Ficha Corrida

31/08/2015

Os introcáveis

Filed under: Antonio Prata,PSDB,Samuel Pessoa — Gilmar Crestani @ 9:30 am
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psdb intocaveisQualquer pessoa medianamente informada sabe que o jornalista, articulista  da Folha e escritor, Antonio Prata, não é nenhum petista. No domingo passado, 23/08/2015, Samuel Pessoa acusou o golpe da não unanimidade do golpe, e, para se defender, desfere seu ódio contra Antonio Prata. O que escrevi apresentando as aleivosias do estafeta tucano(A saída totalitária), Prata se desincumbe de maneira mais brilhante. Nossos argumentos são os mesmos, porque baseados em dados fatuais. O que chama a atenção é a necessidade tucana de ter um domínio completo e total nos grupos mafiomidiáticos, à moda fascista, para construir uma visão unívoca e unilateral que consagre a ideia de crime em relação ao PT e de endeusamento em relação ao PSDB. Se escuda no compadrio de parcela do poder judiciário, como Gilmar Mendes, cuja prática foi confirmada por Jorge Pozzobom, deputado do PSDB gaúcho.

Ao PSDB não basta a posição pessoal dos donos da Folha, tão bem expressa por meio da d. Judith Brito, e das práticas do Instituto Millenium, uma espécie de Cosa Nostra cuja única missão tem sido justificar um toxicômano na Presidência.

De fato, o velho coronelismo eletrônico vendeu como sendo o partido dos melhores quadros. Mas onde quer que tenham passado pelo executivo só deixaram rastro de destruição. Por isso se diz que o PSDB não deixa legado que se use cimento e tijolos. Compare-se, por exemplo, a transposição do São Francisco com o abastecimento da SABESP… Por falta de quem os aceite, nem como troco, o PSDB é um partido de capos “introcávies”.

Introcáveis e imprestáveis!

Resposta a Samuel Pessôa

ANTONIO PRATA

Creditar todas as mazelas nacionais a um único partido só ajuda a escamotear as verdadeiras raízes do atraso

Em sua coluna no último domingo (23), o economista Samuel Pessôa, ex-assessor de Aécio Neves e de Tasso Jereissati, me acusou de "enorme desonestidade intelectual". Minha trapaça teria sido incluir no texto "Por quem as panelas batem" (16.ago), entre dezenas de razões para se indignar com a realidade brasileira, ao lado de dez descalabros petistas, três famigerados escândalos tucanos: a compra de votos para a emenda da reeleição, o mensalão mineiro e o cartel do metrô paulistano.

Na visão "poliana" do colunista, vivemos num país justo, onde os bandidos estão na cadeia, os inocentes regando o jardim, o Ministério Público e a PF são instituições que "gozam de independência", e, se não há nenhuma condenação nos "supostos escândalos tucanos", citá-los ao lado de falcatruas do PT é um "truque retórico inaceitável". "Será que Antonio Prata acredita que somente candidatos tucanos conseguem ser aprovados nos concursos públicos para o Ministério Público ou a Polícia Federal?".

Não –o Brasil é esculhambado demais para uma seleção tão criteriosa–, mas olhando o passado recente, temos de admitir que, amiúde, a Justiça é mais "independente" pra uns lados do que pra outros. Não se trata de opinião pessoal, fruto da minha "desonestidade intelectual. "Justiça tarda e falha", editorial desta Folha no dia 30 de março de 2015, começa assim: "Prescrição, atrasos, incúria e engavetamento beneficiam políticos do PSDB acusados de irregularidades, inclusive no dito mensalão tucano."

Réu no mensalão tucano, Eduardo Azeredo renunciou ao cargo de deputado federal em 2014 para que o processo saísse do STF e voltasse à primeira instância, onde se encontra até hoje, "no regaço da Justiça mineira" –aspas daFolha. No escândalo da emenda da reeleição, apesar de negociatas de votos estarem gravadas (veja depoimento de Fernando Rodrigues, Prêmio Esso de 1997 com matéria sobre o assunto: migre.me/rkS8y), o "Engavetador Geral da República", Geraldo Brindeiro, primo de Marco Maciel, vice de FHC, preferiu deixar pra lá. Quanto ao cartel do metrô, basta lembrar que um pedido de investigação do Ministério Público suíço empacou por três anos na mesa do procurador Rodrigo de Grandis, que por pouco não perdeu a chance de contar com a parceria fundamental dos europeus.

O que Samuel Pessôa, tão irado com a inclusão dos três "supostos escândalos" no freak show da política nacional, diz sobre eles? Nada. Prefere apregoar a inocência de Antonio Anastasia, num caso a que jamais me referi. Menciona FHC, mas para apontar a absolvição do ex-secretário Geral da Presidência, Eduardo Jorge, num processo sobre a "aquisição de um apartamento na orla marítima da cidade do Rio de Janeiro." Só não devolvo a acusação de "truque retórico" porque tanto os truques quanto a retórica precisam, para merecer tais nomes, persuadir.

Em minha coluna, não citei os escândalos tucanos para negar ou ofuscar os crimes petistas que, felizmente, foram e estão sendo investigados. Meu ponto é que creditar todas as mazelas nacionais a um único partido, como fazem militantes tipo Samuel Pessôa, só ajuda a escamotear as verdadeiras raízes do nosso atraso, além de denotar profunda ignorância sobre a realidade brasileira ou, aí sim, "enorme desonestidade intelectual".

23/08/2015

A saída totalitária

Divulgação, via parabólica, da Lei Rubens Ricúpero

Samuel Pessoa se insurge contra Antonio Prata simplesmente porque este não se sujeita à unanimidade dos funcionários dos grupos mafiomidiáticos. Por outro lado, confirma o compadrio da imprensa com a parcela golpista.

O Poder Judiciário virou, para elementos como Samuel Pessoa, avalista da honestidade do PSDB. Claro, Samuel Pessoa nunca ouviu falar do Ricardo Semler, articulista temporão também da Folha de São Paulo, que disse que nunca se roubou tão pouco. E neste mar de esquecimentos, Samuel esquece-se de outras pessoas que ajudaram a tornar o PSDB inimputável: Geraldo Brindeiro, acaso também conhecido por Engavetador Geral, e Rubens Ricúpero, que tornou pública uma lei que regula este tipo de comportamento: mostrar o que é bom para o PSDB, e esconder o que é ruim.

Será que se o Samuel Pessoa conhecesse o deputado do PSDB gaúcho, Jorge Pozzobom, ele manteria esta flatulência em forma de texto sem alterações?

Aliás, Samuel Pessoa, como todos os vira-bostas, quer ser mais realista que o rei. Recentemente a Folha de São Paulo publicou um editorial com o título “Justiça tarda e falha” uma denúncia acachapante sobre as muitas formas de compadrio com o PSDB.

Diante de tudo isso só posso acreditar que Samuel Pessoa não foi escolhido por ser inteligente, mas por dizer o que agrada ao PSDB.

As panelas de Antonio Prata

SAMUEL PESSÔA

Será que Prata acredita que só tucanos conseguem ser aprovados na PF ou no Ministério Público?

No caderno "Cotidiano" desta Folha do domingo passado, o cronista Antonio Prata argumentou que é ótimo batermos panela contra mensalão e petrolão. Mas estranha que não batamos panelas para a compra de votos da emenda constitucional da reeleição, nem contra o "trensalão" do metrô de São Paulo ou ainda o mensalão tucano de Minas Gerais.

Prata assume posição simpática e supostamente neutra. É contra os malfeitos de ambos os lados. Mas a aparente neutralidade de Prata revela desonestidade intelectual.

O caso do mensalão foi transitado em julgado. No petrolão, há farto conjunto probatório: dezenas de prisões provisórias, delações, julgamentos de primeira instância com prisões já decretadas, centenas de milhões de reais recuperados, dezenas de bilhões de reais de prejuízo já lançados em balanço na Petrobras. Compará-lo com a compra de votos para emenda da reeleição ou ao mensalão mineiro e ao trensalão paulista é truque retórico inaceitável em um debate aberto e franco sobre esses temas.

O Ministério Público e a Polícia Federal são instituições do Estado brasileiro que gozam de independência funcional, com corpo de servidores públicos recrutados por meio de concursos competitivos.

Será que Antonio Prata acredita que somente candidatos tucanos conseguem ser aprovados nos concursos públicos para o Ministério Público ou a Polícia Federal?

Se Antonio Prata acredita que há conspiração do Ministério Público e da Polícia Federal contra o Partido dos Trabalhadores, a atitude honesta é elaborar os motivos desse tratamento assimétrico e quais são as evidências dessa conspiração.

Lembremos que recentemente a Procuradoria-Geral da União pediu o arquivamento do inquérito que apura o envolvimento do senador pelo PSDB de Minas Gerais Antonio Anastasia pelo suposto recebimento de valores quando era governador daquele Estado. Nada foi encontrado pela Polícia Federal contra o senador.

Vale lembrar também do caso de Eduardo Jorge Caldas Pereira, secretário-geral da Presidência da República de Fernando Henrique Cardoso, que foi ao longo de anos minuciosamente investigado pelo diligente procurador do Ministério Público Luiz Francisco de Sousa, em razão da aquisição de um apartamento na orla marítima da cidade do Rio de Janeiro, teoricamente incompatível com sua renda.

Nada foi encontrado contra Eduardo Jorge. Absolvição em todas as instâncias.

Não sei qual é a narrativa de Antonio Prata para o caso de Eduardo Jorge. Talvez Luiz Francisco seja tucano e não tenha feito seu trabalho corretamente.

Tratar os desiguais como iguais, escondendo a enorme distância que há entre o conjunto probatório dos casos petistas e os supostos escândalos tucanos, é enorme desonestidade intelectual. A coisa transborda quando Antonio Prata se nega a explorar a consequência lógica de suas premissas e esconde do texto as razões e as evidências que sustentam a suposta conspiração.

Adicionalmente, dois motivos justificam maior pressão da opinião pública sobre o PT. Primeiro o fato de o partido estar à frente do Executivo nacional por quase 13 anos. Enormes responsabilidades, principalmente em nosso presidencialismo com presidente forte.

Segundo, por ter feito toda a sua trajetória oposicionista com um discurso violento, intolerante, tendo como uma de suas principais bandeiras a ética na política, a famosa "UDN de macacão" de Brizola.

SAMUEL PESSÔA, formado em física e doutor em economia pela USP, é pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV. Escreve aos domingos nesta coluna.

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