A diferença entre Lula e FHC pode ser medida pelo histórico de vida de ambos em comparação com o que fizeram quando tiveram oportunidade. Embora FHC, e talvez por isso, tenha tido boa educação, estudado em boas universidades, não só não criou nenhuma universidade pública, como também proibiu, por meio da Lei nº 9.649, de 27 de Maio de 1998, que a União criasse Escolas Técnicas.
Lula, um retirante nordestino, sem as mesmas oportunidades, investiu em educação mais que todos os seus antecessores. E aí a gente vai ver como foi a continuidade de 20 anos de PSDB em São Paulo e vemos essa decadência da USP. Muito diferente, por exemplo, do que fez Olívio Dutra no RS. Na contramão e sob fogo cerrado da RBS, Olívio criou a Universidade Estadual do RS. Foi enxovalhado por isso. A direita e os ignorantes têm na ignorância uma forma de dominação. Não é também por acaso que as políticas sociais voltadas às famílias de baixa renda propostas por FHC jamais condicionaram aos estudo das crianças. Já o Bolsa Família tem esta preocupação, o seu recebimento está condicionado à frequência escolar dos filhos.
Mas isso não é tudo. Pior é que o PSDB e seus parceiros ideológicos combateram todas as formas de pessoas mais pobres entrarem nas Universidades. Fizeram de tudo para combaterem o ENEM. As cotas, ainda não engoliram. O PRONATEC e o PROUNI não recebe uma linha de apoio dos Grupos MafioMidiáticos. Pelo contrário, combatem incessantemente, só porque, ao contrário do Crédito Educativo, não exige que o aluno seja rico e tenha bens para garantir. Pelo contrário, é destinado aos que, sem dinheiro, querem estudar.
O fato de de que seis em cada dez alunos da USP possam pagar não deveria servir de justificativa para privatizar o ensino. Aliás, foi o Governo do PSDB em São Paulo, José Serra e Geraldo Alckmin que condenaram o uso do ENEM. Simplesmente porque eles não queriam que pobres entrassem na USP. O meritismo da direita é este. Meritocracia é o mérito da direita de fruir dos privilégios sem pagar e sem culpa. O único mérito do Nelson Sirotsky, para ganhar a RBS, foi ser filho de Maurício Sirostky.
Quem tem dinheiro tem direito de estudar na USP. E o que o PSDB fez para mudar isto. Fez. Mas para manter o que só hoje a Folha constata.
E por aí se entende porque o ódio ao Lula. Afinal, como pode este ignorante querer que pobres estudem?
Mensalidade poderia ser paga por 60% dos alunos
Em cenário analisado pela Folha, arrecadação chegaria a R$ 1,8 bilhão
Valor representa 44% do repasse do Estado e seria alcançado com parcela de R$ 2.600; Constituição veta
ÉRICA FRAGAFÁBIO TAKAHASHIDE SÃO PAULO
Seis em cada dez alunos da graduação da USP têm condição econômica para pagar mensalidade, segundo critérios do Prouni (programa federal de bolsas em faculdades privadas).
A arrecadação anual da maior universidade pública do país poderia aumentar R$ 1,8 bilhão, caso fosse adotado um modelo que combinasse cobrança na graduação e pós-graduação e concessão de bolsas para estudantes da graduação.
O cálculo leva em conta uma mensalidade próxima ao valor médio cobrado pela PUC-Rio (R$ 2.600), melhor instituição superior privada do país segundo o RUF (Ranking Universitário Folha).
O valor potencial arrecadado representa 44% do subsídio de R$ 4,1 bilhões recebido pela USP em 2013 do governo estadual –que é a principal fonte orçamentária da USP.
A legislação estabelece que 5% do ICMS do Estado seja transferido à universidade.
A Folha analisou diferentes cenários hipotéticos de financiamento para a USP, que enfrenta uma de suas maiores crises orçamentárias.
Os problemas financeiros forçaram a universidade a usar R$ 1,3 bilhão dos R$ 3,6 bilhões de sua poupança, principalmente devido aos seguidos reajustes salariais.
Atualmente, a folha de pagamentos sozinha excede o que a USP recebe por ano do governo estadual.
PERFIL DOS ALUNOS
Dados oficiais da USP indicam que 34% dos alunos vêm de famílias com renda mensal superior a dez salários mínimos (R$ 7.240). Pelas normas do Prouni, esses estudantes não teriam direito seja à bolsa integral seja aos 50% de desconto.
Também segundo o critério do Prouni, outros 30% dos alunos da USP poderiam ter acesso a bolsa de 50% por terem renda familiar entre cinco e dez salários mínimos.
Se esses 64% dos alunos de graduação, mais todos os de pós-graduação, pagassem a mensalidade média da PUC-Rio, a USP levantaria R$ 1,8 bilhão ao ano.
Caso a mensalidade considerada nesse cenário fosse o valor médio da Universidade Mackenzie (R$ 1.061), o montante arrecadado por ano seria R$ 730 milhões (18% do orçamento da USP).
Qualquer mudança na gratuidade na USP, porém, exigiria alteração da Constituição, que proíbe cobrança de mensalidade em instituições públicas de ensino.
Mas a discussão a respeito desse tema é recorrente em razão de limitações orçamentárias do poder público.
No caso da USP, se a universidade não contasse com repasse do governo, a mensalidade teria de ser R$ 3.900 para todos os alunos. Pelo menos 35% deles têm renda familiar total inferior a isso.
Esse valor é maior que o cobrado por instituições de ponta privadas como o Insper –faculdade de elite paulista–, em que a mensalidade média é de R$ 3.260. Para atrair estudantes de diversas classes sociais, o instituto oferece bolsas integrais não reembolsáveis e financiamento parcial.
DADOS
As simulações feitas pela Folha possuem algumas limitações. Para definir o perfil socioeconômico dos alunos, por exemplo, a reportagem utilizou os dados dos calouros do vestibular de 2013.
Foi considerada a mesma mensalidade média para graduação e pós-graduação.
Além disso, o orçamento de R$ 4,1 bilhões da USP não mostra quanto é destinado especificamente à extensão, à pesquisa e ao ensino.
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