Ficha Corrida

05/10/2011

PCC e Fernandinho Beira-Mar teriam suas bancadas no Congresso se voto fosse distrital

Filed under: Fernandinho Beira-Mar,PCC,Voto Distrital — Gilmar Crestani @ 9:46 am
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Desde que a revista Veja inventou uma simulação duvidosa onde, com o voto distrital, o PT teria menos 8 deputados e o PSDB teria mais 5; virou moda setores conservadores defenderem o voto distrital como se fosse a pílula mágica "contra a corrupção", alegando que o eleitor conheceria melhor o candidato de seu distrito.
Balela! Quem acha que pior do que está o Congresso, não fica, precisa pensar duas vezes. A coisa pode sim, ficar bem pior.
A elite só pensa por um lado: que um distrito como Higienópolis, em São Paulo, poderia eleger facilmente um neoliberal dos sonhos, como FHC. Que o distrito da Savassi em BH elegeria alguém como Aécio Neves. Que o Leblon, no Rio, elegeria Indio da Costa (o que é duvidoso).
Mas e nas regiões ainda controladas pelo tráfico ou por milicias? Quem seria eleito nos distritos de algumas comunidades carentes do Rio de Janeiro, onde ainda não chegou a UPP? Quem seria eleito em bolsões da periferia de São Paulo, onde o PCC é forte? Nestes lugares o crime organizado impõe a lei do silêncio, até o toque de recolher. Se o voto for confinado no distrito, adivinhem quem vai ganhar a eleição? Não é o direitista demo-tucano, nem o esquerdista de um partido como o PT ou PCdoB, será o candidato do tráfico ou da milícia (máfia de policiais) alojado em qualquer partido. No Rio de Janeiro, o DEM já deu legenda para eleger milicianos que hoje estão presos.
O Rio e São Paulo são emblemáticos, mas o quadro se repete em quase qualquer metrópole brasileira. O resultado trágico poderia ser a infiltração do crime organizado no Congresso, mais do que casos isolados. O Brasil poderia sofrer um pouco do que sofreu a Colômbia no auge de Pablo Escobar, quando os cartéis das drogas controlavam províncias inteiras.
Então, é melhor deixar de lado o oportunismo de ocasião da revista Veja na defesa voto distrital, e qualificar o debate.
O voto distrital tem suas virtudes e defeitos (muito mais defeitos), e é preciso acender a luz para uma discussão honesta e parar de vender gato por lebre.
Tanto tem seus defeitos que na Inglaterra, discute-se uma reforma política, e uma das propostas é para implantar o voto proporcional, para corrigir as distorções do voto distrital.
Deputados britânicos compraram até estrume com dinheiro público
Em 2009, houve um escândalo de corrupção na Inglaterra, com verbas indenizatórias, o que demonstra que o voto distrital não é nenhum elixir anti-corrupção.
Deputados conservadores britânicos pediram reembolso por despesas com compra de estrume para seus jardins, manutenção de piscinas e pagamento de salários para governantas.
O deputado trabalhista Phil Hope, devolveu cerca de R$ 130 mil que ele havia cobrado dos cofres públicos para mobília de sua casa.
O deputado do partido conservador Anthony Steen, pediu reembolso do equivalente a cerca de R$ 280 mil para a manutenção de sua residência, e disse que seus críticos estavam "com inveja" dele por causa de sua "casa muito grande".
Se o voto fosse distrital em 2010, PT poderia ganhar 19 deputados a mais, e PSDB perder 6
Ao contrário do que diz a revista Veja, se o voto fosse distrital em 2010, a eleição em cada distrito seria mais parecida com uma mini-eleição de senador.
Dos 54 senadores eleitos em 2010, 11 foram do PT e 5 do PSDB.
Pela mesma proporção, o PT poderia eleger 105 deputados (elegeu 86), e o PSDB poderia eleger 48 (elegeu 54), ou seja o PT poderia eleger19 deputados a mais em 2010 se o voto fosse distrital, e os tucanos poderiam eleger 6 a menos.
Portanto, a defesa do voto proporcional contra o distrital não é para tirar vantagem momentânea. É para ter um Congresso o mais representativo possível dos anseios da população.
Qual sistema representa melhor os anseios do povo?
O voto distrital é o sistema mais antigo. Foi criado como solução antes de existir os meios de comunicação de massa e transporte rápido. O jeito de constituir o parlamento era enviando delegado de cada região (deputado do distrito). O cidadão que votava na província (no distrito), não tinha uma visão do que se passava no âmbito nacional, e dependia de depositar confiança em seu deputado.
Há muito tempo esse sistema está superado, com o cidadão tendo mais poder, com acesso a informação sobre o que se passa no âmbito nacional.
Se os EUA e Inglaterra fossem fundados hoje, com a existência da internet, do rádio e TV, jamais adotariam o voto distrital novamente. Ainda os mantém por estabilidade institucional, tradição e porque os parlamentares e partidos vitoriosos acostumados e se elegerem por este sistema, são avessos a mudanças.
Tem muito coisa errada para ser corrigida numa reforma política:
– proibir o financiamento privado (por bancos, empreiteiras);
– o custo das campanhas, onde o poder econômico e o marketing tem influência exagerada (se o TSE regula e padroniza o horário eleitoral na TV, poderia padronizar todo o material de campanha, inclusive o impresso);
– criar mecanismos melhores contra compra de votos;
– escancarar a transparência na atividade parlamentar;
– impedir que deputados eleitos votem no Congresso contrário ao que prometeram em campanha;
– impedir partidos de agirem de forma contrária seus próprios estatutos, enganando o eleitor;
– punir o partido com a perda de cadeira caso eleja corruptos que percam o mandato, em vez de ter garantida a vaga do suplente;
… e muitas outras coisas, mas nada tem a ver com voto distrital.
O grosso da corrupção é culpa do judiciário. Enquanto houver frouxidão em condenar gente rica, o ciclo da corrupção se perpetua: o político ladrão rouba em conluio com os corruptores, paga bons advogados, garante sua "ficha-limpa" na justiça para continuar concorrendo, e se elege com campanhas milionárias do dinheiro roubado e dos corruptores, e rouba de novo, reiniciando o ciclo.

Por: Zé Augusto

Os Amigos do Presidente Lula

16/09/2011

Voto Distrital, sou contra!

Filed under: Direita,Ditadura,PIG,Voto Distrital — Gilmar Crestani @ 9:19 am
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Os "modernos" Huck e Tass querem voltar aos tempos do voto bico de pena

Em pleno século XXI, quando há recursos tecnológicos para o cidadão votar até pela internet dentro de casa (e muito melhor informado pela própria internet), inclusive exercendo a democracia direta, os "moderninhos" Luciano Huck e Marcelo Tass se engajam como garotos-propaganda numa bizarra campanha para retornar o voto aos tempos das eleições fraudulentas decididas no bico de pena, resgatando o voto distrital da república velha e do império.
Hoje, os cidadãos tem muito mais facilidade e agilidade de participarem politicamente das grandes causas nacionais em redes sociais, independente do endereço em que moram (distrito).
A internet é a praça moderna, sem fronteiras geográficas, nem sociais. Cada vez faz menos sentido confinar o voto do cidadão para cargos que tratam das grandes questões nacionais, na sua vizinhança, em pequenas províncias (os distritos).
Para tratar dos assuntos locais existem as eleições municipais, com divisão de poderes, atribuições e responsabilidades federativas.
Por trás desse engôdo, esconde-se as intenções de levar as oligarquias políticas do PSDB de volta ao poder, conquistando maioria das cadeiras no Congresso com minoria dos votos.
Com o voto distrital é possível um partido ou coligação ter maioria no Congresso com apenas 25% dos votos populares (leia aqui um artigo explicando).
Na companhia da ditadura

Figueiredo e Roberto Marinho:
voto distrital para impedir eleições diretas.

Ao propor o voto distrital, os tucanos repetem a manobra tentada pela ditadura brasileira para permanecer no poder. Não por acaso, a base de apoio da ditadura na imprensa (Globo, Veja, etc.) é a mesma engajada na campanha pelo voto distrital.
No apagar das luzes da ditadura brasileira, em 1982, os feiticeiros políticos da ARENA (partido de apoio a ditadura, ancestral do DEMos), quando perderam o controle sobre o voto popular, tentaram permanecer no poder reintroduzindo justamente o voto distrital, através da Emenda Constitucional nº 22, de 29 de junho de 1982.
Não deu certo. Tal emenda não chegou a funcionar, pois antes das eleições de 1986, foi revogada com o fim da ditadura, pela Emenda Constitucional nº 25, de 1985. A Constituinte cidadã de 1988 decidiu por manter o voto proporcional.
Na companhia de Geoge W. Bush
O "moderno" voto distrital é o mesmo que elegeu George W. Bush presidente dos EUA, com menos cidadãos votando nele do que no adversário.
O resultado no voto direto popular foi:
Al Gore: 51.003.926 votos
George W. Bush: 50.460.110 votos
No sistema distrital estadunidense implantando há mais de dois séculos atrás, onde cada estado representa um distrito, o vencedor em cada distrito indica os delegados que votam no colégio eleitoral. Seguindo esta fórmula, o resultado foi:
Bush: 271 delegados
Gore: 266 delegados
Mesmo perdendo a eleição no voto popular, Bush tornou-se presidente com 5 votos indiretos de delegados a mais.
Voto CQC – Custe o que Custar
Os defensores do voto distrital argumentam que o eleitor exerceria maior controle sobre o deputado, por haver maior proximidade.
Não passa de teoria que não se sustenta na realidade.
O controle pelo eleitor depende de sua consciência política e interesse para acompanhar o desempenho de seu representante, e não do sistema eleitoral pelo qual ele foi eleito.
O vereador mora no município e está próximo ao eleitor, mas as mazelas da corrupção, das caixinhas de empresas de ônibus, da especulação imobiliária, das máfias de lixo, da merenda escolar, dos desvios na saúde, da apostilagem nas escolas, das licitações fraudulentas, do nepotismo, do fisiologismo, do clientelismo, dos super-salários, do legislar em causa própria, costuma ser até maior nas Câmaras de Vereadores (distante dos telejornais de abrangência nacional) do que no Congresso Nacional (mais vigiado pelo noticiário).
A intenção oculta das oligarquias defensoras do voto distrital é o contrário: é o maior controle dos caciques sobre o eleitorado do distrito, como ocorria nos currais eleitorais.
Para oligarquias inescrupulosas é mais fácil comprar votos e manter controle dentro de um pequeno eleitorado confinado em distritos, do que em um eleitorado de massas.
O povo dividido é mais fácil ser vencido

Tal qual um fazendeiro divide sua terra em pastos cercados e currais para melhor controlar a engorda de seu gado para abate, a divisão do eleitorado em distritos -  pelas oligarquias – visa controlar a engorda de votos desorganizados para abate da soberania do voto popular, quebrando a estrutura das massas organizadas que não votam neles.
É paraticamente impossível um cacique político controlar as massas organizadas, com consciência dos interesses dos trabalhadores, dos mais pobres, dos mais fracos economicamente, das minorias e maiorias oprimidas e excluídas, quando organizadas em movimentos sociais.
O golpe branco seguinte
Conquistada maioria no Congresso com apenas um mínimo de 25% dos votos, o golpe seguinte seria tomar de assalto o poder executivo, instituindo o parlamentarismo (o sonho do tucanato em eleger o governo indiretamente, com sua aversão ao povão, como já deixou escapar FHC em um artigo).
É relativamente fácil conquistar 30% dos votos, com o eleitorado reacionário, com o poder econômico, e com o apoio maciço da imprensa oligarca. Esses votos podem levar à conquista de mais de 50% dos distritos e, com isso, conseguir nomear primeiro-ministro alguém como José Serra (PSDB/SP), apesar do repúdio popular nas urnas.
Lá se iria o Brasil descendo a ladeira de novo, rumo à quebradeira das crises internacionais e dependência do FMI, para entregar o Pré-Sal, o mercado interno, nossa energia limpa, nossas minas, nossa biodiversidade, nossos aquíferos e nossa produção agrícola e demais riquezas às antigas metrópoles decadentes do hemisfério norte.

Os Amigos do Presidente Lula

15/09/2011

10 mentiras de Veja sobre o voto distrital

Filed under: Veja,Voto Distrital — Gilmar Crestani @ 11:36 am
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Se a Veja é favor, só pode ser putaria. A Veja é ótima para nos indicar o caminho. É só tomar o sentido oposto.

A edição da revista Veja do dia 7 de setembro traz uma reportagem cujo título é “Como aumentar o peso do seu voto”, onde traz os dez supostos motivos para apoiar a tal ideia. Para as pessoas progressistas, de visão política arejada e saudável, que defendem a liberdade e a participação popular na política, uma simples proposta defendida pelo Grupo Abril já traz a leitura de não ser uma iniciativa positiva, mas de retrocesso, de cerceamento da democracia.  
Por Geraldo Galindo*

Antes de comentar passo a passo o que passarei a chamar de 10 mentiras (e meias verdades) é bastante revelador o preâmbulo da matéria e algumas opiniões constantes das sete páginas do referido texto. Estabelecendo “cálculos” sem nenhuma comprovação, eles partem do pressuposto de que, se o voto distrital estivesse implantado no Brasil, o PT teria no mínimo 15 deputados a menos. Vejam aí, amigos e amigas, que já fica logo claro qual o interesse do grupo – reduzir a representação do partido que, ao lado de outros, vem conduzindo mudanças extraordinárias no país, mudanças essas que precisam ser aprofundadas, em prol dos trabalhadores, do povo e da soberania do Brasil.
Mais adiante, em várias passagens de cada “motivo” eles vão alegar acintosamente, sem meios termos, numa demonstração clarividente de seus preconceitos e interesses, que o voto distrital vai reduzir a possibilidade de eleição de sindicalistas e de representantes dos movimentos sociais. Isso mesmo; para Veja, representação de trabalhadores e dos movimentos sociais no Congresso é nociva, numa visão elitista de que ali só comporta os prepostos das classes dominantes, os representantes da grande burguesia (banqueiros, grandes empresários e latifundiários). Numa previsão otimista, novamente saído de outro esdrúxulo "cálculo", vão dizer que com a nova fórmula 35 sindicalistas não teriam sido eleitos em 2010.
Para entender melhor a polêmica, o voto distrital puro (tem outra modalidade, o voto distrital misto) passaria a ser como uma eleição majoritária, uma eleição de prefeito, por exemplo. Então, para se votar num vereador ou deputado, uma cidade como Salvador seria dividida em distritos, suponhamos 20 (o total de zonas eleitorais) e cada uma delas teria uma eleição para vereador ou deputado e cada partido apresentaria um candidato em cada uma delas. Esse não é o assunto em análise aqui, mas imagine só a confusão que seria a divisão desses distritos num país tão amplo e complexo como o Brasil. Se numa cidade já seria pra lá de complicado, imaginemos esses distritos no âmbito do restante de cada estado. Vamos aos argumentos da única revista norte-americana escrita em português, como já disse um deputado comunista:
As 10 mentiras (e meias verdades)

1 – Escolher fica mais fácil. Eu fico imaginando uma campanha eleitoral numa capital onde cada partido tenha candidatos majoritários espalhados por toda parte e como o eleitor se comportaria. Diz a revista que o número menor de candidatos facilitaria a vida do eleitor, mas esse eleitor vai ter contato com a campanha de todos os demais candidatos de outros distritos eleitorais. Eventualmente pode até querer votar em um candidato de outro distrito que não seja o seu e ficar impossibilitado. O argumento da redução de número de candidatos é verdadeiro, mas daí concluir que fica mais fácil a escolha é apenas um desejo da revista. E a tese de redução do número de candidatos, em geral, parte daqueles que querem restringir a democracia e transformar o país num sistema bipartidário, antidemocrático, nos moldes dos EUA e Inglaterra.
2 – Quem elege fiscaliza. Diz a revista, o que é verdade, que os eleitores elegem seus deputados e logo depois nem lembram do nome destes, e cita uma pesquisa de que apenas 22% do eleitorado se lembra em quem votou para deputado federal. Mas o problema da falta de fiscalização dos mandatos por parte do eleitor não guarda relação necessariamente com a forma de eleger, mas sim, na sua despolitização, decorrente de tantos fatores, entre os quais, o nefasto papel dos meios de comunicação que têm como prática a desmoralização da classe política, e o que é pior, a tentativa de colocá-los todos no mesmo patamar de imoralidade, quando certamente existem parlamentares sérios. Não me consta que o nível de fiscalização de um prefeito pelo eleitor seja muito diferente do de um parlamentar.
3 – A campanha fica mais barata. Ao final da argumentação desse ponto, talvez a maior mentira de todas, eles concluem afirmando que além de baratear a campanha, a independência do eleito aumenta. O argumento é de que o candidato no atual sistema faz campanha num estado inteiro e os custos são exorbitantes e essa campanha milionária seria o passo para a corrupção do eleito. Primeiro que os candidatos não fazem campanha no estado inteiro – no geral eles têm suas bases principais, mas as campanhas são caras mesmo. Mas o problema é que uma eleição majoritária, no geral, é muito mais cara do que uma eleição proporcional. Uma eleição para prefeito é bem mais cara do que a eleição de um vereador, como a de um governador é bem mais cara do que a de um deputado estadual. A eleição de um deputado por um distrito vai exigir uma estrutura semelhante à campanha de qualquer outra eleição majoritária, como a de um prefeito. E a tese de que aumenta a independência do eleito é uma falácia, pois ao contrário, essa tal dependência pode até aumentar, pois os financiadores serão os mesmos de sempre. E o caminho que leva um deputado à corrupção é sua índole, seus princípios (ou a falta deles), e não financiadores de campanha. No Congresso Nacional existem dezenas de deputados que recebem financiamentos de empresas, mas não perderam a independência.
4 – Acaba o efeito Tiririca. Veja diz que "por causa da obtusa regra do quociente eleitoral", os eleitos se dão pela divisão dos votos pelas siglas e não pelos indivíduos mais votados. Mas esse formato, que não é o ideal, admitamos, é muito mais justo do que a eleição pelos mais votados, pois é deste modo que se fortalecem os partidos – a eleição não se dá em torno de indivíduos, mas em torno de ideias, ideias estas difundidas por partidos políticos. Portanto, se o partido de Tiririca elegeu deputados com a sobra dos votos dele, é uma divisão, digamos, ajustada, pois a representação deve sempre valorizar o partido em detrimento de pessoas. Diz a reportagem que apenas 36 cadeiras foram ocupadas por deputados que fizeram o tal quociente, mas o tal quociente é pra ser feito por partidos e não por pessoas. Então, quando eles falam que os outros 477 não tiveram votos para se eleger é uma mentira. Tiveram sim, mas dentro de suas coligações ou partidos.
5 – O gasto público diminui. O raciocínio é tão frágil, que parece até ingenuidade. Dizem que com deputados eleitos no voto distrital vai acabar ou diminuir o dinheiro público que é gasto através de emendas parlamentares, pois esses deputados não seriam reféns de grupos corporativos, "mas apenas aos eleitores de suas bases". Se a Veja propusesse o fim das emendas parlamentares, tese com a qual concordo, seria outra história – penso que em parte o governo não ficaria refém de chantagistas profissionais em momentos de votações importantes. Mantendo as emendas, os deputados eleitos no voto distrital puro fariam tudo igualzinho ao que se faz atualmente, ou até pior. A guerra pela liberação das emendas (uma pressão vinda dos financiadores ao seu financiado e das bases nos distritos) continuará a fazer parte do jogo enquanto elas existirem.
6 – Os corporativistas perdem espaço. Aqui cabe uma pergunta: quem são os corporativistas? Para Veja, corporativistas são os deputados que "carreiam recursos públicos para centrais sindicais". Diz que o modelo atual é ideal para "beneficiar candidatos de categorias como a dos sindicalistas". Ora, corporativistas autênticos são os representantes das grandes corporações que financiam as grandes e caras campanhas eleitorais. Com campanhas eleitorais majoritárias para deputados e vereadores, a representação desses setores (os ricos e milionários) vai aumentar substancialmente e consequentemente reduzir a bancada da representação popular. Este é o verdadeiro objetivo de Veja e a quem ela presta serviço. No atual Congresso Nacional, a representação dos trabalhadores não chega a 15% e eles acham isso elevado. Somente a bancada ruralista tem mais que o dobro disso, sem falar na representação dos demais setores empresariais, que vivem a travar qualquer lei que beneficie os trabalhadores.
7 – As oligarquias se enfraquecem. Com o voto distrital a possibilidade é de acontecer justamente o contrário. Quando a Veja fala de oligarquias, supõe-se que ela se refere a seus parceiros de apoio ao golpe militar de 1964, como Sarney e ACM, mas o sentido de oligarquia aqui tem o mesmo de corporativismo para a Veja. Se os tais oligarcas são ligados ao PSDB ou DEM, o conceito muda, mas se é da base do governo do PT, é oligarca mesmo. Na argumentação eles dizem, contradizendo argumentos anteriores, que as tais famílias que se reproduzem no poder gastariam muito dinheiro (eles disseram antes que a campanha ficaria mais barata). Assim, as forças políticas com menos acesso ao poder econômico ficariam em situação difícil para se eleger, ou seja, facilitaria a vida dos oligarcas endinheirados.
8 – Aumenta a força das capitais. Dizem eles que com a campanha em todo o estado, os representantes das capitais ficam de fora e que a parcela mais politizada do eleitorado fica sub-representada. Eu não sei de onde eles tiraram esses números, mas o que acontece de fato é que qualquer político pode fazer campanha na capital e no interior, e é bom que assim seja. O que ocorre com a representação maior de deputados do interior vem por uma razão óbvia: com poucas exceções, na maioria dos estados a população mora no interior, a exemplo da Bahia, onde o eleitorado da capital não chega a 20% do total de eleitores. E no voto distrital isso não vai mudar em nada, pois o percentual entre capital e interior não sofrerá bruscas alterações, a não ser que venham casuísmos (inaceitáveis) ou uma avalanche de êxodos que não estão previstos. Agora, o que imagino como ideal seria que cada estado tivesse o número de deputados proporcional ao número de eleitores/população, pois aí existe uma enorme distorção que não é o caso tratar aqui.
9 – O Congresso é fortalecido. É mesmo, fortalecido com uma maior representação da bancada patronal, dada a eleição majoritária consumindo enormes recursos que saem dos bolsos dos poderosos. O argumento é de que "o eleitor passa a votar contra o candidato que não gosta" (sic).. Quando numa eleição para prefeito um eleitor vota num candidato, não significa necessariamente que ele não goste de outro. Diz ainda que no sistema distrital o deputado precisa fazer esforço para se destacar. E algum deputado no atual sistema não faz outra coisa senão tentar se destacar?
10 – A corrupção reflui. Aqui é bom lembrar que a direita brasileira, representada por Veja (um verdadeiro partido político), adota critérios estranhos para se preocupar com a corrupção. Quando vem de suas bases políticas (PSDB/DEM) ou o assunto não aparece ou é tratado de maneira cordial, civilizado. Quando o escândalo, muitas vezes fabricado pela própria revista, se refere ao PT e aliados, é um verdadeiro massacre, como a crueldade que eles sistematicamente promovem contra José Dirceu, uma perseguição que beira ao que existiu de pior no fascismo. O argumento é de que no toma-lá-dá-cá em troca de apoio o governo oferece cargos aos deputados que indicam pessoas inescrupulosas para fazer estripulias. Dizem eles que nos países que têm voto distrital o índice de corrupção é 20% menos do que onde o sistema é outro (isso chega a ser risível). Repetindo, a corrupção se origina não é no modelo (que ajuda, é verdade), mas no mau caratismo de espertalhões.
Combate à corrupção

Para concluir, a forma de reduzir a corrupção (não para acabar) é o fim do financiamento privado, pois é daí que se originam quase todos os escândalos que frequentam diariamente os telejornais. Como o financiamento é privado, nesse exato momento, tem algum deputado recebendo algum pacote em alguma parte do Brasil para pagar dívidas e se aproveitando para uma parte alimentar suas contas pessoais. É exatamente isso que acontece, lembrando que a regra não se aplica a uma parte da bancada sadia do Congresso Nacional – que é minoritária. Depois esses deputados vão carrear emendas e projetos que serão executados pelos seus financiadores e na hora que a grana é liberada, a parte da campanha volta na forma de superfaturamento e outras. E na eleição seguinte, o mecanismo se reproduz. Por que a Veja e os partidos conservadores não concordam com o financiamento público? Porque sabem que o poder econômico seria esvaziado e consequentemente representantes do povo – que Veja não quer por lá – poderiam aumentar sua participação.
E o financiamento público deve vir junto com as listas fechadas, como ocorre em boa parte dos partidos na Europa. O eleitor, ao invés de votar em candidatos individuais, o que desqualifica a política, votaria em partidos, que apresentariam suas listas de candidatos. E a depender da votação de cada partido, as bancadas seriam eleitas proporcionalmente à votação que tiverem, ou seja, se o PT tem 25% dos votos, obtém 25% da quantidade de vagas, e assim sucessivamente. Uma reforma política é fundamental para acabar com essa relação promíscua entre políticos e empresários corruptores, mas sinceramente, não acredito que ocorra. O conservadorismo existente no Congresso Nacional não permite. Infelizmente. Mas voto distrital nem pensar. Excluir minorias de representação política é inadmissível numa democracia plena. É o caminho para o autoritarismo.
* Geraldo Galindo é diretor da Associação de Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (AFBNB) e presidente municipal do PCdoB em Salvador (BA)

10 mentiras de Veja sobre o voto distrital – Portal Vermelho

O voto distrital “é da” direita

Filed under: Marcos Coimbra,Voto Distrital — Gilmar Crestani @ 9:09 am

 

O voto distrital e a direita

por Marcos Coimbra, no Correio Braziliense

Estão vendendo ao país duas teses falsas. Uma é dita explicitamente: que os problemas da democracia brasileira se resolveriam se tivéssemos o voto distrital. A outra fica sugerida: que sua implantação no Brasil seria algo simples.

Com impressionante velocidade, a direita brasileira se descobriu favorável ao voto distrital desde criancinha. Sem que exista qualquer motivo lógico que explique o porquê, políticos, intelectuais, empresários e jornalistas conservadores se encantaram com ele e começaram, em coro, a defendê-lo. Ao mesmo tempo, passaram a espinafrar o voto proporcional, que faz parte das regras do nosso sistema político desde o Código Eleitoral de 1932.

Em nenhum lugar do mundo havíamos visto coisa parecida. A argumentação em favor do voto distrital nunca teve cor ideológica, nunca foi bandeira da direita ou da esquerda. A discussão sobre suas vantagens e desvantagens sempre permaneceu no plano técnico.

Quem tem um mínimo de informação sobre o assunto sabe que não há sistema eleitoral integralmente bom ou ruim. Todos têm aspectos positivos e negativos.

Sabe, também, que faz pouco sentido falar em voto distrital no abstrato, assim como de voto proporcional puro. Cada país tem seu sistema, com coloração e particularidades únicas. Há tantos sistemas de voto distrital (e de voto proporcional) quantos países que o adotam.

Existem democracias plenamente funcionais e bem sucedidas com voto distrital, e (muitas) outras com as diversas formas possíveis de voto proporcional. Aliás, em termos puramente quantitativos, a maioria dos países democráticos do mundo tem algum tipo de voto proporcional.

É compreensível que a campanha que a direita brasileira está fazendo em favor do voto distrital não apresente os ponderáveis argumentos que existem contra ele. Seus responsáveis têm todo o direito de subtrair da opinião pública o que é contrário a suas preferências. Afinal, na guerra ideológica, o que menos importa são os fatos.

Não é o mesmo que se pode dizer de quem, na mídia, deveria se ocupar do jornalismo. Chega a ser lamentável que veículos de informação assumam função de pura desinformação.

Estão vendendo ao país duas teses falsas. Uma é dita explicitamente: que os problemas da democracia brasileira se resolveriam se tivéssemos o voto distrital. A outra fica sugerida: que sua implantação no Brasil seria algo simples, que “só depende da vontade política”. Ou seja: que não é feita porque “alguém” não quer.

É com teses desse gênero que se fazem as campanhas que os profissionais do marketing político chamam de “construção de agenda” (mal traduzindo a expressão norte-americana agenda building). Identifica-se um incômodo, dá-se-lhe uma explicação, põem-se a mídia para promovê-la e convocam-se as “pessoas de bom caráter” a agir.

Já vimos esse filme várias vezes: há um problema (por exemplo, a falta de empregos em uma economia avançada), cria-se um “culpado” (por exemplo, os imigrantes do terceiro mundo) e pede-se aos eleitores que votem em quem vai “resolvê-lo” (por exemplo, um partido de direita).

Quando os problemas são reais e preocupam as pessoas, a questão é convencê-las de que o diagnóstico de suas origens é correto. Se o admitirem, abraçarão “a causa”, o que fica tanto mais fácil quando mais alto a mídia bater o bumbo.

Há uma nítida e compreensível insatisfação da maioria da sociedade brasileira com o sistema político. Além de sua crônica dificuldade de assegurar a todos adequada representação, ele padece de vários vícios, dos quais o mais irritante é a corrupção.

A direita brasileira, através de seus núcleos de pensamento estratégico e intelectuais, quer fazer com que o país acredite que o PT e, por extensão, o governo (ou o que ela chama de “lulopetismo”) são a favor do sistema de representação proporcional porque assim se perpetuariam no poder. Quer, portanto, que “as pessoas de bem” se tornem defensoras do voto distrital, assegurando-as de que só com ele é possível simplificar as eleições, aumentar a responsabilidade do eleito, a vigilância do eleitor, acabar com a corrupção.

Não existe qualquer evidência, seja baseada em nossa experiência com o voto distrital (pois já o tivemos durante várias décadas), seja na de outros países, que permita afirmações desse tipo. Nem ele é garantia de solução para tais problemas, nem faz sentido dizer que o voto proporcional os provoca.

É improvável que a direita fale essas coisas por ignorância. Mais fácil é imaginar que, apenas, finge saber como dar resposta às justas preocupações da sociedade.

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

Marcos Coimbra: O voto distrital e a direita | Viomundo – O que você não vê na mídia

11/09/2011

Voto Distrital é cabresto da direita

Filed under: Voto Distrital — Gilmar Crestani @ 10:06 pm

 

Veja, Merval e Cerra querem o distrital. Falta o perito Molina

    Publicado em 11/09/2011

O perito Molina defende o voto distrital

O Vasco, amigo navegante de longo curso, acaba de aportar na Marina da Glória, no Rio, de costas para o busto de Vargas, para contemplar as plataformas de petróleo que ajudam o Rio a ultrapassar São Paulo na busca de investimentos
Vasco leu suculento artigo do Merval, na pág 4 do Globo, para defender o voto distrital e atacar o “voto proporcional misto”, sugerido pelo relator da reforma política, deputado Henrique Fontana, do PT do Rio Grande do Sul – clique aqui para ler
Vasco lembrou que além do Merval, a Veja e o Cerra também querem o voto distrital.
Este ansioso blogueiro ponderou: a Veja, o Merval e o Cerra ?
Só falta o perito Molina !
O Vasco teve que concordar, até porque a caipirinha à base de “Canarinha” se aproximava de forma impetuosa !
À falta do perito Molina, este ansioso blogueiro sugere a leitura desta carta aberta que Fontana escreveu ao Cerra.

Resposta do relator da Reforma Política Henrique Fontana (PT-RS), às críticas do ex-candidato (e eterno candidato – PHA) José Serra ao seu projeto.
Prezado José Serra,
Li com atenção suas considerações a respeito do anteprojeto de Reforma Política. Tenho acompanhado com satisfação o intenso debate despertado pela proposta, dentro e fora do Congresso Nacional, e recebido inúmeras sugestões de alterações pontuais no anteprojeto. Estou convencido de que, por meio de discussão a mais ampla e qualificada possível, encontraremos os caminhos que aperfeiçoarão a democracia brasileira. Nesse debate, percebo que um dos pontos em comum é a insatisfação com o modelo atual, caracterizado pela crescente dependência do sistema representativo em relação aos recursos dos financiadores privados. Em política, a insatisfação e o desconforto são o primeiro passo para a adesão à mudança.

Leia mais aqui: Veja, Merval e Cerra querem o distrital. Falta o perito Molina | Conversa Afiada

10/09/2011

CANSEI do Voto Distrital

Filed under: CANSEI,Voto Distrital — Gilmar Crestani @ 8:07 pm

Dize-me com quem andas e direi o que queres

O movimento pelo voto distrital vai ganhando, a cada dia, ações de propaganda que revelam, para quem quiser ver, a sua origem e intenção políticas.

Depois de José Serra, a Veja. E, agora, Merval Pereira, em O Globo. Que trinca!
Toda a respeitavel discussão sobre a conveniência deste sistema eleitoral desparece ante a insinceridade dos objetivos.

Seus organizadores são apresentados com um distanciamento das paixões partidárias que quase faz supor terem chegado ontem de Marte. São “a sociedade”, embora sejam apenas uma parte dela.

Agora o movimento, que era “espontâneo”, embora tivesse nascido usando um domínio de internet pertencente à Associação Comercial de São Paulo, ligada ao kassabo-serrista Guilherme Afif Domingos, é patrocinado por uma outra instituição, o Centro de Liderança Política, instituição mantida, entre outros voluntários, pelo Itau, Santander, Pão de Açúcar, Vivo e Arab Bank.

Nada de ilegal nisso.

Desde que não nos queiram vender a ideia de que o movimento não tem, por detrás de si, senão um simpático grupo de caras-pintadas, idealistas, que estão ganhando tanta acolhida na mídia conservadora por sua expressão na sociedade.

Porque o que acontece é exatamente o contrário: é a mídia conservadora que está lhe dando seus 15 minutos de glória.

Tijolaço – O Blog do Brizola Neto

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