Avisa lá!
Alguém precisa avisar ao Aécio Neves que a eleição acabou e que ele perdeu. Sua turma foi derrotada pela quarta vez, eu sei, admito que o cotovelo esteja latejando por causa daquela dor quase insuportável, a dor do despeito, mas é a vida. O garoto mimado precisa aceitar que não vai ter seu brinquedo porque fez arte. Construir aeroporto na fazenda do titio é muito feio…
Com suas declarações ressentidas, o príncipe tucano de Angra dos Reis incentiva essa turminha que só tem meio neurônio em funcionamento a ir para a rua pedir a volta da ditadura militar. Aécio sabe disso e, no entanto, continua a não reconhecer a derrota e a atirar lama no governo, que agora é de todos os brasileiros e não só dos mais de 54 milhões que votaram em Dilma Rousseff.
O que não surpreende é a imprensa privada dar espaço a esse chororô de mau perdedor, afinal foi durante os anos de chumbo que os impérios da mídia se solidificaram.
Será que Aécio gostaria da volta da ditadura? Tudo bem que o avô que ele gosta tanto de citar como exemplo sempre soube compor com os generais. Tancredo jamais foi perseguido ou preso (torturado nem se fala). Não precisou deixar o país, não ficou sem emprego nem sem mandato durante os 21 anos do arbítrio. E, para coroar sua oposição de mentirinha ao regime militar, foi o escolhido para ser o primeiro presidente civil. Um cara confiável.
Deve ser por isso que Aécio Neves não se importa em incentivar a direita mais bitolada a ir para a rua pedir o impeachment de uma presidente eleita limpamente pela maioria dos brasileiros aptos a votar.
Aliás, alguém que usa seus conhecimentos com donos de jornal para pedir a cabeça de repórteres impertinentes com certeza se sentiria à vontade sob o manto verde-oliva.
Porque se a ditadura voltasse, ele e os magnatas monopolistas que o carregam nos ombros teriam a mesma vida boa que tiveram entre 1964 e 1985. Comprariam os generais corruptos com seus bilhões. Continuariam acumulando poder econômico e ampliando seus monopólios. Arrochando salários em suas empresas e condenando a massa trabalhadora a uma semi-escravidão.
Lembra quanto era o salário mínimo no governo militar? 90 dólares. R$ 190 em valores de hoje.
Se a ditadura voltasse, o Ministério Público jamais apontaria um dedo para o governo. As negociatas correriam muito mais soltas, beneficiando o clube de janotas que sustentaria a repressão.
A miséria voltaria a aumentar, a migração do campo para as cidades seria novamente a tônica.
E construir um aeroporto na fazenda do titio com dinheiro público não daria o menor problema.
Rio Acima, por Marcelo Migliaccio!