Ficha Corrida

23/03/2014

Minha homenagem à Marcha da Insensatez, com Língua de Trapo

Filed under: Língua de Trapo,Mata-burro,Skinheads,Viúvas da Ditadura — Gilmar Crestani @ 12:53 pm
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A Marcha da Família em São Paulo foi o encontro das senhoras de Santana com os skinheads

Postado em 22 Mar 2014

por : Mauro Donato

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Enfim, não é uma lenda urbana. Eles existem. E não são 500, como emissoras de TV disseram. O final da Marcha da Família com Deus na Praça da Sé tinha cerca de mil integrantes ou mais. O que, se não é muito, também não é pouco.

Trata-se de um pessoal que tem uma visão no mínimo exótica sobre como se toca uma nação. Fiquei a me perguntar se com suas empresas alguns deles agiriam da seguinte maneira: “Bom, os negócios não vão bem. Chamem o pessoal da segurança e vamos colocar a administração nas mãos deles.” É essa a brilhante ideia?

Pois foi unânime o pedido de intervenção militar já. E demais pautas típicas. Contra a corrupção, fora PT, fora Dilma, Lula na cadeia, cadeira elétrica aos mensaleiros.

Que quem é contra deve ir para Cuba ou Venezuela. É o “ame-o ou deixe-o” reeditado.

Senhoras, senhores, representantes da maçonaria, da igreja católica, skinheads e integralistas. Caras pintadas e roupas verde-amarelas. Discursos inflamados a respeito da existência de um grande complô comunista em andamento. Faixas em apoio à manutenção da militarização das polícias. Hino nacional na concentração e durante todo o trajeto.

Mas nem tudo é paz para a família e seus deuses.

Desde o início, na Praça da República, abordagens altamente intimidadoras contra quem estivesse de camiseta vermelha ou preta terminavam em conflito. A polícia precisou agir várias vezes e retirar o “estranho no ninho” que, cercado, ouvia os gritos de “Fala agora que a polícia não protege, comuna filho da puta.”

Conflitos que durante o trajeto ganharam contornos ainda mais sinistros. A família tem tolerância zero. Em frente à faculdade de direito no Largo São Francisco, uma dupla de amigos encenou um apoio à causa gay. Foram agredidos a pontapés e tiveram seus cartazes rasgados. A agressão só não terminou em algo pior devido à proteção da imprensa.

Mas na Sé outras brigas, feridos e pelo menos uma detenção evidenciaram o enorme desrespeito pelas diferenças. “Ou pensa igual a mim ou lhe quebro a cara.” No Anhangabaú, um grupo de fãs do Metallica a caminho do show foi confundido com black blocs (roqueiros vestem-se de preto, filhos de família não). Foi preciso muita gritaria para que não fossem linchados.

Não ocorreu o aguardado confronto entre as duas manifestações (uma antifascista havia saído da mesma Sé, mas rumou em outro sentido). Sorte. A “segurança” da Marcha da Família estava com sangue nos olhos. Os mastros das bandeiras eram de ferro.

A todo instante os carecas criavam uma tensão no ar com boatos sobre o iminente confronto com black blocs que estariam a caminho. Por fim, simularam estar indo embora mas foram acompanhados de perto por 4 ou 5 jornalistas. Dentro do vagão, um contínuo cochichar entre eles deixou passageiros temerosos. Em determinado momento, tomaram conta de todas as portas e saíram apenas durante o sinal sonoro, permanecendo ainda em frente na plataforma para que não mais os acompanhássemos. Estava nítido que não estavam indo embora, a caça aos black blocs iria prosseguir sem a presença da imprensa.

Em 1964, quinhentas mil pessoas fizeram exatamente o mesmo trajeto da praça da República até a Sé e, poucos dias depois, deu no que deu.

Desta vez foi modesto, porém ocorreu em várias cidades do país e tem um agravante para os dias atuais: eles também saíram do Facebook.

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Sobre o Autor

Jornalista, escritor e fotógrafo nascido em São Paulo.

Diário do Centro do Mundo » A Marcha da Família em São Paulo foi o encontro das senhoras de Santana com os skinheads

21/06/2013

Os skinheads não tem partido

Filed under: Fascismo,Nazismo,Skinheads — Gilmar Crestani @ 9:06 am
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Quem não tem votos nem o que dizer, morde a própria língua.

Esquerda x Direita na avenida Paulista; MPL denuncia “ares fascistas” em SP

publicada sexta-feira, 21/06/2013 às 00:51 e atualizada sexta-feira, 21/06/2013 às 03:25

A mordida do fascismo; monstro emergiu da lagoa

por Rodrigo Vianna

A marcha em São Paulo, nesta quinta-feira (20/06), foi convocada pelo MPL (Movimento Passe Livre), para comemorar a vitória obtida – com a redução nas tarifas de ônibus e metrô. Era pra ser uma festa. Virou mais um sintoma preocupante do avanço da extrema-direita nas ruas. É o que mostra a foto acima (Portal Terra): um manifestante morde a bandeira do PT. Outras bandeiras foram queimadas. Nenhuma era de partidos de direita, como PSDB ou DEM. Não. O ódio “anti-partido” tem um sentido muito claro.

Eu estava lá. Vi de perto. Como já acontecera em outras manifestações nas últimas duas semanas, grupos organizados – e que se dizem “apartidários” (o que, aliás, é um direito de qualquer cidadão) – tentaram impedir que os partidos políticos e as organizações sociais eguessem suas bandeiras na avenida Paulista. Agrediram militantes do PSTU, xingaram a turma do PSOL e ameaçaram a militância do PT. Na minha frente, um homem com capacete de motoqueiro e jaqueta de couro tentou bater numa senhora com mais de 60 anos, que carregava uma bandeira vermelha. “O PT não vai sair dessse quarteirão, não vamos deixar o PT pisar aqui, é a nossa avenida”, ele gritava descontrolado.

Mas o motoqueiro selvagem foi afastado a pontapés. E o PT marchou. Não eram muitos os petistas. Mas estavam lá, num gesto simbólico de que o partido precisa voltar para a rua. Será que aquele era o momento? Daquele jeito? Naquele cenário? Temo que não tenha sido uma boa idéia.

Acho que há bons motivos – sempre – para criticar os partidos. Faz parte da Democracia. O PT, especialmente, pode ser criticado por ter cedido demais aos “acertos de gabinete”. Mas querer impedir – na marra – que partidos e organizações sociais participem de um ato público não tem outro nome: fascismo.  No Portal Terra, leio: “MPL deixa ato e diz que direita quer dar ares fascista a protestos”.

Escrevinhador – Por Rodrigo Vianna

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