazes dos “Somos Todos CUnha”, “sonegação não é crime”….

Os mantras dos afiliados ao Instituto Millenium são manjados. O modus operandi é o mesmo desde sempre. Meritocracia, choque de gestão, demonização das esquerdas e endeusamento da iniciativa privada. Por isso a privataria. A entrega da CRT à RBS, agora BROI poderia ser emblemático da falácia do discurso privatista tanto quanto a criminalização do Olívio Dutra ou do cumprimento das obrigações fiscais. Mas, não. A imbecilidade coletiva não liga para as falácias da velha mídia. Pelo contrário, como bovinos, deixa-se conduzir pela égua madrinha.

O pedido de recuperação judicial pela BROI mostra o quanto a iniciativa privada, que pratica preços escorchantes, é má administradora. Tão predadora que só poderia ser…. privada! Depois de sugarem, dão descarga. Mas vê se tem algum dos donos pobre, de Sirotsky a Carlos Jereissati, passando pelo portador de dois velozes Habeas Corpus, Daniel Dantas.

O golpe em andamento é comandado pela plutocracia e seus testas de ferro formam uma verdadeira cleptocracia. A destruição do Estado e dos seus defensores é seu único fim.

O Xadrez dos fantasmas de Temer e as eleições indiretas

sab, 25/06/2016 – 21:23  – Atualizado em 25/06/2016 – 22:06 – Luis Nassif

Definição 1 – os novos inquilinos do poder

Há dois grupos nítidos dentre os novos inquilinos do poder.

Um, o PMDB de Michel Temer, Eliseu Padilha, Moreira Franco, Geddel Vieira de Lima e Romero Jucá, grupo notório.  O outro, um agrupamento em que se somam grupos de mídia, Judiciário, Ministério Público Federal e mercadistas do PSDB. Vamos chama-los de PSDB cover, pois inclui as alas paulistas e os mercadistas cariocas do PSDB. A banda de Aécio Neves é carta fora do baralho.

Por vezes, o PSDB cover provoca indignação. Já o grupo de Temer provoca vergonha, um sentimento amplo de humilhação de assistir o país governado por grupo tão suspeito, primário e truculento. E menciono esse sentimento não como uma expressão individual de repulsa, mas como um ingrediente político que será decisivo nos desdobramentos políticos pós-impeachment, que rabisco no final.

O grupo de Temer quer se apropriar do orçamento com vistas às próximas eleições. O PSDB cover quer se valer da oportunidade para reeditar as grandes tacadas do Real.

Temer e seu grupo são mantidos na rédea curta, com denúncias periódicas para mostrar quem tem o controle do processo. Deles se exige espaço amplo para as articulações financeiras do PSDB cover e o trabalho sujo para desmontar qualquer possibilidade da oposição nas próximas eleições.

Definição 2 – a estratégia econômica

Ao longo de 2013 e 2014 Dilma perdeu o foco da política econômica e deu início à sequência de isenções fiscais, arrebentando com as contas públicas. No final de 2014 havia um grande passivo das chamadas “pedaladas”.

Um pouco antes de vencer as eleições, Dilma anunciou publicamente a substituição do Ministro da Fazenda Guido Mantega por Joaquim Levy, provocando ressentimentos em Mantega.

Passadas as eleições, foi aconselhada a zerar os passivos ainda em 2014.

Demitido em público, mas ainda Ministro, Mantega recusou-se a tomar as medidas necessárias. Indicado Ministro, mas ainda não empossado, Joaquim Levy também preferiu postergar.

Assumindo Levy, Dilma anuncia a estratégia da chamada contração fiscal expansionista. Ou seja, um enorme choque fiscal que devolveria a confiança aos agentes econômicos que voltariam a investir.

Os empresários ficariam tão encantados com o choque fiscal que nem ligariam para a queda da demanda, aumento da capacidade ociosa, taxas de juros estratosféricas. Como diria Gil, “andar com fé eu vou”. E fomos.

O primeiro desastre foi o anúncio do plano a seco, como primeira manifestação de Dilma. Foi um suicídio político.

No meio do ano estava claro o fracasso da estratégia que, ao derrubar ainda mais a economia, ampliou a recessão, a queda de receitas e, consequentemente, os desajustes fiscais.

Passou-se todo o segundo semestre discutindo a revisão da política, sem que nada fosse feito. Levy acabou saindo antes deixando armada a bomba fiscal e a política.

Mudou-se a estratégia para a flexibilização fiscal reformista.

Consistiria no governo assumir um resultado fiscal menor no curto prazo, para absorver a perda de receita. E, para reconquistar a confiança do mercado, em vez do ajuste fiscal, uma reforma fiscal.

Flexibilizaria no curto prazo, para devolver um pouco de fôlego à economia. E acenaria com reformas de médio prazo, visando devolver a confiança no equilíbrio fiscal.

Em dezembro de 2015 a fogueira política parecia ter refluído. A proposta foi apresentada em janeiro de 2016, com os seguintes ingredientes:

1.     Pedido de autorização do Congresso para um déficit maior.

2.     Limites de gastos orçamentários.

3.     Reforma da Previdência.

Na proposta Nelson Barbosa, os limites de gastos orçamentários seriam definidos a cada quatro anos pelo Congresso. Substituir-se-iam os gastos obrigatórios por metas obrigatórias a serem alcançadas. Seja qual fosse o resultado, haveria a possibilidade de correção de rumos a cada quatro anos.

Em relação à Previdência, haveria um aumento na idade mínima, mas com uma longa regra de transição, de maneira a poupar quem já tivesse ingressado no mercado de trabalho.

Mas, àquela altura, a governabilidade já tinha ido para o espaço, graças à combinação da Lava Jato com Eduardo Cunha. A cada semana, a Lava Jato soltava uma bomba política e, após o recesso, Cunha soltava uma bomba fiscal.

A equipe de Meirelles pegou as propostas e turbinou com Red Bull.

Hiperflexibilizou no curto prazo obtendo autorização para um déficit de R$ 170 bilhões para pagar a conta do impeachment. Produzindo um buraco maior, pressionaria por reformas muito mais radicais do que as previstas pelo governo Dilma.

Em relação ao limite de gastos pretende amarrar o orçamento por 20 anos, em cima dos gastos de 2016, espremidos por dois anos de quedas de receitas. Se passar a PEC (Proposta de Emenda Constitucional), um grupo que não recebeu nenhum voto nas últimas eleições, membros interinos da junta de poder, definirá o orçamento para os próximos três presidentes da República.

Não é apenas isso.

A deterioração das contas públicas abrirá espaço para as famosas “tacadas” – termo que Rui Barbosa utilizava para as jogadas do encilhamento; e que os economistas do Real praticaram na política cambial e nas privatizações.

Os negócios estão caminhando a mil por hora.

1.     De cara, haverá a rentabilíssima operação de vendas de ativos públicos depreciados. O Projeto de Lei apresentado pelo senador Tasso Jereissatti vai nessa direção, ao inviabilizar qualquer recuperação de empresa pública e colocá-la à venda sem nenhuma estratégia setorial ou de valorização dos ativos.

2.     Nessa panela entrarão as vendas de participação do BNDES, com o mercado no chão.

3.     Se acelerarão as concessões com margens altas de rentabilidade, abandonando de vez as veleidades de modicidade tarifária.

4.     No caso da participação externa em companhias aéreas, por exemplo, havia estudos para autorizar até 49% podendo chegar a 100%, mas apenas dentro de acordos de reciprocidade com outros países. Já se mudou para autorização para 100%, sem qualquer contrapartida. Altas tacadas e altas comissões.

Estão no forno duas outras medidas complicadas. Uma, visando retirar do BNDES R$ 150 bilhões de recursos não aplicados; outra vendendo R$ 100 bi em ativos do Fundo Soberano.

No caso do BNDES, o governo Dilma tinha pronto medida colocando à disposição dos bancos comerciais os recursos não aplicados pelo BNDES, nas mesmas condições. Seria uma maneira de impedir o travamento dos investimentos.

Mesmo assim, a flexibilização do orçamento e a perspectiva do fundo do poço ter sido alcançado no primeiro trimestre, promoverá algum desafogo na economia nos próximos meses.

Definição 3 – os desdobramentos políticos

E aí se chega no busílis da questão, no xeque pastor – o mais rápido do xadrez. Vamos compor esses quebra cabeças com as peças que se tem à mão.

Lembre-se: não são apostas cravadas nas hipóteses abaixo, são  possibilidades. Ou seja, tendo determinadas peças no tabuleiro, abre-se espaço para determinadas estartégias.

Peça 1 – o reino da democracia sem voto

Hoje em dia, se está no mundo que o PSDB cover pediu aos céus: uma democracia sem votos. O exército das profundezas, organizado por Eduardo Cunha, está prestes a ser desbaratado. O poder de fato é exercido hoje pela combinação da mídia com o Ministério Público, Judiciário e Tribunal de Contas, substituindo o sufrágio popular.

Essa combinação está permitindo mudanças constitucionais, derrubada de presidentes sem obedecer às determinações constitucionais, destruição de setores e empresas em torno da bandeira genérica da luta contra a corrupção.

Peça 2 – Michel Temer é um interino inviável.

A última edição da revista Época revela mais uma ponta da parceria de Temer com o  coronel da reserva da PM paulista João Baptista Lima Filho, sócio da Argeplan, incluído em obras da Eletronuclear sem possuir experiência para tal. Lima foi citado pelo presidente da Engevix como receptador de R$ 1 milhão cujo destinatário final seria Temer.

Não é a primeira menção à parceria Lima-Temer.

Anos atrás, em um processo de divórcio de um ex-gestor do porto de Santos, ao detalhar as formas como o ex-marido amealhou patrimônio, foi mencionado especificamente o que ele recebia de propinas e o que era encaminhado para Lima e Temer.

Na época, o MPF e o Judiciário pediram arquivamento do caso. Agora, Lima reaparece na delação da Engevix. À esta altura, jornalistas e procuradores estão juntando mais elementos das parcerias.

Mais que isso: se a parceria com a mídia não impediu a denúncia das relações tenebrosas de Temer, o que impedirá a colheita no manancial de escândalos protagonizados por Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima? E ainda não se chegou ao tema central, da delação de Marcelo Odebrecht.

Não haverá blindagem capaz de garantir Temer. É uma relação ampla de delações com seu nome obrigatoriamente envolvido. Mesmo em nome da governabilidade, não será possível passar ao largo das evidências.

Em dezembro de 2014, por exemplo, a Secretaria de Aviação Civil (SAC), não mais sob controle de Moreira Franco, anulou licitação para contratação de empresa consultiva de engenharia, para monitorar todas as atividades do Fundo Nacional de Aviação Civil. O consórcio vencedor era formado pela Engevix e pela Argeplan Arquitetura e Engenharia.

Peça 3 – as eleições indiretas

Chega-se, finalmente, à perspectiva mais imediata de xeque, que não inclui a volta de Dilma.

Primeiro, tem-se o desafio da votação do impeachment. Passando ou não, tem-se a segunda barreira, no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Nos últimos dias, ventilou-se a tese Gilmar Mendes, de montar uma operação para supostamente legitimar Temer. Consistiria no TSE barrar Dilma e Temer. Pela Constituição, um mês depois haveria eleição indireta pelo Congresso, sem obrigatoriedade de candidaturas de parlamentares, mas com a promessa de Temer poder se candidatar e ser eleito.

Isto é o que se diz.

Se o custo Temer estiver muito alto, nada impedirá o PSDB cover de lançar Henrique Meirelles, abolindo os intermediários ou alguma articulação mais ampla passar pelo presidente do Senado Renan Calheiros.

O Xadrez dos fantasmas de Temer e as eleições indiretas | GGN

02/03/2014

Quimeras

Filed under: Assas JB Corp,Joaquim Barbosa — Gilmar Crestani @ 7:09 am
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E o Dantas,
Presidente Barbosa ?

Dizem no PiG (**) que o Presidente Barbosa desmarcou o encontro que havia marcado com Dantas.

Fala ! Por que não falas ?

O amigo navegante deve imaginar, numa crônica de Nelson Rodrigues,  que o passador de bola apanhado no ato de passar bola – segundo o jornal nacional – se deslocasse, à tarde, da sede do Banco Opportunity, sobre a Academia Brasileira de Letras, no centro do Rio, em direção a seu discreto apartamento em Ipanema, em frente ao Oceano.

Trancava-se na biblioteca, com a parede falsa ao fundo, a mesma onde o delegado Protógenes encontrou pilhas e pilhas de CDs, fitas e apontamentos.

Como se sabe, o Ministro Eros Grau entrou para a História Suprema ao tomar duas decisões.

Relatou a anistia à Lei da Anistia, que envergonha o Brasil.

E confiscou do Juiz De Sanctis os achados da parede falsa, neles sentando-se em cima.

Onde estão os achados da parede falsa ?

Denso mistério.

No cofre Supremo ?

Lá onde repousam  as deduções que condenaram o Dirceu ?

Voltemos à doméstica cena litorânea.

Dantas senta-se na poltrona mole e liga sua TV HD.

E ri.

Ri.

Ri muito !

Quá, quá quá !

É de morrer de rir.

Tem cólicas de rir.

O Pizzolatto – ele ri.

O Marcos Valério – ri muito.

A Gilza, coitadinha.

O Ministro (Collor de) Mello não poupou a coitadinha.

Mas, (Collor de) Mello é implacável: não sossegou enquanto não empurrou o Cacciola para Monte Carlo e aplicou-lhe algemas italianas, como as do Totò Rina.

E quando o Gilmar Dantas (*) votava ?

A reação do Dantas nessas horas ?

É de corar frade,  diria o cronista da “vida como ela é”.

Dantas pede chá de boldo ao mordomo.

As cólicas de riso incomodam.

Depois, Dantas liga no jornal nacional.

E aí, ele desaba da mole poltrona.

Não se aguenta de tanto rir.

Perfeito !, diz ele.

Irretocável !

E sente orgulho.

Quando o William Bonner diz “boa noite !”, Dantas se sente como Michelangelo, depois de concluir o Moisés: “Fala ! Por que não falas ?”

Dantas dorme o sono dos gênios incompreendidos, ao som das ondas que se quebram no Arpoador.

Viva o Brasil !

Os supremos “valores” estão preservados !

Navalha

Como se sabe, no mensalão, o único Ministro que chamou Daniel Dantas pelo nome foi Ricardo Lewandowski.

Disse com todas as letras que o Grupo Opportunity e Dantas estavam nas pontas do valeriodantas – na entrada e na saída.

O Presidente Joaquim Barbosa teria um encontro marcado com Dantas, chegou a prever este ansioso blog.

Dizem no PiG (**), porém, que o Presidente Barbosa desmarcou o encontro.

Se, mesmo assim, por acaso, encontrar Dantas, o ansioso blog recomenda a leitura que se segue.

É uma antologia dos melhores momentos da carreira de Michelangelo.

Da Capela Sistina ao Valerioduto:

http://www.consciencia.net/corrupcao/marcosvalerio-aconta.html

nova suspeita

Grupo de Dantas deposita R$ 127 mi na DNA

Já é de cerca de R$ 127 milhões a soma dos depósitos das empresas de telefonia das quais é sócio o Grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, nas contas da DNA Propaganda. A Telemig Celular, a Amazônia Celular e a Brasil Telecom respondem, juntas, pelo maior volume de depósitos na agência de Marcos Valério de Souza, segundo análise parcial das informações da quebra do sigilo bancário do publicitário. Da Folha de S. Paulo, 28/7..[+]Do Jornal do Brasil, 28/7..[+]

Visanet e teles de Dantas depositaram para DNA

Três empresas de telefonia ligadas ao Opportunity, de Daniel Dantas, e o consórcio controlador dos cartões Visanet foram identificados pela CPI dos Correios como origem de mais de dois terços dos depósitos de terceiros recebidos no Banco do Brasil pela DNA Propaganda Ltda. A DNA é uma das empresas com participação acionária de Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser operador do suposto pagamento de propinas a políticos conhecido como “mensalão”. Da Reuters, 27/7..[+]

Telemig e Amazônia Celular divulgam comunicado

A Telemig Celular S.A. e a Amazônia Celular S.A. divulgaram comunicado nesta quarta-feira para esclarecer os pagamentos das empresas à DNA Propaganda e à SMP&B, do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Da Reuters, 27/7..[+]

Marcos Valério apresenta mais 79 nomes à CPI

A lista de candidatos que receberam dinheiro das empresas de Marcos Valério na campanha de 1998, entregue ontem pelo publicitário à Procuradoria-Geral da República e à CPI do Mensalão, ampliou o alcance da crise para o PSDB. Do Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, 10/8/2005

Valerioduto deu R$ 9 milhões ao PSDB em 1998 BRASÍLIA.

O empresário Marcos Valério de Souza revelou ontem, em novo depoimento na CPI do Mensalão, detalhes dos empréstimos de R$ 9 milhões feitos para favorecer a coligação do PSDB na campanha pela reeleição do então governador Eduardo Azeredo, em 1998. Valério também centrou fogo no publicitário Duda Mendonça, reafirmando que repassou a ele R$ 15,5 milhões, sendo R$ 4,5 milhões da campanha de Azeredo feita em 1998. O restante teria sido repassado dos empréstimos feitos para o PT. Do jornal O Globo, 10/8..[+]

Quem é quem na conexão mineiro-tucana do Valerioduto

A relação a seguir fornece dados básicos sobre alguns dos políticos envolvidos na “conexão dois” dos saques feitos em empresas do publicitário Marcos Valério de Souza. Enquanto a “conexão um” aponta membros do PT e outros partidos da base do governo Lula, esta envolve os aliados do atual presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, em sua campanha, derrotada, ao governo de Minas Gerais em 1998. A nova lista, com 79 nomes, foi apresentada por Marcos Valério à CPI da Compra de Votos nesta terça (9/8). Clique aqui para conhecê-la.

FHC sabia?

SMPB fez doação de R$ 50 mil para reeleição de FHC

A SMPB, agência de Marcos Valério, suposto operador do “mensalão”, fez doação de R$ 50 mil não declarados à campanha para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso em 1998. A revelação foi feita em 12 de novembro de 2000 pela Folha, em reportagem que mostrou que o comitê eleitoral de FHC declarou R$ 43 milhões ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas recebeu R$ 53,120 milhões. Os números foram obtidos de planilha eletrônica do comitê eleitoral tucano. Da Folha de S. Paulo, 10/8/2005..[+]

Valério aponta para empreiteiras e bancos

Em entrevista exclusiva ao jornal O Tempo, de Minas Gerais, o dono de empresas de publicidade Marcos Valério de Souza Fernandes, apontado como um dos operadores do mensalão, garantiu, em sua casa, que, com as investigações, outros esquemas de financiamento de campanhas semelhantes ao do PT devem vir à tona. Do Jornal do Brasil, 15/8..[+]

campanha de 98

Veja a lista entregue por Valério com saques realizados

A lista abaixo foi entregue pelo empresário Marcos Valério durante seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga denúncias de compra de votos no Congresso Nacional. São 75 nomes, que teriam recebido dinheiro das empresas de Valério para a campanha eleitoral de 1998. Da Agência Brasil, 9/8..[+] depoimento

Valério: atuações com PT e PSDB foram similares

O empresário Marcos Valério afirmou em depoimento na CPI da Compra de Votos que considera similares as operações de financiamento de campanhas eleitorais nas quais esteve envolvido em 1998 e em 2004. Da Agência Brasil, 9/8..[+]

PSDB na conta / mg

Valério foi avalista de tesoureiro tucano

O empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza e seu sócio na agência de publicidade SMPB Comunicação Cristiano Paz avalizaram um empréstimo de mais de R$ 200 mil do tesoureiro da campanha do tucano Eduardo Azeredo para o governo de Minas Gerais em 1998, Cláudio Roberto Mourão da Silveira. Da Folha de S. Paulo, 29/7/2005..[+]

PSDB na conta

Ex-ministro de FHC teve aval de publicitário

O publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza também foi avalista do advogado Pimenta da Veiga, ex-presidente nacional do PSDB e ex-ministro das Comunicações no governo FHC, num contrato de empréstimo de R$ 152 mil com o banco BMG de Belo Horizonte. Uma cópia do contrato foi entregue pelo próprio Valério à Procuradoria Geral da República, após o depoimento que prestou em 14 de julho ao procurador-geral Antônio Fernando de Souza. Da Folha de S. Paulo, 29/7..[+]

(*) Clique aqui para ver como eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele. E não é que o Noblat insiste em chamar Gilmar Mendes de Gilmar Dantas ? Aí, já não é ato falho: é perseguição, mesmo. Isso dá processo…

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

18/05/2013

Estranho nacionalismo

Filed under: Nacionalismo,Privadas da Dilma — Gilmar Crestani @ 9:09 am
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Mesmo quando Dilma afaga os corruptos, eles não lhe dão trégua. Isso significa que não importa o que ela ou Lula façam. O que importa é aquele lugar, a Presidência, só pode ser ocupado por quem não tenha pruridos de se sentar ao lado dos grupos mafiomidiáticos, dos mesmos que prepararam e chafurdaram na ditadura. Daniel Dantas e Eike Batista e conglomerados como Odebrecht e Oetker devem estar na lista dos próximos financiadores da campanha da Dilma. E, claro, de qualquer candidato da oposição. O jogo é bruto, e os jogadores ceifam, como as parcas, quem ousa jogar limpo.

ANDRÉ SINGER

A MP dos Portos, aprovada depois de impressionante guerra político-empresarial no Congresso, deverá marcar o governo Dilma, talvez comprometendo de maneira indelével o caráter nacional-desenvolvimentista que a presidente procurou imprimir aos anos iniciais de seu mandato.

Em primeiro lugar, porque a orientação do projeto é privatista, embora o Executivo não goste que se fale em privatização. É verdade que os portos já estavam parcialmente em mãos privadas desde a reforma de 1993. No entanto, em lugar de restabelecer o primado do Estado numa área vital, a 595 abriu o espaço dos negócios portuários para outras empresas (as quais também já operavam no setor, porém em caráter, digamos, provisório).

Daí a disputa que se estabeleceu na Câmara dos Deputados nesta semana. Os que já estavam não queriam sair. Os "de fora" queriam substituir os antigos donos do pedaço.

Como se trata de interesses que envolvem bilhões de reais, vastos recursos foram usados para mobilizar parlamentares de um lado e de outro. Empresários como Daniel Dantas e Eike Batista e conglomerados como Odebrecht e Oetker (que detém a companhia de navegação Hamburg Süd) foram alguns dos nomes famosos que circularam nas notícias da semana. Ou seja, além de aumentar a privatização dos portos, a MP acelerou a galopante privatização do Legislativo brasileiro.

Em segundo lugar, a pretexto de aumentar a concorrência, o novo marco regulatório parece ter dado a alguns gigantes econômicos benefícios de tal ordem que, no médio prazo, os portos estatais irão quebrar. É o que afirmaram o senador Roberto Requião (PMDB-PR) e, por incrível que pareça, a nota técnica da liderança do PT. Isso explica por que o partido votou em bloco a favor da medida, mas com defesas tímidas do conteúdo, apelando para uma vaga ideia de modernização, tão a gosto dos liberais.

Ao aceitar o argumento neoliberal de que só o mercado é capaz de controlar o mercado, deixou-se de lado a alternativa de reconstruir a capacidade pública para ordenar um setor-chave da economia brasileira. Em outras palavras, aprofundando o viés liberalizante da política iniciada na década de 1990, Dilma pode ter enterrado o sonho de recuperar a soberania nacional em terreno estratégico.

Ainda que possa estar satisfeita com a vitória de última hora, não creio que o instinto desenvolvimentista da presidente a deixe dormir em paz com a perspectiva acima, que o grande capital evidentemente comemora. Resta ver se, pelo menos, tantas concessões irão trazer os frutos esperados em matéria de crescimento do PIB. A conferir.

ANDRÉ SINGER escreve aos sábados nesta coluna.

avsinger@usp.br

08/06/2011

Para STJ agente secreto tem de se identificar

Filed under: Cosa Nostra — Gilmar Crestani @ 9:33 am
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Daniel Dantas se aproveita que a justiça é cega para provar seu vaticínio de que nos tribunais superiores encontraria facilidades. É um profeta. É a justiça do PPP!

STJ anula provas obtidas pela Operação Satiagraha

Por 3 votos a 2, ministros concluem que foi ilegal a participação de integrantes da Abin na investigação

07 de junho de 2011 | 20h 13

Mariângela Gallucci, de O Estado de S. Paulo

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou nesta terça-feira as provas obtidas pela Operação Satiagraha, que resultou na condenação por corrupção do banqueiro Daniel Dantas, dono o grupo Opportunity, a 10 anos de prisão. Por 3 votos a 2, a 5.ª Turma do STJ concluiu que foi ilegal a participação de integrantes da Agência Nacional de Inteligência (Abin) nas investigações.

A maioria dos ministros aceitou um pedido de habeas corpus no qual os advogados do banqueiro solicitaram a anulação das provas obtidas na investigação e a extinção da ação penal na qual Dantas foi condenado por tentativa de suborno a policiais. Autor do voto de desempate, o presidente da 5.ª Turma, Jorge Mussi, afirmou que os agentes da Abin não poderiam ter atuado de forma clandestina nas apurações.

"Poderia a Abin, numa operação compartilhada, participar dessa investigação? Eu penso que sim, mas com autorização judicial", disse Mussi. "Poderia ela participar sem autorização judicial? Poderia, se fosse requisitada. Mas o que não pode é na clandestinidade, de forma oculta", respondeu. "Não é possível que esse arremedo de prova possa levar a uma condenação com esse tipo de prova. Essa volúpia desenfreada de se construir arremedo de prova acaba por ferir de morte a Constituição desse País. É preciso que se dê um basta, colocando freios inibitórios antes que seja tarde", afirmou Mussi.

O presidente da 5.ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) citou jurisprudência tradicional do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconhece a teoria dos "frutos da árvore envenenada". De acordo com essa teoria, provas obtidas de forma irregular podem contaminar uma investigação. Entre essas provas estão escutas telefônicas, interceptações telemáticas de e-mails e ação controlada. "Não posso admitir que essa prova seja usada contra um cidadão do meu País para se buscar uma condenação", disse Mussi. "Toda prova decorrente de investigação ilícita não deve ser admitida", afirmou.

O advogado Andrei Zenkner Schmidt, que defendeu Dantas, disse que a decisão de hoje acarreta a nulidade de todas as provas amparadas na Operação Satiagraha e deverá levar à prejudicialidade das outras ações que tramitam na Justiça de 1.ª Instância, inclusive uma contra o banqueiro.

STJ anula provas obtidas pela Operação Satiagraha – politica – Estadao.com.br

22/04/2011

Época descendo a Serra

Filed under: Isto é PSDB! — Gilmar Crestani @ 6:18 pm
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Época publica as relações "jumentais" de Daniel Dantas com José Serra

Pena que a revista Época das Organizações Globo não mostra os e-mails mais tenebrosos, mas mesmo assim o que foi publicado já é suficiente para entender muito bem o que se passava ali.
Em um email, do lobista Roberto Amaral para o serrista Andrea Matarazzo, comenta uma entrevista de Serra à revista Veja em 2002, classificando as posições de Serra como "jumentais".
Segue a reportagem:

O consultor, o motorista e Niger

ÉPOCA obteve os e-mails de Roberto Amaral, consultor do Opportunity, de Daniel Dantas, enviados ao secretário particular de José Serra

Wálter Nunes e Guilherme Evelin com Danilo Thomaz

Duas semanas atrás, ÉPOCA revelou segredos dos e-mails do consultor Roberto Figueiredo do Amaral – o ex-diretor da construtora Andrade Gutierrez que trabalhou, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, para o Opportunity, a marca dos fundos de investimento comandados pelo financista Daniel Dantas. As mensagens de Amaral a que ÉPOCA teve acesso foram enviadas entre 2001 e 2002, período em que ele assessorava Dantas na maior disputa societária da história do capitalismo brasileiro: a briga do Opportunity contra fundos de pensão e sócios estrangeiros pelo controle de empresas de telefonia. Elas revelam detalhes de como Amaral trabalhava e de como ele conduzia a defesa dos interesses de seus clientes. Vários dos e-mails eram endereçados aos ajudantes de ordens do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC negou a ÉPOCA tê-los recebido). Um outro personagem também chamou a atenção dos investigadores da Polícia Federal. Eles suspeitam que alguns e-mails eram dirigidos ao secretário particular de José Serra, então candidato à Presidência da República pelo PSDB.
Os e-mails foram apreendidos na casa de Amaral em dezembro de 2008, no curso da Operação Satiagraha. Desencadeada para investigar acusações de crimes financeiros contra Dantas e o Opportunity, a Satiagraha gerou um sem-número de controvérsias e diversas provas recolhidas na investigação foram questionadas pelos réus. A autenticidade das mensagens de Amaral foi atestada por uma perícia da PF e, desde junho de 2009, elas estão na Procuradoria-Geral da República, para onde foram remetidas pelo Ministério Público Federal em São Paulo, por conter alusões a autoridades com foro no Supremo Tribunal Federal. O procurador-geral Roberto Gurgel deverá decidir se há nelas indícios que justifiquem a instauração de uma nova investigação policial. O advogado de Amaral, José Luiz de Oliveira Lima, afirma que seu cliente não discute o conteúdo dos e-mails, pois eles teriam sido apreendidos de forma ilegal, “desprezando princípios processuais e constitucionais”. No momento, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) discute a legalidade das provas obtidas pela PF na Satiagraha.
Ao analisar os e-mails, a PF e o Ministério Público Federal de São Paulo concluí­ram que Amaral recorria a codinomes e a mensagens cifradas para evitar a identificação de seus interlocutores. Segundo escreveu o procurador da República Rodrigo de Grandis, em denúncia aceita pela Justiça, Dantas era tratado por Amaral como “DD”. (Dantas negou, por meio de sua assessoria, ter sido autor dos e-mails.) Quando escreve a – ou sobre – Andrea Matarazzo, o então embaixador do Brasil na Itália, Amaral sempre se refere a ele como “Conde” (leia as mensagens ao final do texto) . Um outro nome frequente é “Niger”, em geral associado a e-mails enviados ao endereço luizpauloarcanjo@uol.com.br. Trata-se, de acordo com os investigadores da PF, do endereço eletrônico que era usado por Luiz Paulo Alves Arcanjo, secretário particular e motorista de Serra. Nos e-mails remetidos por Amaral a luizpauloarcanjo@uol.com.br, ele escreve como se falasse diretamente com Serra, menciona assuntos de interesse de Dantas e exige providências no âmbito do governo em relação a eles. Serra negou a ÉPOCA, por escrito, ter recebido ou tomado conhecimento desses e-mails (leia suas respostas) . Não há nenhuma prova de que ele tenha intercedido em favor das pretensões de Amaral. Em duas ocasiões, porém, as ações do governo FHC coincidiram com essas pretensões.
A primeira foi no começo de maio de 2002. No dia 30 de abril de 2002, Amaral enviou às 15h39, de seu endereço eletrônico rdo@uol.com.br, um e-mail a luizpauloarcanjo@uol.com.br. No e-mail, ele protesta contra a nomeação do economista Andrea Calabi para uma das cadeiras do Conselho de Administração do Banco do Brasil (BB), efetivada cinco dias antes. Ligado a Serra, Calabi fora presidente do BB e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas estava fora do governo FHC desde 2000. Naquele momento, Calabi era conselheiro da Telecom Italia e atuava na mediação da disputa societária que os italianos e a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do BB, travavam contra Dantas pelo controle da Brasil Telecom. Ainda que a Telecom Italia e a Previ fossem aliadas, haveria um conflito potencial de interesses se Calabi assumisse posição em ambos os conselhos. Mas também não era de interesse de Dantas que ele mantivesse um posto estratégico no banco patrocinador da Previ. Amaral terminou seu e-mail com o texto a seguir grifado: “Cabe a vc resolver este assunto. Assim não dá. Estou engajado na sua campanha. Não preciso disto e isto é uma bofetada na minha cara”. Oito dias depois da mensagem, Calabi deixou o Conselho do BB. Ficou na função apenas duas semanas.

Fotos: Daniel Aratangy/revista Joyce Pascowitch e Renato Stockler/Na Lata/Editora Globo

IDEIA DO SERJÃO
De acordo com amigos de Roberto Amaral (à esq.), foi o ex-ministro das Comunicações Sérgio Motta quem deu a Serra (à dir.) o apelido de “Niger”. “Era uma referência àquela cerveja de Ribeirão Preto, escura e amarga”, dizem

A segunda ocasião aconteceu no início de junho de 2002. A frequência das mensagens enviadas por Amaral ao endereço eletrônico atribuído pela PF ao secretário particular de Serra aumentou de intensidade nos dias anteriores e posteriores à atribulada intervenção na Previ, decretada pelo Ministério da Previdência em 3 de junho de 2002. A intervenção tinha como objetivo declarado enquadrar a Previ numa norma legislativa sobre a composição de seus conselhos (deliberativo e fiscal), que ela não seguia e resistia a aplicar. A intervenção também interessava a Dantas, pois afastaria da Previ diretores que a haviam levado a uma posição de confronto com o Opportunity nas empresas de telefonia. Entre eles estavam diretores ligados ao PT, eleitos pelos funcionários do BB.
À 1h27 de 1o de junho de 2002, Amaral enviou a L.P., o rótulo por meio do qual os s programas de correio eletrônico identificam o endereço luizpauloarcanjo@uol.com.br, uma reportagem que informava a intenção do governo de adiar a intervenção na Previ. O título do e-mail era imperativo: “Mate a cobra e mostre o pau”. Seu texto faz recomendações: “O maior inimigo do bom é o ótimo. A intervenção tem que sair e já. O PT cada dia vai criar um fato novo de dentro da Previ. Por ser PT, simplesmente. Um situação é ele criar dentro da Previ. Outra escorraçado de lá e com um monte de pepinos para explicar. (…) A eleição está para você – sei o que estou dizendo e tenho 35 anos de janela – mas atos como este podem levá-lo para o brejo. Aja, por fv, e rápido”. Dois dias depois da mensagem, a intervenção na Previ saiu. No dia 4 de junho, Amaral enviou a L.P. um e-mail com cópia de uma notícia sobre a intervenção. O título era: “Vc é a pessoa de respostas mais rápidas que conheço”.
Vinte e quatro minutos depois de ter enviado esse e-mail, Amaral o reencaminhou ao endereço atribuído a Dantas pela PF. Acrescentou um comentário: “DD: Email para o Niger”. Um dia antes, Amaral enviara ao mesmo endereço uma mensagem em que tecia comentários sobre a intervenção na Previ: “Os objetivos de Niger são os mesmos que os nossos. Ele, Niger, desencadeou a intervenção. Ele vai querer que o interventor aja. Nós queremos que o interventor aja. Niger conhece bem o interventor”.
A referência a Niger nos e-mails encaminhados a luizpauloarcanjo@uol.com.br, segundo Amaral disse a interlocutores de sua confiança, tem uma explicação. Niger era um apelido malicioso que Sérgio Motta, o Serjão, ministro das Comunicações do governo FHC, dera ao amigo Serra. O apelido foi inspirado na cerveja Niger, famosa pelo gosto amargo e produzida em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, até meados da década de 90.
ÉPOCA procurou Luiz Paulo Arcanjo, o secretário particular de Serra, para comentar os e-mails enviados por Amaral. Arcanjo acompanha Serra, pelo menos, desde a década de 90. Foi seu assessor no Senado, nos ministérios do Planejamento e da Saúde, na prefeitura de São Paulo e no governo de São Paulo. Hoje, Arcanjo dá expediente no escritório político de Serra. É descrito como um funcionário da mais estrita confiança do ex-governador, aquele a quem outros assessores recorrem quando precisam localizar Serra. Questionado se usava o e-mail luizpauloarcanjo@uol.com.br, Arcanjo disse: “Pode ser, pode ser”. Depois, encerrou a conversa. Serra respondeu às perguntas de ÉPOCA por e-mail. Afirmou que, numa campanha eleitoral, “milhares de e-mails, bilhetes e faxes são enviados a assessores, assistentes e secretários de candidatos”. Negou que Arcanjo tenha sido intermediário das mensagens de Amaral e que ele as tenha recebido ou respondido.

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A sequência dos e-mails sobre intervenção na Previ

No início de junho de 2002 as mensagens enviadas por Amaral para luizpauloarcanjo@uol.com.br (endereço eletrônico que era usado por assessor de Serra, segundo a PF) passaram a ser mais frequentes. Amaral tratava nos emails da possibilidade de o Ministério da Previdência intervir na direção da Previ, que não havia se enquadrado a uma norma legislativa que regulamentava a composição do seus conselhos deliberativo e fiscal. A intervenção seria benéfica para Daniel Dantas, que queria ver fora do fundo de pensão diretores ligados ao PT que levaram a Previ a confrontar o Opportunity na briga pelo controle de empresas de telefonia.

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Os Amigos do Presidente Lula

A Época do Serra

Filed under: Colonista,PIG — Gilmar Crestani @ 12:08 pm
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Época mostra como Serra operava para Dantas. FHC deve estar em pânico

    Publicado em 22/04/2011

Saadi e Teixeira têm um encontro marcado na parede falsa do Dantas

Na edição desta Semana Santa – logo, de audiência baixíssima – a revista Época (das Organizações (?) Globo) publica, na pág. 44 – sem chamada na capa – reportagem de Wálter Nunes e Guilherme Evelin:
“O consultor, o motorista e Níger”, é o titulo (inútil).
“Época obteve os e-mails de Roberto Amaral, consultor do Opportunity, de Daniel Dantas, enviados ao secretário particular de José Serra.”

Ali se revela como o lobbista de Dantas mandava e-mails ao secretário e motorista do Padim Pade Cerra e resolvia o que tinha que resolver.
O secretário de Cerra impede que Andrea Calabi fique no Conselho do Banco do Brasil – como queria o passador de bola apanhado no ato de passar bola.
O secretário de Cerra consegue mudar a diretoria da Previ – como queria o passador de bola apanhado no ato de passar bola.
O secretário – vá ser poderoso assim na China ! -  tira da Previ os que pudessem atrapalhar o passador de bola a administrar a Brasil Telecom.
Provavelmente, o passador de bola não confia tanto assim no lobbista e no secretário de Cerra.
Tanto que foi direto ao assunto: jantou com o Farol de Alexandria no Palácio do Alvorada, a pedido de Nizan Guanaes, e lá completou a operação: mudou a diretoria da Previ; nomeou um sócio e advogado para presidir a instituição que deveria vigiá-lo, a CVM; e detonou o delegado Deuler Rocha, da Polícia Federal, que teve a má idéia de investigá-lo.
Quem mandou Deuler para a Ilha do Diabo foi o notável parlamentar Marcelo Lunus Itagiba, que presidiu a CPI dos Amigos de Dantas.
Cerra nega tudo na Época.
Embora os e-mails para o lobbista se refiram a um candidato presidencial em 2002.
O Cristovam Buarque é que não era.
Nem a Heloísa Helena.
A Época já tinha revelado como o lobbista de Dantas trabalhava com o presidente Fernando Henrique: através de ajudantes de ordem no Palácio.
FHC negou tudo.
Cerra não tinha secretário nem FHC, ajudante de ordem.
Só faltam dizer que a carteira de habilitação estava vencida.
(A propósito, o apelido “Níger” não tem a ver com o Paulo Preto, ou Afrodescente, outro herói das campanhas do Cerra. É como o Serjão – outro herói tucano, o “trator” – se referia ao Cerra: amargo como a cerveja Níger. Legal …)

Navalha
Só a Época e mais ninguém tem – por enquanto – acesso aos documentos do lobbista de Dantas, Roberto Amaral, apreendidos pelo delegado Ricardo Saadi, que substituiu o ínclito delegado Protógenes Queiroz na presidência da Operação Satiagraha.
A Época já tentou manipular os documentos do relatório do delegado Zamprogna, da PF, dirigido ao Ministério Público.
A Carta Capital foi lá, desmascarou a Época: mostrou que o Dantas estava atolado no relatório Zamprogna.
Agora, a Época faz uma leitura muito seletiva dos documentos de Roberto Amaral.
Este ansioso blog já revelou o que tem lá dentro dos documentos em posse da Época “Dantas, Cerra, FHC e Gilmar – está tudo lá”.
Este ansioso blogueiro também já informou que o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira, se comprometeu publicamente a requisitar à PF a integra do relatório do delegado Saadi.
Ai, amigo navegante, Dantas, Cerra, FHC e Gilmar serão submetidos ao escrutínio público – atividade muito salutar numa democracia.
Abrir a janela e deixar o sol entrar !
Antes, é claro, o Dr Macabu pode vir a sepultar a Operação Satiagraha, mesmo depois das revelações da Época que incriminam Dantas.
O Dr Macabu, se fizer isso, entrará para a História da Magistratura Universal.
Ao lado de momentos gloriosos do Judiciário brasileiro: os dois HC Canguru ao Dantas; o HC ao Dr Abdelmassih;  a desconstrução da Castelo de Areia pelo STJ.
O Cerra deve ter ficado muito feliz com a inebriante madrugada de Aécio Neves, no Leblon, do Rio.
(Já imaginou, amigo navegante, se fosse o Lula que estivesse naquela Land Rover ? )
A Época estragou a Semana Santa dele.
A Época tentou explodir a bomba atômica no Atol de Mururoa, para ninguém perceber.
Não adiantou.
Os fragmentos nucleares atingiram, em cheio, o  colo de Luiz Paulo Alves Arcanjo, motorista e secretário particular de Cerra, o homem que fazia (o que Dantas queria) e acontecia no Governo Cerra-FHc.
A Época traz mais batom na cueca do que em toda a extensão da praia do Leblon, de madrugada.

Paulo Henrique Amorim

Época mostra como Serra operava para Dantas. FHC deve estar em pânico | Conversa Afiada

10/04/2011

Gilmar Mendes fora de Época

Filed under: Cosa Nostra,Isto é PSDB! — Gilmar Crestani @ 10:37 pm
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Bomba: Época revela que a AGU, sob Gilmar Mendes, advogou para Daniel Dantas

"No dia 4 de abril de 2002, a Anatel e a Advocacia-Geral da União (AGU) deram entrada a uma petição, na 31a Vara Cível da Justiça Estadual do Rio, principal foro onde TIW, fundos e Opportunity terçavam armas. Na petição, a Anatel e a AGU requeriam a admissão como assistentes do Opportunity na questão. Ao ser admitidas no caso, o processo seria transferido automaticamente da Justiça Estadual do Rio para a Justiça Federal."

Esse trecho acima a revista Época deixou escapar, e é a verdadeira notícia-bomba sem querer, em meio a reportagem desta semana, cujo foco era apenas o lobby de Dantas sobre FHC na ANATEL.
Para se situar na notícia: Gilmar Mendes foi Advogado Geral da União de 31 de janeiro de 2000 até 20 de junho de 2002, e o texto descreve uma manobra jurídica dos advogados de Daniel Dantas, com ajuda da AGU, para retirar um processo de um tribunal em que estavam perdendo a causa.
A notícia bomba leva à pergunta que não quer calar:
O que fazia a AGU de Gilmar Mendes, se metendo a advogar como assistente de um grupo PRIVADO (justamente o Opportunity), em uma empresa PRIVATIZADA, fora do interesse da União?
Segue o texto do trecho da reportagem da revista Época, onde mostra a AGU ingressando em uma manobra jurídicra do interesse do Opportunity:

…Em 2002, Dantas dedicava um lugar especial de suas atenções à Anatel. Por lei, qualquer mudança no controle das empresas de telefonia precisava ser previamente aprovada pela agência. Ter aliados – e, sobretudo, não ter inimigos – em posições influentes na Anatel era um trunfo para quem disputava o comando de empresas com faturamento na casa dos bilhões de reais. Na Anatel, a procuradoria-geral era um local estratégico para Dantas. O motivo era uma briga que ele travava com os fundos de pensão de empresas estatais e com a empresa canadense TIW pelo controle da Telemig Celular e da Amazônia Celular, duas empresas privatizadas pelo governo FHC em 1998.
O litígio entre Opportunity e TIW começara depois do leilão de privatização. Os canadenses haviam desembolsado mais de US$ 380 milhões na compra de duas empresas, acreditando que teriam participação em sua gestão. Após o leilão, descobriram que, apesar de ter 49% das ações, não teriam ingerência nas decisões das companhias, em virtude de uma complexa estrutura societária atribuída a Dantas. Apesar de deter menos de 1% do capital total, era o Opportunity que controlava as empresas, por intermédio de outra empresa chamada Newtel, cujos sócios eram o Opportunity e os fundos de pensão, mas não os canadenses. No meio da disputa entre os canadenses e o Opportunity, os principais fundos de pensão mudaram de direção e se aliaram à TIW. Eles queriam dissolver a Newtel e destituir o Opportunity do comando das empresas. Iniciou-se em 2000 uma batalha na Justiça Estadual do Rio de Janeiro que mobilizou alguns dos principais escritórios de advocacia do país e gerou mais de 30 ações. No meio desse imbróglio, a TIW e os fundos conseguiram algumas vitórias parciais. Uma liminar da Justiça do Rio lhes assegurava, temporariamente, o comando do conselho de administração da empresa holding da Telemig.
No dia 4 de abril de 2002, a Anatel e a Advocacia-Geral da União (AGU) deram entrada a uma petição, na 31a Vara Cível da Justiça Estadual do Rio, principal foro onde TIW, fundos e Opportunity terçavam armas. Na petição, a Anatel e a AGU requeriam a admissão como assistentes do Opportunity na questão. Ao ser admitidas no caso, o processo seria transferido automaticamente da Justiça Estadual do Rio para a Justiça Federal. Elas afirmavam que a dissolução da Newtel, pretendida pela TIW e pelos fundos de pensão, provocaria mudança no controle acionário das empresas – e que isso só poderia ser feito com a anuência prévia da agência. Argumentavam também que a dissolução da empresa poderia provocar desordem administrativa, com prejuízo na prestação de serviços…

Época "amarelou" e não mostrou o dinheiro que as Organizações Globo receberam do valerioduto
É preciso lembrar também, que a revista da Editora Globo mudou de assunto em relação à semana passada, fugindo de dar explicações, depois de Dantas desafiá-la a mostrar o dinheiro recebido através das agências de Marcos Valério pelas Organizações Globo.
Esta semana, a reportagem veio retratando Daniel Dantas como lobista e não como criminoso. Sacrifica a imagem de FHC, revelando passagens constrangedoras mas, nas entrelinhas, a reportagem serve ao jogo de Dantas, ao repetir a tese que é apenas dos advogados de Dantas de que a operação Satiagraha teria sido ilegal:

… delegado Protógenes Queiroz, recorreu a métodos ilegais de operação (usou, por exemplo, agentes da Agência Brasileira de Inteligência para fazer escutas telefônicas à revelia da direção da PF), foi afastado do caso e condenado, em novembro do ano passado, pela Justiça Federal à pena de prisão por crime de violação de sigilo funcional e fraude processual.

Nenhuma decisão da justiça, até agora, dá direito à revista de escrever o que escreveu, como se fosse verdade factual. Pelo contrário, todas as decisões anteriores validaram a operação, e Protógenes só foi condenado (e ainda recorre) justamente pela intromissão de uma equipe da TV Globo na gravação do flagrante do suborno.

Os Amigos do Presidente Lula

09/04/2011

Época traz indícios de ligações Dantas-FHC | Brasilianas.Org

Filed under: Cosa Nostra,Isto é PSDB! — Gilmar Crestani @ 5:41 pm
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Época traz indícios de ligações Dantas-FHC

Enviado por luisnassif, sab, 09/04/2011 – 09:50

O financista, o consultor e a "pessoa"

ÉPOCA revela os segredos dos e-mails de Roberto Amaral, o consultor que trabalhou para o Opportunity, de Daniel Dantas, durante o governo FHC

Wálter Nunes e Guilherme Evelin

Daniel Aratangy/revista Joyce Pascowitch

O CONSULTOR

l foi executivo da empreiteira Andrade Gutierrez por 30 anos. Ali, aprendeu a trafegar entre os políticos e amealhou contatos que mais tarde seriam mobilizados em favor de seus clientes

Entre maio e junho de 2002, o advogado carioca André Leal Faoro viveu o dilema de deixar a família e trocar as delícias do Rio de Janeiro pela aridez de Brasília e por um cargo na administração pública federal. Faoro fora convidado para assumir a procuradoria-geral da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A proposta fora feita pelo economista Luís Guilherme Schymura, que substituiu Renato Guerreiro, o primeiro presidente da agência. Pelo convite, Faoro entraria no lugar do mineiro Antônio Bedran e seria responsável pela preparação dos pareceres jurídicos e pela representação na Justiça da agência reguladora do setor de telecomunicações. Mas o convite acabou não sendo realizado formalmente. Há duas semanas, num restaurante no centro do Rio de Janeiro, Faoro rememorou as circunstâncias do convite e lembrou que Schymura nunca lhe explicou por que a proposta não fora adiante.

O episódio parece apenas um lance trivial na rotina das substituições na burocracia brasiliense. Mas, enquanto André Faoro ruminava o convite de Schymura, uma poderosa rede de influências foi mobilizada para evitar sua nomeação. Na linha de frente dessa operação, estava um dos personagens mais ativos e menos conhecidos da história recente da política brasileira: o paulista Roberto Figueiredo do Amaral. Por 30 anos, Amaral trabalhara como executivo da construtora Andrade Gutierrez, em São Paulo. Como diretor da empreiteira, desfrutara o convívio dos mais influentes políticos paulistas e fizera história por sua desenvoltura no opaco mundo das empreiteiras e suas tratativas em busca de contratos de obras públicas. Paulo César Farias, o tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor, considerava Amaral “um mestre”. Sérgio Motta, ministro das Comunicações do governo Fernando Henrique Cardoso, seu amigo, o chamava, em tom de brincadeira, de “gênio do mal”.

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Ao Planalto
Roberto Amaral enviava mensagens ao endereço eletrônico dos ajudantes de ordens do presidente FHC.
No dia 8 de março de 2002, ele enviou o e-mail ao lado. Uma semana antes, a PF fizera uma busca e apreensão no escritório da Lunis, de Jorge Murad, marido de Roseana Sarney. FHC diz não ter recebido esses e-mails

O caso Anatel

Os e-mails relativos à ação para manter Antônio Bedran na procuradoria da agência

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No começo dos anos 2000, Amaral atuava como consultor do Opportunity, marca que reúne os fundos de investimentos comandados pelo financista baiano Daniel Dantas. Na ocasião, Dantas se tornara o protagonista da maior disputa societária da história recente do capitalismo no Brasil. Ele brigava com fundos de pensão e sócios estrangeiros pelo controle de empresas de telefonia privatizadas pelo governo FHC. Dantas buscava decisões favoráveis das autoridades em Brasília e arregimentara os serviços de Amaral para que ele o auxiliasse em sua contenda bilionária . “Eu precisava de alguém que me explicasse como funciona o Brasil do poder, e o Roberto era o homem ideal”, disse Dantas numa entrevista recente publicada na revista Piauí. Essas lições sobre o funcionamento do Brasil do poder e o estilo e a estratégia de Amaral ficam evidentes numa série de e-mails obtidos por ÉPOCA, que ele enviou e receb

Saiba mais

A correspondência eletrônica foi apreendida por agentes da Polícia Federal em dezembro de 2008, quando eles vasculharam os endereços de Amaral como parte da Operação Satiagraha, a mais rumorosa e polêmica ação da história recente da PF. Na casa de Amaral, os federais acharam um disco rígido de computador, que guardava e-mails numa quantidade suficiente para encher dez CDs. Tais e-mails serviram de prova em uma denúncia do Ministério Público, aceita pela Justiça em julho de 2009. Segundo a PF, que atestou a autenticidade dos e-mails por meio de uma perícia técnica, a correspondência registra a comunicação entre Amaral e Dantas (Dantas nega isso). E também inclui, de acordo com a PF, mensagens enviadas por Amaral a próceres da República e aos ajudantes de ordens do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Por envolver autoridades com foro privilegiado, os e-mails encontram-se, desde 2009, sob a análise do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que estuda se eles contêm indícios que justifiquem a abertura de uma investigação policial.

Desencadeada em 2008, para investigar acusações de crimes financeiros contra Dantas e o Opportunity, a Operação Satiagraha gerou um sem-número de controvérsias. Dantas foi preso duas vezes – ambas por ordem do então juiz federal Fausto De Sanctis, de São Paulo – e solto duas vezes – ambas por decisão do então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes. O prende e solta causou uma crise sem precedentes no Judiciário brasileiro. O comandante da operação na ocasião, delegado Protógenes Queiroz, recorreu a métodos ilegais de operação (usou, por exemplo, agentes da Agência Brasileira de Inteligência para fazer escutas telefônicas à revelia da direção da PF), foi afastado do caso e condenado, em novembro do ano passado, pela Justiça Federal à pena de prisão por crime de violação de sigilo funcional e fraude processual. Como consequência desses métodos, diversas provas recolhidas na investigação foram questionadas pelos réus.

Quando os agentes vasculharam a casa de Amaral e apreenderam os e-mails, a Satiagraha já estava sob o novo comando, do delegado Ricardo Saadi. Sua equipe extraiu diversas novas conclusões que embasaram a denúncia apresentada pelo Ministério Público – e depois aceita pelo próprio juiz De Sanctis. Uma das dificuldades da PF, ao analisar os e-mails, foi decifrar seus remetentes, destinatários e conteúdos. De acordo com a denúncia, a PF concluiu que Dantas e Amaral, em suas comunicações, recorriam a vários endereços eletrônicos, codinomes secretos e frases elípticas, na tentativa de evitar ser descobertos. “Com o temor de ser identificados em suas mensagens, Roberto Amaral e Daniel Valente Dantas se tratavam por outros nomes ou por siglas, sendo que o primeiro, na maioria das mensagens eletrônicas, era tratado como “Rogério”, ou “Rogério Antar”, e o segundo por “DD”, “OVS”, ou “Olhos Verdes Sensuais”, escreveu o procurador Rodrigo de Grandis na denúncia. Segundo o texto de De Grandis, Amaral usava os endereços amaralbr@terra.es, rdo@uol.com.br e lexus3333@hotmail.com para suas mensagens. Dantas, de acordo com a PF, usava principalmente o e-mail sjward@ attglobalnet. Por meio de nota enviada por sua assessoria, Dantas afirmou que “não se correspondeu diretamente com Roberto Amaral”. O advogado José Luís de Oliveira Lima, que defende Amaral, disse que seu cliente não comentaria o conteúdo dos e-mails, porque a Satiagraha teria sido “produzida de forma ilegal, desprezando princípios processuais e constitucionais”. No momento, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) discute a legalidade das provas obtidas pela PF na Satiagraha.

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Em 2002, Dantas dedicava um lugar especial de suas atenções à Anatel. Por lei, qualquer mudança no controle das empresas de telefonia precisava ser previamente aprovada pela agência. Ter aliados – e, sobretudo, não ter inimigos – em posições influentes na Anatel era um trunfo para quem disputava o comando de empresas com faturamento na casa dos bilhões de reais. Na Anatel, a procuradoria-geral era um local estratégico para Dantas. O motivo era uma briga que ele travava com os fundos de pensão de empresas estatais e com a empresa canadense TIW pelo controle da Telemig Celular e da Amazônia Celular, duas empresas privatizadas pelo governo FHC em 1998.

O litígio entre Opportunity e TIW começara depois do leilão de privatização. Os canadenses haviam desembolsado mais de US$ 380 milhões na compra de duas empresas, acreditando que teriam participação em sua gestão. Após o leilão, descobriram que, apesar de ter 49% das ações, não teriam ingerência nas decisões das companhias, em virtude de uma complexa estrutura societária atribuída a Dantas. Apesar de deter menos de 1% do capital total, era o Opportunity que controlava as empresas, por intermédio de outra empresa chamada Newtel, cujos sócios eram o Opportunity e os fundos de pensão, mas não os canadenses. No meio da disputa entre os canadenses e o Opportunity, os principais fundos de pensão mudaram de direção e se aliaram à TIW. Eles queriam dissolver a Newtel e destituir o Opportunity do comando das empresas. Iniciou-se em 2000 uma batalha na Justiça Estadual do Rio de Janeiro que mobilizou alguns dos principais escritórios de advocacia do país e gerou mais de 30 ações. No meio desse imbróglio, a TIW e os fundos conseguiram algumas vitórias parciais. Uma liminar da Justiça do Rio lhes assegurava, temporariamente, o comando do conselho de administração da empresa holding da Telemig.

No dia 4 de abril de 2002, a Anatel e a Advocacia-Geral da União (AGU) deram entrada a uma petição, na 31a Vara Cível da Justiça Estadual do Rio, principal foro onde TIW, fundos e Opportunity terçavam armas. Na petição, a Anatel e a AGU requeriam a admissão como assistentes do Opportunity na questão. Ao ser admitidas no caso, o processo seria transferido automaticamente da Justiça Estadual do Rio para a Justiça Federal. Elas afirmavam que a dissolução da Newtel, pretendida pela TIW e pelos fundos de pensão, provocaria mudança no controle acionário das empresas – e que isso só poderia ser feito com a anuência prévia da agência. Argumentavam também que a dissolução da empresa poderia provocar desordem administrativa, com prejuízo na prestação de serviços. “O Conselho Diretor na Anatel decidira sobre as participações societárias da Newtel em empresas de telecomunicações. A procuradoria-geral da agência ingressou em juízo para sustentar a eficácia da decisão administrativa. Como a Anatel é uma autarquia pública federal, o processo, por força de lei, tramita na Justiça Federal”, disse Bedran, em resposta a ÉPOCA na semana passada. Ele permaneceu na Anatel até o final do 2010, no posto de conselheiro. Embora, na disputa judicial em torno da Telemig, a medida adotada pela Anatel tenha favorecido o Opportunity, não há, na correspondência recolhida pela PF, nenhuma evidência de que Bedran tenha sido movido em suas decisões por algo além de suas convicções ou do interesse público.

A petição da Anatel e da AGU iniciara uma discussão sobre que esfera judicial tinha competência para julgar a disputa – a Justiça do Rio ou a Federal. No dia 29 de maio de 2002, Amaral recebeu um e-mail do endereço sjward@attglobal.net, com a informação de que estava em curso uma “articulação para a substituição de Antônio Bedran por André Faoro, advogado da TIW, na Anatel”. Entre 1999 e 2004, André, filho de Raymundo Faoro, célebre presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) durante a ditadura militar, atuara como advogado do escritório Tozzini Freire, do Rio, contratado pelos canadenses da TIW. A nomeação de Faoro para o lugar de Bedran representava, portanto, uma ameaça aos interesses do Opportunity na disputa, uma vez que ele tinha laços próximos com os canadenses. Do ponto de vista do interesse público, havia também um argumento forte: não seria correto nomear um antigo advogado da TIW para a procuradoria-geral da Anatel, em meio a uma disputa em que os canadenses eram uma das partes – e a agência reguladora teria influência decisiva. “Sei que é urgente”, respondeu Amaral. “Vou entrar no assunto agora, no mais alto nível. Pare qualquer articulação que envolva este assunto.”

A sequência de mensagens trocadas por Amaral, entre os dias 29 e 30 de maio de 2002, mostra que sua providência, depois de descobrir que Faoro fora convidado para a Anatel, foi enviar um fax a alguém a quem ele se refere como “a pessoa”. A leitura das mensagens sugere que tal fax teria sido enviado. Em sua versão final, “mais incisiva”, segundo a descrição feita num e-mail enviado por Amaral, ele seguia com uma advertência contra a nomeação de Faoro para o lugar de Bedran: “Vão te contar mil histórias, mas é evidente que André Faoro não pode ser nomeado advogado da Anatel, no lugar de Antônio Bedran. Foi advogado dos canadenses contra o Opportunity. É evidente o conflito de interesses”.

No dia 4 de junho de 2002, Amaral comunicou a OVS, rótulo por meio do qual os programas de correio eletrônico identificam o endereço sjward@attglobal.net, que tivera uma conversa por telefone à 1h30 da Espanha, país onde ele mantinha uma residência na cidade da Marbella. Amaral iniciou seu e-mail com uma mensagem curta, de estilo telegráfico: “PESSOA AGORA 1.30 H SPAIN”. Desdobrou então o conteúdo de sua conversa em quatro tópicos. No primeiro, escreveu: “André não irá. Bedran ficará”.

Quem seria essa pessoa, a quem o e-mail de Amaral atribui a obtenção de informação tão estratégica? Esse é um mistério não esclarecido. Com base em e-mails enviados por Amaral aos ajudantes de ordens da Presidência da República, os investigadores da PF e os procuradores do Ministério Público levantam a suspeita de que a “pessoa” seria um código para se referir ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

No material apreendido na casa de Amaral, há vários e-mails dirigidos aos endereços eletrônicos de dois militares que davam expediente na antessala de FHC: o major da Aeronáutica Carlos Eduardo Alves Silva (carlosedu@planalto.gov.br) e o capitão de fragata da Marinha Marcos Jorge Matusevicius (MarcosJM@planalto.gov.br, mjmat@ig.com.br, marcosjm@sagres.com.br). Os dois são citados no livro A arte da política, de FHC. Ali, FHC descreve a importância dos ajudantes de ordens no dia a dia da Presidência. “Quem não conhece os meandros do poder não tem ideia o quanto é de vital importância contar com esse pelotão quase anônimo. É ele quem apara arestas, ajuda a implementar decisões e, principalmente, aguenta as pressões de todos que desejam ter acesso ao presidente”, escreveu FHC.

Os e-mails de Amaral sugerem que ele recorria aos endereços eletrônicos dos ajudantes de ordens para remeter mensagens dirigidas diretamente a FHC. No dia 8 de março de 2002, Amaral enviou para o endereço do major Carlos Eduardo um e-mail com o título: “Vc já está na história”. O texto é direto: “Mando-lhe um forte abraço. A era FHC já está na história. Infelizmente, até o final do governo será preciso administrar os pequenos canalhas. Vc terá páginas e páginas na história. Sarney, uma anotação como o pai de um estranho plano econômico, que mandava delegado federal laçar bois no pasto, conduzindo o país à moratória com uma inflação incontrolável”.

Matusevicius e Carlos Eduardo receberam outros e-mails que reforçam a suspeita de que a “pessoa” seja FHC. Em 12 de maio de 2002, às 2h07, Amaral enviou uma mensagem a Matusevicius em que anexou a capa da edição do dia anterior do jornal Correio Braziliense. Cinco minutos depois, Amaral reencaminhou a OVS o e-mail endereçado a Matusevicius. Escreveu: “DD: email à pessoa”. Há registro também de e-mails enviados por Amaral a Matusevicius em que ele faz uma consulta sobre a renovação de seu contrato com Dantas: “Estou para renovar contrato com DD. Pergunto, em caráter pessoal e baseado em uma amizade de mais de 15 anos, se existe alguma coisa que vc ache que eu deva saber”.

Na semana passada, a reportagem de ÉPOCA mostrou os e-mails enviados por Amaral a Matusevicius, que atualmente trabalha como assessor da diretoria de praticagem do Porto de Santos. Ele reconheceu os endereços eletrônicos como seus. Matusevicius também reconheceu que era sua uma mensagem enviada a Amaral a partir de seu e-mail oficial no Palácio do Planalto, em que ele fornecia seu antigo endereço residencial em Brasília como destino para correspondências. Todos os e-mails enviados para o presidente, segundo Matusevicius, eram endereçados aos ajudantes de ordens. “Não existe um e-mail do presidente. Então toda vez que alguém queria mandar algum complemento de informação, algum documento, nós entregávamos nossos cartões”, disse. “A gente ali servia como intermediário no trâmite de documentação.” Matusevicius afirmou, porém, que não se lembrava de Amaral. Perguntado sobre como os ajudantes de ordens repassavam os recados recebidos por e-mail, disse que havia vários despachos diários com FHC. “O ajudante de ordens acompanha o presidente durante todo o seu dia. Chegou documento, você entrega o documento, e o presidente despacha para o pessoal da Casa Civil.” A reportagem de ÉPOCA também falou com o coronel Carlos Eduardo Silva, hoje adido de defesa da Embaixada do Brasil em Buenos Aires. Ele reconheceu como seu o endereço usado nos e-mails de Amaral, mas afirmou não se lembrar de Amaral nem de receber e-mails destinados a FHC.

O ex-presidente Fernando Henrique também conversou com ÉPOCA. Ele afirmou conhecer Amaral e disse que não tem “intimidade maior com ele”. “Eu não recebi e-mail nenhum do Roberto Amaral na Presidência”, disse FHC. “Ele pode ter mandado para os meus ajudantes de ordens, mas eu nunca recebi nem respondi. Não me lembro também de ter recebido qualquer fax dele. Eu não usava esse instrumento de trabalho.” FHC disse também que Dantas não precisaria de Amaral para falar com ele. “O Daniel Dantas falou comigo. Ele tinha lá suas demandas, como todo mundo. Quando se está na Presidência, o que mais se ouve é pedido. É pressão, porque o pessoal acha que presidente da República resolve, mas não resolve nada.” 

Época traz indícios de ligações Dantas-FHC | Brasilianas.Org

A verdade sobre o relatório da PF « CartaCapital

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CARTA CAPITAL sai às bancas para lançar luz, (Mais Luz!, diria Goethe…) sobre os meandros da corrupção. E, mais uma vez, por trás da ÉPOCA, há todo um intere$$e do pessoal a$$oCIAdo do Instituto Millenium.

A verdade sobre o relatório da PF

Redação Carta Capital8 de abril de 2011 às 10:45h

Editorial: Um desafio aos “imparciais”

Desde a renúncia de Fernando Collor para escapar do impeachment em 1992, quase todo repórter brasileiro se apresenta como um Bob Woodward ou um Carl Bernstein, a célebre dupla de jornalistas do Washington Post que desvendou o escândalo da invasão do comitê nacional do Partido Democrata no prédio Watergate. Em geral falta cultura, talento e coragem aos pares nacionais para tanto, assim como escasseiam inúmeros dos princípios basilares da atividade aos empreendimentos jornalísticos que os empregam. Apego à verdade factual, por exemplo. Neste momento, destacaríamos dois: a completa ausência de honestidade intelectual e de rigor na apuração.

Há quem entenda a emblemática apuração do caso Watergate como um conto de fadas. Num belo dia de verão, Woodward e Bernstein encontraram em um estacionamento uma fada madrinha chamada Garganta Profunda, ganharam um presente mágico, publicaram um texto e derrubaram o presidente republicano Richard Nixon. A vida real foi bem diferente. A dupla de repórteres publicou centenas de reportagens, checadas exaustivamente a partir de indicações nem sempre claras da fonte. Seu grande mérito foi seguir à risca uma recomendação: sigam o dinheiro.

Evocamos o caso Watergate por conta do reaparecimento na mídia do chamado mensalão. No sábado 2, a revista Época publicou o que dizia ser o relatório final da PF sobre o escândalo que abalou o governo Lula. A reportagem da semanal da Editora Globo estimulou uma série de editoriais e inspirou colunistas a afirmarem que o relatório seria a prova da existência do mensalão, o pagamento mensal a parlamentares em troca de apoio ao governo.

Na quarta 6, CartaCapital teve acesso ao trabalho do delegado Luís Flávio Zampronha, base da “denúncia” de Época. Nas próximas páginas, Leandro Fortes conta o que realmente escreveu o delegado. A começar pelo simples de fato de que não se trata de um relatório final, como afirma a semanal da Globo, mas de uma investigação complementar feita a pedido do Ministério Público cujo objetivo era mapear as fontes de financiamento do valerioduto. Nas mais de 300 páginas, não há nenhuma linha que permita à Época ou a qualquer outro meio de comunicação afirmar que o mensalão tenha sido provado. Ao contrário. À página 5, e em diversos outros trechos, Zampronha foi categórico: “Esta sobreposição diz respeito apenas a questões pontuais sobre a metodologia de captação e distribuição dos valores manipulados por Marcos Valério e seus sócios, não podendo a presente investigação, de forma alguma, apresentar inferências quanto ao esquema de compra de apoio político de parlamentares da base de sustentação do governo federal”.

Não se trata de uma mera questão semântica nem, da nossa parte, um esforço para minimizar qualquer crime cometido pelo PT e por integrantes do governo Lula. CartaCapital, aliás, nunca defendeu a tese de que o caixa 2, associado a um intenso lobby e também alimentado com dinheiro público, seja menos grave que a compra de apoio parlamentar. A história do mensalão serve, na verdade, ao outro lado, àquele que nos acusa de parcialidade. Primeiro, por ter o condão de circunscrever o escândalo apenas ao PT e, desta forma, usá-lo como instrumento da disputa de poder. Depois, por esconder a participação do banqueiro Daniel Dantas, cujos tentáculos na mídia CartaCapital denuncia há anos, e a do PSDB, legenda preferida dos patrões e seus prepostos nas redações. Em nome desta aliança, distorce-se e mente-se quando necessário. E às favas o jornalismo.

Em 2005, quando a mídia desviou-se do núcleo do escândalo, desprezando a lição de Watergate, em busca de denúncias capazes de levar ao impeachment de Lula (quem não se lembra da lendária “reportagem” sobre os dólares de Cuba?), CartaCapital manteve-se firme no propósito de seguir o dinheiro. Temos orgulho de nosso trabalho. Fomos os primeiros a esmiuçar a participação de Dantas no financiamento do valerioduto. Demonstramos com detalhes incontestáveis a origem e as ramificações das falcatruas de Marcos Valério, sem poupar ninguém.

Em agosto daquele ano, quando veio à tona a viagem de Marcos Valério a Portugal, a mídia em coro afirmou que o publicitário viajara a Lisboa com o objetivo de vender o estatal Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) ao banco Espírito Santo. Nossa reportagem do mesmo período comprovava outro enredo: Valério tinha a missão de negociar a Telemig Celular, controlada pelo Opportunity e os fundos de pensão, à Portugal Telecom. E explicava como o então ministro José Dirceu. Associado a outros petistas, participara da tramóia a favor do banqueiro orelhudo. A venda da Telemig, da forma imaginada, levaria os fundos a perdas irreversíveis, renderia bilhões a Dantas e alguns milhões aos cofres petistas. Bastaria ao governo retirar Sergio Rosa do comando da Previ, a fundação dos funcionários do Banco do Brasil que resistiam bravamente às manobras dantescas. Em depoimentos que constam do inquérito do mensalão no Supremo Tribunal Federal, as fontes portuguesas que se encontraram com Valério em Lisboa confirmaram a história contada por CartaCapital.

Sempre enxergamos no lamentável escândalo do valerioduto uma oportunidade de o Brasil compreender a fundo o esquema de captura de partidos e governos por meio do financiamento ilegal de campanhas. O mensalão, em grande medida, se conecta a outros tantos casos recentes da história nada republicana do poder. O ministro Joaquim Barbosa, do Supremo, tem a oportunidade de pôr a limpo estes esquemas e de revelar por completo a influência de Dantas nos governos FHC e Lula, na mídia e no Judiciário. Acima dos interesses partidários, a bem do País.

O relatório de Zampronha é mais uma prova de que estávamos certos. Por isso, decidimos lançar um desafio. A partir da noite da quinta-feira 7 publicaremos em nosso site a íntegra do relatório da PF. Os interessados poderão assim conferir, livres de qualquer mediação, quem é fiel à verdade factual e quem não é. Quem pratica jornalismo e quem defende interesses inconfessáveis. Quem é independente.

Leia a íntegra do relatório: Parte 1, Parte 2, Parte 3, Parte 4, Parte 5, Parte 6, Parte 7 e Parte 8

A verdade sobre o relatório da PF

Por Leandro Fortes

O escândalo do mensalão voltou à cena. Em páginas recheadas de gráficos, infográficos, tabelas e quadros de todos os tipos e tamanhos, a revista Época anunciou, na edição que chegou às bancas no sábado 2, ter encontrado a pedra fundamental da mais grave crise política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2005 e 2006. Com base em um relatório sigiloso da Polícia Federal, encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, a  semanal da Editora Globo concluiu sem mais delongas: a PF havia provado a existência do mensalão e o uso de dinheiro público no esquema administrado pelo publicitário Marcos Valério de Souza. Outro aspecto da reportagem chamada atenção: o esforço comovente em esconder o papel do banqueiro Daniel Dantas no financiamento do valerioduto. Alguns trechos pareciam escritos para beatificar o dono do Opportunity, apresentado como um empresário achacado pela sanha petista por dinheiro.

As provas do descalabro estariam nas 332 páginas do inquérito 2.474, tocado pelo delegado Luiz Flávio Zampronha, da Divisão de Combate a Crimes Financeiros da PF e encaminhado ao ministro Joaquim Barbosa, relator no STF do processo do  “mensalão”. Inspirados no relato de Época,  editorialistas, colunistas e demais istas não tiveram dúvidas: o mensalão estava provado. Estranhamente, a mesma turma praticamente silenciou a respeito dos trechos que tratavam de Dantas.

Infelizmente, os leitores de Época não foram informados corretamente a respeito do conteúdo do relatório escrito, com bastante rigor e minúcias, pelo delegado Zampronha. Em certa medida, sobretudo na informação básica mais propalada, a de que o “mensalão” havia sido confirmado, esses mesmos leitores foram enganados. Não há uma única linha no texto que confirme a existência do tal esquema de pagamentos mensais a parlamentares da base governista em troca de apoio a projetos do governo no Congresso Nacional.

Ao contrário. Em mais de uma passagem, o policial faz questão de frisar que o inquérito, longe de ser o “relatório final do mensalão”, é uma investigação suplementar do chamado “valerioduto”, solicitada pela Procuradoria Geral da República, para dar suporte à denúncia inicial, esta sim baseada na tese dos pagamentos mensais. Trata, portanto, da complexa rede de arrecadação, distribuição e lavagem de dinheiro sujo montada por Marcos Valério. Zampronha teve, inclusive, o trabalho de relatar como esse esquema a envolver financiamento ilegal de campanha e lobbies privados começou em 1999, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, e terminou em 2005, na administração Lula, após ser denunciado pelo deputado Roberto Jefferson, do PTB. Ao longo do texto, fica clara a percepção do delegado de que nunca houve “mensalão” (o pagamento mensal a parlamentares), mas uma estratégia mafiosa de formação de caixa 2 e que avançaria sobre o dinheiro público de forma voraz caso não tivesse sido interrompida pela eclosão do escândalo.

Na quarta-feira 6, CartaCapital teve acesso ao relatório. Para não tornar seus leitores escravos da interpretação exclusiva da reportagem que se segue, decidiu publicar na internet (www.cartacapital.com.br) a íntegra do documento. Assim, os interessados poderão tirar suas próprias conclusões. Poderão verificar, por exemplo, que o delegado ateve-se a identificar as fontes de financiamento do valerioduto. E mais: notar que Dantas é o principal alvo do inquérito.

Ao contrário do que deu a entender a revista Época, não se trata do “relatório final” sobre o mensalão. Muito menos foi encomendado pelo ministro Barbosa para esclarecer “o maior escândalo de corrupção da República”, como adjetiva a semanal. Logo na abertura do relatório, Zampronha faz questão de explicar – e o fará em diversos trechos: a investigação serviu para consolidar as informações relativas às operações financeiras e de empréstimos fajutos do “núcleo Marcos Valério”. Em seguida, trata, em 36 páginas (mais de 10% de todo o texto), das relações de Marcos Valério com Dantas e com os petistas. À página 222, anota, por exemplo: “Pelos elementos de prova reunidos no presente inquérito, contata-se que Marcos Valério atuava como interlocutor do Grupo Opportunity junto a representantes do Partido dos Trabalhadores, sendo possível concluir que os contratos (de publicidade) realmente foram firmados a título de remuneração pela intermediação de interesse junto a instâncias governamentais”.

O foco sobre Dantas não fez parte de uma estratégia pessoal do delegado. No fim do ano passado, a Procuradoria Geral da República determinou à PF a realização de diligências focadas no relacionamento do valerioduto com as empresas Brasil Telecom, Telemig Celular e Amazônia Celular.  As três operadoras de telefonia, controladas à época pelo Opportunity, mantinham vultosos contratos com as agências DNA e SMP&B de Marcos Valério. Zampronha solicitou todos os documentos referentes a esses pagamentos, tais como contratos, recibos, notas fiscais e comprovantes de serviços prestados. A conclusão foi de que a dupla Dantas-Valério foi incapaz de comprovar os serviços contratados.

As análises financeiras dos laudos periciais encomendados ao Instituto Nacional de Criminalística da PF revelaram que, entre 1999 e 2002, no segundo governo FHC, apenas a Telemig Celular e a Amazônia Celular pagaram às empresas de Marcos Valério, via 1.169 depósitos em dinheiro, um total de 77,3 milhões de reais. Entre 2003 e 2005, no governo Lula, esses créditos, consumados por 585 depósitos das empresas de Dantas, chegaram a 87,4 milhões de reais. Ou seja, entre 1999 e 2005, o banqueiro irrigou o esquema de corrupção montado por Marcos Valério com nada menos que 164 milhões de reais. O cálculo pode estar muito abaixo do que realmente pode ter sido transferido, pois se baseia no que os federais conseguiram rastrear.

Segundo o relatório, existem triangulações financeiras típicas de pagamento de propina e lavagem de dinheiro. Em uma delas, realizada em 30 de julho de 2004, a Telemig Celular pagou 870 mil reais à SMP&B, depósito que se somou a outro, de 2,5 milhões de reais, feito pela Brasil Telecom. O total de 3,4 milhões de reais serviu de suporte para transferências feitas em favor da empresa Athenas Trading, no valor de 1,9 milhão de reais, e para a By Brasil Trading, de 976,8 mil reais, ambas utilizadas pelo esquema de Marcos Valério para mandar dinheiro ao exterior por meio de operações de câmbio irregulares, de modo a inviabilizar a identificação dos verdadeiros beneficiários dos recursos. Em consequência, Zampronha repassou ao Ministério Público Federal a função de investigar se houve efetiva prestação de serviços por parte das agências de Marcos Valério às empresas controladas pelo Opportunity.

A principal pista da participação de Dantas na irrigação do valerioduto surgiu, porém, a partir de uma auditoria interna da Brasil Telecom, realizada em 2006. Ali demonstrou-se que, às vésperas da instalação da CPMI dos Correios, em 2005, na esteira do escândalo do “mensalão” e no momento em que a permanência do Opportunity no comando da telefônica estava sob ameaça, a DNA e a SMP&B celebraram com a BrT contratos de 50 milhões de reais. Dessa forma, as duas empresas de Marcos Valério puderam, sozinhas, abocanhar 40% da verba publicitária da Brasil Telecom. Isso sem que a área de marketing da operadora tivesse sido  consultada.

Ao delegado, Dantas afirmou que, a partir de 2000, ainda no governo FHC, passou a “sofrer pressões” da italiana Telecom Italia, sócia da BrT. Em 2003, já no governo Lula, o banqueiro afirma ter sido procurado pelo então ministro-chefe da Casa Civil, o ex-deputado José Dirceu, com quem teria se reunido em Brasília.

Na conversa com Dirceu, afirma Dantas, o ministro teria se mostrado interessado em resolver os problemas societários da BrT e encerrar o litígio do Opportunity com os fundos de pensão de empresas estatais. O Palácio do Planalto teria escalado o então presidente do Banco do Brasil, Cassio Casseb, para cuidar do assunto. Casseb viria a ser um dos alvos da arapongagem da Kroll a pedido do Opportunity. O caso, que envolveu a espionagem de integrantes do governo FHC e da administração Lula, baseou a Operação Chacal da PF em 2004.

Dantas afirmou ter se recusado a “negociar” com o PT. Após a recusam acrescenta, as pressões aumentaram e ele teria começado a ser perseguido pelo governo. Mas o banqueiro não foi capaz de provar nenhuma das acusações, embora seja claro que petistas se aproveitaram da guerra comercial na telefonia para extrair dinheiro do orelhudo. Só não sabiam com quem se metiam. Ou sabiam?

O fundador do Opportunity também repetiu a versão de que um de seus sócios, Carlos Rodemburg, havia sido procurado pelo então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, acompanhado de Marcos Valério, para ser informado de um déficit de 50 milhões de reais nas contas do partido. Teria sido uma forma velada de pedido de propina, segundo Dantas, nunca consolidado. O próprio banqueiro, contudo, admitiu que Delúbio não insinuou dar nada em troca da eventual contribuição solicitada. Negou, também, que tenha mantido qualquer relação pessoal ou comercial com Marcos Valério, o que, à luz das provas recolhidas por Zampronha, soam como deboche. “O depoimento de Daniel Dantas está repleto de respostas evasivas e esquecimentos de datas e detalhes dos fatos”, informou no despacho ao ministro Barbosa.

Chamou a atenção do delegado o fato de os contratos da BrT com as agências de Marcos Valério terem somado os exatos 50 milhões de reais que teriam sido citados por Delúbio no encontro com Rodemburg. Para Zampronha, a soma dos contratos, assim como outras diligências realizadas pelo novo inquérito, “indicam claramente” que, por algum motivo, o Grupo Opportunity decidiu efetuar os repasses supostamente solicitados por Delúbio, com a intermediação das agências de Marcos Valério, como forma de dissimular os pagamentos.

Os contratos da DNA e da SMP&B com a Brasil Telecom, segundo Zampronha, obedecem a uma sofisticada técnica de lavagem de dinheiro, usada em todo o esquema de Marcos Valério, conhecida como commingling (mescla, em inglês). Consiste em misturar operações ilícitas com atividades comerciais legais, de modo a permitir que outras empresas privadas possam se valer dos mesmos mecanismos de simulação e superfaturamento de contratos de publicidade para encobrir dinheiro sujo. No caso da BrT, cada um dos contratos, no valor de 25 milhões de reais, exigia contratação de terceiros para serem executados. Além disso, havia a previsão de pagamento fixo de 187,5 mil reais mensais às duas agências do Valerioduto, referente à prestação de serviços de “mídia e produção”.

Surpreendentemente, e contra todas as evidências, Dantas disse nunca ter participado da administração da BrT. Por essa razão, não teria condições de prestar qualquer informação sobre os contratos firmados pela então presidente da empresa, Carla Cicco, indicada por ele, com as agências de Marcos Valério. De volta a Itália desde 2005, Carla Cicco informou à PF não ter tido qualquer participação ou influência na contratação das agências, apesar de admitir ter assinado os contratos. Disse ter se encontrado com Marcos Valério uma única vez, numa reunião de trabalho com representantes da DNA.

O protagonismo de Dantas no valerioduto e o desmembramento da rede de negócios montada por Marcos Valério, desde 1999, nos governos do PSDB e do PT são elementos que, no relatório da PF, desmontam, por si só, a tese do pagamento de propinas mensais a parlamentares. Ou seja, a tese do “mensalão”, na qual se baseou a denúncia da PGR encaminhada ao Supremo, não encontra respaldo na investigação de Zampronha, a ponto de sequer ser considerada como ponto de análise.

O foco do delegado é outro crime, gravíssimo e comum ao sistema político brasileiro, de financiamento partidário baseado em arrecadação ilícita, montagem de caixa 2 e, passadas as eleições, divisão ilegal de restos de campanha a aliados e correligionários. Por essa razão, ele encomendou os novos laudos detalhados ao INC.

Uma das primeiras conclusões dos laudos de exame contábil foi que Marcos Valério usava a DNA Propaganda para desviar recursos do Fundo de Incentivo Visanet, empresa com participação acionária do Banco do Brasil, e distribui-los aos participantes do esquema do PT e de partidos aliados. O fundo foi criado em 2001 com o objetivo de financiar ações de marketing para incentivar o uso de cartões da bandeira Visa. O Visanet foi, inicialmente, constituído com recursos da Companhia Brasileira de Meios e Pagamentos (CBMP), nome oficial da empresa privada Visanet, e distribuído em cotas proporcionais de um total de 492 milhões de reais a 26 acionistas. Além do BB participam o Bradesco, Itaú, HSBC, Santander, Rural, e até mesmo o Panamericano, vendido recentemente por Silvio Santos ao banqueiro André Esteves. “Para operar tais desvios, Marcos Valério aproveita-se da confusão existente entre a verba oriunda do Fundo de Incentivo Visanet e aquela relacionada ao orçamento de publicidade próprio do Banco do Brasil”, anotou o policial.

O BB repassava mais de 30% do volume distribuído pelo fundo, cerca de 147,6 milhões de reais, valor correspondente à participação da instituição no capital da Visanet. Desse total, apenas a DNA Propaganda recebeu 60,5% do dinheiro, cerca de 90 milhões de reais, entre 2001 e 2005, divididos por dois anos no governo FHC, e por dois anos e meio, no governo Lula. Daí a constatação de que, de fato, por meio da Visanet, o valerioduto foi irrigado com dinheiro público. O que nunca se falou, contudo, é que essa sangria não se deu somente durante o governo petista, embora tenha sido nele o período de maior fartura da atividade criminosa. Quando eram os tucanos a coordenar o fundo, Marcos Valério meteu a mão em ao menos 17,2 milhões de reais.

De acordo com o relatório da PF, Marcos Valério tinha consciência de que agências de publicidade e propaganda representavam um mecanismo eficaz para desviar dinheiro público, por conta do caráter subjetivo dos serviços demandados. Mas havia um detalhe mais importante, como percebeu Zampronha. Com as agências, Valério passou a lidar com a compra de espaços publicitários em diversos veículos de comunicação. “Esta relação econômica estreitava o vínculo do empresário com tais veículos e poderia facilitar o direcionamento de coberturas jornalísticas”.

As Organizações Globo, proprietária da revista Época, sonegou a seus leitores, por exemplo, ter sido a maior beneficiária de uma das principais empresas do valerioduto. À página 68 do relatório, e em outras tantas, a TV Globo é citada explicitamente. Escreve o delegado: “A nota emitida pela empresa de comunicação destaca-se por sua natureza fiscal de adiantamento, “publicidade futura”, isto é, a nota por si só não traz qualquer prestação de serviço, como também não há elementos que vincule os valores adiantados ao fundo de incentivo Visanet”. Zampronha se referia a contratos firmados em 2003 no valor de 720 mil reais e 2,88 milhões de reais. Entre 2004 e 2005, a TV Globo receberia outros pagamentos da DNA, no valor total de 1,2 milhão de reais, lançados na planilha de controle do Fundo Visanet.

Mesmo tratado com simpatia na reportagem da Época, o Opportunity não perdoou. No item 17 de uma longa nota oficial em resposta, o banco atira: “Na Telemig, segundo informações prestadas à CPI do Mensalão, a maioria dos recursos eram repassados às Organizações Globo. Por isso, a apuração desses fatos fica fácil de ser feita pela Época.”

Segundo Zampronha, o objetivo do valerioduto era criar empresas de fachada para auxiliar na movimentação de dinheiro sujo e manter os interessados longe dos órgãos oficiais de fiscalização e controle. O leque de agremiações políticas para as quais Marcos Valério “prestava serviços” era tão grande que não restou dúvida ao delegado: “Estamos diante de um profissional sem qualquer viés partidário”. Isso não minimiza o fato de o PT, além de qualquer outra legenda, ter se lambuzado no esquema. Não fosse a denúncia de Jefferson, o valerioduto teria se inscrutado de forma absoluta no Estado brasileiro e se transformado em uma torneira permanemente aberta por onde jorraria dinheiro público para os cofres petistas.

CartaCapital não espera, como de costume, que esta reportagem tenha repercussões na mídia nativa. À exceção da desbotada tese do mensalão, que serve à disputa político-partidária na qual os meios de comunicação atuam como protagonistas, não há nenhum interesse em elucidar os fatos. O que, se assim for, provará que a sociedade afluente navega tranquilamente sobre o velho mar de lama.

Carta Capital

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Grande e feliz corruptor

Mino Carta8 de abril de 2011 às 10:45h

O relatório da Polícia Federal mostra como e por quê. Trata-se, obviamente, do orelhudo. Editorial da edição 641 de CartaCapital. Por Mino Carta

Editorial da edição 641 de CartaCapital

Na festa de Carta-Capital do ano passado, realizada entre o primeiro e o segundo turno da eleição presidencial para celebrar o aniversário da revista e entregar os troféus das Empresas Mais Admiradas no Brasil, na minha fala de boas-vindas aos convidados me atrevi a confrontar os governos Lula e FHC. E me coube constatar a verdade factual: o mensalão, como propina mensal a parlamentares variados, não foi provado. Um murmúrio estrondoso de desaprovação elevou-se da plateia e algumas pessoas deixaram precipitadamente o recinto.

Leitores, telespectadores e ouvintes da mídia nativa acreditam cegamente no mensalão na versão apresentada por editorialistas, colunistas e perdigueiros da informação. Não percebem que o crime cometido no episódio por larga porção do PT é tão grave quanto o seria o mensalão conforme a pretensa denúncia de Roberto Jef-ferson. Não é que este enredo chamusque apenas o partido, ustiona-o no grau mais elevado e deixa uma cicatriz irreversível.

Quem se entrega às fantasias do jornalismo pátrio não se dá conta de outro logro, sem falar de má-fé de muitos, inclusive alguns que se dizem de esquerda: o mensalão é um biombo desdobrado para encobrir a ação, continuada e infelizmente eficaz, do grande corruptor, o banqueiro Daniel Dantas.

Pergunto aos meus céticos botões por que a revista Época decidiu dissertar a respeito do relatório da Polícia Federal sobre o valerioduto e suas consequências. Gargalham sinistramente ao registrar o esforço insano da semanal da Globo para colocar na ribalta o chamado mensalão pretendido por seis anos a fio e para relegar a um brumoso bastidor a figura do banqueiro orelhudo do Opportunity.

Com quanta desfaçatez a mídia nativa manipule o noticiário é do conhecimento até do mundo mineral. A verdade factual é outra (e CartaCapital em vão a apresenta desde 2005) e soletra a seguinte situação: o dinheiro do Opportunity irriga a horta petista por intermédio do valerioduto sem que isto implique pagamentos mensais a parlamentares.

Dantas sempre soube quais as hortas a serem regadas, daí ter começado pela tucana à sombra de FHC, para ser premiado na hora das privatizações. Ao se concluir, o enredo encena um jantar com o presidente e príncipe dos sociólogos em 2002, destinado a traçar os caminhos do futuro. O banqueiro acabava de regressar de Cayman, onde guarda e põe a fermentar as contas secretas de inúmeros graúdos. No dia seguinte, FHC trocou as diretorias dos fundos de pensão, que até então eram entrave poderoso aos negócios dantescos.

O tucanato foi bom parceiro também no plano regional. O ensaio do caso nacional levantado pelas acusações de Jefferson deu-se, como se sabe, em Minas Gerais, quando do governo Azeredo. A bandalheira foi provinciana, contudo opulenta. De todo modo, há jantares e jantares. Significativo aquele de cardápio árabe servido na residência brasiliense do então senador do DEM Heráclito Fortes, em plena crise do mensalão. Confraternizaram no quibe e no charuto de uva Daniel Dantas, grande amigo do anfitrião, e o ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, acompanhado pelos organizadores da tertúlia, os deputados José Eduardo Cardozo e Sigmaringa Seixas.

Mas quem se incomoda com isso? Quem se aventura a ilações aparentemente obrigatórias? E quem abre os olhos diante de uma estranha operação que levou Marcos Valério e, em oportunidades distintas, outras figuras do PT e do PTB, inclusive Delúbio Soares, a Lisboa quando Dantas quis vender a Telemig à Portugal Telecom? E quem se indigna se Gilmar Mendes solta no espaço de 24 horas dois habeas corpus para pôr em liberdade o banqueiro preso por obra da Satiagraha, e logo secundado pelo ministro Nelson Jobim, exige do presidente Lula, “chamado às falas”, o afastamento imediato do delegado Paulo Lacerda- da direção da Abin? Réu por ter colaborado com o delegado Protógenes para suprir a falta de apoio da própria PF entregue ao seu sucessor, Luiz Fernando Corrêa. E quem se surpreendeu ao saber que o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi à Itália como advogado de Dantas ainda no seu tempo de parlamentar para contribuir à tentativa, fracassada, de provar que quem iniciou a guerra dos grampos foi a Telecom Italia?

Intermináveis perguntas se escancaram em busca de esclarecimentos a respeito de outras tantas situações suspeitas, para usar um adjetivo brando. Mas, se há jantares e jantares, há ministros e ministros. O da Justiça à época da Satiagraha, Tarso Genro, telefonou no dia da primeira prisão de Dantas, logo de manhã para me dizer eufórico: “Viu o que a gente fez, prendemos o Dantas”. Aquela ligação até hoje me deixa boquiaberto. Talvez Genro estivesse a navegar na névoa, como um barco escocês ao largo de Aberdeen, em uma madrugada invernal, e sem apito. Sobra a evidência clamorosa: Dantas conhece a fundo os podres da República, e isso o torna, por ora pelo menos, invulnerável.

Foto: Glaucio Dettmar

Mino Carta

Mino Carta é diretor de redação de CartaCapital. Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital. Foi diretor de Redação das revistas Senhor e IstoÉ. Criou a Edição de Esportes do jornal O Estado de S. Paulo, criou e dirigiu o Jornal da Tarde. redacao@cartacapital.com.br

Grande e feliz corruptor « CartaCapital

06/04/2011

Rede Dantas de Comunicaçõe$

Ué, agora o que o Daniel Dantas diz não vale?

Há dois dias, eu escrevi aqui que o fartíssimo noticiário dos jornais sobre a revista Época, das Organizações Globo, parecia não o relatório policial que pretendiam divulgar, mas um romance policial feito de encomenda para incriminar Lula.

Dizia que na matéria da Época, “tudo repousa no que diz – e no que nega – o senhor Daniel Dantas, um homem que perdeu qualquer tipo de credibilidade. Não me parece que o sr. Dantas seja alguém que fosse recusar, como diz, uma troca de favores políticos por ajuda financeira. E menos ainda isso é coerente com a suposta ajuda que deu”.

– Dantas, porém, é apresentado como um coitado, vítima de extorsão e achaques, um empresário honesto que tinha de pagar propinas para poder tocar seus negócios.

Bom,  Dantas reagiu.

Emitiu nota oficial em resposta à Época onde reafirma sua condição de vítima:

“Daniel Dantas e o Opportunity foram alvos de violenta ofensiva do Estado, com o uso de seu braço armado. Em oito anos de disputa societária, eles foram difamados, e no caso de Dantas e de alguns executivos, até presos. É óbvio, portanto, que somente uma distorção na lógica e nos fatos explica a análise que Dantas colaborou para financiar o governo e obter dele favores ou cessar fogo.”

Diz que ter sido a fonte de recursos para o Governo seria impossível  porque “seria o primeiro caso de masoquismo empresarial — pagar para ser perseguido. Aliás, a Época reconhece em seu texto que a PF não conseguiu rastrear quem se beneficia com o pagamento feito pela Brasil Telecom. É também o primeiro caso em que há pagamento sem beneficiários.”

Sábado, eu já havia dito que achava muito estranha a história “de que Dantas pagou mas não levou. Ora, Dantas é um homem que leva sem pagar, não o contrário.”

Mas a bomba vem lá no final: ele diz que o dinheiro repassado pela Telemig Celular, que seria o apontado como fonte do abastecimento do “valerioduto” foi pago à….Rede Globo!

“Na Telemig, segundo informações prestadas à CPI do Mensalão, a maioria dos recursos eram repassados as Organizações Globo. Por isso, a apuração desses fatos fica fácil de ser feita pela Época.”, termina a nota de Dantas.

As empresas Telemig Celular, Brasil Telecom e Amazônia Celular injetaram R$ 127 milhões nas contas da DNA Propaganda, nos últimos 5 anos, conforme balanço da CPI dos Correios, tornando Daniel Dantas o maior financiador privado de Marcos Valério.Agora ele diz que o dinheiro foi para a Globo.

E, tirando a nota oficial publicada na Época, não há uma linha na imprensa sobre isso, na mesma mídia que se espalhou no que teria sido dito por Dantas para incriminar Lula.

Agora, o que o Daniel Dantas diz não é mais confiável.

Isso é que é imprensa “limpinha”.

Postado por Brizola Neto

03/04/2011

Globo ganhou uma nota

Filed under: Cosa Nostra,Rede Globo — Gilmar Crestani @ 9:24 pm
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A nota do Opportunity

Enviado por luisnassif, dom, 03/04/2011 – 10:14

Brasil – NOTÍCIAS – Nota do Opportunity a respeito da reportagem "A anatomia do valerioduto"

Nota do Opportunity a respeito da reportagem "A anatomia do valerioduto"

O banco Opportunity enviou a seguinte nota oficial a respeito da reportagem A anatomia do valerioduto, publicada por ÉPOCA neste sábado (2).

ta de Esclarecimento
A revista Época publica hoje, 02.03.2011, relatório do Mensalão feito pela Polícia Federal em que Daniel Dantas e o Opportunity são citados.
Por isso, esclarecemos que:
1. Daniel Dantas e o Opportunity foram alvos de violenta ofensiva do Estado, com o uso de seu braço armado. Em oito anos de disputa societária, eles foram difamados, e no caso de Dantas e de alguns executivos, até presos. É óbvio, portanto, que somente uma distorção na lógica e nos fatos explica a análise que Dantas colaborou para financiar o governo e obter dele favores ou cessar fogo.
2. Em 21 de setembro de 2005, Daniel Dantas disse à CPI dos Correios:
“O que eu tenho dito e estou repetindo é que nós não pagamos ao Marcos Valério. Se tivesse que procurar, se porventura alguém pagou contribuição, era mais natural que tivesse sido os que foram apoiados e não os que foram discriminados. Não me cabe aqui discutir como é que a Comissão deve desenvolver seus trabalhos, mas não há, nem nessas campanhas difamatórias, nem nesses dossiês ou relatórios, registro de uma vírgula de benefícios que alguém do Opportunity ou qualquer outra empresa sob nosso controle, tenha obtido desse governo."
3. Vale a pena notar a coincidência: sempre surgem “denúncias” envolvendo o Opportunity, à época de julgamentos que vão desmascarar a atuação da Polícia Federal contra o Opportunity.
Nessa sexta-feira 1, por exemplo, é noticiado que a 3ª Vara Federal Criminal em São Paulo determina o envio dos autos ao Supremo Tribunal Federal (STF) do inquérito que apura a atuação do ex-delegado da PF e hoje deputado Protógenes Queiroz. O STF é a instância que tem atribuições para investigar parlamentares. Para o Ministério Público Federal, “os fatos investigados aplicam-se nos artigos 317,319 e 333, todos do Código Penal” e que se referem a crimes de “corrupção passiva, prevaricação e corrupção ativa”.
O STF vai decidir se a Operação Satiagraha foi arquitetada e dirigida pela iniciativa privada.
4. Em relação ao noticiado pela Época, deve-se lembrar que, em maio de 2003, José Dirceu reúne-se com Daniel Dantas e avisa que a interlocução sobre a Brasil Telecom, por parte do governo, passará a ser feita por Cassio Casseb, presidente do Banco do Brasil. Casseb informa a Dantas que a administração da Brasil Telecom deve passar para os fundos de pensão, liderados pela Previ. Ou seja, os executivos indicados pelos fundos Opportunity seriam tirados da gestão da operadora. Não houve, portanto, nenhum sinal de conciliação como quer o texto da Época, em 2003. Ao contrário. Declaração de guerra comercial em que o governo tem partido.
5. Em outubro de 2003, os fundos de pensão, Previ a frente, destituem o Opportunity do Fundo Nacional. E também por indicação do ministro José Dirceu, Sérgio Rosa, presidente da Previ, se apresenta para negociar com o Citigroup em nome do governo. Rosa quer uma aliança entre Previ e Citigroup, o que implica na destituição do Opportunity do Fundo Internacional.
6. Em 2004, a Polícia Federal entra em cena na disputa societária da Brasil Telecom com a explosão do “caso Kroll”. Um CD com o caso Kroll é entregue à Polícia Federal, à época sob o comando de Paulo Lacerda e Luís Flávio Zampronha, por agentes da Telecom Italia – operadora de telefonia que conta com o apoio dos fundos de pensão na disputa contra o Opportunity.
7. Segundo a PF e reportagens, a Kroll teria sido contratada pela Brasil Telecom, operadora à época sob gestão dos fundos Opportunity, para espionar os italianos e o alto escalão do governo Lula: os ex-ministros Luiz Gushiken e Cassio Casseb.
Hoje, as investigações da Procuradoria de Milão comprovam que italianos pagaram policiais, políticos e consultores no Brasil em sua disputa societária contra o Opportunity.
8. No Brasil, a ação policial surte efeito e o Citigroup destitui o Opportunity do Fundo Estrangeiro, em março de 2005.
9. Sete meses depois, em outubro de 2005, por pressão de interesses privados aliados a agenciamento público, a administração da Brasil Telecom e das celulares Telemig e Amazônia foi tirada dos fundos Opportunity, a força, literalmente, na esteira das ações da Polícia Federal.
10. A cronologia demonstra que o Opportunity não poderia ser fonte primária, secundária ou terciária de pagamentos ao governo.
Seria o primeiro caso de masoquismo empresarial — pagar para ser perseguido. Aliás, a Época reconhece em seu texto que a PF não conseguiu rastrear quem se beneficia com o pagamento feito pela Brasil Telecom. É também o primeiro caso em que há pagamento sem beneficiários.
11. O fato é que Carlos Rodenburg, em 2003, à época diretor do Opportunity, teve um encontro com Soares. O tesoureiro manifestou que o PT apresentava um desequilíbrio nas contas da ordem de US$ 50 milhões. Sugeriu que caso o Opportunity ajudasse a resolver o problema, as dificuldades pelas quais passava o gestor de recursos com o governo poderiam ser amenizadas.
12. O Opportunity era gestor do fundo de investimentos que abrigava recursos do Citigroup. O banco norte-americano foi consultado. A decisão do Citigroup foi a de informar que não tinha como ajudar.
13. O Opportunity nunca contratou a DNA, não encomendou trabalhos e, nunca fez pagamentos à DNA.
14. A CPI dos Correios que investigou o mensalão e mapeou os envolvidos, não cita o nome de Daniel Dantas, apesar da pressão de alas petistas para que isso ocorresse. A desculpa usada por quem queria incluir o nome de Dantas na CPI foi a contratação das agências DNA e SM&B pela Brasil Telecom, Telemig e Amazônia celulares — à época sob a gestão de executivos indicados pelos fundos que reúniam o Citigroup, fundos Opportunity e os fundos de pensão.
15. A DNA e a SMPB eram as agências de publicidade e propaganda mais famosas de Minas Gerais. Elas atendiam as companhias Telemig e Amazônia Celular. A Telemig se tornou cliente da DNA em 1998 e a Amazônia Celular em 2001.
16. Por obrigação legal, os pagamentos de propaganda são feitos às agências de publicidade que repassam aos veículos de comunicação e outros fornecedores.

17. Na Telemig, segundo informações prestadas à CPI do Mensalão, a maioria dos recursos eram repassados as Organizações Globo. Por isso, a apuração desses fatos fica fácil de ser feita pela Época."

17/03/2011

Por aí, virtualmente, ligado

Filed under: Cosa Nostra — Gilmar Crestani @ 11:19 pm
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Mulher de Gilmar Mendes vai trabalhar com advogado de Daniel Dantas!!!

É PRA RIR OU PRA CHORAR????

Quando aqui neste blog criticamos o Ministro Gilmar Mender por conceder habeas corpus para Daniel Dantas em tempo recorde, e sem passar pelas diversas instâncias da justiça, algumas pessoas encheram a caixa de comentários em defesa do Ministro.

Nenhum de nós consegue um habeas corpus com a velocidade e presteza com a qual Daniel Dantas foi agraciado pelo Supremo e na ocasião, diante da inquietude de seus próximos ele afirmou: "Fiquem tranquilos, no Supremo a gente resolve!". E os fatos se encarregaram de provar que Daniel Dantas tinha razão. No Supremo ele resolveu…

Pois bem, a jornalista Monica Bergamo (Folha de São Paulo) anuncia que depois de 32 anos de serviço público, Guiomar Feitosa Mendes, mulher de Gilmar Mendes, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), está se aposentando, depois de ter trabalhado mais de 23 anos no STF. Ela será agora gestora da área jurídica do escritório do advogado Sergio Bermudes, do Rio.

Mas a jornalista omite um pequeníssimo detalhe na sua nota: a mulher do Ministro Gilmar vai trabalhar com o advogado de Daniel Dantas!!!. Ou seja, a mulher do juiz que deu, em 48hs, dois Habeas Corpus a Daniel Dantas vai trabalhar com o advogado do cara!!!!

Eu realmente não sei onde vamos parar! Perderam completamente o bom senso! A certeza da impunidade e a arrogância de quem se acha acima das leis é tamanha que não se preocupam nem mesmo em ser discretos. Atuam a luz do dia e já estou esperando os defensores de Gilmar nos comentários deste blog. Ou será que desta vez eles vão se esconder, com medo de defender o indefensável?

Vamos esperar para ver… Enquanto isto, talvez só nos reste chorar!!!!

É PRA RIR OU PRA CHORAR?

Gabriel Pensador

Mulher de Gilmar Mendes vai trabalhar com advogado de Daniel Dantas!!! – Marcos Cavalcanti: O Globo

15/02/2011

Os papéis da Satiagraha | Brasilianas.Org

Filed under: Cosa Nostra,Isto é PSDB!,PIG — Gilmar Crestani @ 10:16 am
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Os papéis da Satiagraha

Enviado por luisnassif, ter, 15/02/2011 – 06:39

Por Adamastor

Da Carta Capital

E ainda insistem em beatificá-lo

Sergio Lirio 14 de fevereiro de 2011 às 10:49h

E ainda insistem em beatificá-lo

Trechos inéditos do relatório da PF reforçam as provas contra Dantas. Por Sergio Lirio. Foto:Marcos D’Paula/AE

Inspirado no trabalho de Julian Assange, mas sem nenhum vínculo com a ONG comandada pelo australiano, um site anônimo autodenominado WikiLeaks Brasil publicou, na quinta-feira 3, partes inéditas do relatório final da Operação Satiagraha, que levou à condenação do banqueiro Daniel Dantas a dez anos de prisão por tentativa de suborno. Os documentos são verdadeiros, apurou CartaCapital, e fazem parte do memorial encaminhado ao juiz Fausto Martin De Sanctis em 23 de junho de 2008 e assinado pela delegada Karina Murakami, atualmente licenciada da Polícia Federal.

Os trechos inéditos comprovam a maioria das acusações feitas contra Dantas: a intenção de usar a mídia para destruir reputações de desafetos, a contratação do espião israelense Avner Shemesh, sempre negada pelo Opportunity, para bisbilhotar a vida alheia, evidências de que os vultosos honorários pagos a escritórios de advocacia serviam, na verdade, para ocultar repasses a terceiros (a PF acredita tratar-se de pagamentos de propina), e novas provas do cerco a integrantes do governo e, principalmente, à então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, para que a fusão entre a Brasil Telecom e a Oi fosse concretizada, como acabaria sendo. A maior parte do relatório baseia-se em ligações telefônicas e e-mails interceptados com autorização judicial.

Um dos alvos do grupo de Dantas era o juiz Ari Pargendler, presidente do Superior Tribunal de Justiça, onde repousam inúmeros processos de interesse do Opportunity. Em e-mails de fevereiro de 2008, Cristina Caetano, funcionária do banco, e o advogado Alberto Pavie discutem o momento de se iniciar o que eles mesmos chamam de “campanha difamatória” contra o magistrado.

Em 18 de fevereiro, escreve o advogado:

“Cristina,

Sobre o Pargendler não há data (…)

Sobre o dossiê Veja é claro que posso fazer (foi esse seu pedido expreso ([sic]).

Mas, sinceramente, não te parece que os criminalistas VÃO FECHAR A CARA PARA MIM???

Não seria melhor eles fazerem esse memorial e nos opinarmos.

Abç

Pavie

Minutos depois, responde a funcionária:

“Pavie,

Obrigada. Outro ponto: retomamos a conversa com o Moreira Alves? Nosso prazo para entrar com a campanha difamatória é no começo de março e se não formos fazer com ele, temos que achar outra pessoa”.

Não há registro, à época, de nenhuma acusação contra Pargendler publicada na revista Veja. Em outubro de 2010, o presidente do STJ virou notícia após um estagiário, que afirmou ter sido demitido sem motivo e de forma constrangedora, ingressar com um processo por assédio moral contra o ministro da corte.

Conhecido por pagar polpudos vencimentos a escritórios de advocacia, principalmente quando o dinheiro não é seu – uma auditoria na Brasil Telecom realizada após o afastamento do Opportunity do comando da operadora descobriu honorários anuais que variavam de 2 milhões a 20 milhões de reais sem a devida comprovação dos serviços prestados –, Dantas é atendido pelas maiores bancas do País. É possível que boa parte, a exemplo do senhor Pavie, preste-se a serviços, digamos, heterodoxos – e isso tem um preço fora da tabela, imagina-se. Mas o relatório da delegada Murakami deixa entrever que os pagamentos tinham outro destino. Diálogos entre Norberto Tomaz e Humberto Braz, o assecla de DD que tentou subornar agentes federais, mostram que o advogado Wilson Mirza servia de “laranja” na intermediação de pagamentos a terceiros. Mirza é um dos mais fiéis causídicos a serviço do Opportunity, a ponto de deixar um talonário de notas fiscais de seu escritório nas mãos de funcionários do banco.

Alguns trechos do diálogo:

Norberto: Agora tá melhor. Olha só: tem que pagar aqueles 350, que também vai ser com o Mirza. E… a Verônica colocou aqui 27,5, porque parece que são várias pessoas físicas.

Humberto: …O que é o seguinte: ele recebe, e paga a pessoa. A pessoa tem que ficar com 350 líquido.

Mais adiante:

Humberto: É… Como esse ele tem… Ele tem que fazer um pagamento… pra  ficar… Ele tem que fazer um pagamento para um sub contratado (sic)…

Norberto: Olha só… E se eu fizer aqui… Ele me deu um talão de notas dele. E se eu fizer o talão aqui… Se eu fizer a nota… Pagar pelo que tá aqui, e depois se tiver algum acerto, a gente acerta em outra nota.

O trabalho de investigação da Satiagraha comprovou, mais uma vez, as relações do espião israelense Avner Shemesh com o Grupo Opportunity. Em 2004, na esteira da Operação Chacal, que investigou a contratação da Kroll por Dantas para espionar integrantes do governo Fernando Henrique Cardoso e do futuro governo Lula, os federais fizeram busca e apreensão na casa de Shemesh em São Paulo. A PF descobrira que o israelense fazia um trabalho paralelo de espionagem ao da Kroll. A polícia encontrou durante a batida dossiês de desafetos do banqueiro, entres eles fotos e relatos sobre as atividades de parentes do jornalista Paulo Henrique Amorim. Shemesh e o Opportunity sempre negaram suas relações, apesar de todas as evidências. Agora, há novas, ainda mais incontestáveis. Em um diálogo interceptado pela polícia, a advogada Daniele Silbergleid e um funcionário do banco de nome Bernardo falam do israelense:

Daniele: Olá

Bernardo: Oi… o cara lá é Abner… da Kroll?

Daniele: Avner…

Bernardo: Tá bom… obrigado.

Em um e-mail de 6 de junho, Cristina Caetano pergunta a Camila Arruda, também do Opportunity, sobre um encontro com o espião:

Camila,

esta confirmado o Avner na terça?

beijos

Trechos do relatório reforçam ainda a atuação do petista Luiz Eduardo Greenhalgh- no lobby a favor da fusão da Brasil Telecom e da Oi. Ex-deputado federal e mais um das dezenas de advogados a serviço de Dantas, Greenhalgh afirmou considerar o orelhudo um “cara legal”. A frase foi dita mesmo depois de o banqueiro ter entregado à revista Veja, às vésperas das eleições de 2006, um dossiê com contas falsas do então presidente Lula no exterior. Em resumo: o ex-deputado admira o sujeito que tentou provocar o impeachment de um presidente que o partido dele, o PT, levou 20 anos para eleger. É um típico caso de firmeza ideológica, lealdade e compromisso partidário.

Greenhalgh, codinomes Gomes e LEG, atuou com diligência ao lado de outro personagem próximo aos barões petistas, Guilherme Sodré. Ora aflitos, ora otimistas, eles assediam integrantes do governo na tentativa de agilizar a fusão entre a Brasil Telecom e a Oi, concretizada no fim de 2008. Há muitas reclamações a respeito do comportamento de Dilma Rousseff, chamada de “Margaret Thatcher” pelo grupo, em referência à dura ex-premier do Reino Unido. A então ministra, tudo indica, tinha restrições ao negócio e não gostava das abordagens. “O governo já se meteu demais nesse assunto. Esse assunto é para morrer mesmo. Com a turma do Rio tem sabotagem, tem manipulação de imprensa”, teria dito a hoje presidenta, segundo relatos de Greenhalgh a Humberto Braz. Não foi a única vez que Dilma rechaçou os contatos da turma.

Parênteses: Greenhalgh não agia só em Brasília. Uma de suas missões era tentar convencer a então governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, a aliviar a fiscalização das fazendas de gado de Dantas no estado. Carepa, com altivez e sem meias-palavras, mandou o colega petista passear.

A documentação inédita comprova mais uma vez a correção da cobertura de CartaCapital do episódio. Mas há os ingênuos, que devem ser bem poucos. E há os que, por alguns trocados, trabalham pela beatificação do orelhudo.

http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/e-ainda-insistem-em-beatifica-lo

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