Por Altamiro Borges
Faleceu nesta sexta-feira (17) o general Jorge Rafael Videla, que presidiu a Argentina entre 1976 e 1981 e foi o principal símbolo da sanguinária ditadura militar no país vizinho. "Ele era um homem mau e a sua morte nos deixa aliviados", desabafou Estela Carlotto, líder da organização Avós da Praça de Maio. Para Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz, o ditador "passou pela vida causando muito dano e traindo os valores de todo um país". Diferente do Brasil, porém, o carrasco não morreu impunemente. Aos 87 anos de idade, ele cumpria pena de prisão perpétua. Videla também era réu em outros julgamentos por crimes de lesa-humanidade.
A ditadura militar argentina (1976-1983) foi responsável pela morte de cerca de 30 mil pessoas, segundo estimativas das organizações de direitos humanos. No mesmo período sombrio, mais de 500 bebês, filhos de militantes de esquerda, foram sequestrados e entregues a famílias de militares. Com a redemocratização do país, nos anos 80, o carrasco foi condenado a prisão, mas uma falsa anistia o colocou em liberdade. Em 2010, o debate sobre os crimes da ditadura ganharam novo impulso e Videla voltou a ser condenado. Ele passou seus últimos anos de vida numa pequena cela na base militar do Campo de Maio, em Buenos Aires.
Nos últimos tempos, o general-carrasco reapareceu na imprensa argentina – a mesma que apoiou o golpe e a ditadura e que hoje faz feroz oposição à presidenta Cristina Kirchner. Numa das suas últimas entrevistas, ele conclamou os argentinos de 58 a 68 anos – que, segundo ele, lutaram por um projeto de "reorganização nacional"- a pegarem em armas contra o atual governo. A sua morte fecha um ciclo na Argentina. Como escreveu Juan Manuel Abal Medina, chefe de gabinete da Presidência, em sua conta no twitter, "Videla morreu julgado, condenado, preso em uma prisão comum e repudiado por todo o povo argentino". Pena que no Brasil nada disso tenha ocorrido ainda!
21/05/2013
Videla e a morte dos carrascos
16/11/2011
Agnelo, Goebels e o lenço de Desdêmona
Por Rogério Tomaz Jr., no blog Conexão Brasília-Maranhão:
Segue artigo publicado no blog do Jorge Moreno, radialista da Globo que é uma voz dissonante dentro do PIG (Partido da Imprensa Golpista).
Apenas para citar um exemplo de mentiras plantadas contra Agnelo: a revista Época traz reportagem neste final de semana “denunciando” o aumento de patrimônio do atual governador em 413% em quatro anos (2006-2010). A matéria foi repercutida por blogs importantes, como o do José Cruz, no UOL Esporte, que cobre os bastidores políticos do esporte.
O título da reportagem é “Propina, chantagens e contradições”, mas a maior contradição está justamente na informação que guia a matéria. A declaração de Agnelo Queiroz apresentada em 2010 – conforme explicou o governo em nota oficial (ao final do post) – foi declarada conjuntamente com a sua esposa, que também é médica há décadas, tal qual o marido. A de 2006 foi uma declaração individual.
Esse detalhe, por si só, desmonta a tese principal da revista, que é o aumento de patrimônio suspeito. Ainda assim a matéria foi publicada, com direito a infográfico e a submanchete para destacar o “aumento de patrimônio”.
E assim seguimos… com o nosso jornalismo chinfrim a serviço do que existe de pior na política brasileira.
*****
O drama de Brasília e o lenço de Desdêmona
Por Theófilo Silva
Estudo o nazismo desde que era adolescente, e estou inteiramente convencido de que Adolf Hitler só foi possível – chegou e se manteve no poder – por causa de Joseph Goebels, seu ministro da propaganda, e a prática de seu famoso axioma: “Uma mentira repetida mil vezes é mais forte do que uma verdade”. E Goebels sabia plantar uma mentira na imprensa e fazê-la prosperar como ninguém.
O que está acontecendo em Brasília é prova de que o sinistro ministro tinha razão. A confusão no Ministério do Esporte e a queda de ministros no governo federal serviram de gancho para que as quadrilhas que governaram o Distrito Federal desde que a cidade ganhou autonomia política em 1991 – a exceção do governo de Cristovam Buarque – montassem uma operação extremamente bem orquestrada para paralisar o atual governo e derrubá-lo. E pior, estão fazendo que parte da imprensa séria caia na armação.
A tática Goebelsiana tem sido a de criar factóides diários, como se fossem fatos semelhantes ao do governo de José Roberto Arruda, e distribuí-los para a imprensa, para que a sociedade acredite que vivemos a mesma situação.
Áudios, vídeos, depósitos bancários, pesquisas, subornos, pedidos de impeachment, qualquer coisa que possa lembrar os passos da queda de Arruda é martelado todos os dias para repetir 2010.
Os motivadores de tudo isso são as eleições municipais do ano que vem – mesmo que Brasília não tenha eleições – e o vilão de sempre: o dinheiro, a prostituta amarela. Brasília recebe dez bilhões de reais do fundo constitucional, e parte desse dinheiro sempre foi desviado pelos governos corruptos. Não é por acaso que Brasília é a única unidade da federação que teve quatro senadores afastados, Roriz, Arruda, Luiz Estevão e Paulo Otávio. Esses quatro, todos milionários, continuam atuando atrás das cortinas.
Na teia de armações, quando o atual governador Agnelo Queiroz trocou a estrutura da polícia civil, a imprensa de fora da cidade noticiou que se tratava de uma retaliação por conta da divulgação de um vídeo – inconsequente. Isso numa cidade em que todo mundo está grampeado. Como se a imprensa não soubesse: quem derrubou o governo Arruda foi Durval Barbosa, um delegado da polícia civil.
O DF tem a mais poderosa polícia civil do país. Dos quatro últimos presidentes da Câmara de Brasília dois eram policiais civis, e dos vinte e quatro deputados distritais, quatro pertencem à corporação. Quem deu a polícia essa força foi o Donatário Joaquim Domingos Roriz, o homem que (des)governou a cidade por quinze anos, deixando-a cheia de vícios e quase ingovernável. Roriz considera Brasília uma fazenda goiana pré-Kubitscheck de sua propriedade e não admite que ninguém a governe. E trabalha para trazer seus jagunços de volta.
Governador não é cargo de confiança, como ministro de estado, que pode ser afastado a qualquer momento, como querem fazer parecer. Comparo os fatos mostrados até agora, como prova de corrupção do governador de Brasília, ao lenço de Desdêmona, tal sua fragilidade. Para quem não conhece a tragédia de Shakespeare: foi por causa de um simples lenço nas mãos de outro homem, que fez com que Otelo considerasse prova de que sua esposa o traía, e a matasse por isso. Na verdade, Desdêmona era inocente, e por trás da trama estava Iago e uma trupe, trabalhando para destruir o ingênuo Otelo.
Dizer que devemos esperar pela decisão do Judiciário para esclarecer os fatos não é correto, já que nem eu e nem ninguém confia na justiça brasileira. Mas tenho certeza de que as coisas logo ficarão claras, e que as tramas serão desnudadas pela Polícia Federal e Procuradoria Geral da República, mesmo porque a política de Goebels funcionou por muito tempo durante uma ditadura brutal, mas não sobrevive numa democracia.
A verdade virá! E Agnelo não é Otelo.
* Theófilo Silva é articulista colaborador da Rádio do Moreno.
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Nota do GDF sobre reportagem da revista Época
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, refuta veementemente as denúncias veiculadas na revista Época desta semana. E a respeito da matéria, tem a esclarecer:
O único órgão que pode apontar irregularidades em relação ao patrimônio do governador Agnelo Queiroz é a Receita Federal. Todas as declarações de imposto de renda do governador foram analisadas e aprovadas pela Receita.
Reafirmamos que não há crescimento ou variação irregular ou ilegal no patrimônio do governador. Já se tinha tentado fazer a mesma associação equivocada na última campanha eleitoral, e o assunto já foi esclarecido e encerrado. Há, inclusive, laudo produzido por auditoria independente que mostra não haver incompatibilidade entre a declaração de Imposto de Renda e o patrimônio do governador.
Em relação ao extrato de um depósito de R$ 5 mil reais, conforme foi bastante declarado, trata-se da devolução de um empréstimo. O governador repudia a manobra sórdida montada por aqueles que perderam poder político, não se conformam com a legitimidade de seu mandato e fabricam farsas, como comprovado nos últimos dias.
E em relação às licenças expedidas citadas na matéria, não houve contrariedade legal alguma neste ato de gestão.
Secretaria de Comunicação do Governo do Distrito Federal – 12 de novembro de 2011
14/11/2011
Até FHC desconfia de Aécio Neves
Por Altamiro Borges
Josias de Souza, o blogueiro da Folha que é um dos mais assíduos freqüentadores do ninho tucano, postou na sexta-feira (11) um artigo que deve ter irritado os caciques do PSDB – partido rachado e conflagrado por disputas internas sangrentas. Se citar a fonte, o jornalista revelou:
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Em seus diálogos privados, Fernando Henrique Cardoso tem dedicado a Aécio Neves críticas ácidas.
Na opinião de FHC, o comportamento de Aécio é incompatível com o desejo dele de ser candidato à Presidência da República.
Presidente de honra do PSDB, FHC se queixa da “ausência” de Aécio na discussão sobre os temas mais relevantes. “Ele não dialoga com a nação”, resume.
Ao esmiuçar o raciocínio, FHC declara: não se trata de antecipar a campanha, mas de escolher um rol de assuntos e se apresentar para o debate.
FHC considera ultrapassada a estratégia de esperar que o calendário se aproxime do ano eleitoral para iniciar a exposição. É tática “velha”, eis a palavra que usou.
Insinua que, desde que se elegeu senador, no ano passado, Aécio enfurnou-se no Senado. O ideal, segundo diz, é que o presidenciável corresse o país…
Na opinião de FHC, deve-se, sobretudo, ao vazio proporcionado pela inação de Aécio a sobrevida da candidatura presidencial de José Serra.
FHC enxerga em Serra, por exemplo, credenciais para fazer incursões no debate sobre a degradação moral da política.
Costuma dizer que sempre houve corrupção na política. Mas acha que, agora, subverteu-se a ordem das coisas: há política na corrupção.
Dito de outro modo: hoje, a corrupção, por abundante, prevalece sobre a política, ofuscando-a. “O Serra é duro o bastante para romper com isso”, acredita.
O que se esconde sob os comentários de FHC é, em essência, uma ponta de decepção com Aécio.
Nas pegadas da derrota de Serra para Dilma Rousseff, na eleição presidencial do ano passado, FHC dissera que a fila do PSDB andara. Seria a vez de Aécio.
Daí o desapontamento. Na avaliação de FHC, Aécio desperdiça sua hora.
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Bafômetros e blitz policial
Em síntese, o ex-presidente FHC – ou será o próprio Josias – acha que o senador mineiro deve ser mais agressivo na sua ambição presidencial, viajando o país e atacando a “corrupção sistêmica” do governo Dilma Rousseff. Deveria, quem sabe, deixar de participar de badaladas festinhas no Rio de Janeiro, que inclusive lhe causam algumas ressacas e dores de cabeça – como bafômetros e blitz policial.
Não se sabe se o “desapontamento” e a bronca do chefão tucano já causaram efeitos. Mas, na sequência, Aécio Neves visitou o Rio Grande do Sul. Mais animado, Josias de Souza registrou hoje (13) que, finalmente, ele “cumpre uma agenda de candidato… Sob o eco das críticas de FHC, que prega a necessidade de Aécio se expor mais, o senador disse que fará um giro pelo país”.
A Yeda participou da caminhada?
Segundo seu relato, “na capital gaúcha, o senador almoçou com militantes do PSDB. Foi recebido aos gritos de ‘Aécio presidente’. Discursou, tirou fotos, caminhou pelas ruas do centro de Porto Alegre, visitou uma feira de livros. Viu e foi visto… Sem citar Dilma Rousseff, declarou que a gestão petista vive de ‘segurar um ministro aqui, segurar outro acolá’”.
Aécio, porém, não deve ter falado muito sobre corrupção. Afinal, os gaúchos aplicaram recentemente uma dura derrota ao PSDB, expulsando a governadora Yeda Crusius, com sua mansão mal-explicada e inúmeras denúncias de desvios de recursos públicos. O cínico discurso da “ética” não cola muito entre os gaúchos, que conhecem bem o “jeito tucano de roubar”.
"Não temos vergonha das privatizações"
Aécio aproveitou, então, para bajular o chefe. “Temos que assumir o nosso legado, não temos que ter vergonha das privatizações”. Com seu ego inflado, FHC deve ter gostado do carinho. Mas, conforme o tempo for passando, o senador mineiro também deverá abandonar a defesa da privataria – a exemplo do que fizeram José Serra e Geraldo Alckmin nas três últimas disputas presidenciais.
13/11/2011
Bancos: está tudo dominado
Atualidade de Lênin sobre imperialismo
Por Deirdre Griswold, no sítio português O Diário:
Investigadores de Zurique, na Suíça, utilizando uma poderosa base de dados de computador, analisaram quais as companhias transnacionais que dominam a economia mundial. As suas conclusões, com o título “A rede de controlo corporativo global” (“The network of global corporate control”), foram publicadas neste verão em arxiv.org, um editor on-line de material científico.
Utilizando informação da base de dados financeiros ORBIS, que lhes forneceu dados sobre os "37 milhões de atores econômicos, tanto pessoas físicas como empresas situadas em 194 países, e aproximadamente 13 milhões de ligações e relações de propriedade (relações de equidade)", a equipe de cientistas de ETH Zurich dirigida por Stefania Vitali utilizou uma nova análise matemática para identificar a estrutura dos vínculos entre as empresas transnacionais entre si e entre as suas subsidiárias.
O resultado? De entre este largo número de atores empresariais, em 2007, "não mais de 147 empresas controlavam cerca de 40 por cento do valor monetário de todas as corporações transnacionais”, escreveu Rachel Ehrenberg num artigo que sintetiza as conclusões a que o grupo chegou (”Financial world dominated by a few”, “O mundo financeiro dominado por meia-dúzia”, Science News, 24 de Setembro).
Os autores afirmam que o seu trabalho é a primeira tentativa já realizada para identificar as múltiplas conexões entre as transnacionais, definidas como companhias que têm pelo menos 10% da sua riqueza em mais do que um país. Descrevem a estrutura que emergiu como semelhante a um “laço”, com uma grande quantidade de entidades corporativas na periferia, mas um pequeno grupo central que controla o fluxo da riqueza.
Embora a economia capitalista global seja muito maior e mais complexa do que há um século, quando V.I. Lênin escreveu seu estudo pioneiro sobre o “Imperialismo”, esta tentativa, realizada por matemáticos, de penetrar no obscuro mundo do capital empresarial e financeiro confirma aquilo que o dirigente da Revolução Russa escreveu em 1916.
Lênin mostrou como já então os grandes bancos, companhias seguradoras e outras instituições financeiras da Europa e dos EUA tinham crescido e se tinham tornado dominantes sobre todas as outras formas de capital. Utilizou os dados então disponíveis para mostrar como tinham formado cartéis gigantescos e divido o mercado mundial em “esferas de influência”.
Escrito durante a Primeira Guerra Mundial, o livro explica o que levou as potências capitalistas a quase se exterminarem mutuamente na competição por superlucros em todo o mundo. A mensagem era clara: a guerra e a exploração prosseguirão enquanto existir capitalismo.
Esta recente investigação não contém uma mensagem semelhante. É aos governos capitalistas e às instituições multinacionais que os investigadores se dirigem, esperando que o seu estudo contribua para configurar melhores políticas. Entretanto, surgindo num momento em que o sistema capitalista se afunda numa crise de sobreprodução que se faz sentir em todo o mundo, este estudo desfaz a teoria de que o capitalismo se tornou de alguma forma mais democrático porque, por exemplo, milhões de pessoas estão dependentes de pensões que assentam em fundos de investimento.
Como afirma o movimento “Occupy Wall Street”, apenas uma minúscula parcela da população mundial tem o controlo efetivo da riqueza. São na verdade muito menos do que 1 por cento e concentram-se nos maiores países imperialistas.
A lista das 50 que concentram o maior controlo de riqueza está no final deste texto. Vinte e quatro estão nos EUA. Muitos dos seus nomes são obscuros: FMR Corp. The Capital Group e State Street estão entre os maiores. Mas por detrás destes nomes estão muitas das mesmas velhas famílias da classe dominantes que ao longo de gerações têm escolhido presidentes e secretários de estado de forma a garantir que o governo dos EUA continuará e colocar os seus interesses de classe acima de quaisquer outros.
No período mais recente isto tem significado apropriarem-se de bilhões de dólares de fundos de resgate do governo, agora que os mercados correram mal, mesmo numa altura em que milhões de trabalhadores perdem os seus empregos e as suas casas.
Lênin chamou o imperialismo de “estado superior e final do capitalismo”. Durante quanto tempo mais teremos que suportar este horrível sistema?
As primeiras das 147 empresas transnacionais super entreligadas
1. Barclays plc
2. Capital Group Companies Inc
3. FMR Corporation
4. AXA
5. State Street Corporation
6. JP Morgan Chase & Co
7. Legal & General Group plc
8. Vanguard Group Inc
9. UBS AG
10. Merrill Lynch & Co Inc
11. Wellington Management Co LLP
12. Deutsche Bank AG
13. Franklin Resources Inc
14. Credit Suisse Group
15. Walton Enterprises LLC
16. Bank of New York Mellon Corp
17. Natixis
18. Goldman Sachs Group Inc
19. T Rowe Price Group Inc
20. Legg Mason Inc
21. Morgan Stanley
22. Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
23. Northern Trust Corporation
24. Société Générale
25. Bank of America Corporation
26. Lloyds TSB Group plc
27. Invesco plc
28. Allianz SE 29. TIAA
29. Old Mutual Public Limited Company
30. Aviva plc
31. Schroders plc
32. Dodge & Cox
33. Lehman Brothers Holdings Inc*
34. Sun Life Financial Inc
35. Standard Life plc
36. CNCE
37. Nomura Holdings Inc
38. The Depository Trust Company
39. Massachusetts Mutual Life Insurance
40. ING Groep NV
41. Brandes Investment Partners LP
42. Unicredito Italiano SPA
43. Deposit Insurance Corporation of Japan
44. Vereniging Aegon
45. BNP Paribas
46. Affiliated Managers Group Inc
47. Resona Holdings Inc
48. Capital Group International Inc
49. China Petrochemical Group Company
12/11/2011
Veja e IstoÉ bombardeiam Carlos Lupi
Por Altamiro Borges
A mídia hegemônica é cruel. Ela não dá trégua. Seu “jornalismo investigativo” mais parece com sessões de tortura. Antes mesmo da apuração rigorosa dos fatos, a mídia já condenou e promoveu o linchamento. No caso do ministro Carlos Lupi, do Trabalho, a artilharia pesada foi reforçada neste final de semana por duas revistonas – a murdochiana Veja e a mercenária IstoÉ.
Veja mira num jatinho
A primeira revela que Lupi voou num jato particular alugado por um empresário beneficiado por convênios com o Ministério do Trabalho. O episódio teria ocorrido em dezembro de 2009. No jato King-Air, de prefixo PT-ONJ, o pedetista teve a companhia do ex-governador do Maranhão, Jacson Lago, já falecido, e do então secretário de Políticas Públicas de Emprego, Ezequiel Souza.
Também participou da visita a sete municípios maranhenses o empresário gaúcho Adair Meira. Segundo a Veja, ele não é filiado ao PDT, “mas comanda uma rede de ONGs que têm contratos milionários com o Ministério do Trabalho”. A matéria editorializada conclui, então, que o caso confirma a existência “daquelas clássicas confraternizações entre interesses públicos e privados, cuja despesa acaba sempre pendurada na conta do contribuinte”.
A escandalização seletiva
A denúncia da sinistra publicação da famiglia Civita deve ser apurada – a exemplo de todas as denúncias sobre corrupção. Mas os fatos apresentados ainda não justificam tanto escarcéu. Vôos de mandatários em jatinhos particulares são comuns – mesmo que imorais. Até grãos-tucanos evitam explorar este tema, temendo que os seus nomes também surjam em algum “reporcagem”.
Será que nenhum demotucano nunca viajou em jatos alugados pelo Grupo Abril? Na eleição 2002, por exemplo, um dos quartéis-generais de José Serra foi na sede central deste império midiático em São Paulo. As relações da famiglia Civita com o tucanato são conhecidas. Será que há algum tipo de privilégio, de “mensalão”, nos contratos de publicidade com o governo estadual?
IstoÉ criminaliza o sindicalismo
Já a revista IstoÉ trouxe na edição desta semana uma longa reportagem sobre os convênios do ministério com a Força Sindical. No episódio do linchamento do ministro Orlando Silva, do Esporte, a central preferiu se omitir – alguns de seus dirigentes até fizeram coro com a mídia. Agora, a Força Sindical é a bola da vez, o que comprova que ninguém está imune ao denuncismo midiático.
Segundo a publicação, conhecida por sua história mercenária, “uma acusação pesada bate às portas do gabinete do ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Além das denúncias envolvendo o desvio de dinheiro público por meio de ONGs, agora o seu gabinete é acusado de extorquir sindicatos para desviar recursos do imposto sindical à central controlada pelo PDT e por assessores de Lupi”.
Dois objetivos sinistros
A reportagem é baseada nas denúncias do presidente do Sindicato de Trabalhadores em Bares e Restaurantes da Baixada Santista, Litoral Sul e Vale do Ribeira, João Carlos Cortez. Sem apresentar qualquer prova concreta, ele garante que existe um esquema de venda de cartas sindicais montado no Ministério do Trabalho, que é “operado por pessoas ligadas diretamente ao ministro”.
A mídia hegemônica nunca tolerou duas iniciativas do ex-presidente Lula favoráveis ao sindicalismo. A primeira, histórica, garantiu a legalização das centrais sindicais. A segunda viabilizou o custeio destas entidades através dos recursos da contribuição sindical. Além de alvejar o ministro Lupi, a “reporcagem” da IstoÉ visa criminalizar o sindicalismo, asfixiando-o financeiramente.
Divisão e passividade. Até quando?
É difícil saber qual será o futuro do ministro Carlos Lupi diante de ataques tão persistentes e destrutivos. Os “calunistas” da mídia apostam, numa loteria macabra, que “ele já caiu”. Ironizam a sua “declaração de amor à Dilma” e a sua retórica de resistência.
Também é difícil saber até quando os movimentos sociais, em especial o sindicalismo, continuarão divididos e passivos diante da ditadura midiática.
10/11/2011
26/10/2011
Isto é PSDB!
Álvaro Dias pode sair do PSDB?
Por Altamiro Borges
O blogueiro Esmael Morais, sempre antenado e bem articulado, acaba de dar uma notícia curiosa. O senador Álvaro Dias, um dos mais raivosos da direita nativa, ameaça sair do PSDB. Se concretizar a ameaça, o abandono do ninho à deriva representará mais um duro golpe na oposição demotucana. Para lembrar uma frase recente do ex-senador Arthur Virgílio, outro direitista convicto e bravateiro, a saída confirmaria que “a casa [da direita, e não do governo Dilma] está caindo”.
Segundo informa Esmael Morais, que conversou com o senador descontente na segunda-feira (24), ele afirma que não tem mais espaço no PSDB do Paraná. O motivo da desavença seria local – o que significa que manteria sua linha de oposição hidrófoba ao governo Dilma. Mas sua alternativa partidária seria o PV, que mantém uma relação pragmática com o Palácio do Planalto. O mundo dá muitas voltas!
Punhalada nas costas
O relato de Esmael indica que a briga é feia no ninho tucano. “Adversário político do governador Beto Richa, presidente estadual do PSDB, Álvaro se vê sem espaço na legenda do Paraná. Hoje, por exemplo, o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Valdir Rossoni, que é o vice do partido, afirmou em entrevista na rádio BandNews que está a disposição dos tucanos para disputar o Senado”.
Esta “disposição” do fiel aliado do governador é uma punhalada nas costas do atual senador, que afirma que sofre “censura” do grupo de Beto Richa. “Há cinco eu não sou convidado para participar nos programas de TV do PSDB”. Diante dos riscos para sua sobrevivência política, Álvaro Dias sinaliza que deixará o partido de Richa, FHC, Serra e Aécio Neves.
As ameaças do “censurado”
“Perguntado pelo blog se poderia trocar o PSDB pelo PV, como se cogita nos bastidores da política paranaense, Álvaro Dias afirmou que ‘mudar de partido é um transtorno, mas o PV é um partido que gosto porque é um partido limpo’”. Para irritar o atual governador, o senador ainda ameaçou: “Quem disse que disputarei o Senado? Pode ser o governo…”.
Conforme lembra Esmael, em 2010, Álvaro Dias perdeu para Richa a indicação no partido para concorrer ao governo do Paraná. Na época, ele liderava as pesquisas em todos os cenários possíveis. “O namoro de Álvaro com os verdes começou na troca de partido do ex-deputado federal Gustavo Fruet, que pulou fora do ninho tucano”.
Aparelhamento e nepotismo
As críticas de Álvaro Dias ao hegemonismo do governador têm base no real – o que revela que a falsidade dos ataques tucanos ao “aparelhamento petista”. No caso do Paraná, o tal “aparelhamento” se expressa, inclusive, num caso grave de nepotismo. Beto Richa já emplacou em postos chaves do governo estadual sua mulher, Fernanda, e seu irmão, José “Pepe” Richa.
Fernanda, filha de um dos fundadores do Bamerindus, banco que quebrou durante o Plano Real, é Secretária de Assistência Social e responsável pela gestão de programas federais no Paraná. O irmão Pepe responde pela secretaria de Infra-estrutura e Logística, que cuida de portos, estradas e aeroportos, administrando grandes obras e mantendo relação privilegiada com as empreiteiras.
Além da esposa e do irmão, o “clã Richa” também já abriu caminho seu filho primogênito Marcello, de 25 anos. Na prefeitura de Curitiba, ele ganhou a Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude. Marcelo também preside a juventude do PSDB. Há boatos de que o objetivo é cacifá-lo para disputar a prefeitura de Curitiba em 2016.
25/10/2011
Bomba! Policial confirma não ter provas
Por Altamiro Borges
Com atualização às 18h24 desta segunda-feira (24), o portal de notícias G1, da Rede Globo, trouxe uma notícia bombástica:
*****
Policial diz que não tem provas específicas contra Orlando Silva
Do G1, em Brasília
O policial militar João Dias Ferreira disse que não possui provas do envolvimento direto do atual ministro do Esporte, Orlando Silva, e de seu antecessor, Agnelo Queiroz, no suposto esquema de desvios de recursos públicos da pasta. O policial militar negou que tenha gravado diálogos de Orlando Silva. "Em nenhuma delas [das gravações] tem a voz do ministro".
Ao prestar novo depoimento nesta segunda-feira (24) à Polícia Federal, João Dias levou 13 arquivos de áudio e 4 ofícios emitidos pelo Ministério que, segundo ele, trazem "informações contraditórias" sobre a fiscalização dos repasses de verbas da pasta a entidades conveniadas. Segundo o policial, o material envolveria assessores da cúpula do ministério.
"É natural que a minha defesa se baseie no pessoal com quem eu sempre tive contato, que são o pessoal da fiscalização, técnicos e o pessoal jurídico, coordenadores gerais e o partido", disse Dias, em relação às provas que teria contra integrantes do ministério.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a PF confirmou a apreensão de um aparelho celular onde estão gravadas as conversas e disse que, até o momento, não há comprovação da participação do ministro Orlando Silva no suposto esquema.
*****
Prisão do policial “bandido”
A confissão bombástica do escroque deveria mudar o rumo das investigações sobre o caso. Em primeiro lugar, é urgente exigir da polícia apuração rigorosa sobre os interesses de João Dias em toda esta tramóia. A quem ele serve? Ele está apenas se protegendo do processo aberto pelo Ministério do Esporte, que cobra o ressarcimento de mais de R$ 3 milhões desviados dos cofres públicos?
Quais são os outros crimes do policial que virou fonte da revista privilegiada Veja? Há acusações de desvio de recursos públicos. Há denúncias de enriquecimento ilícito – compra de uma mansão, três carros importados e duas academias de ginástica. Há também acusações de que ele teria assassinado um policial que investigava suas sujeiras. O que há mais contra João Dias? Ele é chefe de quadrilha no DF?
Diante das novas descobertas e da sua confissão, não seria o caso da polícia decretar sua imediata prisão? O elemento é perigoso!
Processo contra a Veja
Em segundo lugar, a revelação de João Dias demonstra a insanidade da mídia golpista – em especial, da Veja, que deu guarita ao “bandido”. No seu afã de desgastar o governo Dilma e no seu ranço anticomunista, a publicação da famiglia Civita cometeu mais um crime – a exemplo do que já fizera contra o ex-ministro José Dirceu, quando tentou invadir seu quarto num hotel em Brasília.
A Veja repete as práticas mafiosas do império Murdoch, que está sofrendo pesado processo no Reino Unido por causa das escutas telefônicas ilegais e dos subornos. Não dá para ficar passivo diante das ações criminosas desta revista direitista, preconceituosa e mentirosa. Urge abrir mais um processo contra a Veja.
Postado por Miro às 20:19
Anônimo disse…
Qual o problema? Se já houve grampo sem áudio, pq não áudio sem aúdio?
- 24 de outubro de 2011 21:00
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Max disse…
Olá Miro.
Todos continuarão a calar-se diante do mais novo membro declarado do PIG, a ESPN? Capitaneada pelo assecla e garoto de recados do Serra, o tal kfuri, da CBN, ex-Globo, Abril, TV Culura (onde calou-se sobre os absurdos cometidos por seus amigos tucanos)…e que grande parte da esquerda brasileira, ingênua, que não conhece bulhufas de esporte, adora bajular e jugar como progressista e, pasmem, esquerdista. Um sujeito que acaba de clamar que Orlando Silva e o PC do B são sim criminosos, mesmo que não sejam apresentadas provas conclusivas. Um sujeito que cala-se sobre todos absurdos de seu grande amigo José Serra.
Enquanto JN e Fantástico calaram-se no fim de semana, eis que a ESPN, em posição editorializada, insiste nas acusações infundadas, no uso de espaços para debates e análises esportivas para continuar com sua sanha contra o Ministério dos Esportes, escudados pelo senhor supracitado e sua lamentável parceria com o grupo estado, com quem, aliás, na rádio que possuem conjuntamente, acabam de lançar uma "campanha anti-corrupção"…
A posição oficial do canal é de ataque aberto, ao governo, ao Ministério dos Esportes e à Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, recorrendo até a gente como Álvaro Dias para vilipendiar e dar o mais canalhas dos tons à sua auto-proclamada "cobertura isenta". Praticamente todos os dias repercutem os maiores descalabros de vários outros membros do PIG, em especial dos novos parceiros do grupo estado.
O jornalista Flávio Gomes, único declaradamente esquerdista no canal, em meio a tantos ingênuos e reacionários, faz de seu twitter uma brava trincheira contra todos os absurdos do PIG, e em especial sobre este último e vergonhoso caso. Porém, na TV cala-se de forma estranha e estarrecedora, já que seria a única voz claramente dissonante. Serão ordens superiores?
Espero que alguém esteja atento a tal fato, já que cada vez mais incautos são cooptados pelos absurdos do novíssimo membro do PIG, que se julga o grande paladino da justiça da imprensa brasileira.- 24 de outubro de 2011 21:26
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Alicio disse…
Encare que eles são mentirosos e frouxos,como todos os covardes.
- 24 de outubro de 2011 21:48
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Anonymous condena a revista Veja
“Mensagem à sociedade brasileira. Já é de conhecimento público. Até mesmo entre a sociedade menos informada que a revista Veja é um instrumento de manipulação ideológica e política. A próxima edição semanal dessa revista trará o símbolo que representa o Anonymous, a máscara de Guy Fawkes, como sendo mais um movimento contra a corrupção … que não passa de mais uma tentativa da direita de capitalizar todos os movimentos sociais, que tomam forma no Brasil.
O objetivo deste texto é esclarecer a ideologia do movimento Anonymous. Sendo absolutamente apartidário, o Anonymous busca estimular a população a se informar e formular suas próprias ideias e para que isso se concretize é necessário que haja um rompimento total do controle exercido pela mídia nas nossas mentes.
Infelizmente, no Brasil atual, é impossível falar de liberdade de pensamento. Isso porque simplesmente não somos livres para pensar. As ideias que temos são formulas e divulgadas pela elite econômica e, não é necessário dizer que absolutamente contrárias as nossas próprias necessidades como povo.
Enfatizo aqui que o Anonymous não é de forma alguma ligado a nenhum partido político. Por mais que a mídia tente desvirtuar nossos ideiais, continuaremos a lutar para acordar a população e fazê-la se desvincular de qualquer tipo de manipulação imposta pela elite. Não continue sendo parte de uma enorme massa de manobra. Busque conhecimento. Informe-se. Liberte-se.
Nós somos Anonymous. Somos uma legião. Não esquecemos. Não perdoamos. Nos aguarde.”
* Transcrição do vídeo de Esmael Morais, em seu blog
21/10/2011
João Dias: fonte da Veja é assassino?
Por Altamiro Borges
A revista Veja e seus “calunistas” amestrados, com o seu jornalismo de esgoto, podem ter entrado em outra fria. No episódio da tentativa de invasão do apartamento do dirigente petista José Dirceu num hotel de Brasília, a ação mafiosa foi desbaratada e virou caso de Polícia, que concluiu seu inquérito. O ex-ministro já anunciou que processará a revista e o repórter criminoso.
Já no episódio do linchamento público do ministro Orlando Silva, a principal fonte da Veja se enrola a cada dia que passa. Agora, surge a denúncia de que o João Dias teria assassinado um policial que investigava suas maracutaias. A informação bombástica foi publicada no final da noite desta quinta-feira (20) no sítio Brasil-247 – que nem morre de amores pelo ministro Orlando Silva:
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Pivô da crise nos esportes está ligado a assassinato
Dois anos atrás, em outubro de 2009, um policial foi assassinado em Brasília. Luiz Carlos Ferreira Soares, que tinha o apelido de Clark, foi encontrado morto num Renault Clio, com um tiro no peito e a cabeça virada para trás. Sem explicações para a morte, a polícia civil do Distrito Federal fechou a investigação concluindo pela hipótese de latrocínio.
Um detalhe no corpo de Clark chamou a atenção dos investigadores, mas jamais foi investigado a fundo. O policial tinha o pulso quebrado. De acordo com uma testemunha, Michael Vieira da Silva, Clark havia sido vítima do policial João Dias, mestre em artes marciais e também na técnica relacionada à quebra do pulso – o que pode levar à morte.
O motivo: Clark investigava as fraudes no Ministério dos Esportes e o policial João Dias, que recebeu R$ 2 milhões do governo para a sua ONG, era um dos alvos. A Operação da qual Clark participava se chamava Kung-Fu. Tempos depois, ela foi rebatizada como Shaolin e acabou levando João Dias à prisão…
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A mídia investigará o assassinato?
João Dias, principal fonte da inescrupulosa revista Veja, é alvo do inquérito 47406, da Polícia Federal. Ele é acusado por lavagem de dinheiro, apropriação indébita e formação de quadrilha. Ele desviou mais de R$ 2 milhões do Ministério do Esporte. Usou parte desta grana para comprar uma mansão de luxo em Sobradinho, carros importados e duas academias de ginástica.
Por isso, foi penalizado pelo Ministério, que exigiu ressarcimento dos recursos aos cofres públicos. Desesperado, ele partiu para a vingança e chantagem. A Veja deu guarita ao criminoso. Agora, surge a denúncia de que ele participou de um assassinato. Será que a revista investigará o caso? Será que Fantástico, da TV Globo, reconhecerá de deu espaço para uma pessoa acusada de homicídio?
20/10/2011
PIG, escudo dos tucanos
Orlando Silva e o escudo dos tucanos
Por Renato Rovai, na revista Fórum:
A reportagem produzida pela Veja na última semana é oca. Sem provas ela vai repetir a história dos dólares cubanos que teriam vindo para a campanha de Lula escondidos em caixas de uísque.
Ou talvez aquela do “Caraca, quem botou esse dinheiro aqui?”. Que levou o repórter da revista a ganhar um prêmio do Instituto Millenium para fazer um curso no país da Disneylândia.
É a copa, estúpido!
Globo e Veja protegem Bruno Covas
Por Altamiro Borges
Entre outras motivações obscuras, a campanha midiática de linchamento do ministro Orlando Silva tem servido para acobertar as sujeiras dos tucanos em São Paulo. Há três meses, o deputado estadual Roque Barbieri (PTB), da base de apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB), denunciou um esquema criminoso de venda de emendas parlamentares – um típico mensalão.
Bruno Covas, deputado licenciado do PSDB e “escolhido” por Alckmin para disputar a prefeitura da capital paulista em 2012, deu com a língua nos dentes e confessou que o esquema criminoso virou rotina na Assembléia Legislativa de São Paulo. Ele até gravou entrevista revelando que já fora sondado por um prefeito e que recebeu – "mas recusei" – proposta de propina de 10% para bancar uma emenda.
Um roubo “hipotético”
Diante do seu “lapso de sinceridade”, a oposição tentou convocá-lo para esclarecimentos na Comissão de Ética da Alesp. O tucano “inexperiente” até tentou desmentir a confissão, dizendo que a declaração era “hipotética”. Só que a entrevista foi gravada e não dava mais negá-la. Mesmo assim, os partidos governistas (PSDB, DEM, PPS e outros) estão sabotando até o seu depoimento na Alesp.
O presidente do Conselho de Ética, o tucano Hélio Nishimoto, sequer enviou o convite aprovado pelos integrantes deste colegiado para que Bruno Covas deponha. Os partidos governistas também têm feito de tudo para abortar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar a venda de emendas. A oposição tenta conseguir mais três assinaturas para criar a CPI.
Privilégios do “protegido” de Alckmin
A situação de Bruno Covas é complicada. Em cinco anos de mandato, o tucano intermediou R$ 14,8 milhões em emendas. O limite anual é de R$ 2 milhões para cada deputado. Qual a razão deste privilégio? Será que Bruno Covas, o “protegido” de Alckmin, foi abordado por outros prefeitos ou empreiteiras corruptas com propostas indecorosas de suborno?
O PSDB, que cinicamente cobra “ética” dos outros partidos, não quer nem ouvir falar do assunto. O caso do “mensalão” na Alesp tem deixado os tucanos apavorados. Daí o forte empenho para abafar o escândalo. Há quase duas décadas no comando de São Paulo, os tucanos já conseguiram sabotar 91 pedidos de criação de Comissões Parlamentares de Inquérito.
O silêncio criminoso da mídia
Neste esforço, os tucanos contam com a inestimável ajuda da mídia venal – que inclusive recebe do governo tucano fortunas em anúncios publicitários. A mídia faz escândalo contra o ministro Orlando Silva, que já prestou depoimentos na Câmara Federal e no Senado, concedeu inúmeras entrevistas e abriu o seu sigilo fiscal e bancário.
Mas ela não cobra absolutamente nada do tucano Bruno Covas – que não dá depoimentos na Alesp, evita entrevistas e se esconde covardemente. A mídia julga, condena e fuzila Orlando Silva, mas protege os tucanos. Não apura qualquer denúncia de corrupção no longo reinado do PSDB em São Paulo. O “mensalão” tucano não é capa da Veja e nem destaque no Fantástico. As famiglias Civita e Marinho são amigas do tucanato!
Pressão das ruas contra as manipulações
Diante da vergonhosa partidarização da mídia, só há um jeito. É preciso intensificar a pressão contra as suas manipulações. Daí a importância da reunião ocorrida na semana passada, que juntou deputados e movimentos sociais. Nela ficou acertado colocar o bloco na rua para exigir a abertura da CPI na Alesp. É preciso colocar os tucanos e sua mídia na defensiva, no seu devido lugar.
18/10/2011
Por Ricardo Teixeira, Globo parte para cima do Ministro dos Esportes
As relações entre Globo e Teixeira
Por José Augusto, no blog Os amigos do presidente Lula:
Causa profunda estranheza o esforço que a TV Globo e a revista Veja estão fazendo para derrubar o ministro do Esporte, Orlando Silva, sem se preocupar em apurar a verdade dos fatos.
Sabe-se que as denúncias são fracas, os denunciantes suspeitos, com comportamento suspeito, enquanto o ministro comporta-se de forma destemida, como quem enfrenta máfias. Mesmo assim a TV Globo e a revista Veja fazem de tudo para não procurar a verdade e forçar a barra só no noticiário negativo de bate-boca e boatos, não concedendo o princípio da presunção de inocência até que apareçam provas.
A TV Globo tem uma profunda relação de parceria em negócios com os cartolas do futebol brasileiro, cuja figura máxima é o presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
A Globo ganha todas, e sem concorrência, sabe-se lá como: os direitos de transmissão do Brasileirão e dos jogos da Seleção Brasileira, em negociações entre quatro paredes sem qualquer transparência pública.
O governo Dilma, através do ministro do Esporte, tem contrariado interesses da FIFA e da CBF. Tem publicado tudo sobre a Copa-2014 no portal da transparência. Talvez esteja contrariando interesses cruzados da TV Globo, sem saber.
Um interessante caminho para desvendar essa caixa-preta do futebol brasileiro é seguir o dinheiro.
O escândalo de subornos na FIFA, que atinge o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, teve seu estopim em 2001, cuja causa é atribuída ao pagamento de 60 milhões de dólares feito pela TV Globo por direitos de transmissão da Copa de 2002.
Relembre essa notícia de 2008, publicada na imprensa Suíça, a partir do documento de 179 páginas do Tribunal Penal de Zug, na Suíça:
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Tribunal suíço faz graves acusações à Fifa
O Tribunal Penal do cantão (estado) de Zug, na Suíça, publicou detalhes da sentença proferida em julho passado sobre o caso de corrupção envolvendo a ISL, em que os juízes fazem sérias acusações contra a Fifa.
O documento de 179 páginas comprova que, através de empresas, fundações e "caixa dois" do conglomerado ISL/ISMM, foram pagos subornos no valor de 138 milhões de francos (US$ 115 milhões) a altos dirigentes esportivos.
Seis executivos do grupo ISL/ISMM, ex-número 1 do marketing esportivo mundial, foram levados ao banco dos réus no julgamento iniciado em Zug no começo deste ano. Três deles foram inocentados. Os outros três – incluindo o "homem do cofre" Jean-Marie Weber – levaram multas.
Além dos 138 milhões transferidos às contas de cartolas em todo o mundo, ainda estavam previstos mais 18 milhões de francos para propinas, mas este dinheiro acabou sendo bloqueado por ocasião da falência da firma em 2001.
Inicialmente, em 2001, a Fifa havia dado queixa contra a ISL/ISMM, supostamente por causa de um pagamento antecipado de 60 milhões de dólares feito pela TV Globo por direitos de transmissão da Copa de 2002, que a ISMM teria desviado para uma conta "secreta" em Liechtenstein, fora do controle da Fifa. Em 2004, surpreendentemente, a Fifa declarou não ter mais interesse em um processo penal. "Isso nunca foi justificado", lê-se na sentença do tribunal.
Argumentação "confusa"
O texto da sentença agora acusa a Fifa de ter tido um "comportamento enganoso, que, em parte, dificultou a investigação". A cooperação da entidade máxima do futebol com o juiz encarregado do caso "nem sempre ocorreu em conformidade com o melhor entender nem foi baseada no princípio da fidelidade e credibilidade".
Segundo a sentença citada por vários jornais, na terça-feira (25/11), a Fifa teria "silenciado" sobre conhecimentos internos e usado deliberadamente uma argumentação "confusa". Por isso, a entidade foi obrigada a pagar uma parte dos custos de investigação.
Durante o processo, advogados dos acusados chegaram a fazer graves denúncias de cumplicidade. Por exemplo, dois presidentes da Fifa, Joseph Blatter e seu antecessor, o brasileiro João Havelange, teriam exigido a permanência do "homem do cofre" Jean-Marie Weber no comando da ISL. Do contrário, não seriam mais firmados contratos com a agência.
Desta forma, os pagamentos teriam obtido o status de "acordos formais obrigatórios". Na linguagem oficial, os pagamentos de subornos eram chamados de "custos de compra de direitos". O sistema de fraude teria sido instalado com ajuda de autoridades fiscais suíças e renomados escritórios de advocacia, conforme documenta a sentença.
Isso foi facilitado pelo fato de o suborno de pessoas físicas (este é o status dos cartolas do esporte), pela lei Suíça da época, no período de 1989 a 2001, não era crime. Para poder declarar os contratos bilionários da ISL com a Fifa, o COI, a Uefa, Fina, Fiba, ATP, FIAA, entre outras, como "contrários aos bons costumes", era necessário haver contratos entre corruptores e corrompidos.
O "homem do cofre"
Jean-Marie Weber, que ainda trabalha para a Federação Internacional de Atletismo (FIAA), a Federação Africana de Futebol e tinha credenciamento do COI para os Jogos Olímpicos de Pequim, conhece os nomes de todos os que receberam dinheiro da ISL. Numa entrevista, ele disse que levará esses nomes para o túmulo.
A sentença resume as informações escritas e orais sobre práticas de corrupção de quatro dos seis acusados. Através dessas informações e do texto de acusação da Promotoria Pública de Zug, é descrito um sistema pelo qual a ISL dominou o esporte mundial durante 20 anos.
Segundo o jornal suíço NZZ, embora a maioria dos "beneficiados" mencionados na documentação do processo continue nos seus cargos – como, por exemplo, os membros do Comitê Executivo da Fifa Nicolas Leóz (Paraguai) e Ricardo Teixeira (Brasil) –, nenhuma entidade esportiva tomou iniciativas de esclarecimento.
O processo envolvendo a ISL ainda não está completamente concluído. Duas investigações ainda estão em curso para descobrir o paradeiro de mais receptores de propinas. Além disso, ainda não esclarecido se a Fifa pagou ou não 2,5 milhões de francos a Jean-Marie Weber para fechar um assim chamado "acordo para ocultar a corrupção".
17/10/2011
Veja só!
A revista dos proctologistas de plantão, de quatro, pacientes . Eles se reconhecem pelo cheiro, ao se folhearem depois da consulta.
As fontes sinistras da revista Veja
Por Altamiro Borges
Atacado em sua honra pela revista Veja, o ministro dos Esportes, Orlando Silva, foi rápido nas respostas. Ainda de Guadalajara, no México, onde participou da abertura dos Jogos Pan-Americano, ele solicitou que a Polícia Federal investigue as denúncias, colocou à disposição o seu sigilo fiscal e bancário e anunciou que refutará as acusações no Congresso Nacional já na próxima semana.
Revoltado com as “invenções e calúnias”, o ministro também explicitou que não vai se intimidar. Ele está decidido a mover ações judiciais e penais contra os caluniadores e estudará mecanismos para processar a Veja. “Não temo nada do que foi publicado na revista… Estou indignado, porque um bandido me acusa e eu preciso me explicar. Agora, o sentimento é de defesa da honra”.
Métodos criminosos lembram Murdoch
A revolta de Orlando Silva é compreensível. Afinal, a Veja utilizou um sujeito de biografia sinistra, “um bandido”, como fonte para sua “reporcagem”. João Dias Ferreira não apresenta qualquer prova concreta, faz apenas insinuações maldosas. No mínimo, uma revista séria – e não um pasquim partidário dos métodos criminosos do império Murdoch – averiguaria a trajetória da sua fonte.
O noticiário da mídia de meados do ano passado é farto em denúncias sobre as ações criminosas do policial João Dias, que desviou recursos do Programa Segundo Tempo para construir uma mansão e três academias de ginástica. Bastaria ao repórter da Veja ler o que publicou o jornal Correio Braziliense, em 1º de abril de 2010:
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Operação Shaolin prende cinco suspeitos de desviar R$ 2 milhões do Ministério dos Esportes
Por Ary Filgueira e Lilian Tahan
Cinco pessoas estão presas na Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado (Deco) suspeitas de participar de desvio de dinheiro repassado pelo Ministério do Esporte. O policial militar João Dias Ferreira, Demis Demétrio Dias de Abreu, Flávio Lima Carmo, Miguel Santos Souza e Eduardo Pereira Tomaz foram detidos às 6h da manhã desta quinta-feira (1º/4) por agentes da Polícia Civil do Distrito Federal, numa operação chamada Shaolin, que tem a participação do Ministério Público do DF.
O grupo, que era liderado pelo PM, falsificou 49 notas frias para retirar o dinheiro repassado pelo Ministério dos Esportes a entidades sociais conveniadas com o Programa Segundo Tempo do Governo Federal. A verba aproximada, ao longo de três anos (2006/07 e 08), foi de R$ 3 milhões. O dinheiro seria destinado a programas sociais, em atividades esportivas para 10 mil atletas carentes de núcleos situados em Sobradinho, mas pouco menos de R$ 1 milhão foi realmente destinado a eles.
O derrame de verba pública saia da Federação Brasiliense de Kung-Fu (Febrak) e da Associação João Dias de Kung-Fu, Esportes e Fitness. Esta última é uma organização não-governamental e leva o nome do soldado da 10ª Companhia de Polícia Militar Independente. Ele é dono de duas academias em Sobradinho: Thisway Fitness e Wellness Ltda., usada para lavar dinheiro desviado, situada no primeiro piso do Sobradinho Shopping.
Além das academias, os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão, autorizados pela 3ª Vara Criminal de Brasília, nas residências dos acusados, entre elas, na luxuosa casa onde reside o casal João Dias e Ana Paula Oliveira de Faria, 33, também apontada como integrante da quadrilha. O imóvel do PM fica num condomínio luxuoso de Sobradinho e foi arrestado pela Justiça.
A investigação surgiu em junho de 2008 com o cumprimento de mandado de busca e apreensão no escritório de um dos apontados no esquema: o contador Minguel Santos Souza, 54, situado na 711 Norte. Na ocasião, os policiais localizaram 49 notas fiscais emitidas pelas empresas Infinita e Serviços Gerais Ltda. e JG Comércio de Alimentos Preparados e Serviços Gerais Ltda. administradas por Miguel.
Os documentos foram emitidos em favor da Febrak e da Associação João Dias de Kung-Fu. Elas descreviam a venda de kimonos da luta marcial, jogos de xadrez, dominó, dama, varetas e gêneros alimetícios no valor de R$ 1.999.850,58. Foram apresentadas na prestação de contas ao Ministério dos EsportesApós análise na Seção de Perícias Contábeis do Instituto de Criminalística da Polícia Civil, descobriram que tais notas eram consideradas frias.
Segundo a PCDF, as duas entidades receberam um total de R$ 2.962.998 milhões do convênio com o Programa Segundo Tempo do Ministérios dos Esportes. Destes, o grupo do soldado João Dias é acusado de desviar R$ 1.999.850,58 milhão. Os acusados estão detidos por força de um mandado de prisão temporária com validade de cinco dias. Mas, com o avanço das investigações, pode ser que a pena provisória dobre ou até seja comutada para uma preventiva de 30 dias.
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O uso de mercenários
O uso de fontes desqualificadas já virou moda na mídia nativa – que se acha acima das leis e não teme qualquer represália. No ano passado, o Jornal Nacional serviu-se do ex-presidiário Rubnei Quicoli para caluniar a candidata Dilma Rousseff. Em setembro último, em audiência na 9ª Vara Cível, o mercenário desmentiu as acusações e “pediu desculpas ao PT”. A TV Globo sequer teve a dignidade de se retratar!
Na edição desta semana, Veja usa o mesmo expediente sórdido. Neste caso, ela simplesmente requentou velhas denúncias. Na campanha eleitoral de 2010, o policial João Dias Ferreira fez campanha para a esposa do “ético” Joaquim Roriz, candidata derrotada ao governo do Distrito Federal. O caluniador não é uma pessoa isenta. Tem lado político e virou um opositor feroz do governador Agnelo Queiroz (PT).
Agora, ele ataca o ministro Orlando Silva, até como represália pelo Ministério do Esporte ter suspenso os convênios e exigido a restituição do dinheiro roubado. Dá para confiar numa fonte como esta?