Alguém ainda deve lembrar dos violentos ataques de falsa moralidade dos pittbulls da velha mídia. Sentados na poltrona do patrão, têm ataques epilépticos, babam, rosnam. Mas sempre em relação aos PPPP. Arnaldo Jabor, Rachel Sheerazade, Lasier Martins, Luis Carlos Prates, e toda uma matilha que infestam páginas de revistas e jornais vivem de fazer justiça com as próprias fezes. Não é muito diferente disso quando uma Eliane Cantanhêde espalha o terror em relação à febre amarela. Uma campanha da velha mídia levou milhares de pessoas pelo Brasil a fora a se vacinarem com medo de contraírem a doença. Algumas vieram a morrer, por efeitos colaterais da vacina, que viviam em regiões sem registro de caso nem risco de que viessem a ter.
O ex-presidente do São Paulo, em entrevista a ESPN, contou a história a respeito das Olimpíadas na China. Por mais de 50 anos o Ocidente vendeu que os chineses comiam escorpiões, ratos e criancinhas. Bastou um mês de Olimpíadas para que o Ocidente descobrisse um mundo totalmente diferente daquele que a China, em vão, tentava mostrar ao Ocidente. É também isto que está acontecendo no Brasil. A velha mídia vendeu ao exterior um horror do Brasil que iria sediar a Copa. Bastou menos de um mês de Copa para que o mundo descobrisse que o maior problema do Brasil reside nos Grupos MafioMidiáticos. São eles que incitam o ódio, deturpam para eleger um Caçador de Marajás. Não fosse a Parabólica do Rubens Ricúpero e não saberíamos dos bastidores da Globo com FHC na eleição deste. O Escândalo Proconsult é outro exemplo de outro ponto fora da curva em que a velha mídia se mete.
O ódio da velha mídia, patrocinada por grupos como o Banco Itaú, foi mostrado ao mundo na abertura da Copa do Mundo. Ali estava sendo mostrado ao mundo o tipo de gente que tem ódio aos PPPP(preto, pobre, puta e petista). D. Judith Brito fez certo ao dizer que a Folha era a verdadeira oposição ao governo. Faltou a ela autorização do Instituto Millenium para dizer a verdade sobre os demais a$$oCIAdos.
O professor ladrão e a Revolução Francesa, por Urariano Mota
sab, 05/07/2014 – 10:52 – Atualizado em 05/07/2014 – 11:53
A Copa do Mundo é o assunto fundamental este mês. Mas a vida continua, dentro e fora dos estádios de futebol. Daí que é necessário falar do que não gostaríamos, mas é imperioso falar. Parece mesmo que não temos um minuto só de trégua, de paz, ainda que falsa. É o caso desta notícia, esta semana, que copio e passo a comentar agora.
“Acusado de assalto, professor de História é obrigado a dar aula para provar inocência
Espancado por moradores, André Luiz Ribeiro precisou dar aula sobre Revolução Francesa e ainda foi preso por dois dias
Confundido com um ladrão….”
Primeira pausa. Se fosse um ladrão estaria certo sofrer o que o professor sofreu?
Mas continuando:
“…Um professor de História foi espancado por moradores da periferia de São Paulo e só conseguiu se livrar do linchamento quando, segundo ele, foi obrigado a dar uma aula sobre Revolução Francesa. Mesmo assim, André Luiz Ribeiro, 27 anos, foi levado para a delegacia, onde ficou por dois dias, já que o dono do bar assaltado confirmou em depoimento que ele seria o ladrão.
O professor contou que quando foi socorrido por Corpo de Bombeiros, teve de ‘dar uma aula’ sobre a Revolução Francesa para provar sua inocência. Os bombeiros declararam que ‘informações são improcedentes’ e que não houve ‘desrespeito ou deboche’. André conta que estava correndo na última quarta-feira, no bairro Balneário São José, em São Paulo, quando um bar foi assaltado.
— Eu corro dez quilômetros todos os dias, estava de fone de ouvido, sem identificação porque moro por perto, e fui confundido com um dos três assaltantes. O dono do bar e o filho dele me acorrentaram. Umas 20 pessoas me cercaram e começaram a me bater. Acorrentaram meus braços e pernas e me colocaram de barriga para baixo na rua — conta o professor.
Segundo ele, um dos bombeiros que o socorreu teria dito: ‘Se você é professor de História, então dá uma aula sobre Revolução Francesa’.”Outra pausa: notem que já houve, seguramente, deboche e abuso. O bombeiro pensou em pedir o impossível, pensou em se divertir com o homem espancado, ou seja, em livre leituras do seu ato: se você é professor, ô ladrão, dê uma aula de história, e sobre a Revolução Francesa. Quero ver. Vamos.
Mas para desgraça da piada, o homem ferido era mesmo professor.Continuando:
“— Falei que a França era o local onde o antigo regime manifestava maior força, e que a burguesia comandou uma revolta junto com as causas populares, e que havia fases da revolução”.
Mas que poder de síntese, meus amigos. Que lucidez impressionante no fundo da dor. Quantos de nós conseguiríamos ter esta luz no meio da mais funda selva, quando tudo parecia perdido?
Continuando, falou o mestre humilhado:
“Falei por uns três minutos e perguntei se já estava bom.
O professor de história também diz que foram os bombeiros que salvaram sua vida, pois enquanto ele dava a aula para provar que era professor, ouviu o proprietário do bar dizer que ia buscar um facão. Em seguida, a Polícia Militar chegou no local, o levou para o pronto-socorro da região. Depois, foi encaminhado à delegacia, onde ficou preso até sexta-feira.
— O proprietário do bar assaltado, Djalma dos Santos, 70 anos, negou que tenha espancado o professor. Questionado se tinha certeza de que Ribeiro era um dos assaltantes, ele não confirmou.
— A população que acorrentou, que bateu, eu não fiz nada. O que eu tinha que falar já falei na delegacia. Não adianta nada ficar perguntando, não vou retirar o que disse. Eu gritei que era ladrão e a população da rua foi atrás dele. Se ele não devia nada, vai dar uma mancada dessas de estar correndo no meio dos bandidos na hora do assalto? — afirmou o proprietário do bar”.
Quanto cinismo do dono do bar. Ele não bateu, apenas atirou um homem às feras. “Podem matar”, foi a sua atitude.
Continuando a notícia do crime:
“A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o delegado André Antiqueira, titular do 101º DP, ‘se coloca à disposição para ouvir em depoimento quem tenha novas informações para acrescentar à investigação’, já que os criminosos que participaram do crime ainda não foram presos.
— O professor foi preso em flagrante em cumprimento do artigo 302 do Código Penal, já que a vítima o reconheceu como um dos participantes do roubo ao estabelecimento comercial em duas oportunidades. A Justiça concedeu liberdade provisória ao acusado — diz nota da SSP”.
Para mim, o gênio de Kafka não escreveria melhor que essa resposta burocrática do delegado de polícia. Um inocente foi enquadrado no artigo 302 do código penal, e a justiça concedeu liberdade provisória ao inocente criminoso enquadrado. Para a polícia, o problema legal está resolvido, pelo visto. Mas a justiça humana é outra história, não entra no boletim de ocorrência. Voltemos ao mestre de história:
“Só depois de explicar sobre a ascensão da burguesia é que o levaram ao hospital, diz.
‘Foi algo surreal. Só acreditamos quando chega próximo de nós. Aí você vê que é muito real mesmo, esse ódio das pessoas. Essa brutalidade do ser humano.’
Eu estou bem melhor, mas a ferida na alma, a inocência, está perdida.”
E agora, merece destaque o depoimento corrido do mestre de história quase morto:
“Quando vi, as pessoas olhavam na minha direção, provavelmente porque foi a direção que os ladrões tomaram. Eu estava indo no sentido contrário. Com fone de ouvido. Nem achei que tinha acontecido um roubo. Nem sabia que era comigo.
Até onde eu lembro, eu ouvia Lion Man, do Criolo. Sou fã, gosto para caramba. O show dele já fui, é louco. Pelo fato de ele retratar as favelas, a realidade aqui. Também eu ouvi Facção Central, de rap, que tem uma causa social muito forte em pauta.
Aí eu vi as pessoas se afastando bruscamente. Foi quando eu vi um Fusca vermelho para me atropelar, vindo com muita velocidade. Pararam quase em cima de mim. Aí desceram do carro o dono do bar e o filho. E começaram a me bater.
Eu falava em todo momento que eu era inocente, que era professor. Eu não tinha documento nenhum porque estava correndo, todo mundo me conhece ali perto. Mas já me bateram, me jogaram no chão.
Os dois começaram. Só que veio a multidão. Foi de 15 a 30 pessoas que me bateram. Nem me perguntaram, nem olharam para os meus bolsos para ver se eu tinha alguma coisa. Eu não ia fugir, já pus as mãos para cima quando se aproximaram, mas tomei um soco na cara.
Ainda estava no chão, mas eles não acreditavam em mim. Eu disse que era professor, que estava ali por acaso. Aí um dos bombeiros falou para dar uma aula sobre Revolução Francesa. Foi o que me salvou.
Eu estava arregaçado, mas consciente. O raciocínio fica difícil, porque você fica em choque. Eu falei da ascensão burguesa ao primeiro escalão, que tinha poder econômico, mas não poder político, e de como a revolução mudou a forma como vivemos hoje.
Achei mesmo muito irônico esse ter sido o tema que ele perguntou, ali, naquele momento. Liberdade, igualdade, fraternidade. Falei sobre a queda da Bastilha. É um assunto que eu dou para 7ª série. Estava fresco na minha cabeça. Mas, mesmo assim, eu leio muito. Eu tenho conhecimento mínimo acerca da História.
Foi algo surreal. Só acreditamos quando chega próximo de nós. Aí você vê que é muito real mesmo, esse ódio das pessoas. Essa brutalidade do ser humano.
Nunca imaginei que eu ia ser preso um dia. Mas hoje eu tenho ferramenta para falar para os meus alunos”.
É uma notícia, ao mesmo tempo, triste, que comove, e revoltante. Dependendo do ângulo sob o qual a gente olha, pode dizer que é uma vitória do conhecimento sobre a barbárie (o professor, acorrentado, quase morto, deu uma aula que o salvou), ou pode ser dito também que é uma vitória parcial da barbárie sobre o conhecimento, porque espancou e quis matar um homem por aparências frágeis, sem consistência, de franca e bárbara injustiça.
Lembro do programa do rádio Violência Zero, na Tamandaré do Recife, onde eu, Marco Albertim e Rui Sarinho, trabalhamos, da reportagem à apresentação.
O Violência Zero era um programa de direitos humanos. Nele, travamos com travo esse conhecimento dos bárbaros que clamam vingança, matando. No estúdio da Rádio Tamandaré, no fim dos anos 80, sentíamos a disputa de ideias na sociedade do Recife entre punir sem medida e o direito à justiça. Mas não com essa força de agora, dos últimos meses. Na época, ainda que sem método científico, pelos telefonemas dos ouvintes, notávamos que a divisão entre os mais bárbaros e civilizados era quase meio a meio. O que houve agora para esse assalto de vingança?
Vocês me perdoem eu não ter feito um comentário à altura desse crime. Eu ainda estou processando. Mas bem mereciam processos penais os comunicadores da televisão como a fascista Sheherazade do SBT. Para lembrar o que está na Wikipédia sobre ela:
“Em 4 de fevereiro de 2014, Rachel comentou a ação de um grupo de pessoas que espancou um assaltante adolescente e o prendeu pelo pescoço a um poste com uma tranca de bicicleta, dizendo que aconteceu foi uma ‘legítima defesa coletiva’ contra a violência urbana. No comentário, a jornalista classificou o caso como resultado da "desmoralização da polícia" e da "omissão do Estado", além de dizer era ‘compreensível’ que o ‘cidadão de bem’ reagisse dessa maneira. Ela chamou o adolescente agredido de ‘marginal’ e pediu, em tom irônico, aos grupos em defesa de direitos humanos que estavam com ‘pena’ do jovem que ‘adotassem o bandido’".
Essa comunicadora e seus semelhantes deveriam estar presos numa rigorosa solitária, onde se ouvisse a voz do professor André Luiz Ribeiro falando sobre a Revolução Francesa. Pelas paredes ouviriam da cabeça torturada do mestre uma aula de civilização contra As mil e uma barbáries.
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O texto foi usado para o comentário de Urariano Mota, na Rádio Vermelho, desta sexta-feira. Ouça aqui.
O professor ladrão e a Revolução Francesa, por Urariano Mota | GGN