Ficha Corrida

28/03/2014

A Folha continua com seu Regime… Militar

Paulo MalhoesREGIME MILITAR, como diria Paulo Malhães, é o caralho! Sem eufemismo dona ditabranda, o que houve foi Ditadura Militar com apoio da Folha, Globo & RBS! O que importa não são as relações dos militares de hoje com os militares mortos, mas as ideias de que assassinar quem pensa diferente é coisa normal. Se fosse normal, o negócio seria assassinar os militares, só porque pensam diferente. É isso?

Regime Militar: Forças Armadas de hoje não têm relação com ditadura, diz ministro

DE BRASÍLIA – O ministro Celso Amorim (Defesa) afirmou ontem, durante audiência no Senado, não ver relação entre as Forças Armadas de hoje e a que atuou na ditadura militar.

Questionado sobre se a Defesa iria se manifestar sobre o caso do ex-deputado Rubens Paiva, morto em 1971 após ser preso por militares, o ministro afirmou que o Estado já pediu desculpas pelo ocorrido.

"O Estado brasileiro, ao pagar as indenizações já, de certa maneira, pediu desculpa por tudo que ocorreu. Agora, cabe sim esclarecer a verdade. Estamos plenamente de acordo e cooperando nisso em tudo que podemos", afirmou Amorim.

"As Forças Armadas de hoje não têm nada a ver com aquilo", acrescentou.

Rubens Paiva desapareceu em 1971, após ser preso em sua casa no Rio por agentes da Aeronáutica. Segundo a Comissão da Verdade, ele morreu sob tortura no DOI-Codi.

Na época, o Exército disse que Paiva havia sido resgatado por "terroristas" enquanto era transportado por agentes no Rio. A farsa foi desmontada há anos, mas as Forças Armadas se recusam a admitir que ele morreu no DOI-Codi.

27/03/2014

Ué, seu Rossi, mas teu patrão não falou que a dita foi branda?!

O que causa espécie não é este animal confessar que destroçava pessoas durante a ditadura. Estes animais com forma humana sempre existiram e existirão. A tristeza me vem de pessoas pretensamente inteligentes que se congratulam com o regime cuja única obra foi deixar aflorar, e proteger, os instintos mais animalescos que se pode ver em qualquer espécie animal. Aliás, nunca é demais lembrar que os atuais grandes grupos de mídia, a$$oCIAdos ao Instituto Millenium, não só se congratularam com a ditadura, como dela retiram o sumo do seu crescimento. Sem ditadura não existiria Rede Globo, Grupo RBS, Grupo Folha da Manhã, Estadão, Abril/Veja. Seriam todos jornais de bairro. Até hoje a Rede Globo admitiu que errou ao apoiar a ditadura, mas não pediu desculpas nem devolveu o que lucrou com ela, a ditadura. A Folha achou por bem publicar que não foi ditadura, mas ditabranda. Logo a Folha que emprestava as peruas que distribuíam o jornal para que agentes do tipo Paulo Malhães pudessem desovar junto com o matutino os presuntos fabricados à noite nos porões da ditadura. Mas como diz a manada de muares por aí, na ditadura não havia corrupção. Pois é, matar quem denunciava a corrupção também não era corrupção. ERA PRAZER!

Clóvis Rossi é um jornalista como muitos no Brasil que clamam por liberdade de expressão. Qual a liberdade que ele tem de escrever sobre o papel de seu patrão e da empresa do patrão na produção de Paulo Malhães?

Paulo MalhoesCLÓVIS ROSSI

O orgulho do assassino

Confissões do coronel Malhães chocam pelo sadismo, mas não por contar o que já se sabia

Mesmo para quem lidou durante muitos anos com a questão dos direitos humanos, no Brasil e na América Latina, é chocante ler o depoimento do coronel reformado Paulo Malhães à Comissão Nacional da Verdade (folha.com/no1430795).

Mas choca apenas pelo sadismo revelado pelo oficial e pela frieza com que confessa crimes bárbaros. O fato de que havia torturas e assassinatos já era arquiconhecido e, portanto, não pode provocar surpresa, a não ser em distraídos, desavisados ou viúvas da ditadura, como os que promoveram a fracassada reedição da Marcha da Família.

De todo modo, creio que seja uma das primeiras vezes, talvez até mesmo a primeira, em que um torturador –e não um torturado– admite os fatos como os fatos se passaram. Com o adicional de que era um oficial cuja função lhe permitia ter pleno conhecimento de tais fatos.

José Carlos Dias, o advogado que o interrogou na CNV, chamou o coronel reformado de "sádico e exibicionista".

É verdade, mas é preciso ter claro que o sadismo e o exibicionismo podem ser características específicas de um ou de outro oficial (há mais Malhães por aí), mas a violência contra os opositores do regime era uma política de Estado, não uma iniciativa dos porões.

Estes só acrescentavam o sadismo, mas o esquema geral tinha a aprovação das cúpulas militares e, por extensão, da cúpula do poder político, à época ocupada por generais.

Matar, torturar, fazer desaparecer –tudo isso era um sistema, bem documentado, de resto, nos livros desse notável Elio Gaspari sobre o período militar, o mais completo balanço jamais publicado a respeito (acabam de ser lançadas reedições atualizadas).

É por isso que se torna inaceitável o silêncio das Forças Armadas a respeito do que ocorreu no período.

Alegar que o que houve no Brasil, em dados momentos dos anos 60 e 70, foi uma guerra contra a subversão não resiste a uma análise séria. Tanto é assim que o coronel Malhães descreveu como os torturadores faziam para dificultar ou impossibilitar a identificação dos torturados que matavam.

Ora, mesmo numa guerra, há normas e códigos, entre os quais o de devolver os cadáveres.

Se trataram de fazê-los desaparecer ou de dificultar a identificação, só pode ser porque sabiam que estavam fazendo algo ilegal, errado, absurdo, de uma violência (no caso contra os familiares em busca de informações) adicional à já insuportável violência que é o assassinato e/ou a tortura.

Vamos ser claros: houve, sim, alguns choques armados entre opositores e repressores, mas a maior parte das mortes foi assassinato puro e simples.

Tudo bem que houve uma anistia para ambos os lados e que a maioria aceita que ela era indispensável para poder virar a página e tocar adiante o país.

Ainda assim, não deixa de ser incômodo saber que um assassino e torturador confesso anda por aí livre e sem ter sido submetido ao menor constrangimento. Um assassino que se orgulha dessa condição.

crossi@uol.com.br

    07/10/2013

    Eis porque as ditaduras escondem os arquivos

    Filed under: Corrupção,Corruptores,Ditadura — Gilmar Crestani @ 9:34 am
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    EL PILLAJE ORGANIZADO

    LIBRO
    Cuentas pendientes Los cómplices económicos de la dictadura
    Cash publica el capítulo de Federico Delgado, uno de los participantes del libro Cuentas pendientes, de Horacio Verbitsky y Juan Pablo Bohoslavsky. El fiscal de primera instancia ante los juzgados en lo Criminal y Correccional Federal de la Ciudad de Buenos Aires describe la “mercantilización del terror”. Menciona con nombre y apellido a Guillermo Walter Klein, Adolfo Diz, Alejandro Estrada, Manuel Solanet, Roberto Durrieu, Alberto Rodríguez Varela, Jaime Smart, Raúl Salaberry, entre otros. Destaca que el Estado intervino en esa tarea a través de la Policía Federal, el Banco Central y la Comisión Nacional de Valores. De ese modo, afirma que mientras se amoldaban las relaciones económicas de acuerdo con el nuevo patrón de acumulación, también se hacían negocios turbios.

    Por Federico Delgado

    EL EMPRESARIADO INDUSTRIAL Y LA PARTICIPACION POLITICA

    Una relación conflictiva

    Por Marina Dossi

    FINANZAS › GRANDES EMPRESAS Y AGENTES SE OPONEN AL NUEVO MARCO REGULATORIO DEL MERCADO DE CAPITALES

    Resistencia a los cambios

    Por Cristian Carrillo

    EL DESARROLLO DE LAS ENERGIAS RENOVABLES

    Listas para usar

    Por Juan Carlos Villalonga y Roque Pedace

    Domingo, 6 de octubre de 2013

    Tapa cash

    Página/12 :: Cash

    25/05/2013

    A comissão de frente da mentira: quem teme a verdade sobre a ditadura?

    Filed under: Comissão da Verdade — Gilmar Crestani @ 11:03 am
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    O ministro, o general, o comissário?

    Por Luiz Cláudio Cunha
    Especial para o Sul21

    O Brasil descobriu nos últimos dias que a tropa de elite dos altos escalões da República que combate a verdade é mais forte e abusada do que se imaginava. Cerram fileiras ali, entre outros, o Ministro da Defesa, comandantes do Exército e da Marinha e até mesmo um dos sete ilustres membros da Comissão Nacional da Verdade (CNV), que deve ser a primeira trincheira de seu resgate perante o país.

    As fantasias foram rasgadas, de vez, com a apresentação em Brasília, na terça-feira (21), do balanço do primeiro ano de atividades da CNV. Ali, com gráficos e documentos inquestionáveis, a historiadora Heloísa Starling, da Universidade Federal de Minas Gerais e coordenadora da pesquisa da CNV, apresentou dados perturbadores sobre a repressão que marcou a ditadura de 1964-85. Entre eles, a grave acusação de que, em plena democracia, a Marinha mentiu para o Palácio do Planalto. Em 1993, o presidente Itamar Franco pediu dados sobre desaparecidos. A Marinha informou que os presos citados tinham fugido ou estavam sumidos. Baseada no cruzamento de 12.072 páginas do CENIMAR, o serviço secreto da Marinha, a equipe de pesquisa da CNV apurou que 11 pessoas daquela lista estavam mortas até dezembro de 1972 — e a Marinha sabia disso. Um dos mortos, cujo nome a Marinha sonegou a Itamar Franco, era o ex-deputado Rubens Paiva, preso e desaparecido em janeiro de 1971.

    “É o primeiro documento oficial que diz que Rubens Paiva está morto. A Marinha brasileira ocultou deliberadamente documentos já no período democrático”, declarou Starling. A Marinha reagiu no mesmo dia, burocraticamente, sem desmentir a acusação e sem rebater o que revelam seus arquivos secretos: “Não há qualquer outro registro nos arquivos desta Força, diferente daqueles encaminhamos ao Ministério da Justiça em 1993”, gaguejou a Marinha, em sua inconvincente nota oficial.

    Dias antes, quem tropeçou foi o Exército. No sábado, 11 de maio, o tenente-coronel André Alves, comandante do 2º Regimento de Cavalaria Mecanizada de São Borja (600 km a oeste de Porto Alegre) informou ao prefeito Farelo Almeida que o Exército não atenderia seu pedido para fazer a segurança do túmulo do ex-presidente João Goulart (1919-1976), filho ilustre da cidade e enterrado há 36 anos no cemitério local, o Jardim da Paz. A pedido da família Goulart, a CNV aprovou a exumação dos restos de Jango para esclarecer, com a ajuda de peritos internacionais, a suspeita de que o ex-presidente foi envenenado, no exílio, no marco da Operação Condor, a conexão repressiva que unia as ditaduras do Cone Sul na década de 1970.

    O oficial de São Borja disse ao prefeito que o pedido fora avaliado e negado por seu chefe imediato, o general Geraldo Antônio Miotto, comandante da 3ºª Divisão de Exército, baseada em Santa Maria.

    A alegação do general para a recusa soou sobrenatural: “A área não é jurisdição das Forças Armadas”. Estranho seria se fosse. Exércitos não existem para patrulhar cemitérios, embora a História mostre que eles costumem povoá-los com os mortos de guerras ou de golpes de Estado que eles patrocinam. O general definiu que a missão de vigilância cabia à Brigada Militar (a força pública estadual) ou à Guarda Municipal, esquecido que a questão central aqui não é a ‘área’, mas a missão que lhe incumbe neste caso dos restos mortais de Jango.

    Não compete a qualquer general definir que a guarda do cemitério, neste tema específico, seja encargo do Estado ou do Município. A decisão de exumar o ex-presidente derrubado em 1964 pelo Exército a que o general Miotto hoje serve não é preciosismo de lideranças municipais ou de comandantes estaduais. É uma decisão política do mais alto nível, adotada pela CNV em Brasília, articulada com a família Goulart e especialistas forenses de outros países, e que a ninguém mais cabe discutir. Ao Exército, como sempre, resta cumprir ordens.

    Ninguém é ingênuo para imaginar que a recusa institucional do Exército de dar segurança a esta missão federal seja mero rompante de um tenente-coronel de São Borja ou de um general de Santa Maria. Pelas implicações políticas envolvidas, parece óbvio que a recusa tenha sido acertada dentro da escala de comando. Pela cadeia hierárquica, progressivamente, o general Carlos Bolívar Goellner (comandante Militar do Sul), o general Enzo Martins Peri (comandante do Exército em Brasília) e o chefe de ambos, o embaixador Celso Amorim (ministro da Defesa).

    Todas estas estrelas fulgurantes não perceberam o dano político provocado pelo ‘não’ burocrático da guarnição militar do sul. Seria tão mais simples atender ao pedido elementar do prefeito, sem apelar para as tecnicalidades e pretextos jurídicos que só escancaram uma situação melancolicamente clara: o Exército não é parceiro da CNV e da sociedade brasileira na luta para descobrir a verdade.

    No caso emblemático de Jango, que marca a longa intervenção militar de duas décadas na vida do país, o Exército perdeu a grande chance (mais uma) de demonstrar ao país que é uma instituição nacional sem qualquer amarra a um passado de violência institucional, de subversão constitucional e de truculência repressiva que enodoam sua farda e sua história. O Exército da atualidade, como instituição da lei e da ordem constitucional, tem todos os motivos do mundo para atender sem constrangimentos à sua missão histórica e assumir os encargos que o Estado Democrático de Direito lhe impõe.

    Uma tropa do Exército zelando pela integridade de um cemitério sob investigação federal de relevante interesse histórico seria uma demonstração cabal, firme, eloquente, de que este Exército tem apenas o compromisso com o futuro, não com o passado que muitos tentam negar ou escamotear. Esta boba recusa de São Borja escancara um incompreensível alinhamento do Exército do Governo Dilma Rousseff, quatro décadas depois, com a postura ofensiva e indefensável do Exército do Governo Ernesto Geisel.

    Um serviu à ditadura de ontem que tremeu ao simples regresso do presidente, morto, à sua terra natal. O outro serve à democracia de hoje que ampara a plena investigação sobre a morte suspeita de um presidente respeitado pelo povo que o elegeu e temido pelo regime que o derrubou. A diferença ostensiva entre estas duas eras militares está decalcada na ficha impecável dos atuais comandantes militares do Brasil. Eles, como as tropas que hoje comandam, nada têm a ver com as truculências cometidas no regime derrocado pela democracia.

    O atual comandante do Exército, Enzo Martins Peri, 72 anos, chegou ao generalato em 1995, no primeiro Governo FHC, sem ter sujado as mãos com repressão e violações aos direitos humanos. Peri vem de um ramo técnico da força terrestre, a Engenharia, e era um segundo-tenente de 23 anos quando irrompeu o golpe de 1964. Entre a derrubada da Jango e a edição em 1968 do AI-5, ele hibernou num asséptico batalhão de engenharia no Rio de Janeiro. Teve uma rápida passagem pela 2ª Seção (área de informação) do discreto 1º Grupamento de Engenharia e Construção de João Pessoa, na Paraíba. Atravessou ileso a turbulenta década de 1970, imune aos desmandos de seus colegas de farda.

    Seus outros dois companheiros de comando desfrutam da mesma presunção de inocência. O almirante Júlio Soares de Moura Neto, 70 anos, comandante da Marinha, completou 21 anos apenas 11 dias antes do golpe de 31 de março. Apenas cinco meses após a queda de Jango é que Moura Neto vestiu a farda de guarda-marinha. Nos anos cinzentos da década de 1970 manteve sua ficha politicamente alva como seu uniforme de capitão-de-corveta. Chegou ao almirantado também no Governo FHC, em 1995. O brigadeiro Juniti Saito, 70 anos, comandante da Aeronáutica, virou aspirante da FAB apenas no final de 1965, 19 meses após o golpe militar. Chegou a capitão em 1971 e terminou a década maldita como major, sem sobrevoar a área mais turbulenta da Força Aérea, liderada pelo brigadeiro e radical João Paulo Burnier. Foi promovido a coronel em 1988 no Governo Sarney e chegou a brigadeiro em 1995 com FHC.

    Soa, assim, incompreensível a má vontade ou simples incompreensão dos altos mandos militares brasileiros com a tarefa elementar de recuperar a verdade histórica do país, especialmente nos anos encobertos do regime militar. Os comandantes e seus subordinados não têm nenhuma razão para avocar as dores e as culpas de um passado que não lhes cabe assumir, nem respaldar, muito menos esconder. A apuração dos malfeitos dos militares da ditadura deveria ser o principal interesse dos militares da democracia, pelo resgate incondicional da verdade que, nunca apurada, acaba confundindo as atuais Forças Armadas com os crimes no passado de maus chefes e companheiros de armas e de violência contra os cidadãos e contra as leis do país.

    Os comandantes brasileiros poderiam se inspirar no exemplo de seus colegas vizinhos da Argentina e do Uruguai, que fizeram com mais firmeza a transição da ditadura para a democracia. Em solo argentino, sede da mais virulenta ditadura da região, mais de 200 militares argentinos já foram condenados pela Justiça e outros 800 aguardam julgamento, enquanto 15 foram sentenciados à prisão perpétua — o mais famoso deles, o general Jorge Rafael Videla, morreu numa cela comum no último dia 17, aos 87 anos, 30 anos após a queda do regime militar. Os generais da democracia não se sentiram comprometidos com os crimes de seus antecessores, os generais da ditadura, responsáveis pela sangrenta marca de 30 mil mortos e desaparecidos, segundo as entidades de direitos humanos da Argentina.

    A prova dessa diferença crucial apareceu nas telas de TV do país, em abril de 1995, no Governo Carlos Menem, quando o programa de entrevistas mais famoso da época, o Tiempo Nuevo, do jornalista Bernardo Neustadt, recebia no estúdio a maior autoridade militar do país, o general Martin António Balza, comandante supremo do Exército. Fardado, sereno, o general tirou do bolso um papel com anotações e falou, para espanto geral:

    — Sem buscar palavras inovadoras, mas apelando aos velhos regulamentos militares, aproveito esta oportunidade para ordenar uma vez mais ao Exército, na presença de toda a sociedade: ninguém está obrigado a cumprir uma ordem imoral ou que se afaste das leis e dos regulamentos militares. Quem o fizer incorre em uma conduta viciosa, digna da sanção que sua gravidade requeira. (…) Sem eufemismo, digo claramente: delinque quem vulnera a Constituição nacional. Delinque quem emite ordens imorais. Delinque quem cumpre ordens imorais. Delinque quem, para cumprir um fim que crê justo, emprega meios injustos e imorais. A compreensão desses aspectos essenciais faz a vida republicana de um Estado. (…) Em nome da luta contra a subversão, o Exército derrubou o governo constitucional e se instalou no poder em forma ilegítima, num golpe de Estado. Venho pedir perdão por isso e assumir a responsabilidade política pelo desatino cometido no passado. No poder, o Exército cometeu ainda outros delitos. O Exército prendeu, sequestrou, torturou e assassinou – tal qual o fizeram os delinquentes subversivos – e muitos de seus membros viraram delinquentes como eles — disse o general Balza.

    Uma catarse parecida ocorreu em outubro de 2012, no Uruguai, quando uma equipe de antropólogos encontrou os restos de uma ossada ao escavar o quintal do Batalhão de Paraquedistas nº 14, na cidade de Toledo, a uns 30 km do centro de Montevidéu. A perícia preliminar constatou ser o cadáver de um homem de quase 70 anos, executado com um tiro na testa, com as mãos amarradas às costas, os tornozelos imobilizados por arame. O que mais chocou o Uruguai foi a revelação da identidade do morto, um dos desaparecidos mais famosos do país: o professor e jornalista Júlio Castro, sequestrado no centro da capital em agosto de 1977 aos 68 anos, era um educador respeitado, versão local de Paulo Freire, e um dos fundadores do mítico semanário Marcha, fechado pela ditadura um ano após o golpe de 1973.

    Mas, nada surpreendeu mais aos uruguaios do que a entrevista, em 5 de dezembro, do supremo comandante do Exército, general Pedro Aguerre, que convocou os jornalistas para falar sobre o macabro achado no quartel dos paraquedistas:

    — O Exército nacional não aceitará, não tolerará, nem acobertará homicidas ou delinquentes em suas fileiras. Aquele que está falando com vocês comete erros diariamente, como qualquer ser humano, mas hoje estamos falando de crimes, essa é uma linha que este Comandante e seu Exército não cruzarão. Não tenho conhecimento de um pacto de silêncio para acobertar crimes dentro da Força que comando e, mesmo desconhecendo se existiu ou ainda existe até hoje tal pacto, neste momento dou a ordem de sua suspensão imediata — trovejou o general Aguerre.

    É difícil imaginar um militar brasileiro, menos ainda um general, com a coragem e a altivez para uma declaração semelhante ou uma atitude parecida. Mas é fácil imaginar o efeito regenerador que um episódio assim teria sobre a imagem das Forças Armadas e sobre a autoestima nacional. Chefes com a nobreza e a clareza de princípios dos generais Balza ou Aguerra ainda não foram ouvidos ou percebidos nas fileiras do Brasil. Ninguém aqui assumiu responsabilidade pelos desatinos do passado, nem chamou de delinquentes aos camaradas fardados que vulneraram a Constituição ou emitiram ou cumpriram ordens imorais. Não chegaram à grandeza de qualificar como golpista ao próprio Exército que, em nome da luta contra a subversão, derrubou o governo constitucional e se instalou no poder de forma ilegítima.

    Assim disse o general na Argentina, assim não disse nenhum general no Brasil.

    Ao contrário do que se ouviu do bravo general argentino, jamais se ouviu um pedido de perdão semelhante de qualquer general brasileiro.

    As verdades que começam a emergir com o trabalho da Comissão Nacional da Verdade produzem uma natural reflexão sobre a Lei da Anistia de 1979. Na verdade, uma autoanistia concedida pela ditadura, em agosto de 1979, quando o último dos cinco generais do ciclo militar ainda usurpava o Palácio do Planalto. Votada num Congresso emasculado pelo AI-5 e manietado pelas cassações, a lei desenhada pelo regime de força confiava na sua confortável maioria parlamentar — 221 cadeiras da ARENA, a sigla da ditadura, contra 186 do MDB, a legenda da oposição. Ainda assim, a anistia da ditadura que nivelava torturados e torturadores pelo manto da impunidade só passou por magros cinco votos — 206 contra 201.

    A esmagadora maioria da CNV manifestou publicamente a certeza de que, na sequência da verdade resgatada, virá a justiça negada. Ou seja, a reinterpretação da Lei da Anistia, despojada dos freios que ainda hoje mantêm impunes os agentes públicos que cometeram graves violações de direitos humanos, como torturas, desaparecimentos forçados e mortes.

    Curiosamente, o ministro da Defesa, Celso Amorim, recusa esta evolução do pensamento. Certamente mais por má vontade do que por ignorância, Amorim disse o que não lhe foi perguntado: “O Governo Dilma não respalda qualquer tentativa de revisão da Lei de Anistia”. Mais preocupado em tranquilizar os quartéis do que a sociedade civil que deveria representar como ministro das Forças Armadas, Amorim bem sabe que revisão de lei não cabe nem ao Executivo, muito menos à Comissão da Verdade.

    Essa é uma atribuição exclusiva do Congresso Nacional, onde hoje tramita uma lei da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) que trata não da revisão, mas da reinterpretação da Lei da Anistia. Ela continuará prevalecendo para os crimes políticos, não para os delitos comuns, como a tortura praticada por agentes públicos e que representam crimes de lesa-humanidade, como reconhece o mundo civilizado e até o Brasil, pelos acordos internacionais que assinou e que o país não cumpre.

    O mais surpreendente não é a deserção do Exército no cemitério de São Borja, nem a nota oca da Marinha que mentiu para um presidente da República, nem a frase evasiva do Ministro da Defesa incondicional dos militares. O que mais espanta, neste momento, é a manifestação despropositada de um dos comissários da Comissão Nacional da Verdade, o advogado José Carlos Dias, tentando estender o manto da impunidade que cobre o país e seus torturadores há longos 34 anos. “O objetivo da CNV não é punitivo. Eventualmente, os fatos apurados poderão ser objeto de uma ação do Estado. Mas não cabe à Comissão da Verdade fazer este tipo de recomendação”, disse Dias ao jornal Folha de S.Paulo de quarta-feira, 22, tentando impor sua vontade solitária ao colegiado da CNV.

    As recomendações serão dadas só no relatório final da CNV, que deve prolongar seus trabalhos até o fim de 2014. Nesse campo, esperava-se bem mais do advogado Dias, dono de uma respeitável biografia como advogado de presos políticos durante a ditadura, presidente da Comissão de Justiça e Paz do bravo cardeal Paulo Evaristo Arns e ministro da Justiça do Governo FHC. A pregação pró-impunidade do comissário Dias conflita com o pensamento dos principais juristas e tribunais internacionais. E tromba, principalmente, com seus próprios companheiros de CNV. “As autoanistias, dentro do direito internacional, não valem. Se nós estamos de acordo com isso, nós vamos ter, sim, que recomendar que esses casos sejam judicializados pelo direito interno”, disse a advogada Rosa Cardoso, que acaba de assumir a coordenação da CNV.

    O cientista político Paulo Sergio Pinheiro concorda: “A minha posição é idêntica à da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, que em 2010 entendeu que as graves violações aos direitos humanos no Brasil devem ser punidas”. Outro comissário, Cláudio Fonteles, procurador-geral da República no Governo Lula, acentua: “Se entendermos que a lei deve ser revista e que a anistia não deveria ter sido recepcionada pela Constituição, vai constar no documento final, no espírito das recomendações”.

    Alguém poderia lembrar ao comissário José Carlos Dias que o Brasil não pode ignorar nem descumprir a sentença da Corte da OEA, que condenou o Brasil pelas mortes e desaparecimentos forçados no combate à guerrilha do Araguaia, exigindo punição aos responsáveis por estes crimes. Quem se opõe à punição aos torturadores está, também, fazendo oposição à consciência jurídica internacional que não compactua com as violações aos direitos humanos e não admite a prescrição para crimes de lesa-humanidade.

    O Exército, a Marinha, o ministro Amorim e o comissário Dias não podem fingir que servem à verdade e ao país, quando apenas maculam a memória e a justiça. Para combater as trevas da violência e do arbítrio, continuam valendo as últimas palavras que o escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) pronunciou no leito de morte: “Luz! Mais luz!”.

    Luiz Cláudio Cunha é jornalista
    cunha.luizclaudio@gmail.com

    Sul 21 » A comissão de frente da mentira: quem teme a verdade sobre a ditadura?

    18/04/2013

    E quem vai identificar as milhares de crianças assassinadas pelos EUA?

    Filed under: Isto é EUA!,Terrorismo de Estado — Gilmar Crestani @ 8:16 am
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    As milhares de crianças mortas no Iraque provocadas por uma guerra construída na mentira das armas de destruição em massa já foram identificadas e choradas por seus familiares? E as sete vítimas da Venezuela provocadas pelas desestabilizações impulsionadas pela CIA para entronizar Capriles? Há um déficit de vítimas norte-americanas em relação àquelas provocadas pelos EUA? Portanto, só um hecatombe norte-americana poderia me comover!

    Identificadas las tres víctimas del atentado de Boston

    Son Martin Richard, de ocho años; Krystle Campbell, de 29, y Lu Lingzi, joven de nacionalidad china

    Yolanda Monge Boston 17 ABR 2013 – 18:31 CET6

    Llanto por las víctimas en Boston. / STAN HONDA (AFP)

    Las tres víctimas mortales del atentado terrorista de Boston tienen rostro y nombre. El pequeño Martin Richard, ocho años, que junto a su familia esperaba a unos amigos de su padre a que cruzaran la línea de meta. Cuando la familia oyó la primera explosión, en un acto reflejo que resultó trágico huyó del lugar y corrió en dirección contraria para literalmente lanzarse contra la segunda bomba que explosionaba 12 segundos después de la primera. Esa segunda explosión acabó con la vida del niño y ha causado graves heridas cerebrales a su madre y a su hermana, que ha perdido una pierna. Su padre solo sufrió impacto de metralla en las piernas, y otro de sus hijos salió ileso. Ayer Boston recordaba al niño en una emotiva vigilia llena de velas y flores amarillas.

    Con la voz rota por el llanto, Patricia Campbell logró acabar un par de frases en el porche de su casa para declarar ante la prensa que no era capaz de creer lo que estaba sucediendo y recordar a su hija Krystle Campbell, 29 años. “Es imposible tener una hija mejor”, dijo la señora Campbell, la voz quebrada de nuevo.

    La tercera víctima es una joven de nacionalidad china que ha sido identificada por un periódico chino y un compañero de Universidad como Lu Lingzi, a pesar de que el consulado chino en Nueva York no ha hecho pública su identidad a petición de la familia. Lu estudiaba finanzas en la Universidad de Boston y había acudido al maratón a ver a una amiga correr. De momento se desconoce su edad exacta.

    El atentado de Boston se ha cobrado tres vidas y ha dejado a más de 180 personas heridas, 13 de ellas en estado crítico. La madre de la joven Campbell recordaba que su hija era una trabajadora infatigable a la que adoraba todo el mundo. La familia de Krystle vivió una experiencia devastadora, al ser informada en un principio que su hija estaba con vida y que la fallecida había sido la amiga que la acompañaba. Horas después, las autoridades comunicaban a la familia que Campbell era quien yacía muerta en un hospital de Boston.

    Parte de una familia muy querida y respetada de Dorchester –el padre es un dirigente vecinal, la casa de los Richard se ha convertido en los últimos días en un lugar de peregrinaje y la foto de la jovencísima víctima es ahora un símbolo de la barbarie terrorista. “Todo Dorchester está destrozado. Todo el mundo está destrozado”, dijo a Reuters Jane Sherman, que vive puerta con puerta con los Richards. “No sé si hay algo que pueda decir”.

    “Era una persona alegre, abierta. Todos sus amigos la querían”, dijo su abuela, Lillian Campbell, de su nieta Krystle, en una entrevista que le hizo la cadena CNN. Krystle Campbell estaba en la calle Boylston el lunes con su mejor amiga, Karen, cuando ocurrieron las explosiones. Karen resultó herida de gravedad después de pedir a Krystle que la acompañara a tomar una foto a su novio cruzando la meta.

    Identificadas las tres víctimas del atentado de Boston | Internacional | EL PAÍS

    15/04/2013

    CIA – mercenários da morte

    Filed under: CIA,Drones,Isto é EUA!,Terrorismo de Estado — Gilmar Crestani @ 7:04 am
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    Quando tirarem dos EUA o direito divino de assassinarem quem eles desejam e acabarmos com os vira-latas e vira-bostas que dão sustentação ideológica aos assassinos, talvez aí possamos em falarmos em civilidade.

    CIA fez acordo secreto para ‘drones’

    Por MARK MAZZETTI

    NEK MUHAMMAD SABIA que estava sendo seguido.

    Num dia quente de junho de 2004, esse membro da tribo pashtun estava dentro de uma construção de barro no Waziristão do Sul conversando por telefone via satélite com um dos muitos jornalistas que regularmente o entrevistavam a respeito de como ele enfrentara e humilhara o Exército do Paquistão nas montanhas do oeste do país. Ele perguntou a um dos seus seguidores sobre o estranho pássaro metálico que pairava acima dele.

    Menos de 24 horas depois, um míssil destruiu o casebre, arrancando a perna esquerda de Muhammad, que morreu junto com várias outras pessoas, incluindo dois meninos. Os militares paquistaneses rapidamente assumiram a autoria do ataque.

    Era mentira.

    Muhammad e seus seguidores haviam sido mortos pela CIA, que, pela primeira vez, usava no Paquistão um "drone" (avião teleguiado) Predator para realizar um "assassinato seletivo". O alvo não era um dirigente da Al Qaeda, mas um aliado paquistanês do Taleban que comandava uma rebelião tribal e estava marcado pelo Paquistão como inimigo do Estado. Num acordo secreto, a CIA concordou em matá-lo em troca de acesso ao espaço aéreo paquistanês para poder caçar os seus próprios inimigos com os "drones".

    A barganha, descrita em entrevistas com mais de uma dúzia de funcionários públicos no Paquistão e nos Estados Unidos, é crucial para entender a origem de uma dissimulada guerra com "drones" que começou no governo Bush, foi ampliada pelo presidente Barack Obama e é agora motivo de intenso debate nos EUA.

    O acordo, um mês depois de um cáustico relatório interno sobre abusos nas prisões secretas da CIA, abriu caminho para que a agência priorizasse a morte de terroristas (em vez da sua captura) e contribuiu para que ela -um serviço de espionagem da época da Guerra Fria- se transformasse em um serviço paramilitar.

    A CIA, desde então, já conduziu centenas de ataques com "drones" no Paquistão que mataram milhares de pessoas -militantes e civis. Ela acabou por definir a nova forma americana de combate, criando um atalho nos mecanismos pelos quais os EUA vão à guerra.

    Nem as autoridades americanas nem as paquistanesas jamais admitiram o que realmente aconteceu com Muhammad -os detalhes continuam sob sigilo.

    Mas, nos últimos meses, parlamentares dos EUA fizeram apelos por transparência, e críticos à direita e à esquerda passaram a pressionar Obama e seu novo diretor da CIA, John Brennan, para que eles ofereçam uma explicação mais completa sobre os objetivos dos "drones".

    Ross Newland, que ocupava um cargo graduado na CIA quando a agência foi autorizada a matar integrantes da Al Qaeda, diz que a CIA parece ter ficado muito à vontade com as mortes por controle remoto.

    Astro inconteste

    Em 2004, Muhammad havia se tornado o astro inconteste das áreas tribais, as ferozes terras montanhosas habitadas pelos wazirs, mehsuds e outras tribos pashtuns que há décadas vivem de forma independente do governo paquistanês.

    Muhammad, um ousado membro da tribo wazir, havia montado um exército para combater as forças oficiais e forçara o governo a negociar.

    Muitos nas áreas tribais viam com desdém a aliança forjada pelo então presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, com os EUA depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.

    Nascido perto de Wana, centro comercial do Waziristão do Sul, Muhammad passou a adolescência como ladrão de carros e balconista no bazar da cidade. Achou sua vocação em 1993, mais ou menos aos 18 anos, quando foi recrutado para lutar pelo Taleban no Afeganistão. Ele ascendeu rapidamente na hierarquia militar do grupo.

    Quando os EUA invadiram o Afeganistão, em 2001, ele aproveitou a oportunidade para hospedar combatentes árabes e tchetchenos da Al Qaeda, que entravam no Paquistão ao fugir dos bombardeios americanos.

    Para Muhammad, isso era um ganha-pão, mas ele também viu outra utilidade nos recém-chegados. Com a ajuda deles, nos dois anos seguintes, lançou ataques contra instalações militares paquistanesas e bases americanas no Afeganistão.

    Agentes da CIA em Islamabad pediram a espiões paquistaneses que pressionassem membros da tribo wazir a entregar os combatentes estrangeiros. Relutantemente, Musharraf enviou tropas às montanhas para caçar Muhammad e seus homens. Em março de 2004, helicópteros paquistaneses bombardearam Wana.

    Um cessar-fogo foi negociado em abril, durante uma reunião no Waziristão do Sul na qual um comandante paquistanês pendurou uma guirlanda de flores no pescoço de Muhammad.

    A trégua deu mais fama a Muhammad, mas logo se revelou um blefe. Ele retomou seus ataques contra as forças paquistanesas.

    Oferta americana

    A CIA vinha monitorando a ascensão de Muhammad, mas as autoridades o viam mais como um problema do Paquistão do que dos EUA. Em Washington, havia crescente alarme quanto à presença de membros da Al Qaeda nas áreas tribais, e George Tenet, então diretor da CIA, autorizou seus agentes em Islamabad a pressionar as autoridades paquistanesas para permitir os "drones" armados.

    Enquanto as batalhas eram travadas no Waziristão do Sul, o chefe do escritório da CIA em Islamabad fez uma visita ao general Ehsan ul Haq, chefe da Inteligência Interserviços (ISI, a espionagem paquistanesa), e lhe apresentou uma oferta: se a CIA matasse Muhammad, a ISI autorizaria voos de "drones" armados sobre as áreas tribais?

    A barganha foi selada. Autoridades paquistanesas insistiram em aprovar cada ataque, o que lhes dava controle sobre os alvos. A ISI e a CIA concordaram que todos os voos de "drones" no Paquistão seriam operados sob a autoridade dissimulada da CIA -o que significava que os EUA jamais admitiriam ter conhecimento dos ataques e o Paquistão assumiria o crédito por eles ou ficaria em silêncio.

    Nova direção

    Enquanto as negociações transcorriam, o inspetor-geral da CIA, John Helgerson, havia acabado de concluir um duro relatório sobre os abusos a detentos em prisões secretas da CIA. Era talvez a mais importante razão individual para que a CIA passasse a matar suspeitos em vez de prendê-los.

    Autoridades de contraterrorismo começaram a repensar a estratégia para a guerra secreta. Os "drones" armados ofereciam uma nova direção. Matar por controle remoto era a antítese do trabalho duro e íntimo do interrogatório. Os assassinatos seletivos foram saudados por republicanos e democratas.

    Três anos antes da morte de Muhammad e um ano antes de a CIA realizar seu primeiro assassinato seletivo fora de uma zona de guerra -em 2002, no Iêmen-, houve um debate sobre a legalidade e a moralidade do uso de "drones" para matar supostos terroristas.

    John McLaughlin, então subdiretor da CIA, disse que não se podia subestimar a mudança cultural que advém da obtenção da autoridade letal. "Quando as pessoas me dizem que ‘não é grande coisa’, eu lhes digo: ‘Você já matou alguém?’", afirmou. "É grande coisa. Você começa a pensar de um jeito diferente."

    Depois do 11 de Setembro, porém, essas preocupações foram rapidamente postas de lado.

    Depois que Muhammad foi morto, o general Shaukat Sultan, um porta-voz paquistanês, disse a jornalistas que o "facilitador da Al Qaeda" Nek Muhammad e quatro outros "militantes" haviam sido mortos por um foguete disparado por forças paquistanesas. Qualquer insinuação de que Muhammad teria sido morto por americanos ou com assistência americana, disse ele, era "totalmente absurda".

    Este artigo foi adaptado do livro "The Way of the Knife: The C.I.A., a Secret Army, and a War at the Ends of the Earth"

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