Os gaúchos zelam tanto pela própria cultura que botaram no governo do Estado uma paulista que entendia de pantalhas. E uma Secretária da Cultura que de cultura só tinha a cavalgadura.
Adoro meus leitores.
Alguns são seletivos.
Só leem num texto o que lhes interessa.
Os defensores da ditadura ainda batem coturnos.
Os gaudérios juram que sempre trataram bem dos seus cavalos.
É verdade.
A doma violenta sempre foi uma exceção entre nós.
Nossos gaúchos conheciam outras domas, aprendidas com os índios, e as praticavam fartamente.
Eu é que não havia percebido.
Passei infância e adolescência vendo domas.
Vi tudo errado.
No meu texto, publicado no CP, tratei de antecipar: "Sim, imagino, existem outros que também ajudaram a descobrir ou a praticar a doma racional. Sim, claro, aceitarei suas explicações. Mas serei categórico: nunca conseguiram encantar os cavalos".
Sei, esse americano que encanta cavalos é só mais um.
Os nossos gaudérios já sabiam disso desde sempre.
Sim, os nossos cavalos de hoje são bem tratados.
Os de ontem, claro, só eram amansados na paulada em caso de necessidade.
Como sou bobo.
A ditadura foi para salvar a democracia.
A doma violenta nem era tão violenta, além de ser rara.
De cavalos e ditadores, entendemos muito.
Dos últimos cinco ditadores brasileiros, três eram gaúchos. Os outros eram formados aqui.
O método era o mesmo da nossa doma: racionalidade, afeto e, só em caso de muita necessidade, porrada.
Aprendemos tudo com os índios antes de praticamente exterminá-los racionalmente: nem sempre tivemos ocasião de aplicar esses ensinamentos.
Divertido mesmo é ver a fúria de alguns.
Os mais racionais.
O nosso presente absolve o nosso passado.
Inventamos a doma racional há séculos. Só não contamos para o mundo.
Um pequeno problema de marketing.
A doma violenta só aplicamos para salvar a democracia.
Com licença que eu vou dar alfafa para o meu pingo.
Postado por Juremir Machado da Silva – 17/04/2011 19:26
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