Ficha Corrida

24/07/2016

Os verdadeiros terroristas brasileiros têm o DNA da Rede Globo

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Colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é um dos mais importantes jornalistas brasileiros. Analisa as questões políticas e econômicas. Escreve aos domingos e quintas-feiras.

Ministro da Justiça inclui Brasil no mapa do terror

24/07/2016 02h00

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Os nossos terroristas não se assemelham aos que atacam a França, os Estados Unidos, a Inglaterra, agora a Alemanha, e outros comprometidos em ações bélicas no Oriente Médio, na Ásia e na África. Os nossos terroristas não matam pessoas inocentes para fazer mal a cada país inimigo. Mas os nossos terroristas fazem certo mal como os terroristas armados.

Com a diferença de que atingem um só país. O seu. O nosso.

Nenhuma das mazelas de que somos íntimos é exclusividade brasileira. Todas estão pelo mundo afora, em graus e concentrações variáveis. Nada, muito menos as mazelas alheias, justifica ou compensa as nossas. Embora possamos dizer, e deveríamos dizê-lo muito e alto, que não andamos por aí massacrando povos e destruindo cidades alheias, tomando terras, roubando riquezas. Exclusividade nossa, parece, é o vício de nos alimentarmos de nossas mazelas, de usufruí-las em um enorme gozo nacional, que faz do nosso um país patético.

Desde 2008, o mundo todo é corroído por crise econômica. Consequência de patifarias no sistema financeiro dos Estados Unidos muito maiores do que o ocorrido na Petrobras. Cada brasileiro vive ainda, de algum modo, efeitos daquele estouro, mas só uma parte ínfima da população tem ideia aqui do se passou lá, e de como nos atingiu. Explica-se: apesar dos milhões de norte-americanos que perderam suas casas ou suas economias, o problema foi tratado publicamente com cautela e sobriedade pelas instituições oficiais e por imprensa e TV.

No Brasil, o sensacionalismo é a regra. A veracidade é secundária, ou nem isso. A preocupação com os efeitos do espalhafato inexiste. O escândalo gera escândalo, e passa ele a ser um escândalo –não mais interno, apenas, mas o Brasil escandalizando o mundo. É o terrorismo contra si mesmo, é o nosso terrorismo.

Se esse terrorismo não ataca a vida humana em ação direta, não deixa de fazê-lo por outros meios. O período dos altos índices de inflação legou um exemplo claro. A par de outros fatores, o escândalo feito com a inflação, a cada taxa nova ou hipótese de taxa, levava a imediato aumento dos preços e a inflação para mais alto.

Os efeitos sociais negativos dispensam referências.

O exemplo se atualiza com a Petrobras. Na combinação de razões corretas e muitas leviandades, o escândalo da bandalheira de menos de meia dúzia de sujeitos, na maior empresa brasileira, atingiu em cheio não só a Petrobras, mas também a riqueza brasileira do pré-sal. A crise da estatal alcança as finanças dos estados e milhares de empregos. O papel do pré-sal no futuro do país é rebaixado a objeto de negócios com que cobrir alguns buracos nas contas de hoje. Por suas proporções anormais até para escândalos, o da Petrobras escandalizou o mundo e expõe à sanha da cobiça internacional.

A Olimpíada não poderia escapar. A caça ao escândalo não teve o êxito esperado das contas e dos prazos descumpridos, tradicionais fornecedores. O terrorismo, sim, afinal teve um ato positivo: entregou-se como pretexto. A imprensa e a TV faziam o possível, até indicaram, inclusive com mapa, o que serão os pontos mais atraentes ou vulneráveis para a ação de terroristas. Veio, porém, do próprio governo o embalo do sensacionalismo. Por intermédio de quem mais deveria combatê-lo: o ministro da Justiça.

Alexandre Moraes dividiu-se entre o ridículo e a irresponsabilidade, ao se apresentar a propósito da prisão de dez talvez terroristas futuros. Com informações logo contestadas por um juiz e, de objetivo, um mínimo indício a ser verificado, aos ouvidos do mundo o ministro da Justiça incluiu o Brasil no mapa do terror. Quando estrangeiros cuidam de sua viagem para o Brasil da Olimpíada.

No nosso terrorismo, o ministro Alexandre Moraes é mais eficiente do que os seus dez presos.

Somados.

15/07/2015

Quer saber quem são os corruptos brasileiros?

EUAGloboQuer saber quem são os corruptos brasileiros? Pergunte aos EUA, são eles que corrompem, aqui e em qualquer outro lugar do mundo. Se nem sempre foi assim, pelo menos depois da  Segunda Guerra tem sido assim, com certeza. É claro que para haver comprador há que haver vendidos. A Chevron só compra porque há sempre um José Serra, um FHC que se vendem.  Para estes dois entreguistas brasileiros vale a máxima cunha pelo Barão de Itararé: “Quem se vende sempre recebe mais do que vale”.

Para essa massa de ignorantes da Marcha dos Zumbis, que pensam que a corrupção é só do tempo em que ela é combatida, ficam aí os arquivos dos EUA para provar que não só havia corruptos na ditadura, como está devidamente documentada nos EUA. Aqui, nossa velha imprensa não tem a dizer por ser exatamente parte da ditadura. E ditadura é, por si só, corrupção, posto que, para existir, corrompe a democracia. Do início ao fim, e até hoje, os a$$oCIAdos do Instituto Millenium, que já fizeram parte do IBAD, do IPES e frequentaram o DOI-CODI, estão sempre prontos a afrontarem a democracia a e apoiarem golpistas. A marcha dos vadios só existiu porque, sendo bem amestrados, houve também quem os amadrinhassem. As prisões de Julian Assange, Bradley Manning e Edward Snowden explicam quão atual continua a prática colonialista dos EUA.

Daqui a 50 anos os EUA vão abrir novos baús para revelarem quem são os quinta colunas que conectam os golpistas atuais aos interesses dos EUA. Mas não precisamos esperar tanto tampo para saber que lá estarão as digitais do José Serra, FHC, Aécio Neves, e toda esta matilha que trabalha contra o Brasil.

ELIO GASPARI

O baú dos americanos

Documentos do tempo da ditadura ajudarão no estudo das conexões de Washington com Brasília

O lote de 538 documentos liberados pelo governo americano durante a passagem da doutora Dilma por Washington é um tesouro para quem quiser reconstituir a teia das relações entre os dois países durante a ditadura. Eles estão no site do Arquivo Nacional.

Seu maior valor está na divulgação de mais de uma centena de papéis da Defense Intelligence Agency, a DIA. Ao contrário do que diz a sabedoria convencional, a Central Intelligence Agency não é o único serviço de informações americano e a DIA é a principal operadora de informações militares. Por exemplo: o famoso general Vernon Walters, adido militar no Brasil em 1964, era da DIA e só foi para a CIA anos depois, como seu vice-diretor. Walters foi substituído no Brasil pelo coronel Arthur Moura, um descendente de açorianos, afável, até divertido, fluente em português. Nos anos de chumbo ele foi o mais poderoso funcionário americano no Brasil. Promovido a general a pedido do presidente Médici durante seu encontro com o colega Richard Nixon, passou para a reserva e posteriormente tornou-se diretor da empreiteira Mendes Júnior (ela, a da Lava Jato).

A maioria dos telegramas da DIA foi redigida por Moura. Ele sabia muito –do general que entornava ao mulherengo e ao falastrão. Ajudava os amigos, levando remédios para o ministro do Exército. Moura foi um porta-voz convicto da máquina repressiva da ditadura. Em 1976, já na reserva, escreveu uma carta pessoal ao presidente Jimmy Carter descascando sua política de direitos humanos. Lembrou-lhe que quatro anos antes, ao passar pelo Brasil como governador da Georgia, elogiara a forma como a ditadura combatia o terrorismo. Lembrou ao presidente que ele visitara o país para defender os interesses da fabricante de aviões Lockheed, em cujo jatinho viajara. Alô, Lula. (O general fez chegar uma cópia da carta ao Planalto.)

Do exame da primeira metade do lote de papéis liberados vê-se que o embaixador Charles Elbrick, sequestrado em 1969, manteve o senso de humor na noite de sua libertação, quando foi ouvido por agentes americanos. Elbrick achara que ia morrer. Uma vez solto, disse que se um dia tivesse que ir para a cadeia, ou se voltasse a ser sequestrado, gostaria de receber o tratamento que tivera. Os sequestradores compraram-lhe cigarrilhas quando seu estoque de charutos acabou. Ao levarem comida, desculparam-se pela qualidade: "Nós não sabemos fazer de tudo".

Para quem persegue charadas, o papelório joga luz numa. Em novembro de 1969, quando Carlos Marighella foi morto em São Paulo indo ao encontro de dois freis, o consulado americano lembrou a Washington que sua conexão com os dominicanos do convento de Perdizes já havia sido exposta num telegrama de dezembro em 1968. De fato, há décadas sabia-se que houve um contato do consulado com "frei (dezoito batidas censuradas)". Ilustrando a incompetência da polícia, ele contara que Marighella estivera no convento, localizado nas cercanias do DOPS. Essas dezoito batidas parecem ter sido desvendadas. Outro telegrama, transmitido três dias depois da morte de Marighella e liberado agora, identifica o religioso da conversa de 1968 como "frei Edson Maria Braga" (dezessete batidas). À época havia um frei Edson em Perdizes, mas seu nome completo era Edson Braga de Souza. Era o prior do convento.

09/07/2015

Os EUA sabiam porque foram eles que apoiaram

OBScena: printscreen da Folha convocando atos contra Dilma

folha-impeachmentSó um celerado pode pensar que na ditadura não havia corrupção. A ditadura era A corrupção! Corrupção do sistema democrático. Corrupção na associação de grupos como Folha & Globo com a ditadura, não só em termos ideológicos, mas também operacional. E aí não falo somente no uso das peruas da Folha para desovar os pedaços humanos que sobravam das orgias no DOI-CODI com a participação ativa e passiva de seus finanCIAdores ideológicos, como Frias, Brilhante UStra e o dono da Ultragás, Boilensen. Como o dono da Folha, segundo a Comissão da Verdade, assistia, in persona, as sessões de tortura, estupro e assassinato dos presos políticos, seus descendentes acharam por bem chamar tudo isso de ditabranda. É o DNA que passa de pai para filho. Claro, os EUA também sabiam disso. O eufemismo, quando se trata de crimes, é “desaparecidos”. Não é tortura, assassinato, estupro, esquartejamento é só “desaparecimento”…

Os EUA não só sabiam dos desaparecimentos como ajudavam a desaparecer. As malas de dólares entregues a institutos como IPES e o IBAD, comandos por ventríloquos de Washington como FHC.  Estes institutos faziam o que o hoje faz o Instituto Millenium; promovem internamente os interesses dos EUA mediante financiamento de movimentos do tipo MBL, a marcha dos zumbis, além de espionagem industrial para se apropriarem do pré-sal. O entreguismo da época é o mesmo de José Serra querendo entregar de graça o pré-sal à Chevron. Embora desta vez não seja clandestino, mas de forma escandarada, via projeto de lei, no Congresso, o método é o mesmo do da ditadura e revisitado no neoliberalismo do Consenso de Washington, tão bem encampado pelos 8 anos de governo FHC.

Tanto é verdade a participação de institutos como o Instituto Millenium, que os veículos a$$oCIAdos aos Millenium convocaram as marchas que incluíam bandeiras de golpe militar e ditadura. Se em 1964 o Globo festejava e saudava a ditadura em editorial, agora a convocação dos golpistas é ao vivo com cobertura idem. O clima de ódio, que está desaguando num fascismo crescente, tem sido fomentado pelos mesmos grupos de mídia que fomentam o golpe a a ditadura. E com patrocínio dos EUA, como mostrou Edward Snowden.

EUA sabiam sobre desaparecidos na ditadura militar

Documentos secretos americanos foram entregues à Casa Civil e podem ser consultados na internet a partir desta quinta-feira (9)

Enquanto família do ex-deputado Rubens Paiva ainda buscava seu paradeiro, telegrama já relatava sua morte

NATUZA NERY RUBENS VALENTEDE BRASÍLIA

Um conjunto de documentos secretos dos anos 70 agora liberados à consulta confirma que o governo dos Estados Unidos recebeu, antes de se tornarem claras para os familiares, informações privilegiadas sobre o destino de pelo menos três desaparecidos políticos durante a ditadura militar.

Trata-se do ex-deputado federal Rubens Paiva (1929-1971) e dos militantes de esquerda Stuart Edgard Angel Jones (1945-1971) e Virgílio Gomes da Silva (1933-1969).

Os papéis integram um acervo de 538 documentos que tiveram seu sigilo desclassificado parcial ou totalmente pelo governo Barack Obama em decorrência da viagem da presidente Dilma Rousseff aos EUA, no final do mês passado.

Os documentos foram entregues à Casa Civil e deverão ser liberados à consulta a partir desta quinta (9) no site do Arquivo Nacional.

Sobre o ex-deputado Rubens Paiva, um telegrama diplomático confidencial de fevereiro de 1971, cujo sigilo foi afastado somente em maio passado, afirma: "Paiva morreu durante interrogatório ou de um de ataque cardíaco ou de outras causas".

Para os americanos, se a notícia se tornasse conhecida, era certo que seus amigos iriam iniciar uma "campanha emocional e dura contra o governo brasileiro por todos os meios possíveis".

O autor do telegrama, o diplomata morto em 2003 e veterano da II Guerra John W. Mowinckel, ao final do texto pede que o embaixador norte-americano no Brasil desenvolva ações para "convencer" o governo brasileiro "de que algo deve ser feito para punir ao menos alguns desses responsáveis –punir por julgamento público".

Quando o telegrama foi escrito, a família seguia buscando informações sobre o paradeiro de Paiva. A versão oficial distribuída à imprensa pelo Exército era que Paiva fora resgatado por um grupo de terroristas e permanecia desaparecido. Várias investigações posteriores à ditadura concluíram que o deputado foi morto sob tortura logo após ter se apresentado para um depoimento. Seu corpo nunca foi encontrado.

Outro telegrama datado de 30 de setembro de 1969 e liberado em 6 de maio passado confirma a prisão, por equipes da Oban (Operação Bandeirante), do militante da esquerda armada Virgílio Gomes da Silva, mas ressalta que o nome dele não foi divulgado para a imprensa, e que "possivelmente a polícia vai não dar conhecimento público de que ele foi preso".

Virgílio morreu de tortura horas depois da prisão, segundo testemunhas, mas a versão oficial na época foi que ele permanecia foragido.

DESESPERO

Um telegrama de agosto de 1971 confirma que o cônsul dos EUA James Reardon recebeu da polícia brasileira a informação de que "Stuart Edgar Angel Gomes" havia sido preso pela polícia, mas acabara "escapando". "Advogado e família estão muito interessados, na verdade desesperados, para descobrir a fonte da informação de Reardon", diz o documento.

"Interessante ver como os órgãos de segurança do Estado americano tinham conhecimento do aparato repressivo. Impressiona o conhecimento detalhado que tinham desses crimes", disse à Folha o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

Sob seu comando está uma assessoria da Comissão da Verdade encarregada de organizar documentos inéditos.

24/08/2014

Espontaneidade made in USA

ucrainianO maior orçamento secreto do mundo mostra resultado. A CIA, com suas mãos de várias vias com a Microsoft, Facebook, Google e organizações não governamentais – ONGs, cumpre o que promete. Com dinheiro na mão e uma manada sedenta para ser manipulada ao redor do mundo, a CIA deita e rola nos movimentos sociais com antolhos. Foi assim a Primavera Árabe, Turquia, Síria, Ucrânia, Venezuela e, junho do ano passado, Brasil. Os a$$oCIAdos do Instituto Millenium até tentaram direcionar, mas algo deu errado e até a Rede Globo levou esterco na cara. Não foi diferente na RBS, mas, no fundo, exceções que confirmavam a regra. Um pouquinho de diversionismo só ajuda a esconder os verdadeiros interesses. Quando o Banco Itaú e a Multilaser patrocinam xingamentos contra a Presidenta do Brasil na abertura da Copa do Mundo, no Itaquerão, há por trás, um incentivo, da CIA. Ela sabe a quem, quando e ao que recorrer.

Articulista francês aponta McCain como "orquestrador" da Primavera Árabe

dom, 24/08/2014 – 09:13

Sugerido por Rogerio Maestri

Venho insistindo há tempos na tese que tanto a Primavera Árabe como as demais manifestações "espontâneas” em diversas partes do mundo (no Brasil também) tem por trás manipulações de governos estrangeiros.

Muitos me taxam de adepto da teoria da conspiração e paranoico! Mas finalmente há quatro dias foi publicado na Rede Voltaire um artigo com o seguinte título: “John McCain, chefe de orquestra da «primavera árabe», e o Califa”. Não gosto de simplesmente postar artigos de outros, mas como a minha posição já é conhecida vou colocar a introdução do mesmo e o link para o artigo, lá mostra claramente como surgiu “espontaneamente” a revolução “democrática” na Síria que originou o EI.

John McCain, chefe de orquestra da «primavera árabe», e o Califa

Por Thierry Meyssan, da rede Voltaire/voltairenet.org

Todos notaram a contradição dos que qualificavam, recentemente, os membros do Emirado islâmico como «combatentes da liberdade» na Síria, e se indignam hoje com as suas barbaridades no Iraque. Mas, se este discurso é incoerente em si, ele é perfeitamente lógico no plano estratégico: os mesmos indivíduos que sendo, ontem, apresentados como aliados devem sê-lo hoje como inimigos, mesmo se estão sempre às ordens de Washington. Thierry Meyssan revela os bastidores da política dos E.U. através do caso pessoal do senador John McCain, chefe-de-orquestra da «primavera árabe» e interlocutor de longa data do Califa Ibrahim.

Barack Obama e John McCain são adversários políticos, como o representam, ou colaboram em conjunto na estratégia imperialista do seu país?

John McCain é conhecido como o chefe de fila dos republicanos, candidato mal- sucedido à presidência norte-americana em 2008. Isto não é, como o veremos, senão uma parte da sua real biografia, a que lhe serve de cobertura para conduzir acções secretas em nome do seu governo.

Na altura do ataque «ocidental» eu estava na Líbia, aí, pude consultar um relatório dos serviços de inteligência exterior. Nele podia ler-se que a Otan tinha organizado, a 4 de fevereiro de 2011, no Cairo, uma reunião para lançar a «Primavera Árabe» na Líbia e na Síria. De acordo com o documento, ela tinha sido presidida por John McCain. O relatório detalhava a lista de participantes líbios, cuja delegação era liderada pelo No. 2 do governo da época, Mahmoud Jibril, que mudara abruptamente de campo, à entrada para esta reunião, para se tornar o chefe da oposição no exílio. Lembro-me que, entre os delegados franceses presentes, o relatório citava Bernard-Henry Lévy, embora oficialmente este nunca tenha exercido qualquer função no seio do governo francês. Muitas outras personalidades participaram neste simpósio, entre as quais uma enorme delegação de Sírios vivendo no exterior.

No final desta reunião, a misteriosa conta do Facebook Syrian Revolution 2011 (Revolução síria 2011-ndT) convocava protestos diante do Conselho do Povo (Assembleia Nacional) em Damasco, a 11 de fevereiro. Embora esta conta pretendesse à época ter mais de 40.000 followers(seguidores) apenas uma dúzia de pessoas responderam ao seu apelo, para os flashes dos fotógrafos e de centenas de policias (policiais-Br). A manifestação dispersou pacificamente, e os confrontos não começaram senão mais de um mês depois, em Deraa [1].

Em 16 de fevereiro de 2011 uma manifestação que se desenrolava em Benghazi, em memória dos membros do Grupo islâmico combatente na Líbia [2], massacrados em 1996 na prisão de Abu Selim, degenerou em tiroteio. No dia seguinte, uma segunda manifestação, desta vez em memória das pessoas mortas ao atacar o consulado da Dinamarca por alturas das caricaturas de Maomé, degenerou igualmente em tiroteio. Nesta precisa altura, membros do Grupo islâmico combatente na Líbia vindos do Egipto, enquadrados por indivíduos encapuçados e não identificados, atacavam, simultaneamente, quatro bases militares em quatro cidades diferentes. No seguimento de três dias de combates, e atrocidades, os contestatários lançaram o levantamento da Cirenaica contra a Tripolitânia [3]; um ataque terrorista que a imprensa ocidental apresentou, mentirosamente, como uma «revolução democrática» contra «o regime» de Muammar el-Qaddafi.

Em 22 de fevereiro John McCain estava no Líbano. Ele encontrou-se lá com membros da Corrente do Futuro (o partido de Saad Hariri), que encarregou de supervisionar as transferências de armas para a Síria, por conta do deputado Okab Sakr [4]. Depois, deixando Beirute, ele inspecionou a fronteira síria e escolheu as aldeias, nomeadamente Ersal, que deveriam servir como base de retaguarda para os mercenários na guerra que se preparava.

As reuniões presididas por John McCain foram, claramente, o ponto de partida de um plano, previsto de longa data, por Washington; plano que previa o ataque da Líbia e da Síria simultaneamente pelo Reino Unido e pela França, de acordo com a doutrina da «liderança de bastidores» e o anexo do Tratado de Lancaster House, de Novembro de 2010 [5].

A viagem ilegal à Síria, em maio de 2013

Em maio de 2013 o senador John McCain dirigiu-se, ilegalmente, para perto de Idleb, na Síria, através da Turquia, para aí se reunir com líderes da «oposição armada». A sua viagem só foi tornada pública após o seu regresso a Washington [6].

Esta deslocação fora organizada pela Syrian Emergency Task Force (Força-Tarefa de Emergência Síria) a qual, contrariamente ao seu título, é uma organização sionista dirigida por um funcionário palestino da AIPAC [7].

John McCain na Síria. No primeiro plano, à direita, reconhece-se o director da Syrian Emergency Task Force. No enquadramento da porta, ao centro, Mohammad Nour.

Nas fotografias difundidas então, nota-se a presença de Mohammad Nour, porta-voz da Brigada Tempestade do Norte (da frente Al-Nosra, quer dizer da Al-Qaida na Síria), que havia sequestrado e detinha 11 peregrinos xiitas libaneses em Azaz [8]. Interrogado sobre a sua proximidade com os sequestradores, membros da al-Qaida, o senador alegou não conhecer Mohammad Nour, o qual se teria infiltrado por sua própria iniciativa nesta (tomada de-ndT) foto.

O caso deu um grande sururu, e as famílias dos peregrinos raptados apresentaram queixa, perante a justiça libanesa, contra o senador McCain por cumplicidade no sequestro. Por fim, foi alcançado um acordo e os peregrinos foram libertados (liberados-Br).

Vamos supôr que o senador McCain tenha dito a verdade, e que ele tenha sido explorado por Mohammad Nour. O objeto da sua viagem, ilegal, à Síria era o de se encontrar o estado-maior do Exército sírio livre. Segundo ele, esta organização era composta «exclusivamente por sírios», combatendo pela «sua liberdade» contra a «ditadura alauíta» (sic). Os organizadores da viagem publicaram esta fotografia para confirmar a reunião.

John McCain e o estado-maior do Exército sírio livre. No primeiro plano, à esquerda, Ibrahim al-Badri, com o qual senador está em vias de conferenciar. Precisamente a seguir, o brigadeiro-general Salim Idriss (de óculos).

Se nela podemos ver o brigadeiro-general Salem Idriss, chefe do Exército sírio livre, também aí se pode ver Ibrahim al-Badri (em primeiro plano, à esquerda), com quem o senador está em vias de conferenciar. De regresso desta viagem surpresa, John McCain, afirmou que todos os responsáveis do Exército sírio livre são «moderados nos quais se pode confiar» (sic).

Ora, desde 4 de outubro de 2011, Ibrahim al-Badri, também conhecido como Abu Du’a, figurava na lista dos cinco terroristas mais procurados pelos Estados Unidos (Rewards for Justice-Recompensas para Justiça- ndT). Uma recompensa, podendo ir até aos $ 10 milhões de dólares, era oferecida a quem ajudasse na sua captura [9]. No dia seguinte, 5 de outubro de 2011, Ibrahim al-Badri foi colocado na lista do Comité de sanções da Onu como membro da Al-Qaida [10].

Além disso, um mês antes de receber o senador McCain, Ibrahim al-Badri, com o nome de guerra de Abu Bakr al-Baghdadi, criou o Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL)— ao mesmo tempo que pertencia, ainda, ao estado-maior do muito «moderado» Exército sírio livre—. Ele reivindicou o ataque às prisões de Taj e de Abu Ghraib no Iraque, de onde fez evadir entre 500 e 1.000 jihadistas que se juntaram à sua organização. Este ataque foi coordenado com outras operações, quase simultâneas, em outros oito países. Em cada ocasião os jihadistas evadidos juntaram- se a organizações combatendo na Síria. Este caso é de tal maneira estranho que a Interpol emitiu uma nota, e pediu a assistência dos 190 países membros [11].

Pela minha parte, eu sempre afirmei que não havia, no terreno, nenhuma diferença entre o Exército sírio livre, a frente Al-Nosra, o emirado islâmico etc. Todas estas organizações são formadas pelos mesmos indivíduos, que mudam de bandeira permanentemente. Quando se reivindicam ser do Exército sírio livre eles arvoram a bandeira da colonização francesa, e só falam em derrubar o «cão Bachar». Quando eles dizem pertencer à Frente Al-Nosra carregam a bandeira da Al-Qaida, e declaram espalhar o seu Islão(Islã-Br) no mundo. Finalmente, quando eles se dizem do Emirado Islâmico brandem, então, o estandarte do Califado, e anunciam que limparão a região de todos os infiéis. Mas, qualquer que seja a etiqueta, eles cometem os mesmos crimes: estupros, torturas, decapitações, crucificações.

No entanto, nem o senador McCain, nem os seus acompanhantes da Syrian Emergency Task Force (Força Tarefa de Emergência síria) forneceram ao Departamento de Estado as informações, em sua posse, sobre Ibrahim al-Badri, nem reclamaram o acesso a esta recompensa. Nem sequer informaram, também, o Comité anti-terrorista da Onu.

Em nenhum país do mundo, qualquer que seja o seu regime político, se aceitaria que o líder da oposição esteja em contacto directo, amigável e público, com um tão perigoso terrorista, procurado por toda a gente.

Quem é pois o senador McCain?

Mas além de John McCain não ser simplesmente o líder da oposição política ao presidente Obama, também ele é, na realidade, um dos seus altos-funcionários!

Ele é, com efeito, presidente do International Republican Institute (Instituto Republicano Internacional-ndT) (IRI), o ramo republicano do NED/CIA [12], desde Janeiro de 1993. Esta pretensa «ONG» foi criada, oficialmente, pelo presidente Ronald Reagan para estender certas atividades da CIA, em cooperação com os serviços secretos britânicos, canadianos (canadense-Br) e australianos. Contrariamente às suas alegações é, de facto, uma agência inter-governamental. O seu orçamento é aprovado pelo Congresso, numa rubrica orçamental dependente da Secretaria de Estado.

E, é por isso, porque é uma agência conjunta dos serviços secretos Anglo-saxões, que vários Estados no mundo lhe interditam toda a actividade no seu território.

Acusados de ter preparado o derrube do presidente Hosni Moubarak, por conta dos Irmãos muçulmanos, os dois empregados do International Republican Institute (IRI) no Cairo, John Tomlaszewski (segundo à direita) e Sam LaHood (filho do secretário dos Transportes de um governo democrata, o americano-libanês Ray LaHood), (segundo à esquerda), refugiaram-se na embaixada dos Estados Unidos. Ei-los aqui, ao lado dos senadores John McCain e Lindsey Graham, aquando da reunião preparatória da «primavera árabe» para a Líbia e para a Síria. Eles acabarão libertados pelo Irmão Mohamed Morsi, assim que este se tornou presidente.

A lista das intervenções de John McCain por conta do departamento de Estado é impressionante. Ele participou em todas as revoluções coloridas dos últimos vinte anos.

Para não dar senão alguns exemplos, ele preparou, sempre em nome da «democracia», o golpe de Estado fracassado contra o presidente constitucional Hugo Chávez na Venezuela [13], o derrube (derrubada-Br) do presidente constitucional Jean-Bertrand Aristide no Haiti [14], a tentativa de derrube do presidente constitucional Mwai Kibaki no Quénia [15] e, mais recentemente, a do presidente constitucional ucraniano Viktor Yanukovych.

Não interessa em que estado do mundo, logo que um cidadão toma a iniciativa de derrubar o regime de outro Estado, ele poderá ser felicitado se nisso for bem- sucedido, e que o novo regime se mostre um aliado, mas ele será severamente condenado se as suas iniciativas tiverem consequências nefastas para o seu próprio país. Ora, nunca o senador McCain foi inquietado pelas suas ações anti-democráticas, em estados onde ele fracassou e que se voltaram contra Washington. Na Venezuela, por exemplo. É que, para os Estados Unidos John McCain não é um traidor, mas sim um agente (secreto).

E um agente que dispõe da melhor cobertura que se possa imaginar: ele é o opositor oficial de Barack Obama. Nesta condição ele pode viajar para qualquer lugar no mundo (é o senador norte-americano que mais viaja), e encontrar-se com quem ele quiser sem temer. Se os seus interlocutores aprovam a política de Washington ele promete-lhes mantê-la, se a combatem, ele atira a responsabilidade para cima do presidente Obama.

John McCain é conhecido por ter sido prisioneiro de guerra no Vietname (Vietnã-Br), durante 5 anos, e aí ter sido torturado. Ele foi vítima de um programa concebido não para extrair informações, mas para incutir uma confissão. Tratava-se de transformar a sua personalidade, para que ele fizesse declarações contra o seu próprio país. Este programa, estudado a partir do exemplo coreano, para a Rand Corporation, pelo professor Albert D. Biderman, serviu de base às pesquisas conduzidas em Guantanamo, e em outros lugares, pelo Dr. Martin Seligman [16]. Aplicado sob George W. Bush a mais de 80.000 prisioneiros permitiu transformar vários de entre eles, para fazer, assim, verdadeiros combatentes ao serviço de Washington. John McCain, que havia “rachado” no Vietname, compreende-o, pois, perfeitamente. Ele sabe como manipular, sem escrúpulos, os jihadistas.

Qual é a estratégia dos norte-americana com os jihadistas no Levante?

Em 1990, os Estados Unidos decidiram destruir o seu antigo aliado iraquiano. Após terem sugerido ao presidente Saddam Hussein, que considerariam o ataque ao Koweit como um caso interno iraquiano, eles aproveitaram o pretexto deste ataque para mobilizar uma vasta coligação (coalizão-Br) contra o Iraque. Porém, devido à oposição da URSS, eles não derrubaram o regime, contentaram-se sim em controlar a zona de exclusão aérea.

Em 2003, a oposição da França não foi suficiente para contrabalançar a influência do Comité para a Libertação do Iraque. Os Estados Unidos atacaram de novo o país e, desta vez, derrubaram o presidente Hussein. Evidentemente, John McCain era um dos principais responsáveis do Comité(Comitê-Br). Depois de ter entregue, durante um ano, a uma sociedade privada o cuidado de pilhar o país [17], eles tentaram parti-lo em três Estados separados, mas tiveram que renunciar a isso diante da resistência da população. Eles tentaram de novo em 2007, com a resolução Biden-Brownback, mas voltaram a falhar [18]. Daí, a estratégia atual, que tenta conseguir isso por meio de um actor não-estatal: o Emirado Islâmico.

Neste documento, publicado em setembro de 2013, o embaixador do Catar em Tripoli informa o seu ministério, que um grupo de 1.800 Africanos foi formado na jihade, na Líbia. Ele propõe encaminhá-los, em três grupos, para a Turquia, afim de que eles se juntem ao Emirado islâmico na Síria.

A operação foi preparada durante muito tempo, antes mesmo da reunião de John McCain com Ibrahim al-Badri. Assim, correspondência interna do Ministério catariano das Relações exteriores (Negócios Estrangeiros-Pt), publicada pelos meus amigos James e Joanne Moriarty [19], mostram que 5. 000 jihadistas foram formados, às custas do Catar, na Líbia da Otan em 2012, e que 2,5 milhões de dólares foram atribuídos, na mesma altura, ao futuro califa.

Em janeiro de 2014, o Congresso dos Estados Unidos realizou uma reunião secreta, na qual votou, em violação do direito internacional, o financiamento até Setembro de 2014 da Frente Al-Nosra (Al-Qaida), e do Emirado Islâmico no Iraque e no Levante [20]. Embora se desconheça, com detalhe, o que foi realmente acordado aquando desta sessão, revelada pela agência de notícias britânica Reuters [21], e que nenhum média (mídia-Br) norte-americano ousou passar devido à censura, é altamente provável que a lei inclua uma secção sobre o armamento e treino de jihadistas.

Envaidecida com este financiamento norte-americano a Arábia Saudita reivindicou, no seu canal público de televisão, Al-Arabiya, que o Emirado Islâmico estava colocado sob a autoridade do príncipe Abdul Rahman al-Faisal, irmão do príncipe Saud al Faisal (Ministro dos Negócios Estrangeiros) e do príncipe Turki al-Faisal (embaixador saudita nos Estados Unidos e no Reino Unido) [22].

O Emirado Islâmico representa uma nova etapa no mercenarismo. Ao contrário dos grupos jihadistas que combateram no Afeganistão, na Bósnia-Herzegovina e na Chechénia, junto a Osama bin Laden, ele não constitui uma força de reserva, mas é um verdadeiro exército em si. Ao contrário dos grupos precedentes, no Iraque, na Líbia e na Síria, agrupados pelo príncipe Bandar Ben Sultan, eles dispõem de sofisticados serviços integrados de comunicação, que fomentam o alistamento, e de administradores civis, formados nas grandes escolas ocidentais capazes de tomar em mãos, imediatamente, a administração de um território.

Armas ucranianas, chispando de novas, foram comprados pela Arábia Saudita, e comboiadas pelos serviços secretos turcos que as remeteram para o Emirado islâmico. Os detalhes finais foram coordenados com a família Barzani, aquando de uma reunião de grupos jihadistas em Amã, a 1 de Junho de 2014 [23]. O ataque conjunto ao Iraque, pelo Emirado Islâmico e pelo Governo regional do Curdistão, começou quatro dias mais tarde. O emirado islâmico capturou a parte sunita do país, enquanto o governo regional do Curdistão aumentava o seu território em mais de 40%. Fugindo das atrocidades dos jihadistas as minorias religiosas deixaram a zona Sunita, preparando assim a via para a partição do país em três.

Violando o acordo de defesa Iraquiano-americano o Pentágono não interveio, e deixou o emirado islâmico prosseguir a sua conquista e os seus massacres. Um mês depois, enquanto os peshmergas do governo regional curdo haviam recuado sem batalha, e quando a emoção da opinião pública mundial se tornou demasiado forte, o presidente Obama deu a ordem para bombardear posições do Emirado islâmico. No entanto, segundo o general William Mayville, diretor de operações no Estado-maior: «Estes bombardeamentos são pouco susceptíveis de afectar as capacidades globais do Emirado Islâmico, ou as suas atividades noutras regiões do Iraque ou da Síria» [24]. Obviamente, eles não visam destruir o exército jihadista mas, apenas, garantir que cada actor não ultrapasse o território que lhe foi atribuído. Além disso, de momento, eles são puramente simbólicos e não destruíram senão um punhado de veículos. Na realidade tem sido a intervenção dos curdos do PKK, turco e sírio, nisto, que parou a progressão do Emirado Islâmico e, abrindo um corredor, permitiu às populações civis escapar ao massacre.

Numerosa desinformação circula a propósito do Emirado Islâmico e do seu califa. O jornal quotidiano Gulf Daily News fingiu que Edward Snowden havia feito revelações neste sentido. [25] No entanto, verificação feita, o antigo espião norte-americano não publicou nada a este respeito. O Gulf Daily News é publicado no Barein, um Estado ocupado por tropas sauditas. O artigo visa, apenas, limpar a Arábia Saudita e o príncipe Abdul Rahman al-Faisal das suas responsabilidades.

O Emirado Islâmico é comparável aos exércitos mercenários do século XVI europeu. Eles conduziam guerras religiosas em nome dos senhores que lhes pagavam, às vezes de um lado, às vezes de outro. O Califa Ibrahim é um condottiere moderno. Embora esteja às ordens do príncipe Abdul Rahman, (membro do clã dos Sudeiris), não seria de espantar que ele continue a sua epopeia na Arábia Saudita, (após um breve desvio no Líbano, ou seja no Koweit), e parta assim o bolo da sucessão real, favorecendo o clã dos Sudeiris contra o príncipe Mithab (filho, e não irmão do rei Abdallah).

John McCain e o Califa

Ibrahim al-Badri, aliás Abu Du’a, aliás Abou Bakr Al-Baghdadi, aliás Califa Ibrahim, mercenário do príncipe Abdul Rahman al-Faiçal, financiado pela Arábia saudita, pelo Catar e pelos Estados Unidos. Ele pode praticar todos os horrores, que as Convenções de Genebra proíbem os Estados de cometer .

Na última edição do seu magazine o Emirado Islâmico consagrou duas páginas a denunciar o senador John McCain, como «o inimigo» e «o cruzado», recordando o seu apoio à invasão norte-americana do Iraque. Temendo que essa acusação passasse em claro, nos Estados Unidos, o senador emitiu, imediatamente, um comunicado qualificando o Emirado de « o mais perigoso grupo terrorista islâmico no mundo » [26].

Esta polémica destina-se apenas a distrair a «galeria». Nós bem gostaríamos de acreditar nela…, se não existisse esta fotografia de maio de 2013.

Thierry Meyssan

Tradução

Alva

Articulista francês aponta McCain como "orquestrador" da Primavera Árabe | GGN

Eduardo Galeano, curto, fino e certeiro

 

Eduardo Galeano e um século de desastres

agosto 19, 2014 15:26

Eduardo Galeano e um século de desastres

Enigmas, mentiras, vidas e morte – de Fidel Castro a Muhammad Ali, de Albert Einstein a bonecas Barbie. Olhando para os desastres do século 20, seria possível irmos além?

Por Eduardo Galeano, em Tom Dispatch, de seu livro “Espelhos – uma história quase universal” | Tradução: Vinicius Gomes

Stalin

Ele aprendeu a escrever no idioma da Georgia, sua terra natal, mas no seminário, os monges o fizeram falar russo.

Anos mais tarde, em Moscou, seu sotaque do sul do Cáucaso ainda o entregava.

Então, ele decidiu se tornar mais russo do que os russos. Não foi o Napoleão, que saiu da ilha de Córsega, mais francês que os franceses? Não foi Catarina, a Grande, que era alemã, mais russa do que os russos?

Então, o georgiano Iosif Dzhugashvili escolheu um nome russo. Ele se autonomeou Stalin, que significa “aço”.

O homem de aço esperava que seu filho fosse feito de aço também: desde a infância, seu filho Yakov foi forjado a fogo e gelo e moldado por marteladas.

Não funcionou. Ele era o filho da mamãe. Aos 19 anos, Yakov não aguentava mais, não podia suportar mais.

Ele puxou o gatilho.

O tiro não o matou.

Ele acordou no hospital. No pé da cama, seu pai comentou: “Nem mesmo isso você faz direito”.

Fotografia: o olho mais triste do mundo

Princeton, New Jersey, Maio de 1947.

Fotógrafo Philippe Halsman pergunta a ele: “Você acha que haverá paz?”

E enquanto o obturador clica, Albert Einstein diz, ou melhor, murmura: “Não”.

As pessoas acreditam que Einstein ganhou o Prêmio Nobel por sua teoria da relatividade, que ele foi o criador da frase “tudo é relativo”, e que ele foi o inventor da bomba atômica.

A verdade é que não deram a ele o Nobel por sua teoria da relatividade, nem pronunciou tais palavras. Tampouco inventou a bomba, apesar de que Hiroshima e Nagasaki não teriam acontecido se ele não tivesse descoberto o que descobriu.

Ele sabia muito bem que suas descobertas, nascidas pela celebração da vida, foram usadas para aniquilá-la.

As idades de Josephine

Aos nove anos de idade, ela trabalha limpando casas em St. Louis, às margens do rio Mississippi.

Aos 10, ela começa a dançar na rua em troca de moedas. Aos 13, ela se casa.

Aos 15, se casa novamente. Do primeiro marido, ela não guarda nem mesmo uma lembrança ruim. Do segundo, ela guarda o sobrenome, pois gosta de como ele soa.

Aos 17, Josephine Baker dança o Charleston na Broadway. Aos 18, ela cruza o Atlântico e conquista Paris. A “Vênus de Bronze” faz sua performance nua, usando nada mais do que um cacho de bananas.

Aos 24, ela é a mulher mais fotografada no planeta. Pablo Picasso, de joelhos, a pinta. Para parecer com ela, as jovens donzelas pálidas de Paris esfregavam creme de nogueira, que escurece a pele.

Aos 30, ela tem problema em alguns hotéis, pois viaja com um chimpanzé, uma cobra, uma cabra, dois papagaios, vários peixes, três gatos, sete cães, uma chita chamada Chiquita, que usa um colar de diamantes, e um porquinho chamado Albert, que ela banha em um perfume Je Reviens.

Aos 40, ela recebe a medalha de Honra da Legião, por seus serviços à Resistência Francesa durante a ocupação nazista.

Aos 41 e em seu quarto marido, ela adota 12 crianças de diversas cores de pele e diversas origens, que ela chama de “minha tribo arco-íris”.

Aos 45, ela retorna aos EUA. Ele insiste que qualquer um, brancos ou negros, se sentem juntos em seus shows. Senão, ela não se apresentaria. Aos 57, ela divide o palco com Martin Luther King e fala contra a discriminação racial diante de um imenso público na Marcha a Washington.

Aos 68, ela se recupera de uma calamitosa falência e no Teatro Bobino, em Paris, ela celebra cinqüenta anos nos palcos.

E ela morre.

O pai do computador

Alan Turing era motivo de piadas por não ser um cara durão, um He-Man com pelos no peito.

Ele choramingava, grasnava, gaguejava. Ele usava uma velha gravata como cinto. Ele raramente dormia e passava dias sem se barbear. E ele corria de uma ponta da cidade para outra enquanto juntava complicadas fórmulas matemáticas em sua mente.

Trabalhando para a inteligência britânica, ele ajudou a encurtar a Segunda Guerra Mundial ao inventar uma máquina que decifrava os impenetráveis códigos militares usados pelo alto comando alemão.

Nesse ponto, ele já tinha sonhado com um protótipo para um computador eletrônico e já tinha estabelecido as fundações teóricas para os sistemas de informações atuais. Depois disso, ele liderou a equipe que construiu o primeiro computador a operar com programas integrados. Ele jogou intermináveis partidas de xadrez contra o computador e perguntava a ele questões que enlouqueceram a máquina. Ele insistia que o computador lhe escrevesse cartas de amor. A máquina respondeu emitindo mensagens que eram bem incompreensíveis.

Mas foi a polícia de carne e osso de Manchester que o prendeu em 1952 por indecência.

No julgamento, Turing alegou ser culpado por ser homossexual.

Para ficar fora da cadeia, ele aceitou passar por um tratamento médico que o curasse de sua aflição. O bombardeio de drogas o deixou impotente. Seios cresceram nele. Ele ficou recluso e deixou de ir à universidade. Ele ouvia sussurros, sentia olhares às suas costas.

Ele tinha o hábito de comer uma maçã antes de ir dormir.

Em uma noite, ele injetou a maçã com cianeto.

Imperador Vermelho

Eu estava na China três anos antes do fracasso do Grande Salto para Frente. Ninguém fala a respeito. Era um segredo de Estado.

Eu vi Mao prestar uma homenagem a Mao. Na Praça Tiananmen, o Portal da Paz Celestial, Mao presidiu diante de uma imensa parada, liderada por uma imensa estátua de Mao. O Mao de gesso mantinha sua mão no alto, e o Mao de carne e osso respondia ao gesto. Em um oceano de flores e balões coloridos, a multidão reverenciava os dois.

Mao era a China e a China era seu reino. Mao exortava a todos a seguirem o exemplo dado por Lei Feng e Lei Feng exortava a todos que seguissem o exemplo dado por Mao. Lei Feng, um jovem comunista de existência dúbia, passava seus dias consolando os doentes, ajudando as viúvas e dando sua comida aos órfãos. Em suas noites, ele lia os trabalhos completos de Mao. Quando dormia, ele sonhava com Mao, o seu guia para cada passo. Lei Feng não tinha namorada, nem namorado, pois ele não perdia tempo com frivolidades e nunca ocorreu a ele que a vida pode ser contraditória ou a realidade, diferente.

Fidel

Seus inimigos dizem que ele foi um rei não coroado que confundiu unidade com unanimidade.

E, nisso, os seus inimigos estão certos.

Seus inimigos dizem que se Napoleão tivesse um jornal como o Granma, os franceses nunca teriam ouvido falar do desastre de Waterloo.

E, nisso, os seus inimigos estão certos.

Seus inimigos dizem que ele exerceu o poder falando muito e ouvindo pouco, pois ele era mais acostumado a ouvir ecos do que vozes.

E, nisso, os seus inimigos estão certos.

Mas algumas coisas que seus inimigos não dizem: não foi para posar para os livros de História que ele estufou o peito contra a munição dos invasores; ele encarou furacões como um igual, de furacão para furacão; ele sobreviveu 637 atentados contra sua vida; sua energia contagiosa foi decisiva para tirar o país da condição de colônia; e não foi por conta de uma maldição do diabo ou por um milagre de deus, que o novo país conseguiu sobreviver a dez presidentes dos EUA, com seus guardanapos no colo, prontos para devorá-lo com garfo e faca.

E seus inimigos nunca mencionam que Cuba é um dos raros países que não competem na Copa do Mundo dos Capachos.

E eles não dizem que a Revolução, punida pelo crime de dignidade, é o que conseguiu ser e não o que desejava se tornar. Nem dizem que a muralha, separando desejo de realidade, cresceu ainda mais e mais graças ao bloqueio imperial, que sufocou a democracia “à cubana”, militarizou a sociedade e deu à burocracia – sempre pronta com um problema para cada solução – o álibi que precisava para justificar e se perpetuar.

E eles não dizem que, apesar de toda essa tristeza, apesar de toda agressão externa e o alto controle interno, essa aflita e obstinada ilha criou a sociedade menos desigual na América Latina.

E seus inimigos não dizem que sua proeza veio do sacrifício de seu povo e, também, da vontade teimosa e do velho senso de honra do cavaleiro que sempre lutou do lado dos perdedores, como seu famoso colega nos campos de Castile.

Ali

Ele foi uma borboleta e uma abelha. No ringue, ele flutuava e picava.

Em 1967, Muhammad Ali, nascido Cassius Clay, se recusou a vestir um uniforme.

“Não tenho nada contra nenhum vietcongue”, ele disse. “Nenhum vietnamita nunca me chamou de ‘preto’”.

Eles o chamaram de traidor. Eles o sentenciaram a cinco anos de prisão e o barraram de lutar boxe. Eles tiraram seu título de campeão do mundo.

A punição se tornou seu troféu. Ao lhe tirarem a coroa, eles o transformaram em rei.

Anos depois, alguns estudantes universitários lhe pediram para recitar alguma coisa. E, para eles, improvisou o poema mais curto na história da literatura:

“Eu, nós”.

Muros

O Muro de Berlim foi notícia todos os dias. Da manhã até a noite, nós líamos, víamos, ouvíamos: o Muro da Vergonha, o Muro da Infâmia, a Cortina de Ferro…

No final, um muro que merecia cair, caiu. Mas outros muros brotaram e continuaram brotando ao redor do mundo. E, apesar de serem muito maiores que aquele em Berlim, nós raramente ouvimos sobre eles.

Pouco é dito sobre o muro que os EUA estão construindo ao longo da fronteira com o México, e menos ainda é dito sobre as barreiras de arame farpado cercando os enclaves da Espanha em Ceuta e Melila, na costa africana.

Praticamente nada é dito sobre a Muralha na Cisjordânia, que perpetua a ocupação israelense em terras palestinas e será 15 vezes maior do que aquela em Berlim. E nada, absolutamente nada, é dito sobre o Muro de Marrocos, que perpetua o controle das terras natais dos nativos do Saara pelo reino de Marrocos, e é 60 vezes o comprimento do Muro de Berlim.

Por que alguns muros são gritantes e outros são mudos?

Barbie vai à guerra

Existem mais de um bilhão de Barbies. Apenas os chineses as superam.

A mais amada mulher do planeta nunca nos decepcionaria. Na guerra contra o mal, a Barbie se alistou, bateu continência e marchou para o Iraque.

Ela chegou ao fronte usando uniformes sob medida para operações em terra, água e ar – revisados e aprovados pelo Departamento de Defesa dos EUA.

A Barbie é acostumada a mudar de profissões, estilos de cabelo e roupas. Ela foi uma cantora, uma atleta, uma paleontóloga, uma ortodontista, uma astronauta, uma bombeira, uma bailarina, e quem sabe mais o quê. Todo novo trabalha exige um novo visual e um guarda-roupa novo para que toda garota no mundo seja obrigada a comprar.

Em fevereiro de 2004, a Barbie quis mudar de namorados também. Por quase meio século, ele se manteve de maneira estável com Ken, cujo nariz é a única protuberância em seu corpo, quando um surfista australiano a seduziu e a convidou a cometer o pecado do plástico.

Mattel, a fabricante, anunciou uma separação oficial.

Foi uma catástrofe. As vendas caíram. A Barbie podia mudar ocupações e vestuário, mas ela não tinha direito algum de dar o mau exemplo.

A Mattel anunciou a reconciliação oficial.

Guerras mentirosas

Campanhas publicitárias, esquemas de marketing. O alvo é a opinião pública. Guerras são vendidas da mesma maneira que carros: através da mentira.

Em agosto de 1964, o presidente norte-americano Lyndon Johnson acusou os vietnamitas de atacar dois navios de guerra dos EUA no Golfo de Tonkin.

Então, o presidente invadiu o Vietnã, enviando aviões e tropas. Ele foi aclamado por jornalistas e políticos, e sua popularidade disparou. Os democratas no poder e os republicanos fora do poder se tornaram um único partido unido contra a agressão comunista.

Depois de a guerra ter massacrado vietnamitas em grandes números – a maioria sendo mulheres e crianças – o secretário de defesa, Robert McNamara, confessou que o ataque no Golfo de Tonkin nunca ocorreu.

Os mortos não voltaram à vida.

Em março de 2003, o presidente norte-americano George W. Bush acusou o Iraque de estar prestes a destruir o mundo com suas armas de destruição em massa, “as armas mais letais já construídas”.

Então, o presidente invadiu o Iraque, enviando aviões e tropas. Ele foi aclamado por jornalistas e políticos, e sua popularidade disparou. Os democratas no poder e os republicanos fora do poder se tornaram um único partido unido contra a agressão terrorista.

Depois de a guerra ter massacrado iraquianos em grandes números – a maioria sendo mulheres e crianças –, Bush confessou que as armas de destruição em massa nunca existiram. “As armas mais letais já inventadas” foram seus próprios discursos.

Na eleição seguinte, ele foi reeleito.

Em minha infância, minha mãe costumava me dizer que a mentira tem perna curta. Ela estava mal informada.

Enigma

Eles são os membros mais importantes de nossa família.

Eles são glutões, devoradores de gás, petróleo, milho, cana-de-açúcar e qualquer outra coisa que surja em seu caminho.

Eles mandam em nosso tempo: os banhando, os alimentando, os abrigando, falando sobre eles e abrindo caminhos para eles.

Eles se reproduzem mais rápido que nós, e são 10 vezes mais numerosos do que eram meio século atrás.

Eles matam mais pessoas que guerras; não, ninguém condena os assassinos, muitos menos os jornais e canais de televisão que vivem de suas propagandas.

Eles roubam nossas ruas. Eles roubam nosso ar. Eles riem quando nos ouvem dizendo “Eu dirijo”.

Achados e perdidos

O século 20, que nasceu proclamando a paz e a justiça, morreu banhado em sangue. Ele nos passou um mundo muito mais injusto daquele que herdou.

O século 21, que também nasceu enaltecendo a paz e a justiça, está seguindo os passos de seu predecessor.

Na minha infância, eu tinha certeza que tudo que se perdia no mundo acabava indo parar lá em cima, na Lua.

Mas os astronautas não encontraram nenhum sinal de sonhos perigosos ou promessas quebradas ou esperanças traídas.

Senão na Lua, onde elas podem estar? Talvez ela nas nunca tenham se perdido. Talvez elas estejam escondidas aqui na Terra. Esperando.

Eduardo Galeano e um século de desastres | Portal Fórum

20/03/2014

A necrofilia dos agentes do terror ditatorial

Filed under: Ditadura,Necrofilia,Terrorismo,Terrorismo de Estado — Gilmar Crestani @ 10:34 pm
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Oscuro goce del Estado terrorista

El autor destaca que en el agente del Estado terrorista –de igual modo que en “la risa del capitalista” que señaló Marx– se verifica “una satisfacción particular”, de modo que “el golpe de 1976 no sólo tuvo razones económicas, políticas y militares”, sino también las concernientes a “un goce oscuro”.

Por Osvaldo L. Delgado *

Karl Marx, al referirse a la plusvalía, observa: “Nuestro capitalista lo previó, y es eso lo que le provoca risa” (Marx, K. y Engels, F., Obras escogidas, ed. Ciencias del Hombre, Buenos Aires, 1972, T. 1, p. 201). La risa del capitalista, en el preciso momento de la apropiación de la plusvalía, expresa una satisfacción particular, que en su momento Jacques Lacan designó como “plus de gozar”. Cuando Marx escribe “lo previó”, da cuenta de la subjetividad, de un deseo y cálculo de goce anticipado a la lógica económica de las fuerzas productivas. La risa sanciona la realización de ese deseo, la satisfacción alcanzada de quedarse con algo de otro. Por lo tanto, no es sólo la satisfacción por el producto económico que va a su bolsillo, sino además por el acto extractor mismo, lo cual da cuenta de la economía libidinal en juego. “Lo previó” es la causa de goce en el inicio de la operación. En mi texto “La sonrisa del dictador” (publicado en esta sección de Página/12 el 16 de junio de 2011), me referí a la sonrisa de Jorge Rafael Videla cuando formuló que los desaparecidos no estaban ni vivos ni muertos, eran una entelequia, estaban desaparecidos. Describí a esa sonrisa como la emergencia de un goce oscuro para fundamentar que el golpe de 1976 no sólo tuvo razones económicas, políticas y militares, sino también pulsionales. Infinidad de testimonios en distintas dictaduras dan cuenta de prácticas de torturas que no tenían fundamento militaroperacional. Los nazis distraían esfuerzos militares del frente de batalla para dedicarlos a asesinar. Lacan denominó a estas prácticas “ofrenda de sacrificio a los dioses oscuros”. En contrapartida, las Madres y Abuelas de Plaza de Mayo se constituyeron en el paradigma ético de nuestra sociedad. Nombrarse a sí mismas “madres” y “abuelas” implicaba dar existencia a lo que se había buscado hacer desaparecer. A los desaparecidos se les dio así existencia para siempre, es un modo de duelo muy particular, quizás único, que borró para siempre la sonrisa de los criminales.

Pilar Calveiro, en su libro Violencias del Estado (cap. 5, “El tratamiento de los cuerpos”, así como Eduardo Luis Duhalde, en El Estado terrorista argentino, aportan elementos contundentes para fundamentar la dimensión pulsional en la práctica represiva. Duhalde señala que “incluso la psicología moderna ha aportado sus experiencias condicionantes para convertir a un ‘buen ciudadano común’ en un experto torturador, sin necesidad de apelar a sádicos locos y criminales natos. Vietnam también mostró la eficiencia de este aporte. Los estudios como los realizados en la Universidad de Yale por Stanley Milgram sobre sumisión y obediencia a la autoridad, son altamente demostrativos de este tipo de contribuciones”. Freud se refirió al concepto de “desmezcla pulsional”, que alcanza el fundamento mismo del vínculo primario entre los hombres, esto es el odio. Sabemos que existen las que Lacan llama “perversiones transitorias”: no se necesita ser perverso para realizar actos perversos. Un neurótico puede realizar actos perversos, si está seguro de no pagar un precio por ello. Su cobardía esencial lo lleva a desplegar todos sus fantasmas sádicos y, por identificación con la víctima, sus fantasmas masoquistas, cuando se encuentra a resguardo de sanción por sus actos; incluso puede ser un modo de “hacer carrera”.

Lacan, en el Seminario 16, “De un otro al Otro”, se refirió a las Cruzadas, donde los caballeros, al arrasar con todo, encontraban la perversión que iban a buscar. Advirtió también que hay que estar atentos ante otras cruzadas, actuales. En los testimonios de los sobrevivientes de los campos de concentración encontramos el relato de los fantasmas perversos que proferían y realizaban los torturadores, con una fijeza inaudita y una repetición al mejor modo del marqués de Sade. Sostengo que en las llamadas perversiones transitorias, en los actos perversos de tantos neuróticos represores, se ponía en juego asumir la posición de ser un instrumento del Otro para buscar completarlo. “El sádico también intenta, pero de manera intensa, completar al Otro gritándole la palabra e imponiéndole su voz, pero en general falla. Baste en este sentido referirse a la obra de Sade, donde es verdaderamente imposible eliminar de la palabra, de la discusión, del debate, la dimensión de la voz”, sostuvo Lacan en aquel mismo seminario. Desde la posición sádica, la voz viene al lugar de completar al Otro, produciendo en la víctima el desgarramiento de angustia. Se trata de volverse un mero instrumento para realizar con ese acto perverso la división angustiante del sujeto. A eso lo llamaban “quebrar”.

Jacques Alain Miller, en Piezas sueltas, subraya que Lacan “construyó ese plus de gozar como el análogo de lo que en Marx es la plusvalía. No lo esconde, lo dice con claridad: el plus de goce está construido del mismo modo que la plusvalía”, hasta tal punto que “si decimos que la plusvalía es plus de gozar, el plus de gozar es plusvalía”. La obtención tanto de la plusvalía como del plus de goce hizo necesaria la dimensión del terror de la dictadura cívico militar. En la Argentina, no es sólo la sonrisa de Videla al referirse a los desaparecidos lo que testimonia el goce oscuro, sino también el primer discurso de José Alfredo Martínez de Hoz como ministro de Economía, donde profiere la frase “piedra libre para los empresarios”. La piedra libre se garantizó con el terror, con 30 mil desaparecidos, con 500 bebés secuestrados, con la destrucción del aparato productivo, con la pérdida de derechos ciudadanos. Fue así: ¡sonriamos, piedra libre al goce!

Jorge Rafael Videla se refiere a un error táctico que cometieron los militares: “El uso excesivo que hicimos del término ‘desaparecidos’; al principio nos resultó cómodo, porque encubría otras realidades y dejaba el problema como en una nebulosa. Pero tendríamos que haber dejado en claro rápidamente lo que sucede en toda guerra: que hay muertos, heridos y desaparecidos. Desaparecidos que están muertos, pero cuyos restos no se sabe dónde están. No lo hicimos, y ahora eso favorece la manipulación de las cifras de desaparecidos” (Ceferino Reato, Disposición final). Sabemos perfectamente que se buscó producir la figura del desaparecido, del sin lugar, que eso tuvo razones tácticas, estratégicas y de psicología del terror para el conjunto de la sociedad. Aumentar el horror, para producir el desgarramiento de angustia y desesperación de los familiares, con una versión más horrenda que la muerte misma. La frase de Videla expresa claramente la ética sadeana de estar bien en el mal.

Pero desde otra perspectiva, en verdad fue un error estratégico. Ante la pérdida de un ser querido se puede hacer un duelo, sea normal o patológico. El patológico implica un proceso de melancolización por la dimensión regresiva que se pone en juego, y la inclemencia del autorreproche. En todo caso, ante la pérdida de un ser querido, perdemos el lugar de falta que representábamos para él. Ante la pérdida, por muerte, por abandono, está en juego dejar de ocupar el lugar de una falta para ese Otro. Pero si el otro está desaparecido, ni vivo ni muerto, es imposible dejar de ocupar un lugar de falta para ese Otro. Más bien se produce todo lo contrario. Se encarna mucho más ese lugar. Madres, abuelas, familiares, compañeros, hacen de su vida el encarnar ese lugar de ser una falta en el Otro. Se produce un deseo potente de seguir encarnando ese lugar. Esa fue la respuesta, que continúa, al piedra libre de la fiesta sadeana a la que llamaron los golpistas.

* Profesor de psicoanálisis en la Facultad de Psicología de la UBA. Texto extractado del trabajo “La indignidad del Estado terrorista argentino”.

Página/12 :: Psicología :: Oscuro goce del Estado terrorista

11/09/2012

Aniversário do ataque terrorista contra o Chile

Filed under: Chile,Ditadura,Golpe Militar,Latuff,Pinochet,Terrorismo — Gilmar Crestani @ 11:22 pm

Há 39 anos, um golpe de Estado patrocinado pelos EUA resultou na morte do presidente Salvador Allende


O cartunista e ativista Carlos Latuff é colaborador do Opera Mundi. Seu trabalho, que já foi divulgado em diversos países, é conhecido por se dedicar a diversas causas políticas e sociais, tanto no Brasil quanto no exterior. Muitas de suas charges podem ser encontradas no http://latuffcartoons.wordpress.com/

Opera Mundi – Aniversário do ataque terrorista contra o Chile

29/07/2012

Carlos, o Chacal: ícone do terrorismo político internacional

Filed under: Carlos, o Chacal,Terrorismo — Gilmar Crestani @ 11:01 am

 

Pacto por el terror en Europa

A partir de 1979, y durante cuatro años, ETA Político-militar y el más temido terrorista internacional colaboraron en varios atentados en Europa. La alianza se quebró porque Carlos actuó en Francia. Personas que participaron en los contactos descubren detalles inéditos de ese nexo

Luis R. Aizpeolea País Vasco29 JUL 2012 – 00:00 CET18

El terrorista internacional de nacionalidad venezolana, Ilich Ramírez Sánchez, alias Carlos, junto con Magdalena Kopp y la hija de ambos / Attar Maher (Corbis Sygma)

Sería en el otoño de 1977 cuando Sabin Achalandabaso paseaba por la localidad francesa de San Juan de Luz y, al detenerse en un semáforo, observó que un hombre le hacía señas con las cejas desde la acera de enfrente. Achalandabaso, que había sido delegado de ETA Político-militar en Argelia, podía haber hecho cualquier cosa (darse media vuelta, por ejemplo), pero optó por acercarse a ese hombre con aspecto de funcionario, y preguntarle a la cara: “¿Te tengo que conocer de algo?”.

—Deberías conocerme porque te llevo siguiendo un año —respondió el misterioso hombre con una sonrisa—. ¿Nos podemos tomar un café?

Achalandabaso asintió.

Tomaron asiento en una cafetería próxima. Su interlocutor se identificó como funcionario de la DST, el contraespionaje francés. La conversación fue breve. Tras explicarle que la policía francesa conocía la existencia de relaciones entre ETA y el terrorista internacional de origen venezolano Ilich Ramírez Sánchez, alias Carlos (1949), le propuso que le contara todo lo que supiera de ello. A cambio, se comprometía a darle pistas sobre la desaparición un año antes, en el País Vasco francés, del dirigente de ETA Político-militar, Eduardo Moreno Bergareche, Pertur. Esa desaparición, cuya autoría y desenlace ya entonces suscitaba, y todavía hoy, muchos interrogantes entre sus compañeros: eran muchos los que dudaban de la versión, según la cual le habían secuestrado disidentes de ETA Político-militar que se integraron en ETA Militar en 1977, los conocidos como berezis (comandos especiales).

Achalandabaso rechazó la propuesta.

Al día siguiente recibió una notificación oficial de la prefectura francesa por la que le retiraba el permiso de residencia en Francia. Personas que participaron en esos contactos revelan a El PAÍS detalles no conocidos hasta ahora.

El contraespionaje francés contactó con ETA p-m en 1977 para conocer cómo eran sus relaciones con Carlos

La contundente reacción de la prefectura no era baladí. La policía francesa perseguía con auténtico celo a Carlos desde que el 27 de junio de 1975 asesinara en la parisina calle Toulliers a dos funcionarios de la DST francesa y a un libanés cuando trataban de detenerlo. Carlos, vinculado entonces al Frente Popular de Liberación de Palestina (FPLP), tenía su base en Yemen del Sur.

Por entonces, Carlos era una figura del terrorismo internacional. No solo le buscaban los franceses. Había muchos Gobiernos occidentales interesados en su captura, sobre todo desde que el 21 de diciembre de 1975 lideró un comando que asaltó la sede de la OPEP en Viena para tomar como rehenes a 42 personas, entre ellos a los ministros del petróleo de los países miembros del cartel petrolero. Esa fue una acción muy arriesgada, que terminó con la muerte de tres de los secuestrados, entre ellos el representante libio. Esta última muerte fue un error, que le costó caro a Carlos porque había cometido ese acto terrorista por encargo del líder libio Gadafi, quien no perdonó este error. Como quiera que Libia era el refugio de Carlos, éste tuvo que cambiar de domicilio y pasar una temporada en Argelia antes de montar su base de operaciones en Yemen del Sur.

Un manifestante pide la repatriación de Carlos a Venezuela, en Caracas en 2007 / Leo Ramírez (AFP)

Y fue en Argelia donde Carlos y ETA contactaron. Algo que sabían los franceses.

En los campos de entrenamiento de la Academia de policía de Argel residían entonces militantes de varias organizaciones revolucionarias, sobre todo palestinas y movimientos de liberación africanos. Entre las organizaciones revolucionarias europeas había representaciones del MPAIAC (el movimiento revolucionario canario que lideraba Antonio Cubillo y que disponía de una emisora en territorio africano) y de ETA Político-militar, que acababan de ser autorizadas por el régimen de Boumedian para utilizar sus campos de entrenamiento, como represalia al Gobierno español por ceder el Sáhara a Marruecos. Muchos de los más cualificados militantes de ETA que destacaron por su actividad terrorista en los años setenta y ochenta en España pasaron por esos campos de entrenamiento.

Allí, Carlos conectó con la representación de ETA Político-militar. El terrorista internacional más popular, que sentía querencia hacia el País Vasco (casi 30 años después manifestó en el juicio celebrado en París que sus orígenes eran “negros, indios y vascos”), invitó a los militantes polimilis a su campo de entrenamiento de Yemen del Sur. Accedieron tres.

Aquel era un campo de entrenamiento mucho más precario que los que cedía Argelia, recuerda uno de los polimilis. A los tres polimilis que acudieron al campo de Yemen del sur les quedó como recuerdo haber coincidido con el comando de seis terroristas de las Células Revolucionarias alemanas y del FPLP, que participó pocos meses después, el 27 de junio de 1976, en el secuestro de la aeronave de Air France, con 248 pasajeros, que hacía el recorrido Tel Aviv-París.

Aquel secuestro culminó en Entebee (Uganda), el 4 de julio de 1976, con la intervención de 100 comandos israelíes que atacaron a los terroristas y a los soldados ugandeses. El balance fue brutal. Todos los terroristas fueron asesinados, así como 45 soldados ugandeses, tres rehenes y el oficial israelí que comandó la operación, Nathan Netanyahu, hermano del hoy primer ministro israelí, Benjamín. Previamente al asalto, los terroristas liberaron a los pasajeros no judíos, la mitad, aproximadamente.

Por tanto, en 1977 no había existido más relación entre ETA y Carlos que la estancia de tres militantes en el campo de entrenamiento de Yemen del Sur. Pero la policía francesa quería conocer cualquier detalle del terrorista y de sus centros de entrenamiento.

El estudio de Radio Libre Europa en Munich (Alemania) tras el atentado, en 1981 / D. Endlicher (AP)

Fue a partir de 1979 cuando la relación entre ETA y Carlos se hizo más estrecha. Y en esa nueva relación representó un papel fundamental un hombre muy peculiar, el ciudadano belga de origen flamenco, Luc Edgar Groven (1950), conocido como Lucas o Albert, que llegó a ser responsable internacional de ETA Político-militar.

Groven era todo un personaje. Procedía de la izquierda radical como otros muchos extranjeros que durante el franquismo habían colaborado con ETA, tras el renombre internacional que esta organización alcanzó después del proceso de Burgos de 1970 y tras el atentado mortal contra el presidente del Gobierno franquista, el almirante Carrero Blanco, en 1973. Groven, además de actuar como responsable internacional de ETA Político-militar desde finales de los años setenta, trabajaba también para el IRA irlandés. Sus relaciones le permitían mantener contacto con otras organizaciones armadas de la época y visitar los campamentos palestinos en Oriente Medio.

Groven conoció a Magdalena Kopp, compañera de Carlos, y a Johannes Weinrik, militantes de las Células Revolucionarias alemanas. Fue en Berlín en 1979. Weinrik y Kamal al Issawi, Ali, se convirtieron en los dos colaboradores habituales de Carlos en sus campañas terroristas.

Porque Carlos había evolucionado en su actividad terrorista. Ya no era un mero hombre del FPLP palestino. Era un mercenario que trabajaba para el país que le pagaba, en la órbita de los enemigos de Estados Unidos, Israel y sus aliados. Entre sus clientes habituales figuraban Irak, Libia, Rumanía y Siria. Carlos estaba controlado por la Stasi, la inteligencia de la República Democrática Alemana, que era lo mismo que decir el KGB soviético. Se movía habitualmente por Budapest, la capital de Hungría. Allí estaba su oficina central.

Y fue en Budapest donde mantuvieron el primer contacto Carlos y Groven, al que solía acompañar algún otro dirigente de ETA Político-militar. Carlos se comprometió a proveer de armas y explosivos a ETA Político-militar a cambio de que esta organización le facilitara automóviles para cometer atentados en Europa. Fue un periodo de colaboración no muy largo porque ETA Político-militar terminó disolviéndose en septiembre de 1982. Desde febrero de 1981, tras el intento de golpe de Estado frustrado del 23-F, había iniciado un proceso de final de la violencia con una tregua. Pero hasta entonces, y durante dos años, Carlos y Groven, contrario al proceso de final de la violencia, llegaron a reunirse hasta cinco veces en Budapest.

El primer atentado de Carlos en el que se conoce que participó ETA Político-militar se produjo el 21 de febrero en 1981. Fue el atentado cometido en Múnich contra los locales de Radio Libre Europa, emisora financiada por Estados Unidos para realizar propaganda contra el bloque soviético.

Sin embargo, la verdadera colaboración entre el terrorista y la organización vasca se produjo a partir de 1979

Carlos recibió el encargo de la Rumanía de Nicolae Ceausescu. Los militantes polimilis consiguieron el automóvil que utilizaron los terroristas de Carlos para destruir la emisora de radio. La explosión reventó los locales de Radio Libre Europa, pero no causó víctimas. La operación fracasó, al no lograr el objetivo de destruir las emisiones rumanas, sino las checas.

Groven también consiguió el vehículo en el que fueron detenidos, el 16 de febrero de 1982, Magdalena Kopp, la compañera de Carlos, y Bruno Breguet, Luca, otro colaborador del terrorista venezolano, cerca de la sede de la revista Al Watan Al Arabi, en la calle Marbeuf, de París, contra la que intentaron atentar. Breguet intentó disparar contra un policía que les pidió los papeles, pero se le encasquilló la pistola. Fueron detenidos. La policía encontró en el interior del vehículo dos bombonas de gas llenas, cinco kilos de penthrit y planos.

Dos meses después, el 22 de abril, primer día del juicio de Magdalena Kopp y de Breguet, se produjo un atentado contra dicha publicación que costó la vida a una persona e hirió a 63.

Aquel atentado fue un encargo de Siria. ETA Político-militar siempre negó la participación en dicho acto terrorista y argumentó que su norma era no atentar en territorio francés, dónde residían muchos de sus miembros. Francia aún no había decidido actuar con resolución contra el santuario de ETA en su territorio, y los polimilis, a cambio, evitaban crear problemas a la policía gala. Pero Carlos, tras la detención de su novia, inició una intensa campaña terrorista en Francia para tratar de lograr su liberación. Entre 1982 y 1985, Carlos asesinó en Francia a 11 personas e hirió a cerca de 150.

Algunos de los atentados en Francia fueron muy graves. Hizo estallar una bomba en un tren que cubría la ruta Toulouse-París el 29 de marzo de 1982, con un balance de cinco muertos. Puso una bomba en la estación de tren marsellesa de Saint Charles, con dos muertos. Y otra contra el tren de alta velocidad a Tain, con tres muertos. Todo ello, además de la explosión en la revista Al Watan Al Arabi.

Magdalena Kopp fue condenada a cuatro años de prisión. Pero el tribunal le redujo siete meses la condena por buena conducta, siendo expulsada a la República Federal Alemana. En un mes se trasladó a Siria y en 1985 se casó con Carlos. En 1990, con motivo de la guerra del Golfo, abandonan Siria, al aliarse este país con Estado Unidos contra Irak, y se trasladan a Libia. Allí duran poco tiempo, y Kopp terminó su periplo en Venezuela antes de trasladarse a vivir a Alemania, ya separada de Carlos, donde hoy reside con su hija en su ciudad natal, Neu-Ulm.

ETA p-m encargó a Carlos en 1982 que cobrara en Líbano el rescate del secuestro del  padre de Julio Iglesias

La colaboración entre Carlos y ETA Político-militar tuvo su contrapartida para los etarras. La organización vasca recabó la colaboración del terrorista Carlos con motivo del secuestro del padre del cantante Julio Iglesias. Lo secuestró el 30 de diciembre de 1981 y fue liberado por los geos 20 días después, el 19 de enero de 1982 en Trasmoz (Zaragoza).

Durante mucho tiempo hubo gran confusión acerca de este secuestro. Todavía hay quienes están convencidos de que fue obra de delincuentes internacionales. El motivo de la confusión radica en que ETA Político-militar nunca reivindicó el secuestro porque se encontraba en tregua desde el 28 de febrero de 1981. La realidad, según han confirmado fuentes cercanas a esta organización, es que se trató de una operación de mera supervivencia económica. ETA Político-militar necesitaba dinero y le venía bien la creencia de que el secuestro había sido obra de unos delincuentes. Pretendía reeditar el éxito que tuvo, en enero de 1981, con el secuestro del industrial alcireño, Luis Suñer, que le reportó unos 350 millones de pesetas (algo más de dos millones de euros) tras liberarlo en abril de ese mismo año.

Para contribuir a la confusión, ETA recabó la ayuda de Carlos, a quien le pidió que cobrase el rescate del secuestro del padre de Julio Iglesias en Líbano. La colaboración la negociaron Carlos y Luc Groven en Budapest. ETA pidió 2.000 millones de pesetas a la familia Iglesias como precio por el rescate. La operación se frustró por la actuación de los geos en Trasmoz (Zaragoza).

Curiosamente, la detención del comando, del que formaban parte militantes desconocidos de ETA Político-militar, fue fruto de una casualidad, alimentada por una indiscreción. Un militante residente en Irún (Gipúzkoa) comentó a miembros de su cuadrilla, pertenecientes a ETA Militar, para darse importancia, que el secuestro del padre de Julio Iglesias pertenecía a su organización. Una redada oportuna de la policía entre los milis de la zona propició la detención del polimili, y de ahí las pistas que condujeron a la policía a Trasmoz (Zaragoza).

El ministro del Interior, Juan José Rosón, del Gobierno de UCD, que negociaba con Mario Onaindia y Juan María Bandrés la disolución de ETA Político-militar, temió que el secuestro del padre de Julio Iglesias supusiera la ruptura de la tregua de los polimilis. Pidió explicaciones a sus interlocutores y la banda terrorista contestó que aquella era una operación de abastecimiento económico y que no suponía la ruptura de la tregua.

Ocho meses después, en septiembre de 1982, ETA Político-militar se disolvió, pero un grupo de sus militantes se escindió, los octavos, que con el tiempo se integraron en ETA Militar. Entre ellos, además de Groven, figuraban Arnaldo Otegi, hoy dirigente de la izquierda abertzale, y Javier López Peña, Thierry, uno de los últimos jefes de ETA Militar, detenido en 2008 en Burdeos (Francia).

ETA militar, liderada por Jose Ternera, nunca quiso colaborar con Carlos y si con grupos latinoamericanos

Durante 1980 y 1982 hubo varias operaciones de envío de armas de Carlos a ETA Político-militar, en cumplimiento de su compromiso alcanzado con Groven. El primer viaje se produjo el 4 de noviembre de 1980 y se realizó en una autocaravana Toyota adquirida con dinero de los polimilis.

En mayo de 1982, la DST francesa interceptó un cargamento de armas y explosivos de Carlos a los polimilis. El transportista era otro fichaje de Carlos, un anarquista francés, Patrick Chabrol, al que acompañaba su compañera bretona, que recogió la mercancía en Bucarest (Rumanía) y de regreso a Francia notó que le seguían. Fue detenido al sur de Burdeos por la policía gala.

La DST puso a ETA Político-militar ante un dilema: o revelaba los itinerarios de los viajes, con la pretensión de conocer la tan perseguida ruta de Carlos, o pasaba el asunto a la policía judicial. La dirección de ETA Político-militar, asustada por las consecuencias tan graves para su organización de una intervención de la policía judicial francesa, decidió colaborar. De este modo, las autoridades francesas conocieron el itinerario del tráfico de armas de Carlos. Empezaba en Yemen del sur y pasaba por Moscú, Berlín y Budapest. De la capital de Hungría pasaba a Rumanía, Yugoslavia, Italia y Francia.

ETA Político-militar está convencida, según uno de los dirigentes que conoció a Carlos, de que la DST fue informada de la operación por los servicios secretos de la Rumanía de Ceausescu, en un momento en el que el terrorista venezolano empezaba a sufrir el acoso de los países que le protegían. “Carlos era un fanfarrón y actuaba por su cuenta. Llegó un momento en el que comenzó a ser incómodo para las organizaciones y los países que le protegían. Hay que contar, además, con los cambios de alianzas de los países que le amparaban. Pronto perdió el apoyo del FPLP. Pero también lo perdió de Libia, de Siria”, señala un polimili que trató a Carlos.

Con la caída del bloque comunista, en 1989, Carlos perdió su último refugio y acabó fijando su residencia en Sudán: en la capital, Jartum, fue entregado por su misma escolta a la policía francesa el 15 de agosto de 1994. Las autoridades sudanesas habían pactado su entrega con el Gobierno galo y su entonces ministro del Interior, Pandraud. Carlos fue trasladado a París.

Tras la operación fallida del último cargamento de armas, Luc Groven rompió su relación con Carlos, al comprender el riesgo que significaba para su seguridad y para la de la organización vasca. Para entonces, ETA Político-militar ya estaba rota, por la decisión de disolverse. Groven se pasó a los escindidos, a los que no aceptaron el final de la violencia, los denominados octavos.

La DST temió que los octavos mantuvieran los contactos con Carlos. Eso explica por qué, años después, en enero de 1984, la policía francesa detuvo a la cúpula de los octavos y los expulsó a Panamá y Cabo Verde. Entre ellos estaba su líder, Txutxo Abrisketa, que viajó a Cuba, donde hoy reside.

Aquella operación policial francesa sorprendió entonces, en 1984, porque no tenía precedentes y porque no afectó para nada a ETA Militar. Y es que ETA Militar rehusó mantener contactos con Carlos. Su responsable internacional en aquellos años, Josu Urrutikoetxea, Josu Ternera, lo rechazó. No se fiaba del famoso terrorista internacional, ni de sus relaciones con el bloque comunista. Josu Ternera prefirió intensificar las relaciones con los movimientos de liberación latinoamericanos, más afines a sus planteamientos nacionalistas.

Groven también terminó mal. Pero no en la cárcel, como Carlos. No se apuntó a la decisión de ETA Político-militar de acabar con la violencia en septiembre de 1982, escenificada en una sonada rueda de prensa en Biarritz, con los ya exetarras, presentándose a cara descubierta. Lo hizo un tiempo más tarde a través de la llamada vía Azkárraga. El entonces senador del PNV, Joseba Azkárraga, recogió a algunos disidentes de ETA Político-militar, octavos, reinsertados con posterioridad. Uno de ellos fue Groven. En agosto de 1985 cruzó la frontera española, acompañado de su pareja, Itziar Hernández Zubizarreta, y de Azkárraga, y se instaló en el País Vasco con todas las garantías legales.

Llegó a ser eurodiputado en 1997. Murió en Bilbao años después. Trabajaba en el Consorcio de Aguas de la capital vizcaína. El 14 de agosto de 2011 apareció muerto en su domicilio por causas naturales, pocos meses antes del segundo juicio de Carlos en París, al que debía comparecer como testigo. Enfrentarse a su pasado, del que hacía años que se había arrepentido, le horrorizaba, manifiestan quienes le conocieron.

En realidad, Groven y los polimilis empezaron a desconfiar de Carlos por su comportamiento tras la detención de su novia, Magdalena Kopp, en 1982. “Montó toda una campaña personalista para reivindicar a su novia. Le movía su orgullo herido más que la lucha por una causa. No era un revolucionario. Era un aventurero que vivía a todo tren”, recuerda un expolimili que trató con Carlos.

También recuerda cómo “actuaba como un niño mimado”. “Se notaba que procedía de una familia de la alta burguesía. Solía aparecer majestuoso, tocado con un gorro ruso”, señala el expolimili. De hecho, un primo de Carlos, el ingeniero Rafael Sánchez Carreño, es el influyente ministro de Energía y Petróleo del Gobierno venezolano de Hugo Chávez. El presidente venezolano apoya expresamente a Carlos y ha intentado, sin éxito, su repatriación a Venezuela. Francia se ha negado, al considerarlo “un terrorista y no un revolucionario”.

Una anécdota ilustra la personalidad de Carlos. Usaba un coche espectacular. Un día, mientras circulaba por las calles de Budapest, un automóvil comenzó a obstaculizarle. El polimili que le acompañaba le dijo a Carlos con ironía:

—Ahí tienes a alguien que se rebela frente al poder.

Carlos se puso histérico y respondió:

—¡Es un contrarrevolucionario!

“Para Carlos, el mundo entero se dividía entre revolucionarios y contrarrevolucionarios. Todo era pura retórica porque nunca se hablaba de política con él”, añade el ex

El segundo juicio contra Carlos, iniciado en París en noviembre de 2011 y centrado en sus atentados en territorio galo entre 1982 y 1983, que costaron la vida a 11 personas, sirvió para que afloraran las relaciones entre el terrorista internacional y ETA Político-militar. La desaparición de los regímenes comunistas propició que se conocieran secretos de la Stasi y de la Securitate rumana. Esa información acabó en manos de jueces franceses y alemanes.

Durante el juicio, Carlos volvió a representar su papel altanero y fantasioso, defendido por su nueva esposa, su abogada, Isabelle Coutant Peyre, de 60 años, tres menos que él. El 15 de diciembre de 2011 fue condenado a cadena perpetua. Una cadena perpetua que se une a la que le fue impuesta en 1997 por el asesinato de dos policías franceses y un civil libanés en 1975, y con el condicionante de que necesitará un plazo mínimo de 18 años en prisión para poder solicitar cualquier beneficio procesal.

El juicio contra Carlos, que tiene en su haber un centenar de asesinatos, simboliza el fin de una época, la de un planeta en llamas entre los años sesenta y noventa, con unos movimientos revolucionarios extendidos a escala internacional que tenían, en muchos casos, su epicentro en los países del bloque soviético. La profesionalización de Carlos, su salto de la militancia del FPLP al trabajo mercenario, fue también la muestra de su definitiva degeneración política.

El destino del botín del secuestro de Suñer

ETA Político-militar entregó una parte importante del botín logrado con el secuestro del industrial alcireño Luis Suñer en 1981, unos 350 millones de las antiguas pesetas, al Frente Farabundo Martí, de El Salvador, con el que financió la sangrienta ofensiva de Morazan, la primera en importancia que esta guerrilla latinoamericana protagonizó en la guerra civil que asoló el país en los años ochenta. La guerrilla fracasó en aquella ofensiva y un millar de campesinos murieron en sus enfrentamientos con el Ejército.

ETA Político-militar mantuvo secuestrado entre enero y abril de 1981 a Suñer, empresario valenciano, dueño de Cartonajes Suñer y Avidesa, y una de las mayores fortunas españolas de aquel momento. Tras cobrar el botín, un dirigente de ETA Político-militar, Txutxo Abrisketa, entregó al líder del Frente Farabundo Martí salvadoreño, Joaquín Villalobos, una parte importante del rescate en un encuentro celebrado en París.

ETA Político-militar, cuya actividad cesó en septiembre de 1982, no limitó sus alianzas internacionales al terrorista Carlos. Mantuvo relaciones con numerosas organizaciones revolucionarias internacionales, sobre todo los movimientos de liberación latinoamericanos, como el Frente Sandinista de Nicaragua y el Frente Farabundo Martí de El Salvador. También los mantuvo antes con los tupamaros uruguayos o con los del MIR chileno.

Algunos militantes polimilis  lucharon con los guerrilleros salvadoreños contra el Ejército durante la guerra civil de aquel país. También algunos militantes de ETA Militar, como Francisco Arriarán, que se casó con una guerrillera salvadoreña y murió en el curso de un ataque del Ejército salvadoreño contra la guerrilla. A Arriarán, que tenía amputada una pierna al resultar herido en un combate precedente, se le rompió la muleta cuando huía de una incursión por sorpresa del Ejército. Murió acribillado a balazos. También ETA Político-militar mantuvo relaciones con el Movimiento de las Fuerzas Armadas portugués, tras la revolución de los claveles del 25 de abril de 1974 contra la dictadura salazarista. Portugal se convirtió en lugar de encuentro de numerosos movimientos revolucionarios internacionales.

El principal líder del Movimiento de las Fuerzas Armadas, el teniente coronel Otelo Saraiva de Carvalho, entregó a representantes de ETA Político-militar instalados en Portugal todos los archivos de la PIDE (la temida policía política del dictador luso Oliveira Salazar, que colaboraba con la de Franco) en los que existían referencias a ETA.

Saraiva de Carvalho mantuvo las relaciones con ETA, y en 1980, cuando se constituyeron las Fuerzas Populares del 25 de Abril, que tenían como referente político al líder de la revolución de los claveles,establecieron relaciones de colaboración con los polimilis. Las Fuerzas Populares del 25 de Abril, integradas por militares revolucionarios desencantados por la deriva de la revolución de los claveles y que realizaron algunos atentados y atracos, tenían un brazo político, las Fuerzas de Unidad Popular, siguiendo un esquema similar al de los polimilis y Euskadiko Ezkerra.

Ambas experiencias acabaron pronto. Otelo Saraiva de Carvalho fue juzgado y condenado en 1984. Pero hubo una importante movilización popular en Portugal, que reivindicó su papel como artífice de la revolución de los claveles, con lo que pronto fue puesto en libertad. A su vez, ETA Político-militar se disolvió en 1982.

Pacto por el terror en Europa | Política | EL PAÍS

25/07/2012

O "fanatismo" midiático e o terrorismo

Filed under: Grupos Mafiomidiáticos,Terrorismo — Gilmar Crestani @ 7:32 am

Ao nomear terroristas suicidas de “extremistas religiosos”, os veículos de comunicação acabam sendo eles próprios “fanáticos”

Agência Efe

Imagem retirada do vídeo da câmera de segurança do aeroporto de Burgas, na Bulgária, mostra o suposto autor do atentado suicida (no centro com camiseta azul)

Poucas informações são conhecidas sobre o autor do atentado terrorista realizado contra um ônibus que transportava turistas israelenses na Bulgária nesta quarta-feira (18/07). Era um jovem que se vestia e se portava como qualquer outra pessoa presente no local, mas que se identificava com uma carteira de motorista falsa dos Estados Unidos. Estas foram as únicas informações que o ministro do Interior do país forneceu aos meios de comunicação.

Apesar disso, jornais se apressaram em divulgar a suposta relação do terrorista suicida com a religião islâmica e Israel acusou o grupo libanês Hezbollah e o governo iraniano pelo atentado. Uma leitura mais atenta do terrorismo pode esclarecer muitos dos mitos e estereótipos reproduzidos em eventos como esse.

A mídia e o terror

Segundo as informações divulgadas internacionalmente, o jovem que podemos ver nas imagens divulgadas pelo governo búlgaro era um cidadão sueco. Um cidadão sueco – alertam os jornalistas –, mas com família na Argélia, de nome árabe (Mehdi Ghezali) e que estudou em colégios islâmicos no Reino Unido. Além disso, de acordo com a mídia, este jovem permaneceu detido em Guantánamo e depois do evento, procurou entrar ilegalmente no Afeganistão.

(Bombardeio em prédio em Oklahoma, nos Estados Unidos/WikiCommons)

Não é a primeira vez, no entanto, que a mídia procura estabelecer relações causais  entre a crença no islã e a ação  terrorista sem demonstrar qualquer fundamento.

Em 2011, quando o brasileiro Wellington de Oliveira invadiu sua antiga escola, em Realengo, executando e ferindo adolescentes, jornalistas e analistas atribuíram ao Islã as razões do massacre. Citando a irmã adotiva do atirador, alguns jornais brasileiros divulgaram que o carioca havia se convertido ao islamismo e que pouco saía de casa.

A reação dos meios de comunicação foi muito semelhante após o assassinato de dezenas de jovens na Noruega e a explosão de prédios do governo em Oslo. Apesar de ninguém possuir qualquer informação sobre o autor, ou seus motivos, analistas internacionais qualificados se prontificaram para explicar a conexão dos atentados com o islã. No entanto, como depois foi descoberto, o autor era Anders Behring Breivik (32 anos), educado na elite política e econômica da Noruega, "cristão" e “nacionalista conservador”. Apesar disso, ninguém ousou atribuir a causa de sua ação às suas preferências religiosas tal como fazem com os mulçumanos.

Nos Estados Unidos, podemos noticiar episódio parecido após o atentado em Oklahoma em 1995. Supondo que os autores seriam islâmicos, o então presidente norte-americano Bill Clinton enviou tradutores de árabe ao local. O atentado, entretanto, foi planejado e executado por Timothy McVeigh, um norte-americano, católico e bem-sucedido militar.

O “fundamentalismo” midiático

Pesquisas sobre terrorismo não corroboram, no entanto, esta visão reproduzida por muitos veículos de comunicação. Segundo relatório elaborado pela Europol (agência de inteligência europeia), dos 294 incidentes terroristas ocorridos no continente em 2010, apenas 1 foi conduzido por islâmicos. A grande maioria dos atentados foi realizada por grupos neonazistas.

A pesquisa de Robert Pape, cientista político dos Estados Unidos, também coloca em xeque a maioria dos clichês midiáticos sobre a personalidade dos terroristas. De acordo com suas investigações, a maioria dos terroristas suicidas (57%) de 1980 até os dias atuais era laica e apenas 43% eram religiosos, sendo que nem todos eram islâmicos.

Mas, o que explica, então, o tratamento dado por grande parte da mídia internacional ao terrorismo?

Seja porque é preciso atender aos curtos prazos dos meios de comunicação, seja para dar a notícia em primeira mão, os jornalistas acabam por reproduzir as informações concedidas por agências de notícias sem nem mesmo refletir acerca de seu conteúdo. Como consequência disso, é comum ler em diferentes veículos as mesmas notícias e a repetição incessante dos fatos, acaba por se naturalizar.

Assim, mesmo jornais com diferentes posições políticas acabaram por descrever Osama Bin Laden da mesma forma: um “fanático” que lutava contra os “infiéis” norte-americanos por estes terem libertado suas mulheres e criado uma democracia. Seguindo as ideias produzidas nestas agencias, os jornalistas deixaram de perceber que por trás de sua retórica, o saudita possuía um plano político de terminar com a influência dos Estados Unidos na Península Arábica, como tanto assinalou Jason Burke, e não que queria trazer a burca à América.

A descrição do fanático, de uma pessoa que se mostra quase sempre cega, cabe também ao dia-a-dia das redações de notícias que fecham os olhos para uma análise crítica.

Opera Mundi – O "fanatismo" midiático e o terrorismo

18/07/2012

AMIA, 18 anos

Filed under: AMIA,Terrorismo — Gilmar Crestani @ 8:23 am

El 18 de julio de 1994 a las 9.53 una bomba destruyó la AMIA, mató a 85 personas y dejó más de 300 heridos.

Imagen: Télam

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EL PAIS › SE CUMPLE HOY UN NUEVO ANIVERSARIO DEL ATENTADO A LA MUTUAL DE LA COMUNIDAD JUDIA

Un acto sin las palabras de los familiares

El único orador del acto central convocado para las 9.30, cuando se cumplan exactamente 18 años del atentado, será el presidente de AMIA, Guillermo Borger. Se repartirá un Pan de la Memoria. La consigna es “Recordar también es una necesidad básica. Alimentemos la memoria”.

Por Raúl Kollmann

Hoy a la mañana, cuando el reloj marque las 9.53, se cumplirán 18 años del atentado contra la Asociación Mutual Israelita Argentina (AMIA), sede central de la comunidad judía en Buenos Aires. Como todos los años, frente al predio de Pasteur 633 se concretará, a la hora del ataque, el acto central en recuerdo de las 85 víctimas y a la vez de exigencia de justicia, ya que el caso está lejos del esclarecimiento. Por primera vez desde el atentado no habrá ningún familiar de las víctimas en la lista de oradores. Las autoridades de la AMIA vetaron a Olga Degtiar, de Familiares y Amigos de las Víctimas, porque en el discurso del año pasado hubo duras acusaciones contra Jorge “el Fino” Palacios, quien fuera jefe de la Unidad Antiterrorista de la Policía Federal y hoy está procesado por el desvío de la investigación del ataque. En 2011 pretendía ser designado jefe de la Metropolitana por el jefe de Gobierno, Mauricio Macri, quien también fue cuestionado por los familiares. En el acto de hoy, seguramente los reclamos apuntarán a Irán, ya que funcionarios de ese país son considerados los autores intelectuales por la investigación oficial. La agrupación Memoria Activa realizó su homenaje a las víctimas ayer con fuertes críticas a la dirigencia institucional de la comunidad judía (ver aparte).

El único orador del acto convocado para las 9.30 será el presidente de AMIA, Guillermo Borger. Previamente, un grupo de 18 jóvenes de 18 años leerán mensajes alusivos. Lo llamativo de la concentración de hoy es que se repartirá un Pan de la Memoria, elaborado por el chef Tomás Kalika, con ingredientes que ayudan a la memoria como el jengibre y las almendras. La consigna es “Recordar también es una necesidad básica. Alimentemos la memoria”. También se distribuyeron pelotitas antiestrés con la frase No contengas la bronca, exigí justicia. Casi todas las agrupaciones de familiares de las víctimas cuestionaron estas iniciativas considerándolas marketineras y tendientes a realizar un acto light, no de protesta.

La presidenta Cristina Fernández de Kirchner no estará presente porque viajó a Bolivia, pero estará representada por el jefe de Gabinete, Juan Manuel Abal Medina; el ministro de Justicia, Julio Alak; la ministra de Seguridad, Nilda Garré, y el ministro de Educación, Alberto Sileoni. Por parte del Gobierno de la Ciudad, estará la vicejefa de Gobierno, María Eugenia Vidal, y el vicepresidente de la Legislatura, Cristian Ritondo.

El hecho inédito será la ausencia de un orador en representación de los familiares y amigos de las víctimas. Ayer, a 24 horas del acto, la agrupación Familiares emitió un comunicado con el título “Hoy nos censuran ¿ustedes saben por qué?” (ver aparte). El rabino Samuel Levin, líder ortodoxo del sector que hoy encabeza la AMIA, fue contundente hace unos días cuando dijo; “Este año, el acto será sin familiares institucionalizados, porque no queremos conflictos y no queremos discursos que tengan razones particulares”. La represalia tiene que ver con las frases pronunciadas el año pasado por Sergio Burstein, de Familiares, quien criticó al Fino Palacios, a Macri y al rabino Sergio Bergman.

Lo asombroso es que hace 60 días la propia AMIA convocó a un encuentro de familiares en el que hubo algunos que no integran ninguna agrupación y otros que revistan en Familiares. Allí se les pidió que lograran consenso sobre un texto, algo que efectivamente consiguieron. Luego se acordó una oradora, Olga Degtiar, que sí integra Familiares. Pero la mujer –que nunca habló en los actos de estos 18 años y que perdió a su hijo en el atentado–, fue vetada por la dirigencia, pese a que sólo leería un discurso ya consensuado entre los familiares convocados por la propia AMIA.

El resto de las agrupaciones de familiares ya hace años que no participa de los actos convocados por la dirigencia. Memoria Activa realizó anoche su convocatoria y Apemia convocó para hoy a las 18 una conferencia de prensa en el Hotel Bauen junto al Encuentro Memoria Verdad y Justicia.

En el plano judicial, el caso AMIA se ventila actualmente por tres andariveles distintos:

– Habrá un juicio con el ex armador de autos truchos, Carlos Telleldín, como acusado. El cargo sería cómplice del atentado. Es que la Corte Suprema anuló la absolución que le dictaron en el anterior juicio oral y será juzgado nuevamente.

– El juicio por desviar la investigación, en el que están imputados el ex presidente Carlos Menem, el ex juez Juan José Galeano, los fiscales, varios integrantes de la SIDE, el Fino Palacios y el ex titular de la DAIA, Rubén Beraja.

– El proceso contra los funcionarios iraníes a los que la Justicia argentina considera autores intelectuales de los atentados. Cinco de ellos están con alerta roja de detención de Interpol.

Por último, circula la versión de que el fiscal especial del caso AMIA, Alberto Nisman, daría a conocer nuevas evidencias en los próximos meses.

raulkollmann@hotmail.com

Página/12 :: El país :: Un acto sin las palabras de los familiares

28/04/2012

Lo que Obama conoce

Fidel Castro Ruz

El artículo más demoledor que he visto en este momento sobre América Latina, fue escrito por Renán Vega Cantor, profesor titular de la Universidad Pedagógica Nacional de Bogotá y publicado hace 3 días en el sitio web Rebelión, bajo el título Ecos de la Cumbre de las Américas.

Es breve y no debo hacer versiones, los estudiosos del tema pueden buscarlo en el sitio indicado.

En más de una ocasión he mencionado el infame acuerdo que EEUU impuso a los países de América Latina y el Caribe al crear la OEA, en aquella reunión de cancilleres, que tuvo lugar en la ciudad de Bogotá, en el mes de Abril de 1948; en esa fecha, por puro azar, me encontraba allí promoviendo un congreso latinoamericano de estudiantes, cuyos objetivos fundamentales eran la lucha contra las colonias europeas y las sangrientas tiranías impuestas por Estados Unidos en este hemisferio.

Uno de los más brillantes líderes políticos de Colombia, Jorge Eliécer Gaitán, que con creciente fuerza había unido los sectores más progresistas de Colombia que se oponían al engendro yanki y cuya próxima victoria electoral nadie dudaba, ofreció su apoyo al congreso estudiantil. Fue asesinado alevosamente. Su muerte provocó la rebelión que ha proseguido a lo largo de más de medio siglo.

Las luchas sociales se han prolongado a lo largo de milenios, cuando los seres humanos, mediante la guerra dispusieron de un excedente de producción para satisfacer las necesidades esenciales de la vida.

Como se conoce los años de esclavitud física, la forma más brutal de explotación, se extendieron en algunos países hasta hace algo más de un siglo, como ocurrió en nuestra propia Patria en la etapa final del poder colonial español.

En los propios Estados Unidos la esclavitud de los descendientes de africanos se prolongó hasta la presidencia de Abraham Lincoln. La abolición de esa forma brutal de explotación se produjo apenas 30 años antes que en Cuba.

Martin Luther King soñaba con la igualdad de los negros en Estados Unidos hasta hace apenas 44 años, cuando fue vilmente asesinado, en abril de 1968.

Nuestra época se caracteriza por el avance acelerado de la ciencia y la tecnología. Estemos o no conscientes de ello, es lo que determina el futuro de la humanidad, se trata de una etapa enteramente nueva. La lucha real de nuestra especie por su propia supervivencia es lo que prevalece en todos los rincones del mundo globalizado.

En lo inmediato, todos los latinoamericanos y de modo especial nuestro país, serán afectados por el proceso que tiene lugar en Venezuela, cuna del Libertador de América.

Apenas necesito repetir lo que ustedes conocen: los vínculos estrechos de nuestro pueblo con el pueblo venezolano, con Hugo Chávez, promotor de la Revolución Bolivariana, y con el Partido Socialista Unido creado por él.

Una de las primeras actividades promovidas por la Revolución Bolivariana fue la Cooperación Médica de Cuba, un campo en el que nuestro país alcanzó especial prestigio, reconocido hoy por la opinión pública internacional. Miles de centros dotados con equipos de alta tecnología que suministra la industria mundial especializada, fueron creados por el Gobierno bolivariano para atender a su pueblo. Chávez por su parte no seleccionó costosas clínicas privadas para atender su propia salud; puso esta en manos de los servicios médicos que ofrecía a su pueblo.

Nuestros médicos además consagraron una parte de su tiempo a la formación de médicos venezolanos en aulas debidamente equipadas por el gobierno para esa tarea. El pueblo venezolano, con independencia de sus ingresos personales, comenzó a recibir los servicios especializados de nuestros médicos, ubicándolo entre los mejor atendidos del mundo y sus índices de salud comenzaron a mejorar visiblemente.

El Presidente Obama conoce esto perfectamente bien y lo ha comentado con alguno de sus visitantes. A uno de ellos le expresó con franqueza: ”el problema es que Estados Unidos envía soldados y Cuba, en cambio, envía médicos”.

Chávez, un líder, que en doce años no conoció un minuto de descanso y con una salud de hierro se vió, sin embargo, afectado por una inesperada enfermedad, descubierta y tratada por el propio personal especializado que lo atendía, no fue fácil persuadirlo de la necesidad de prestar atención máxima a su propia salud. Desde entonces, con ejemplar conducta, ha cumplido estrictamente con las medidas pertinentes sin dejar de atender sus deberes como Jefe de Estado y líder del país.

Me atrevo a calificar su actitud como heroica y disciplinada. De su mente no se apartan, ni un solo minuto, sus obligaciones, en ocasiones hasta el agotamiento. Puedo dar fe de ello porque no he dejado de tener contacto e intercambiar con él. Su fecunda inteligencia no ha cesado de consagrarse al estudio y análisis de los problemas del país. Le divierten la bajeza y las calumnias de los voceros de la oligarquía y el imperio. Jamás le escuché insultos ni bajezas al hablar de sus enemigos. No es su lenguaje.

El enemigo conoce aristas de su carácter y multiplica sus esfuerzos destinados a calumniar y golpear al Presidente Chávez. Por mi parte no vacilo en afirmar mi modesta opinión ?emanada de más de medio siglo de lucha? de que la oligarquía jamás podría gobernar de nuevo ese país. Es por ello preocupante que el Gobierno de Estados Unidos haya decidido en tales circunstancias promover el derrocamiento del Gobierno bolivariano.

Por otro lado, insistir en la calumniosa campaña de que en la alta dirección del Gobierno bolivariano existe una desesperada lucha por la toma del mando del gobierno revolucionario si el Presidente no logra superar su enfermedad, es una grosera mentira.

Por el contrario, he podido observar la más estrecha unidad de la dirección de la Revolución Bolivariana.

Un error de Obama, en tales circunstancias, puede ocasionar un río de sangre en Venezuela. La sangre venezolana, es sangre ecuatoriana, brasileña, argentina, boliviana, chilena, uruguaya, centroamericana, dominicana y cubana.

Hay que partir de esta realidad, al analizar la situación política de Venezuela.

¿Se comprende por qué el himno de los trabajadores exhorta a cambiar el mundo hundiendo el imperio burgués?

Abril 27 de 2012

7 y 59 p.m.

La Jornada: Lo que Obama conoce

08/04/2012

Mato, luego existo

Filed under: Terrorismo,Terrorismo de Estado — Gilmar Crestani @ 10:16 am

Los ataques de Merah nos recuerdan que el terrorismo sigue siendo una amenaza y que es necesario abordar sus causas

Dominique Moisi 8 ABR 2012 – 11:10 CET

“Hay que luchar a un tiempo contra los terroristas y las causas del terrorismo con la misma determinación”. Esa fórmula, acuñada hace diez años, a raíz de los ataques terroristas del 11 de septiembre de 2001, por dirigentes tan diversos como Javier Solana, entonces secretario general de la OTAN, y el presidente de Estados Unidos George W. Bush, es tan válida como siempre a raíz de la reciente matanza habida en Francia.

El Estado francés logró identificar y “neutralizar” al terrorista enseguida, si bien siguen sin haber recibido respuesta dos preguntas: ¿Se le había debido detener mucho antes? ¿Y se le podía haber apresado con vida? Ahora el Estado francés debe hacer algo más. El presidente francés, Nicolas Sarkozy, estuvo en lo cierto al llamar “monstruo” a Mohamed Merah, pero este era nuestro monstruo. Nació, se crió y se descarrió en Francia, exactamente como los terroristas que atacaron el metro de Londres en julio de 2005 eran productos de la sociedad británica.

Es absolutamente necesario, no solo para Francia, sino también para todo el mundo, entender cómo es que un hombre solo y solitario pudo tomar como rehén a todo un país durante casi una semana. La única forma como Merah pudo dar sentido a su vida parece haber sido la de asesinar a unos soldados y a unos niños judíos. Matar —y con la mayor sangre fría inimaginable— era existir.

Al principio y en secreto, muchos franceses abrigaron la esperanza de que lo que ocurrió en Toulouse y sus alrededores resultara ser una repetición de los ataques habidos en Oslo y alrededores en 2011: que el terrorista resultara ser producto de la extrema derecha. Merah afirmó actuar en nombre del islam fundamentalista; en realidad, era el producto de una secta sangrienta y descarriada. ¿Cómo puede un pequeño delincuente, un niño perdido de la nación francesa, ser presa del odio terrorista de cualquier variedad?

No cabe duda de que la tragedia ha favorecido la campaña de Sarkozy para conseguir su segundo mandato

Los asesinatos habidos en el suroeste de Francia reflejan tres factores principales. En primer lugar, el campo de batalla de Oriente Próximo, ampliado hasta Afganistán y Pakistán. Esos problemas no fueron la causa directa de los ataques, pero tampoco fueron un mero pretexto. Los problemas de esa tenebrosa región hacen de caja de resonancia para la juventud musulmana alienada de Francia.

En segundo lugar, la alienación es la realidad para muchos musulmanes franceses, agravada por una crisis económica que ha causado un desempleo juvenil muy elevado… y que afecta a los varones jóvenes musulmanes muy en particular, lo que retrasa su integración en la República Francesa.

Por último, una desviación identitaria en Francia puede estar cobrando una dimensión más grave. ¿Será una pura coincidencia que Merah, que era de origen argelino, eligiera para actuar el preciso momento en que Francia y Argelia estaban conmemorando el quincuagésimo aniversario de la independencia argelina?

Probablemente Merah no se sintiera ni francés ni argelino. Eligió lo que para él pasaba por ser una identidad musulmana, pero era una versión perversa, extrema, sectaria del islam. Cuestiones personales —la falta de un padre o de una estructura familiar cohesionada— probablemente precipitaran su desviación identitaria. Estaba buscando un modelo que pudiera imponer algunas normas en su vida y no pudo hallarlo hasta que encontró el terrorismo.

Ante el horror de las acciones de Merah, la nación francesa ha demostrado su unidad. Al seleccionar como blancos soldados musulmanes y cristianos, además de niños judíos, Merah fortaleció la solidaridad de un país que quería dividir, pero esa unidad es inestable.

La República Francesa debe recuperar sus más importantes territorios perdidos: los jóvenes alienados y frágiles con orígenes inmigrantes.

No cabe duda de que la tragedia ha favorecido la campaña de Sarkozy para conseguir su segundo mandato en las elecciones presidenciales fijadas para el mes de abril. Tomó las riendas y actuó con decisión y responsabilidad. El programa político, al menos a corto plazo, ha pasado a centrarse en la seguridad, en la que Sarkozy tiene ventaja estructural en comparación con su rival socialista, François Hollande, pero, según el famoso dicho del primer ministro británico Harold Wilson, “una semana es mucho tiempo en política”.

Antes de la primera vuelta de las elecciones puede haber muchos cambios. ¿Qué preocupará más a los votantes franceses cuando acudan a las urnas? ¿Volverán los temores económicos a prevalecer sobre el programa de seguridad? ¿O predominarán los factores personales, con un reflejo como el de “cualquiera menos Sarkozy”, en un lado, y una falta de confianza en un Hollande carente de carisma y posiblemente de preparación, en el otro?

Los salvajes ataques de Merah son un amargo recordatorio de que el terrorismo sigue amenazando a muchas sociedades. Se debe reforzar la seguridad y abordar sus causas. Y no tardaremos en descubrir si ese espasmo de terror fue un paréntesis trágico o un punto de inflexión.

Dominique Moisi es autor de La geopolítica de la emoción.

Mato, luego existo | Internacional | EL PAÍS

20/09/2011

Os últimos soldados da guerra fria

Está tudo lá no livro do Fernando Morais, que li em minhas férias recentes. Mas a mídia ignora o livro e o assunto. A perseguição aos contra-terroristas cubanos, ao mesmo tempo em que protege e subsidia o terrorista confesso Luis Posada Carriles, demonstra que o verdadeiro antro do terrorismo internacional nasce, viceja e é patrocinado pelos EUA. A CIA nada mais é do que uma máquina de matar, os tais de assassinatos seletivos. Em qualquer lugar do mundo. Por que o silêncio dos a$$oCIAdos do Instituto Millenium? Óbvio, né.

EUA proíbem antiterrorista cubano de deixar país após fim da pena

Uma juíza federal em Miami proferiu na última sexta-feira (16), uma decisão absurda e cruel sobre um dos cinco antiterroristas cubanos, que termina sua sentença carcerária neste 7 de outubro. A juíza Joan Lenard declarou que René González – que já cumpriu 13 anos de prisão por não ter se apresentado como agente do governo cubano – estará obrigado a viver os próximos três anos em Miami, no que chamam "liberdade supervisionada".
Por José Pertierra*

González havia solicitado permissão para regressar a Cuba para estar novamente com sua esposa, Olga, e suas filhas, Ivette e Irma. Faz vários anos, o Departamento de Estado decretou que jamais outorgaria um visto a Olga.
Apesar de ser estadunidense de nascimento, René González se criou em Cuba e tem dupla nacionalidade. A pedido do governo cubano, regressou aos Estados Unidos para monitorar os grupos terroristas de Miami, que, a partir de suas guaridas no sul da Flórida, levam a cabo ataques contra a população civil cubana.
Porém, como não informou de suas atividades ao Departamento de Justiça, violou a lei. Em contrapartida, o FBI nunca prendeu os terroristas que René monitorava e eles continuam soltos, protegidos e gozando da vida em Miami.
Que possível interesse tem o governo dos Estados Unidos em seguir castigando uma pessoa, cujo único delito é lutar contra o terrorismo? Por que obrigá-lo a permanecer em Miami, um viveiro do terrorismo anticubano, pelos próximos três anos? Pouco importa que os terroristas – desde suas bases nos Estados Unidos – tenham assassinado 3.478 cubanos e incapacitado outros 2.099, durante as últimas cinco décadas? Além disso, como quer a juíza que o senhor González cumpra com os termos de sua "liberdade supervisionada" em Miami?
As condições que a Corte impôs a René González inclui proibí-lo de que "se associe com indivíduos ou grupos terroristas ou com membros de organizações que promovem a violência". Também o proíbe de "acercar-se ou visitar lugares específicos onde se sabe que estão ou frequentam indivíduos ou grupos terroristas". Isto não significaria que, para cumprir a sentença judicial, Miami é precisamente onde não deveria viver, já que é o santuário dos terroristas nos Estados Unidos?
Os terroristas que René estava encarregado de monitorar continuam vivendo em Miami. Abertamente apoiam o uso da violência contra Cuba. Neste abril, Luis Posada Carriles, o autor intelectual da explosão de um avião de passageiros que matou as 73 pessoas a bordo e de uma campanha de terror contra Havana que incluía pôr bombas nos mais famosos hotéis e restaurantes cubanos, reafirmou seu compromisso com a luta armada contra o governo cubano. Posada Carriles e seus seguidores vivem em Miami.
Por que pôr em perigo a vida de René e obrigá-lo a viver pelos próximos três anos lado a lado com os mesmos terroristas que monitorava em Miami, quando era agente do governo cubano?
Terroristas cubano-americanos são os que assassinaram nos Estados Unidos Orlando Letelier, ex-chanceler do Chile; Ronni Karpen Moffitt, uma cidadã estadunidense, secretária de Letelier; Eulalio Negrín e Carlos Muñiz Varela, cubano-americanos que apoiavam um diálogo pacífico com o governo cubano, e também Félix García Rodríguez, um diplomata cubano nas Nações Unidas.
Numa pesquisa feita na véspera do julgamento contra os Cinco Cubanos, a psicóloga Kendra Brennan concluiu que os cubano-americanos de Miami mantêm "uma atitude guerreirista contra Cuba".
Além do mais, um estudo sobre a comunidade cubano-americana de Miami, publicado por America’s Watch, disse que "as forças dominantes e intransigentes da comunidade dos exilados cubanos em Miami" tratam de silenciar as opiniões discrepantes sobre Cuba pela violência. Por exemplo, bombardearam emissoras de rádio e redações de revistas. Ameaçaram de morte os que defendem mudanças na política em relação a Cuba. "Puseram mais de uma dezena de bombas, enfocando os que favorecem uma abertura mais moderada em relação ao governo de Castro", concluiu o informe.
É irresponsável e arriscado que os Estados Unidos forcem René González a ficar nesse ambiente de violência e terrorismo pelos próximos três anos. Sua vida corre perigo.
A juíza Lenard explicou que não pode adequadamente avaliar "as circunstâncias do delito ou a história e as características do condenado".
Está falando sério, senhora juíza? Mas as "circunstâncias do delito" são que René González não veio aos Estados Unidos para cometer espionagem contra o governo ou para cometer crimes. Sua tarefa foi simplesmente monitorar os terroristas, que operavam com total impunidade nos Estados Unidos e cujos alvos eram civis inocentes em Cuba. A ideia foi simplesmente juntar provas que Cuba posteriormente entregou ao FBI para que Washington os processasse.
Os terroristas cubano-americanos, por exemplo, orquestaram um plano para pôr uma série de bombas nos mais famosos hotéis e restaurantes de Havana, inclusive o emblemático Hotel Nacional e o legendário restaurante La Bodeguita del Medio. O propósito da campanha terrorista era destruir a indústria turística em Cuba e dessa maneira golpear a economia do país que já estava debilitada depois da queda do bloco socialista da URSS e Europa Oriental.
Especialmente depois do 11 de setembro, os Estados Unidos sustentaram que têm como prioridade castigar os terroristas e premiar os que combatem o terrorismo. Se assim é, então deveriam permitir que René González regresse a sua família em Cuba, em vez de obrigá-lo a que permaneça em Miami rodeado dos terroristas que querem cobrar dele a fatura.
A juíza Lenard também alega em sua decisão que se permitir que René regresse a Cuba em 7 de outubro, não poderá avaliar se o "povo estadunidense estaria protegido de futuros crimes que o condenado possa cometer". Contudo, o único crime que René cometeu foi não se ter inscrito como agente estrangeiro. Como poderia ser ele um perigo para o povo estadunidense se regressar a seu país? Quanto tempo necessita a juíza Lenard para avaliar adequadamente algo tão claro como a água de um manancial?
A juíza também alega que é necessário mais tempo para que os Estados Unidos possam dar a René "treinamento, educação e serviços médicos de maneira mais efetiva". Quê!? René já disse que não tem intenção alguma de viver nos Estados Unidos. Seu advogado expressou claramente que René propôs renunciar à sua cidadania estadunidense a fim de que possa regressar à sua casa em Cuba.
Não precisa da educação ou treinamento dos Estados Unidos, cujo propósito seria ajudá-lo a reintegrar-se à sociedade norte-americana. Ele simplesmente quer regressar a Cuba para reunir-se novamente com sua família e não receber instruções sobre como viver neste país e passar três anos afastado do ninho familiar. Finalmente, em Cuba terá à sua disposição a melhor atenção médica, sem custo algum para os Estados Unidos ou para ele mesmo.
Sem surpresa alguma, a procuradora encarregada do caso, Caroline Heck-Miller, se opôs à solicitação de René de poder retornar a Cuba ao cumprir com sua condenação carcerária. É a mesma procuradora que decidiu não processar Luis Posada Carriles por terrorismo, apesar de que a advogada do Departamento de Segurança o tenha pedido.
A única salvação que a inexplicável e estranha decisão da juíza Lenard tem é que deixa a porta aberta a René para que volte a fazer o pedido de regressar a Cuba, "se as circunstâncias merecerem uma modificação de sua sentença".
Que circunstâncias a juíza espera? Que algum terrorista de Miami dispare um tiro em René?
*José Pertierra é advogado em Washington. Representa o governo da Venezuela no caso de extradição de Luis Posada Carriles
Tradução: Max Altman

EUA proíbem antiterrorista cubano de deixar país após fim da pena – Portal Vermelho

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