Ficha Corrida

21/01/2015

A “primavera árabe” deu frutos: o petróleo baixou

Santayana produz uma Aula Magna sobre a Primavera Árabe

primavera arabe1Ao se apoderar do poder nos maiores produtores de petróleo, o Ocidente conseguiu baixar o principal insumo da economia, os combustíveis. O assassinato de alguns dos ex-parceiros dos EUA, como Muammar Kadafi, Saddam Hussein, Bin Laden, e derrubadas de governos em outros lugares como  Ucrânia explicaram a forma como o Ocidente exporta cultura e tolerância aos muçulmanos.

Santayana e os espinhos sangrentos da “primavera árabe”

20 de janeiro de 2015 | 13:25 Autor: Fernando Brito

É longo como uma aula.

E é cheio de conteúdo como seria uma aula magnífica.

Poucas vezes pôde-se ler, em português, uma análise mais lúcida do que está acontecendo no planeta, nesta  “guerra ao terror” que, afinal, transformou o terror em algo quase onipresente no cenário mundial.

Mas o terror e os protestos contra o terror, como quase tudo neste mundo desigual não é igual entre os homens.

E como quase tudo neste planeta, é criado e manipulado.

Tomo emprestada, portanto, a grande lição de Santayana e a transmito aos leitores, num período em que minha situação pessoal não me tem permitido escrever com regularidade.

O terror, o Ocidente e a semeadura do caos

Há alguns dias, terroristas franceses, ligados, aparentemente, à Al Qaeda, atacaram a redação do jornal satírico parisiense Charlie Hebdo, em represália pela publicação de caricaturas sobre o profeta Maomé.

Doze pessoas foram assassinadas, entre elas alguns dos mais famosos cartunistas e intelectuais do país, e dois cidadãos de origem árabe, um deles, estrangeiro, que trabalhava há pouco tempo na publicação, e um membro das forças de segurança que estava nas imediações.

Logo em seguida, houve, também, outro ataque, a um supermercado kosher na periferia de Paris, em que 4 judeus franceses e estrangeiros morreram.

Dias depois, milhões de pessoas, e personalidades de vários países do mundo, se reuniram nas ruas da capital francesa, para protestar contra o atentado, e se manifestar contra o terrorismo e pela liberdade de expressão.

Na mesma primeira quinzena de janeiro, explodiram carros-bomba, e homens-bomba, também ligados a grupos radicais islâmicos, no Líbano (Beirute), na Síria (Aleppo), na Líbia (Benghazi), e no Iraque (Al-Anbar), com dezenas de mortos, em sua maioria civis.

Mas, como sempre, não seria normal esperar que algum destes fatos tivesse a mesma repercussão do atentado em Paris, capital de um país europeu, ou que a alguém ocorresse produzir cartazes e neles escrever Je suis Ahmed, ou Je suis Ali, ou Je suis Malak, Malak Zahwe, a garota brasileira, paranaense, de 17 anos, que morreu na explosão de um carro-bomba, junto com mais 4 pessoas (20 ficaram feridas), no dia 2 de janeiro, em Beirute.

No entanto, os homens, mulheres e crianças, mortos, todos os dias, no Oriente Médio e no Norte da África, são tão frágeis e preciosos, em sua fugaz condição humana, quanto os que morreram na França, e vítimas dos mesmos criminosos, criados pela onda de radicalização e rápida expansão do fundamentalismo islâmico, nos últimos anos.

Raivosas, autoritárias, intempestivas, numerosas vozes se alçaram, em vários países, incluído o Brasil, para gritar – em raciocínio tão ignorante quanto irascível – que o terrorismo não tem que ser “compreendido” e, sim, “combatido”.

Os filósofos e estrategistas chineses ensinam, há séculos, que sem conhecê-los, não é possível vencer os eventuais adversários, nem mudar o mundo.

Além disso, não podemos, por aqui, por mais que muitos queiram emular os países “ocidentais”, em seu ardoroso “norte-americanismo” e “eurocentrismo”, esquecer que existem diferenças históricas, e de política externa, entre o Brasil, os EUA, e países da OTAN como a França.

Podemos dizer que Somos Charlie, porque defendemos a liberdade e a democracia, e não aceitamos que alguém morra por fazer uma caricatura, do mesmo jeito que não podemos aceitar que uma criança pereça bombardeada pela OTAN no Afeganistão ou na Líbia, ou porque estava de passagem, no momento em que explodiu um carro-bomba, por um posto de controle em Aleppo, na Síria.

Mas é preciso lembrar que, ao contrário da França, nunca colonizamos países árabes e africanos, não temos o costume de fazer charges sobre deuses alheios em nossos jornais, não jogamos bombas sobre países como a Líbia, não temos bases militares fora do nosso território, não colaboramos com os EUA em sua política de expansão e manutenção de uma certa “ordem” ocidental e imperial, e, talvez, por isso mesmo – graças a sábia e responsável política de Estado, que inclui o princípio constitucional de não intervenção em assuntos de outros países – não sejamos atacados por terroristas em nosso território.

As raízes dos atentados de Paris, e do mergulho do Oriente Médio na maior, e, com certeza, mais profunda tragédia de sua história, não está no Al Corão ou nas charges contra o Profeta Maomé, embora estas últimas possam ter servido de pretexto para ataques como o que ocorreu em Paris.

Elas começaram a se tornar mais fortes, nos últimos anos, quando o “ocidente”, mais especificamente alguns países da Europa e os EUA, tomaram a iniciativa de apoiar e insuflar, usando também as redes sociais, o “conto do vigário” da Primavera Árabe em diversos países, com a intenção de derrubar regimes nacionalistas que, com todos os seus defeitos, tinham conquistado certo grau de paz, desenvolvimento e estabilidade para seus países nas últimas décadas.

Inicialmente promovida, em 2011, como “libertária”, “revolucionária”, a Primavera Árabe iria, no curto espaço de três anos, desestabilizar totalmente a região, provocar massacres, guerras civis, golpes de Estado, e alcançar, por meio da intervenção militar direta e indireta da OTAN e dos EUA em vários países, a meta de tirar do poder, a qualquer custo, regimes que lutavam para manter um mínimo de independência e soberania em suas relações com os países mais ricos.

Quando os EUA, com suas “primaveras” – que não dão flores, mas são fecundas em crimes e cadáveres – não conseguem colocar no poder um governo alinhado com seus interesses, como na Ucrânia e no Egito, jogam irmão contra irmão e equipam com armas, explosivos, munições, terroristas, bandidos e assassinos para derrubar quem estiver no comando do país.

O objetivo é destruir a unidade nacional, a identidade local, o Estado e as instituições, para que essas nações não possam, pelo menos durante longo período, voltar a organizar-se, a ponto de tentar desafiar, mesmo que em pequena escala, os interesses norte-americanos.

Foi assim que ocorreu com a intervenção dos EUA e de aliados europeus como a Itália e a França – contra a recomendação de Brasil, Rússia, Índia e China, no Conselho de Segurança da ONU – no Iraque, na Líbia e na Síria.

Durante décadas, esses países – com quem o Brasil tinha, desde os anos 1970, boas relações – viveram sob relativa estabilidade, com a economia funcionando, crianças indo para a escola, e diferentes etnias, religiões e culturas, dividindo, com eventuais disputas, o mesmo território.

Estradas, rodovias, sistemas de irrigação, foram construídos – também com a ajuda de técnicos, operários e engenheiros brasileiros – com os recursos do petróleo, e países como o Iraque chegavam a importar automóveis, como no caso de milhares de Volkswagens Passat fabricados no Brasil, para vender aos seus cidadãos de forma subsidiada.

Na Líbia de Muammar Kadafi, segundo o próprio World Factbook da CIA, 95% da população era alfabetizada, a expectativa de vida chegava, para os homens, segundo dados da ONU, a 73 anos, e a renda per capita e o IDH estavam entre os maiores do Terceiro Mundo, mas esses dados nunca foram divulgados normalmente pela imprensa “ocidental”.

Pode-se perguntar a milhares de brasileiros que estiveram no Iraque, que hoje têm entre 50 e 70 anos de idade, se, naquela época, sunitas e xiitas se matavam aos tiros pelas ruas, bombas explodiam em Basra e Bagdá todos os dias, como explodem hoje, a qualquer momento, também em Trípoli ou Damasco, ou milhares de órfãos tentavam atravessar montanhas e rios sozinhos, pisando nos restos de outras crianças, mortas em conflitos incentivados por “potências” estrangeiras, ou tentavam sobreviver caçando, a pedradas, ratos por entre escombros das casas e hospitais em que nasceram.

São, curdos, xiitas, sunitas, drusos, armênios, cristãos maronitas, inimigos?

Antes, trabalhavam nos mesmos escritórios, viviam nas mesmas ruas, seus filhos frequentavam as mesmas salas de aula, mesmo que eles não tivessem escolhido, no início, viver como vizinhos.

Assim como no caso de hutus e tutsis em Ruanda, e em inúmeras ex-colônias asiáticas e africanas, as fronteiras dos países do Oriente Médio foram desenhadas, na ponta do lápis, ao sabor da vontade do Ocidente, quando da partilha do continente africano por europeus, obedecendo não apenas ao resultado de Conferências como a de Berlim, em 1884, mas também à máxima de que sempre se deve “dividir para comandar”, mantendo, de preferência, etnias de religiões e idiomas diferentes dentro de um mesmo território ocupado pelo colonizador.

Eram Saddam Hussein e Muammar Kadafi, ditadores? É Bashar Al Assad, um déspota sanguinário?

Quando eles estavam no poder, não havia atentados terroristas em seus países.

E qual é a diferença deles e de seus regimes, para os líderes e regimes fundamentalistas islâmicos comandados por xeques e emires, na mesma região, em que as mulheres – ao contrário dos governos seculares de Saddam, Kadafi e Assad – são obrigadas a usar a burka, não podem sair de casa sem a companhia do irmão ou do marido, se arriscam a ser apedrejadas até a morte ou chicoteadas em caso de adultério, e não há eleições, a não ser o fato de que esses regimes são dóceis aliados do “ocidente” e dos EUA?

Se os líderes ocidentais viam Kadafi como inimigo, bandido, estuprador e assassino, por que ele recebeu a visita do primeiro-ministro britânico Tony Blair, em 2004; do Presidente francês Nicolas Sarkozy – a quem, ao que tudo indica, emprestou 50 milhões de euros para sua campanha de reeleição – em 2007; da Secretária de Estado dos EUA, Condoleeza Rice, em 2008; e do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi em 2009?

Por que, apenas dois anos depois, em março de 2011 – depois de Kadafi anunciar sua intenção de nacionalizar as companhias estrangeiras de petróleo que operavam, ou estavam se preparando para entrar na Líbia (Shell, ConocoPhillips, ExxonMobil, Marathon Oil Corporation, Hess Company) esses mesmos países e os EUA, atacaram, com a desculpa de criar uma Zona de Exclusão Aérea sobre o país, com 110 mísseis de cruzeiro, apenas nas primeiras horas, Trípoli, a capital líbia, e instalações do governo, e armaram milhares de bandidos – praticamente qualquer um que declarasse ser adversário de Kadafi – para que o derrubassem, o capturassem e finalmente o espancassem, a murros e pontapés, até a morte?

Ora, são esses mesmos bandidos, que, depois de transformar, com armas e veículos fornecidos por estrangeiros, a Líbia em terra de ninguém, invadiram o Iraque e, agora, a Síria, e se uniram para formar o Estado Islâmico, que pretende erigir uma grande nação terrorista juntando o território desses três países, não por acaso os que foram mais devastados e destruídos pela política de intervenção do “ocidente” na região, nos últimos anos.

Foram os EUA e a Europa que geraram e engordaram a cobra que ameaça agora devorar a metade do Oriente Médio, e seus filhotes, que também armam rápidos botes no velho continente. Serpentes que, por incompetência e imprevisibilidade, depois da intervenção na Líbia, a OTAN e os EUA não conseguiram manter sob controle.

Os Estados Unidos podem, pelo arbítrio da força a eles concedida por suas armas e as de aliados – quando não são impedidos pelos BRICS ou pela comunidade internacional – se empenhar em destruir e inviabilizar pequenas nações – que ainda há menos de cem anos lutavam desesperadamente por sua independência – para tentar estabelecer seu controle sobre elas, seu povo e seus recursos, objetivo que, mesmo assim, nunca conseguiram alcançar militarmente.

Mas não podem cometer esses crimes e esses equívocos, diplomáticos e de inteligência, e dizer, cinicamente, que o fizeram em nome da defesa da Liberdade e da Democracia.

Assim como não deveriam armar bandidos sanguinários e assassinos para combater governos que querem derrubar, e depois dizer que são contra o terrorismo que eles mesmos ajudaram a fomentar, quando esses mesmos terroristas, além de explodir bombas e matar pessoas em Bagdá, Damasco ou Trípoli, todos os dias, passam a fazer o mesmo nas ruas das cidades da Europa ou dos próprios Estados Unidos.

O “terrorismo” islâmico não nasceu agora.

Mas antes da balela mortífera da Primavera Árabe, e da Guerra do Iraque, que levou à destruição do país, com a mentirosa desculpa da posse, por Saddam Hussein, de armas de destruição em massa que nunca foram encontradas – tão falsa quanto o pretexto do envolvimento de Bagdá no ataque às Torres Gêmeas, executado por cidadãos sauditas, e não líbios, sírios ou iraquianos – não havia bandos armados à solta, sequestrando, matando e explodindo bombas nesses 3 países.

Hoje, como resultado da desastrada e criminosa intervenção ocidental, o terror do Estado Islâmico, o ISIS, controla boa parte dos territórios e da sofrida população síria, iraquiana e líbia, e, a partir deles, está unindo suas conquistas em torno da construção de uma nação maior, mais poderosa, e extremamente mais radical do ponto de vista da violência e do fundamentalismo, do que qualquer um desses países jamais o foi no passado.

O ataque terrorista à redação e instalações do semanário francês Charlie Hebdo, e do Mercado Kosher, em Vincennes, Paris, foram crimes brutais e estúpidos.

Mas não menos brutais, e estúpidos, do que os atentados cometidos, todos os dias, contra civis inocentes, entre muitos outros lugares, como a Síria, o Iraque, a Líbia, o Afeganistão.

Quem quiser encontrar as sementes do caos que também atingiram, em forma de balas, os corpos dos mortos do Charlie Hebdo poderá procurá-las no racismo de um continente que acostumou-se a pensar que é o centro do mundo, e que discrimina, persegue e despreza, historicamente, o estrangeiro, seja ele árabe, africano ou latino-americano; e no fundamentalismo branco, cristão e rançoso da direita e da extrema direita norte-americanas, cujos membros acreditam piamente que o Deus vingador da Bíblia deu à “América” do Norte o “Destino Manifesto” de dirigir o mundo.

Em nome dessa ilusão, contaminada pela vaidade e a loucura, países que se opuserem a isso, e milhões de seres humanos, devem ser destruídos, mesmo que não haja nada para colocar em seu lugar, a não ser mais caos e mais violência, em uma espiral de destruição e de morte, que ameaça a sobrevivência da própria espécie e explode em ódio, estupidez e sangue, como agora, em Paris, neste começo de ano.

Santayana e os espinhos sangrentos da “primavera árabe” | TIJOLAÇO | “A política, sem polêmica, é a arma das elites.”

24/08/2014

Espontaneidade made in USA

ucrainianO maior orçamento secreto do mundo mostra resultado. A CIA, com suas mãos de várias vias com a Microsoft, Facebook, Google e organizações não governamentais – ONGs, cumpre o que promete. Com dinheiro na mão e uma manada sedenta para ser manipulada ao redor do mundo, a CIA deita e rola nos movimentos sociais com antolhos. Foi assim a Primavera Árabe, Turquia, Síria, Ucrânia, Venezuela e, junho do ano passado, Brasil. Os a$$oCIAdos do Instituto Millenium até tentaram direcionar, mas algo deu errado e até a Rede Globo levou esterco na cara. Não foi diferente na RBS, mas, no fundo, exceções que confirmavam a regra. Um pouquinho de diversionismo só ajuda a esconder os verdadeiros interesses. Quando o Banco Itaú e a Multilaser patrocinam xingamentos contra a Presidenta do Brasil na abertura da Copa do Mundo, no Itaquerão, há por trás, um incentivo, da CIA. Ela sabe a quem, quando e ao que recorrer.

Articulista francês aponta McCain como "orquestrador" da Primavera Árabe

dom, 24/08/2014 – 09:13

Sugerido por Rogerio Maestri

Venho insistindo há tempos na tese que tanto a Primavera Árabe como as demais manifestações "espontâneas” em diversas partes do mundo (no Brasil também) tem por trás manipulações de governos estrangeiros.

Muitos me taxam de adepto da teoria da conspiração e paranoico! Mas finalmente há quatro dias foi publicado na Rede Voltaire um artigo com o seguinte título: “John McCain, chefe de orquestra da «primavera árabe», e o Califa”. Não gosto de simplesmente postar artigos de outros, mas como a minha posição já é conhecida vou colocar a introdução do mesmo e o link para o artigo, lá mostra claramente como surgiu “espontaneamente” a revolução “democrática” na Síria que originou o EI.

John McCain, chefe de orquestra da «primavera árabe», e o Califa

Por Thierry Meyssan, da rede Voltaire/voltairenet.org

Todos notaram a contradição dos que qualificavam, recentemente, os membros do Emirado islâmico como «combatentes da liberdade» na Síria, e se indignam hoje com as suas barbaridades no Iraque. Mas, se este discurso é incoerente em si, ele é perfeitamente lógico no plano estratégico: os mesmos indivíduos que sendo, ontem, apresentados como aliados devem sê-lo hoje como inimigos, mesmo se estão sempre às ordens de Washington. Thierry Meyssan revela os bastidores da política dos E.U. através do caso pessoal do senador John McCain, chefe-de-orquestra da «primavera árabe» e interlocutor de longa data do Califa Ibrahim.

Barack Obama e John McCain são adversários políticos, como o representam, ou colaboram em conjunto na estratégia imperialista do seu país?

John McCain é conhecido como o chefe de fila dos republicanos, candidato mal- sucedido à presidência norte-americana em 2008. Isto não é, como o veremos, senão uma parte da sua real biografia, a que lhe serve de cobertura para conduzir acções secretas em nome do seu governo.

Na altura do ataque «ocidental» eu estava na Líbia, aí, pude consultar um relatório dos serviços de inteligência exterior. Nele podia ler-se que a Otan tinha organizado, a 4 de fevereiro de 2011, no Cairo, uma reunião para lançar a «Primavera Árabe» na Líbia e na Síria. De acordo com o documento, ela tinha sido presidida por John McCain. O relatório detalhava a lista de participantes líbios, cuja delegação era liderada pelo No. 2 do governo da época, Mahmoud Jibril, que mudara abruptamente de campo, à entrada para esta reunião, para se tornar o chefe da oposição no exílio. Lembro-me que, entre os delegados franceses presentes, o relatório citava Bernard-Henry Lévy, embora oficialmente este nunca tenha exercido qualquer função no seio do governo francês. Muitas outras personalidades participaram neste simpósio, entre as quais uma enorme delegação de Sírios vivendo no exterior.

No final desta reunião, a misteriosa conta do Facebook Syrian Revolution 2011 (Revolução síria 2011-ndT) convocava protestos diante do Conselho do Povo (Assembleia Nacional) em Damasco, a 11 de fevereiro. Embora esta conta pretendesse à época ter mais de 40.000 followers(seguidores) apenas uma dúzia de pessoas responderam ao seu apelo, para os flashes dos fotógrafos e de centenas de policias (policiais-Br). A manifestação dispersou pacificamente, e os confrontos não começaram senão mais de um mês depois, em Deraa [1].

Em 16 de fevereiro de 2011 uma manifestação que se desenrolava em Benghazi, em memória dos membros do Grupo islâmico combatente na Líbia [2], massacrados em 1996 na prisão de Abu Selim, degenerou em tiroteio. No dia seguinte, uma segunda manifestação, desta vez em memória das pessoas mortas ao atacar o consulado da Dinamarca por alturas das caricaturas de Maomé, degenerou igualmente em tiroteio. Nesta precisa altura, membros do Grupo islâmico combatente na Líbia vindos do Egipto, enquadrados por indivíduos encapuçados e não identificados, atacavam, simultaneamente, quatro bases militares em quatro cidades diferentes. No seguimento de três dias de combates, e atrocidades, os contestatários lançaram o levantamento da Cirenaica contra a Tripolitânia [3]; um ataque terrorista que a imprensa ocidental apresentou, mentirosamente, como uma «revolução democrática» contra «o regime» de Muammar el-Qaddafi.

Em 22 de fevereiro John McCain estava no Líbano. Ele encontrou-se lá com membros da Corrente do Futuro (o partido de Saad Hariri), que encarregou de supervisionar as transferências de armas para a Síria, por conta do deputado Okab Sakr [4]. Depois, deixando Beirute, ele inspecionou a fronteira síria e escolheu as aldeias, nomeadamente Ersal, que deveriam servir como base de retaguarda para os mercenários na guerra que se preparava.

As reuniões presididas por John McCain foram, claramente, o ponto de partida de um plano, previsto de longa data, por Washington; plano que previa o ataque da Líbia e da Síria simultaneamente pelo Reino Unido e pela França, de acordo com a doutrina da «liderança de bastidores» e o anexo do Tratado de Lancaster House, de Novembro de 2010 [5].

A viagem ilegal à Síria, em maio de 2013

Em maio de 2013 o senador John McCain dirigiu-se, ilegalmente, para perto de Idleb, na Síria, através da Turquia, para aí se reunir com líderes da «oposição armada». A sua viagem só foi tornada pública após o seu regresso a Washington [6].

Esta deslocação fora organizada pela Syrian Emergency Task Force (Força-Tarefa de Emergência Síria) a qual, contrariamente ao seu título, é uma organização sionista dirigida por um funcionário palestino da AIPAC [7].

John McCain na Síria. No primeiro plano, à direita, reconhece-se o director da Syrian Emergency Task Force. No enquadramento da porta, ao centro, Mohammad Nour.

Nas fotografias difundidas então, nota-se a presença de Mohammad Nour, porta-voz da Brigada Tempestade do Norte (da frente Al-Nosra, quer dizer da Al-Qaida na Síria), que havia sequestrado e detinha 11 peregrinos xiitas libaneses em Azaz [8]. Interrogado sobre a sua proximidade com os sequestradores, membros da al-Qaida, o senador alegou não conhecer Mohammad Nour, o qual se teria infiltrado por sua própria iniciativa nesta (tomada de-ndT) foto.

O caso deu um grande sururu, e as famílias dos peregrinos raptados apresentaram queixa, perante a justiça libanesa, contra o senador McCain por cumplicidade no sequestro. Por fim, foi alcançado um acordo e os peregrinos foram libertados (liberados-Br).

Vamos supôr que o senador McCain tenha dito a verdade, e que ele tenha sido explorado por Mohammad Nour. O objeto da sua viagem, ilegal, à Síria era o de se encontrar o estado-maior do Exército sírio livre. Segundo ele, esta organização era composta «exclusivamente por sírios», combatendo pela «sua liberdade» contra a «ditadura alauíta» (sic). Os organizadores da viagem publicaram esta fotografia para confirmar a reunião.

John McCain e o estado-maior do Exército sírio livre. No primeiro plano, à esquerda, Ibrahim al-Badri, com o qual senador está em vias de conferenciar. Precisamente a seguir, o brigadeiro-general Salim Idriss (de óculos).

Se nela podemos ver o brigadeiro-general Salem Idriss, chefe do Exército sírio livre, também aí se pode ver Ibrahim al-Badri (em primeiro plano, à esquerda), com quem o senador está em vias de conferenciar. De regresso desta viagem surpresa, John McCain, afirmou que todos os responsáveis do Exército sírio livre são «moderados nos quais se pode confiar» (sic).

Ora, desde 4 de outubro de 2011, Ibrahim al-Badri, também conhecido como Abu Du’a, figurava na lista dos cinco terroristas mais procurados pelos Estados Unidos (Rewards for Justice-Recompensas para Justiça- ndT). Uma recompensa, podendo ir até aos $ 10 milhões de dólares, era oferecida a quem ajudasse na sua captura [9]. No dia seguinte, 5 de outubro de 2011, Ibrahim al-Badri foi colocado na lista do Comité de sanções da Onu como membro da Al-Qaida [10].

Além disso, um mês antes de receber o senador McCain, Ibrahim al-Badri, com o nome de guerra de Abu Bakr al-Baghdadi, criou o Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL)— ao mesmo tempo que pertencia, ainda, ao estado-maior do muito «moderado» Exército sírio livre—. Ele reivindicou o ataque às prisões de Taj e de Abu Ghraib no Iraque, de onde fez evadir entre 500 e 1.000 jihadistas que se juntaram à sua organização. Este ataque foi coordenado com outras operações, quase simultâneas, em outros oito países. Em cada ocasião os jihadistas evadidos juntaram- se a organizações combatendo na Síria. Este caso é de tal maneira estranho que a Interpol emitiu uma nota, e pediu a assistência dos 190 países membros [11].

Pela minha parte, eu sempre afirmei que não havia, no terreno, nenhuma diferença entre o Exército sírio livre, a frente Al-Nosra, o emirado islâmico etc. Todas estas organizações são formadas pelos mesmos indivíduos, que mudam de bandeira permanentemente. Quando se reivindicam ser do Exército sírio livre eles arvoram a bandeira da colonização francesa, e só falam em derrubar o «cão Bachar». Quando eles dizem pertencer à Frente Al-Nosra carregam a bandeira da Al-Qaida, e declaram espalhar o seu Islão(Islã-Br) no mundo. Finalmente, quando eles se dizem do Emirado Islâmico brandem, então, o estandarte do Califado, e anunciam que limparão a região de todos os infiéis. Mas, qualquer que seja a etiqueta, eles cometem os mesmos crimes: estupros, torturas, decapitações, crucificações.

No entanto, nem o senador McCain, nem os seus acompanhantes da Syrian Emergency Task Force (Força Tarefa de Emergência síria) forneceram ao Departamento de Estado as informações, em sua posse, sobre Ibrahim al-Badri, nem reclamaram o acesso a esta recompensa. Nem sequer informaram, também, o Comité anti-terrorista da Onu.

Em nenhum país do mundo, qualquer que seja o seu regime político, se aceitaria que o líder da oposição esteja em contacto directo, amigável e público, com um tão perigoso terrorista, procurado por toda a gente.

Quem é pois o senador McCain?

Mas além de John McCain não ser simplesmente o líder da oposição política ao presidente Obama, também ele é, na realidade, um dos seus altos-funcionários!

Ele é, com efeito, presidente do International Republican Institute (Instituto Republicano Internacional-ndT) (IRI), o ramo republicano do NED/CIA [12], desde Janeiro de 1993. Esta pretensa «ONG» foi criada, oficialmente, pelo presidente Ronald Reagan para estender certas atividades da CIA, em cooperação com os serviços secretos britânicos, canadianos (canadense-Br) e australianos. Contrariamente às suas alegações é, de facto, uma agência inter-governamental. O seu orçamento é aprovado pelo Congresso, numa rubrica orçamental dependente da Secretaria de Estado.

E, é por isso, porque é uma agência conjunta dos serviços secretos Anglo-saxões, que vários Estados no mundo lhe interditam toda a actividade no seu território.

Acusados de ter preparado o derrube do presidente Hosni Moubarak, por conta dos Irmãos muçulmanos, os dois empregados do International Republican Institute (IRI) no Cairo, John Tomlaszewski (segundo à direita) e Sam LaHood (filho do secretário dos Transportes de um governo democrata, o americano-libanês Ray LaHood), (segundo à esquerda), refugiaram-se na embaixada dos Estados Unidos. Ei-los aqui, ao lado dos senadores John McCain e Lindsey Graham, aquando da reunião preparatória da «primavera árabe» para a Líbia e para a Síria. Eles acabarão libertados pelo Irmão Mohamed Morsi, assim que este se tornou presidente.

A lista das intervenções de John McCain por conta do departamento de Estado é impressionante. Ele participou em todas as revoluções coloridas dos últimos vinte anos.

Para não dar senão alguns exemplos, ele preparou, sempre em nome da «democracia», o golpe de Estado fracassado contra o presidente constitucional Hugo Chávez na Venezuela [13], o derrube (derrubada-Br) do presidente constitucional Jean-Bertrand Aristide no Haiti [14], a tentativa de derrube do presidente constitucional Mwai Kibaki no Quénia [15] e, mais recentemente, a do presidente constitucional ucraniano Viktor Yanukovych.

Não interessa em que estado do mundo, logo que um cidadão toma a iniciativa de derrubar o regime de outro Estado, ele poderá ser felicitado se nisso for bem- sucedido, e que o novo regime se mostre um aliado, mas ele será severamente condenado se as suas iniciativas tiverem consequências nefastas para o seu próprio país. Ora, nunca o senador McCain foi inquietado pelas suas ações anti-democráticas, em estados onde ele fracassou e que se voltaram contra Washington. Na Venezuela, por exemplo. É que, para os Estados Unidos John McCain não é um traidor, mas sim um agente (secreto).

E um agente que dispõe da melhor cobertura que se possa imaginar: ele é o opositor oficial de Barack Obama. Nesta condição ele pode viajar para qualquer lugar no mundo (é o senador norte-americano que mais viaja), e encontrar-se com quem ele quiser sem temer. Se os seus interlocutores aprovam a política de Washington ele promete-lhes mantê-la, se a combatem, ele atira a responsabilidade para cima do presidente Obama.

John McCain é conhecido por ter sido prisioneiro de guerra no Vietname (Vietnã-Br), durante 5 anos, e aí ter sido torturado. Ele foi vítima de um programa concebido não para extrair informações, mas para incutir uma confissão. Tratava-se de transformar a sua personalidade, para que ele fizesse declarações contra o seu próprio país. Este programa, estudado a partir do exemplo coreano, para a Rand Corporation, pelo professor Albert D. Biderman, serviu de base às pesquisas conduzidas em Guantanamo, e em outros lugares, pelo Dr. Martin Seligman [16]. Aplicado sob George W. Bush a mais de 80.000 prisioneiros permitiu transformar vários de entre eles, para fazer, assim, verdadeiros combatentes ao serviço de Washington. John McCain, que havia “rachado” no Vietname, compreende-o, pois, perfeitamente. Ele sabe como manipular, sem escrúpulos, os jihadistas.

Qual é a estratégia dos norte-americana com os jihadistas no Levante?

Em 1990, os Estados Unidos decidiram destruir o seu antigo aliado iraquiano. Após terem sugerido ao presidente Saddam Hussein, que considerariam o ataque ao Koweit como um caso interno iraquiano, eles aproveitaram o pretexto deste ataque para mobilizar uma vasta coligação (coalizão-Br) contra o Iraque. Porém, devido à oposição da URSS, eles não derrubaram o regime, contentaram-se sim em controlar a zona de exclusão aérea.

Em 2003, a oposição da França não foi suficiente para contrabalançar a influência do Comité para a Libertação do Iraque. Os Estados Unidos atacaram de novo o país e, desta vez, derrubaram o presidente Hussein. Evidentemente, John McCain era um dos principais responsáveis do Comité(Comitê-Br). Depois de ter entregue, durante um ano, a uma sociedade privada o cuidado de pilhar o país [17], eles tentaram parti-lo em três Estados separados, mas tiveram que renunciar a isso diante da resistência da população. Eles tentaram de novo em 2007, com a resolução Biden-Brownback, mas voltaram a falhar [18]. Daí, a estratégia atual, que tenta conseguir isso por meio de um actor não-estatal: o Emirado Islâmico.

Neste documento, publicado em setembro de 2013, o embaixador do Catar em Tripoli informa o seu ministério, que um grupo de 1.800 Africanos foi formado na jihade, na Líbia. Ele propõe encaminhá-los, em três grupos, para a Turquia, afim de que eles se juntem ao Emirado islâmico na Síria.

A operação foi preparada durante muito tempo, antes mesmo da reunião de John McCain com Ibrahim al-Badri. Assim, correspondência interna do Ministério catariano das Relações exteriores (Negócios Estrangeiros-Pt), publicada pelos meus amigos James e Joanne Moriarty [19], mostram que 5. 000 jihadistas foram formados, às custas do Catar, na Líbia da Otan em 2012, e que 2,5 milhões de dólares foram atribuídos, na mesma altura, ao futuro califa.

Em janeiro de 2014, o Congresso dos Estados Unidos realizou uma reunião secreta, na qual votou, em violação do direito internacional, o financiamento até Setembro de 2014 da Frente Al-Nosra (Al-Qaida), e do Emirado Islâmico no Iraque e no Levante [20]. Embora se desconheça, com detalhe, o que foi realmente acordado aquando desta sessão, revelada pela agência de notícias britânica Reuters [21], e que nenhum média (mídia-Br) norte-americano ousou passar devido à censura, é altamente provável que a lei inclua uma secção sobre o armamento e treino de jihadistas.

Envaidecida com este financiamento norte-americano a Arábia Saudita reivindicou, no seu canal público de televisão, Al-Arabiya, que o Emirado Islâmico estava colocado sob a autoridade do príncipe Abdul Rahman al-Faisal, irmão do príncipe Saud al Faisal (Ministro dos Negócios Estrangeiros) e do príncipe Turki al-Faisal (embaixador saudita nos Estados Unidos e no Reino Unido) [22].

O Emirado Islâmico representa uma nova etapa no mercenarismo. Ao contrário dos grupos jihadistas que combateram no Afeganistão, na Bósnia-Herzegovina e na Chechénia, junto a Osama bin Laden, ele não constitui uma força de reserva, mas é um verdadeiro exército em si. Ao contrário dos grupos precedentes, no Iraque, na Líbia e na Síria, agrupados pelo príncipe Bandar Ben Sultan, eles dispõem de sofisticados serviços integrados de comunicação, que fomentam o alistamento, e de administradores civis, formados nas grandes escolas ocidentais capazes de tomar em mãos, imediatamente, a administração de um território.

Armas ucranianas, chispando de novas, foram comprados pela Arábia Saudita, e comboiadas pelos serviços secretos turcos que as remeteram para o Emirado islâmico. Os detalhes finais foram coordenados com a família Barzani, aquando de uma reunião de grupos jihadistas em Amã, a 1 de Junho de 2014 [23]. O ataque conjunto ao Iraque, pelo Emirado Islâmico e pelo Governo regional do Curdistão, começou quatro dias mais tarde. O emirado islâmico capturou a parte sunita do país, enquanto o governo regional do Curdistão aumentava o seu território em mais de 40%. Fugindo das atrocidades dos jihadistas as minorias religiosas deixaram a zona Sunita, preparando assim a via para a partição do país em três.

Violando o acordo de defesa Iraquiano-americano o Pentágono não interveio, e deixou o emirado islâmico prosseguir a sua conquista e os seus massacres. Um mês depois, enquanto os peshmergas do governo regional curdo haviam recuado sem batalha, e quando a emoção da opinião pública mundial se tornou demasiado forte, o presidente Obama deu a ordem para bombardear posições do Emirado islâmico. No entanto, segundo o general William Mayville, diretor de operações no Estado-maior: «Estes bombardeamentos são pouco susceptíveis de afectar as capacidades globais do Emirado Islâmico, ou as suas atividades noutras regiões do Iraque ou da Síria» [24]. Obviamente, eles não visam destruir o exército jihadista mas, apenas, garantir que cada actor não ultrapasse o território que lhe foi atribuído. Além disso, de momento, eles são puramente simbólicos e não destruíram senão um punhado de veículos. Na realidade tem sido a intervenção dos curdos do PKK, turco e sírio, nisto, que parou a progressão do Emirado Islâmico e, abrindo um corredor, permitiu às populações civis escapar ao massacre.

Numerosa desinformação circula a propósito do Emirado Islâmico e do seu califa. O jornal quotidiano Gulf Daily News fingiu que Edward Snowden havia feito revelações neste sentido. [25] No entanto, verificação feita, o antigo espião norte-americano não publicou nada a este respeito. O Gulf Daily News é publicado no Barein, um Estado ocupado por tropas sauditas. O artigo visa, apenas, limpar a Arábia Saudita e o príncipe Abdul Rahman al-Faisal das suas responsabilidades.

O Emirado Islâmico é comparável aos exércitos mercenários do século XVI europeu. Eles conduziam guerras religiosas em nome dos senhores que lhes pagavam, às vezes de um lado, às vezes de outro. O Califa Ibrahim é um condottiere moderno. Embora esteja às ordens do príncipe Abdul Rahman, (membro do clã dos Sudeiris), não seria de espantar que ele continue a sua epopeia na Arábia Saudita, (após um breve desvio no Líbano, ou seja no Koweit), e parta assim o bolo da sucessão real, favorecendo o clã dos Sudeiris contra o príncipe Mithab (filho, e não irmão do rei Abdallah).

John McCain e o Califa

Ibrahim al-Badri, aliás Abu Du’a, aliás Abou Bakr Al-Baghdadi, aliás Califa Ibrahim, mercenário do príncipe Abdul Rahman al-Faiçal, financiado pela Arábia saudita, pelo Catar e pelos Estados Unidos. Ele pode praticar todos os horrores, que as Convenções de Genebra proíbem os Estados de cometer .

Na última edição do seu magazine o Emirado Islâmico consagrou duas páginas a denunciar o senador John McCain, como «o inimigo» e «o cruzado», recordando o seu apoio à invasão norte-americana do Iraque. Temendo que essa acusação passasse em claro, nos Estados Unidos, o senador emitiu, imediatamente, um comunicado qualificando o Emirado de « o mais perigoso grupo terrorista islâmico no mundo » [26].

Esta polémica destina-se apenas a distrair a «galeria». Nós bem gostaríamos de acreditar nela…, se não existisse esta fotografia de maio de 2013.

Thierry Meyssan

Tradução

Alva

Articulista francês aponta McCain como "orquestrador" da Primavera Árabe | GGN

02/01/2012

Primavera Árabe

Filed under: Primavera Árabe — Gilmar Crestani @ 9:17 am

Molte le speranze che l’Occidente aveva affidato alla primavera araba, parafrasando un film di Luis Buñuel dei primi anni ’70, ora non vanno oltre ad una libertà che aleggia come un fantasma sull’Egitto, la Tunisia e la Libia, mentre per la Siria e lo Yemen è ormai una guerra civile. Il cielo sopra i paesi del Golfo veglia su di un silenzio assordante. In Marocco si è intrapresa la via delle riforme sotto tutela, promuovendo delle elezioni caratterizzate da un assenteismo, benefico solo per i gruppi islamici più o meno moderati. Grazie alla timidezza giordana si prospettano tempi lunghi perché la Giordania possa schiudersi a una democrazia parlamentare.

Nel Mondo Arabo in cerca di Libertà, come nel film di Buñuel, è un continuo apparire sulla scena di nuovi protagonisti, spiazzando gli “spettatori”, ma in realtà sono sempre gli stessi personaggi che difendono gli interessi dei singoli gruppi e non degli abitanti nel loro insieme. In Egitto, il popolo di piazza Tahrir continua la protesta e si è diviso sul votare o boicottare, astenersi dall’esercitare un diritto anche se sotto la vigilanza militare, lasciando campo libero agli altri, a quelli meno disponibili ad aprirsi al Mondo.

Le popolazioni dell’Egitto, la Tunisia e la Libia che si sono “liberati” da governi autoritari, nati come una strana collusione tra laicismo e islamismo, si trovano a confrontarsi con uomini del vecchio establishment e i rigurgiti di un ortodossia islamica celata nel moderatismo, per trasformarsi in integralismo. Un eccentrico gioco di scatole cinesi, per cercare la libertà e il significato che può avere nella cultura araba, pedine di un domino che si muovono in precario equilibrio, per seguire una strategia nota solo al caos, guidando armenti al rassicurante recinto della religione. L’Occidente non attende la stabilità democratica per cominciare a fare affari, sperando che il benessere economico non mini la stabilità precaria del Medio Oriente. Il petrolio libico, le spiagge tunisine, la vigilanza egiziana sulla sicurezza di Israele, potrebbe andare tutto perso per il continuo estremizzare la fede cieca per un credo religioso che confonde la convivenza con l’assoggettazione.

Nei primi mesi del 2011 l’Occidente si è trovato impreparato ed è rimasto esterrefatto dal ribollire dello scontento nel Mondo arabo. Ora lo scontento serpeggia in casa e i governi sono sbigottiti perché non comprendono il motivo di tanta agitazione rivolta verso l’universo finanziario. Sulla Primavera araba si sono confrontate sulle pagine dei giornali anche due figure del Mondo arabo di estremo interesse e da due luoghi di osservazione differenti.

Lo scrittore egiziano Ala al Aswani confida nei cambiamenti laici, mentre lo studioso Tariq Ramadan, nipote del fondatore in Egitto dell’associazione dei Fratelli musulmani e figlio del promotore di Hamas, ritiene indispensabile, per i paesi arabi che escono dalle dittature, reinventare il modello democratico occidentale, trovando ispirazione nei testi islamici, dando vita ad uno Stato con principi guida che regoli la vita economica, non solo religiosa, ma anche politica e sociale, consoni alla religione imperante.

La Primavera araba, nella persona dell’attivista yemenita Tawakul Karman, ha condiviso il Nobel per la Pace con la presidente liberiana Ellen Johnson Sirleaf e l’attivista sua connazionale Leymah Gbowee. Mentre il Premio Sakharov è stato attribuito a cinque dei protagonisti dello scontento nel Mondo arabo, ma solo la blogger egiziana Asmaa Mahfouz ed il libico Ahmed el Senussi, storico oppositore del colonnello Gheddafi, hanno potuto essere presenti.

I siriani Razan Zeitouneh, avvocatessa per i diritti umani ideatrice e autrice del blog Syrian Human Rights Information Link, e Ali Farzat, vignettista rifugiato in Kuwait dopo che il regime gli aveva fratturato le mani, hanno lasciato la sedia vuota, mentre alla memoria è stato attribuito al commerciante tunisino Mohamed Bouazizi che un anno fa si è immolato, per protesta, nel fuoco, dando il via alla rivoluzione.

Anche il magazine Time, nella sua consuetudine di dedicare la copertina di fine anno ad un personaggio, ha reso omaggio a tutti gli scontenti del Mondo, dalla Primavera araba agli ateniesi, dai moscoviti a ogni «the protester», con tanta voglia di cambiamento, che cercano la libertà dai governi autoritari e dalle democrazie “minori”, dall’influenza imperante della finanza nella politica, come dimostra il movimento di Occupy Wall Street, e da politici lontani dalla realtà quotidiana dei loro possibili elettori.

Il manifestante armato di smartphone e account su un social network, il citizen journalist oltre al «the protester»di Time, può essere considerata la persona dell’anno, ma anche chi, non potendo essere presente fisicamente, da casa sua, con computer e connessione a internet, raccogliendo notizie, informazioni, fotografie, video e rilanciandoli sulla Rete come Year in Hashtag, tra gli ideatori anche Claudia Vago (Tigella), contribuendo ad offrire tanti tasselli dell’evento.

In Egitto si sta mettendo in scena un grottesco gioco delle parti tra la Giunta militare che si è sostituita alla monolitica presenza di Mubarak e i Fratelli musulmani, per una continuità repressiva nei confronti dei numerosi spiriti liberali. La Libia delle vendette ha nel suo futuro la Sharia, come principale fonte d’ispirazione per la Costituzione, come anche in Tunisia si allunga l’ombra di una lettura religiosa della legislazione, senza perdere il vizio di sottrarre la rappresentanza politica a chi non si dimostra simpatico ai vincitori e in Egitto, mentre i Fratelli musulmani gridano vittoria, i Copti continuano a vedere un in certo futuro per la loro comunità.

Ispirarsi ai dettami religiosi, allontanando la separazione tra la politica come garante di ogni cittadino e la devozione ortodossa è presente anche in alcune democrazie Occidentali più che in altre. I ministri dei diversi governi greci giurano in presenza delle autorità ecclesiastiche. Un Dio di Abramo che ha influenzato la lettura legislativa e il comportamento sociale, esasperando alcune manifestazioni religiose, ma non necessariamente di fede, anche senza essere praticanti, ma solo per sentirsi parte di una comunità.

L’azione repressiva messa in atto in Siria dal regime di Bashar Al-Assad, documentata dai video presenti sul web di Syrian Revolution, come anche dal libro Clandestina a Damasco. Cronache da un Paese sull’orlo della guerra civile (Castelvecchi) di Antonella Appiano, per arginare le manifestazioni contrarie al potere dispotico, non si attenua, continuando a mietere vittime indiscriminatamente tra la popolazione, coinvolgendo bambini e donne. Accuse al regime siriano di crimini contro l’umanità si sono accentuate con la vera e propria azione di guerra nei confronti della città di Homs, portando l’organizzazione Human rights watch a produrre il rapporto We live as in war.

Un rapporto che ha sollecitato, inizialmente, l’Occidente, insieme all’Onu, a porre la questione delle atrocità perpetrate in Siria, ha alzato la voce, in prima fila la Francia e la Gran Bretagna, ma dopo i risultati elettorali ottenuti dagli schieramenti islamici in Tunisia, Egitto e Marocco, l’entusiasmo si è trasformato in timidezza, lasciando l’iniziativa alla Turchia e alla Lega araba nel decidere sanzioni e la loro applicazione che, dopo numerosi tentativi, è riuscita solo ad ottenere l’ingresso di una delegazione in Siria per osservare le continue violazioni dei Diritti umani e per calcolare le migliaia di vittime causate da una irrefrenabile voglia di potere da non condividere con altri.

L’Occidente, facendo tesoro dell’esperienza irachena e afgana, sembra che rifletta sulle conseguenze determinate dal loro voler “aiutare” le popolazioni vittime di abusi da parte del potere, per cadere, come si suol dire, dalla padella alla brace, da un dispotismo laico, magari con la sharia nel suo ordinamento giuridico, ad uno stato che rasenta la teocrazia viscerale, senza alcun rispetto delle religioni che non sia l’Islam, come dimostrano i Paesi del golfo.

Una Primavera, quella araba, che comincia a fornire spunti di meditazione, anche attraverso la cinematografia, con gli appuntamenti che si sono susseguiti, da quest’estate ad oggi, sugli schermi del SalinaDocFestival, con le opere di Mourad Ben Cheikh, contribuendo anche al programma novembrino dell’Accademia di Francia a Roma, sulla breve incursione nel cinema documentario dell’altra sponda del Mediterraneo, per comprendere gli avvenimenti dell’Egitto e della Tunisia.

Anche nella XVII edizione di Medfilm Festival, che si è svolta a novembre a Roma, gli ospiti d’onore sono stati la Tunisia ed Egitto. Un’edizione particolarmente sentita in considerazione degli eventi di portata storica che hanno cambiato radicalmente gli assetti socio politici del Nord Africa, ma soprattutto hanno cambiato l’immagine che il mondo intero ha di questi popoli, che, con sorprendente forza e identità, hanno saputo caratterizzare la protesta nel segno della ricerca di libertà e democrazia, soprattutto grazie alla spinta dei giovani che in questi paesi rappresentano la maggioranza della popolazione.

In ottobre lo scontento della popolazione dell’Africa del nord è stata protagonista al Doha Tribeca Film Festival, conclusosi nella capitale (Qatar). Un viatico di Democrazia, coniugato alla creatività artistica, che potrebbe trovarsi a rischio, nella voglia di certe ortodossie a regolarizzare la libertà di informazione e di espressione, sia attraverso la scrittura sul web o sulla carta, ma anche nell’ambito delle arti visive.

La Primavera si potrà tramutare in inverno ed è necessario vigilare sulle provocazioni che degenerano in violenza, come quella avvenuta il 30 giugno al CinemAfricArt, cinema d’essai di Tunisi, in occasione del documentario "Ni Allah ni Maitre" ("Né Dio né padrone"), di Nadia el Fani, a favore della laicità dello stato, con il risultato di chiudere per motivi di ordine pubblico uno spazio di aggregazione culturale.

Anche la messa in onda del film "Persepolis", di Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, dall’emittente tunisina Nessma Tv, ha scatenato i salafiti per la scena in cui la protagonista dialoga con Dio. Un film già 2007 era stato “sdoganato” in Tunisia. Quale libertà attende gli arabi che si sono ribellati con successo contro i loro padri padroni? Nel loro futuro si celano i personaggi delle vecchie nomenclature o imminenze fustigatrici delle mode occidentali, aggrappandosi ai segni esteriori di una religione, per instaurare delle Democrazie conservatrici.

Governi frutto di delicate miscelazioni tra chi godeva dei frutti del vecchio potere e i propugnatori di un Islam religioso, confondendo la conoscenza delle scritture con la capacità di comprenderle, senza mescolare, in voli pindarici, il salvaguardare l’identità con il rifiuto dei principi di eguaglianza. Difficile proporre tale insegnamento, in un mondo globalizzato, per approfittare di un’ideologia o di un credo per vessare il popolo, senza conseguenze, a chi ha assaporato la liberà, anche se vengono bollati come dei controrivoluzionari.

Il 2011 è terminato con liberazione di 76 eritrei, 6 dei quali bambini, segregati nelle prigioni egiziane, mentre a novembre è giunta da Arish (Governatorato del Sinai del Nord, Egitto) la notizia che 611 profughi prigionieri dei trafficanti nel Sinai del Nord sono stati liberati, dopo quasi un anno, con la speranza di ottenere lo stato di rifugiati in Israele. Una liberazione dovuta all’azione di EveryOne e di New Generation Foundation for Human Rights di Arish, oltre all’ICER, Ong Gandhi, Agenzia Habeshia, che ha salvato centinaia di persone dal girone infernale del traffico di esseri umani e degli organi, dagli stupri e dai soprusi delle guardie di frontiera, ma soprattutto al documentario realizzato dalla CNN.

Primavere Arabe: il fantasma della libertà – AgoraVox Italia

Tradução com ajuda do Google

Primavera Árabe: o fantasma da liberdade
Muitas as esperanças de que o Ocidente tinha dado à Primavera árabe, parafraseando um filme de Luis Buñuel no início dos anos 70, agora não ir junto com uma liberdade que paira como um fantasma sobre o Egito, Tunísia e Líbia, enquanto o Síria e Iêmen agora é uma guerra civil. O céu sobre o Golfo de acordar um silêncio ensurdecedor. Marrocos realizou reformas na maneira de proteger, promover a eleição caracterizada por absentismo, benéfico apenas para os grupos islâmicos mais ou menos moderada. Devido à timidez da Jordânia enfrenta um longo tempo porque Jordan poderia se desdobrar em uma democracia parlamentar.
No mundo árabe em busca de liberdade, como nos filmes de Buñuel, é um aparecimento contínuo de novos jogadores em cena, deslocando o "espectadores", mas na realidade são as mesmas pessoas que defendem os interesses dos indivíduos e não grupos de moradores locais em um todo. No Egito, o povo de Tahrir Square e continuaram o protesto ou boicote está dividido sobre a votação, abster-se de exercer um direito, ainda que sob a supervisão dos militares, deixando o campo aberto para os outros, para os menos dispostos a abrir para o mundo.
As populações do Egito, Tunísia e Líbia, que foram "libertados" por governos autoritários, nascido como um conluio estranha entre secularismo e islamismo, eles são confrontados com os homens do estabelecimento de idade eo ressurgimento da ortodoxia islâmica escondido com moderação, para se transformar em fundamentalismo. Um jogo subtil de caixas chinesas, para buscar a liberdade eo sentido que eles podem ter na cultura árabe, os peões em um movimento de dominó precariamente, a seguir uma estratégia conhecida apenas para o caos, a condução de gado até a cerca reconfortante da religião. O Ocidente não espera que a estabilidade democrática para começar a fazer negócios, esperando que o bem-estar econômico não põe em causa a estabilidade precária do Oriente Médio. O petróleo líbio, praias da Tunísia, a supervisão do Egito sobre a segurança de Israel, poderia ir tudo perdido para a fé cega extremos contínua a uma religião que mistura vivendo com o assunto.
No início de 2011, o Ocidente viu-se despreparados e ficou impressionado com o descontentamento fervendo no mundo árabe.Agora, o descontentamento em casa e os ventos ficaram consternados porque os governos não entendem o motivo de tanta empolgação virou-se para o universo financeiro. Na Primavera árabes foram comparados nas páginas dos jornais também duas figuras do mundo árabe e de grande interesse a partir de dois diferentes lugares de observação.
O escritor egípcio Ala al Aswani esperanças leigos nas mudanças, enquanto o estudioso Tariq Ramadan, neto do fundador da Associação da Irmandade Muçulmana no Egito, filho do promotor do Hamas, considerado essencial para os países árabes emergentes da ditadura, de reinventar o modelo de democráticos ocidentais, encontrando inspiração em textos islâmicos, criando um estado com os princípios orientadores que regem a vida econômica, não só religioso, mas também política e social, em consonância com a religião dominante.
O árabe Spring, ativista iemenita Tawakul Karman, em pessoa, ele dividiu o Prêmio Nobel da Paz com o presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf e seus colegas ativistas Leymah Gbowee. Enquanto que o Prémio Sakharov foi atribuído a cinco dos protagonistas do descontentamento no mundo árabe, mas o blogueiro Asmaa Mahfouz egípcias e líbias Ahmed el Senussi, adversário histórico do coronel Gaddafi, poderia estar presente.
Os sírios Zeitouneh Razan, advogado de direitos humanos e autor do blog Information Link criador de Direitos Humanos da Síria, e Ali Farzat, cartunista de refugiados no Kuwait após o regime tinha as mãos fraturadas, eles deixaram a cadeira vazia, enquanto a memória foi tunisiano Mohamed Bouaziz atribuída ao comerciante que matou um ano atrás, em protesto, no fogo, abrindo caminho para a revolução.
Até mesmo a revista Time, em seu hábito de dedicar a capa final do ano a um personagem, pagou tributo a todos os descontentes do Mundo, a partir da Primavera de árabe para os atenienses, de Moscou a todos "manifestante a", com um grande desejo de mudança, em busca da liberdade dos governos autoritários e democracias "menores", a influência predominante das finanças na política, como evidenciado pelo movimento Ocupar Wall Street e os políticos longe da realidade cotidiana de seus potenciais eleitores.
O manifestante armado com um smartphone e conta em uma rede social, além dos jornalistas cidadãos ", disse o manifestante," Time, pode ser considerado a pessoa do ano, mas também aqueles que, incapazes de estar presente fisicamente, a partir de sua casa, com computadores e conexão com a Internet notícias, coletar informações, fotografias, vídeos e criar na Web como um ano em Hashtag entre os designers Claudia Vago (Tigella), ajudando a fornecer muitos elementos do evento.
No Egito é um jogo de encenação grotesca de papéis entre a junta militar que substituiu a presença monolítica de Mubarak ea Irmandade Muçulmana, para uma continuidade da repressão contra muitos espíritos liberal. A Líbia tem vendido no futuro da Sharia, como a principal fonte de inspiração para a Constituição, bem como na Tunísia estende a sombra de uma interpretação religiosa da lei, sem perder o hábito de tomar a representação política para aqueles que não mostra solidário com os vencedores e Egito, enquanto a vitória gritar Irmandade Muçulmana, coptas continuar a ver em um futuro certo para a sua comunidade.
Guiados por ditames religiosos, removendo a separação entre política e cada cidadão como um garantidor de devoção ortodoxa também está presente em algumas democracias ocidentais que em outros. Os ministros dos vários governos gregos juro na presença de autoridades eclesiásticas. Um Deus de Abraão, que tem influenciado a leitura do comportamento legislativo e social, exacerbando alguns eventos religiosos, mas não necessariamente da fé, mesmo sem praticar, mas apenas para se sentir parte de uma comunidade.
A ação repressiva implementada pelo regime na Síria, Bashar Al-Assad, documentados por vídeos na Web Revolução Síria, bem como do livro Clandestino em Damasco. Crônicas de um país à beira da guerra civil (Castelvecchi) Antonella Ápia, para conter a mostra contra o poder despótico, não diminuiu, continuando a fazer vítimas entre a população indiscriminadamente, envolvendo crianças e mulheres. Acusações contra o regime sírio para crimes contra a humanidade têm aumentado com o ato de guerra contra a cidade de Homs, trazendo a organização Human Rights Watch para produzir o relatório como Nós vivemos em uma guerra.
Um relatório que pedia, inicialmente, o Ocidente, juntamente com a ONU, a colocar a questão das atrocidades perpetradas na Síria, levantou a voz na vanguarda da França e da Grã-Bretanha, mas após os resultados eleitorais obtidos a partir de matrizesmuçulmanos na Tunísia, Egito e Marrocos, o entusiasmo se transformou em timidez, deixando a iniciativa para a Turquia e da Liga Árabe para decidir sanções e sua aplicação, depois de inúmeras tentativas, só conseguiu ganhar a entrada para umdelegação síria de observar as contínuas violações dos direitos humanos e para calcular a milhares de vítimas causadas por seu grande desejo de não ser capaz de partilhar com os outros.
O Ocidente, com base na experiência no Iraque e no Afeganistão, parece certo que ele reflete as conseqüências de suas querer "ajudar" as vítimas de abuso por parte do poder, a cair, como se costuma dizer, da frigideira para o fogo, a partir de umdespotismo secular, talvez com a Sharia em seu sistema jurídico, um estado que faz fronteira com a teocracia visceral, sem qualquer respeito pelas outras religiões além do Islão, como os países do Golfo.
A Primavera, Arábia, que começa a fornecer alimentos para a meditação, mesmo através do filme, com eventos que ocorreram, até agora neste verão, nas telas de SalinaDocFestival, com obras de Mourad Ben Cheikh, contribuindo também para um programa de novembro da Academia Francesa em Roma, sobre a breve incursão documentário na outra margem do Mediterrâneo, para compreender os acontecimentos no Egito e na Tunísia.
Mesmo na edição de dezessete de Medfilm Festival, que aconteceu em novembro, em Roma, convidados de honra foram Tunísia e Egito. Uma questão particularmente premente em razão de fatos históricos que mudaram radicalmente a estrutura sócio-política do Norte de África, mas também mudou a imagem que o mundo inteiro dessas pessoas, que, com uma força surpreendente e identidade, têm sido capazes de caracterizar o sinal de protesto na busca da liberdade e da democracia, em grande parte devido ao impulso dos jovens destes países representam a maioria da população.
Em outubro, o descontentamento da população do Norte de África foi a estrela no Tribeca Film Festival Doha, que terminou na capital (Qatar). A viático da Democracia, casado com a criatividade artística, o que pode estar em risco, no desejo de certas ortodoxias para regular a liberdade de informação e de expressão, tanto através da escrita na internet ou no papel, mas também nas artes visuais.
Primavera é no inverno e vai transformar a provocação é necessário para garantir que degenere em violência, como a que aconteceu 30 de junho a CinemAfricArt, cinemas de arte em Tunis, por ocasião do documentário "Deus Ni ni Maitre" ("Nem Deus nem mestre "), Nadia El Fani, em favor do Estado secular, com o resultado de fechamento por razões de ordem pública uma área de agregação cultural.
A exibição do filme "Persepolis", de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, Nessma emissora de TV da Tunísia, desencadeou os salafistas para a cena onde o personagem principal fala a Deus Um filme 2007 já tinha sido "imposto pago" em Tunísia. Que liberdade aguarda os árabes que se rebelaram com sucesso contra os mestres de seus pais? A mentira futuro nos personagens da antiga nomenclatura ou flagelo iminente de moda ocidental, agarrando-se a pompa de uma religião, para o estabelecimento da democracia conservadora.
Governos resultado da mistura delicada entre aqueles que desfrutavam os frutos do antigo regime e os proponentes religiosa do Islã, confundindo o conhecimento das escrituras com a capacidade de compreender, sem mexer, em vôos da fantasia, a identidade preservada com a rejeição dos princípios da igualdade . Difícil oferecer essa educação em um mundo globalizado, para tirar proveito de uma ideologia ou um credo para perseguir o povo, sem conseqüências, que provou a liberdade, mesmo se eles são rotulados como contra-revolucionários.
O ano de 2011 terminou com a libertação de 76 eritreus, seis delas crianças, trancados em prisões no Egito, e em novembro veio Arish (North Governorate Sinai, Egipto) informou que 611 refugiados, prisioneiros de traficantes estiveram no Sinai do Norteliberado, após quase um ano, na esperança de obter o estatuto de refugiados em Israel. A liberação devido à ação de todos e Fundação Nova Geração de Direitos Humanos da Arish além all’ICER, ONGs Gandhi Habeshia Agência, que salvou centenas de pessoas do círculo infernal do tráfico de pessoas e órgãos, por estupros eo abuso dos guardas de fronteira, mas especialmente o documentário feito pela CNN.

Hobsbawm analisa a Primavera Árabe

Filed under: Eric Hobsbawm,Primavera Árabe — Gilmar Crestani @ 8:20 am

Se bem que, como publicou o Veríssimo, foi o ano em que o Egito trocou Mubarack por uma junta militar…

Revoluções de 2011 ‘me lembram 1848’, diz Hobsbawm

Andrew Whitehead

Da BBC News

Atualizado em  31 de dezembro, 2011 – 19:01 (Brasília) 21:01 GMT

Eric Hobsbawn

Para o historiador, é a classe média e não os operários quem impulsiona as atuais revoltas

O prestigiado historiador britânico Eric Hobsbawm comparou as revoltas no mundo árabe em 2011 às revoluções que explodiram na Europa no fatídico ano de 1848.

Em entrevista à BBC, Hobsbawm ressaltou que desta vez os movimentos de contestação são impulsionados pela classe média, e não pelo proletariado.

"Foi uma grande alegria redescobrir que é possível que as pessoas saiam às ruas para se manifestar e derrubar governos", disse o historiador, que passou toda sua vida ligado às revoluções.

Hobsbawm nasceu poucos meses antes da Revolução Russa, de 1917, e foi comunista a maior parte de sua vida, assim com um influente pensador marxista. Um de seus livros mais conhecidos, a Era das Revoluções, que retrata justamente as revoltas de 1848, é um clássico da historiografia.

Além de escrever sobre as revoluções, Hobsbawm também apoiou algumas revoltas. Com mais de 90 anos, sua longa paixão pela política aparece no título de seu mais novo livro: How to change the World (Como mudar o mundo) e em seu enorme interesse pela Primavera Árabe.

"A verdade é que eu tenho um sentimento de excitação e alívio", disse, ao receber a reportagem em sua casa em Hampstead Heath, bairro no norte de Londres.

Democracias árabes?

Para Hobsbawm, 2011 lembra outro ano de revoluções.

"Me lembra 1848, outra revolução impulsionada de forma autônoma, que começou em um país e depois se estendeu por todo um continente em pouco tempo", diz.

"A esquerda tradicional estava orientada para um tipo de sociedade que já não existe mais ou está deixando de existir. Acreditava-se sobretudo no movimento operário como o grande responsável pelo futuro. Bem, nos desindustrializamos e isso já não é possível"

Eric Hobsbawn

Naquele ano, um levante popular em Paris acabou se alastrando pela área da atual Alemanha e Itália e pelo Império Habsburgo (hoje Áustria).

Para quem ajudou a encher a praça Tahir, no Cairo, derrubando o regime de Hosni Mubarak, em fevereiro, e agora teme pelo destino da revolução egípcia Hobsbawm tem uma palavra de alento.

"Dois anos após 1848, tudo parecia como se houvesse fracassado. Mas no longo prazo não houve fracasso. Conseguiu-se uma boa quantidade de avanços liberais. De modo que foi um fracasso imediato, mas um êxito parcial no médio prazo, ainda que não tenha sido na forma de revolução", diz.

Talvez com exceção da Tunísia, Hobsbawm não vê grandes possibilidades da democracia liberal ou governos representativos ao estilo ocidental triunfarem no mundo árabe.

O historiador ressalta ainda as diferenças entre os vários países varridos pela atual onda revolucionária.

"Estamos no meio de uma revolução, mas não de uma única revolução", diz.

"O que une (os árabes) é um descontentamento comum e forças de mobilização comuns: uma casse média modernizadora, sobretudo jovem, estudantes e, principalmente, uma tecnologia que permite que hoje seja muito mais fácil mobilizar os protestos", afirma.

Indignados e ‘Occupy’

A importância das redes sociais também ficou evidente em outro movimento que marcou 2011: os protestos dos indignados e as ocupações que ocorreram na Europa e na América do Norte.

Segundo Hobsbawm, o movimento remonta à campanha eleitora de Barack Obama, em 2008. Na ocasião, o então candidato mobilizou com sucesso uma juventude até então apática à política por meio da internet.

"As ocupações, em sua maioria, não foram protestos de massa, não foram os 99% (da população), mas de estudantes e membros da contracultura. Em momentos, isso encontro eco na opinião pública. É o caso dos protestos contra Wall Street e as ocupações anticapitalistas", afirma.

De todo modo, a velha esquerda, da qual Hobsbawm tomou parte, manteve-se às margens das manifestações.

"A esquerda tradicional estava orientada para um tipo de sociedade que já não existe mais ou está deixando de existir. Acreditava-se sobretudo no movimento operário como o grande responsável pelo futuro. Bem, nos desindustrializamos e isso já não é possível", destaca o historiador.

Praça Tahir, Egito. Reuters

Hobsbawn lembra que houve revezes após as revoluções de 1848, mas o saldo foi positivo

"As mobilizações de massa mais efetivas hoje são aquelas que começam em meio a uma classe média moderna e em particular em um grupo grande de estudantes. São mais efetivos em países onde, demograficamente, os jovens são mais numerosos", diz.

Compreender o passado

Eric Hobsbawm não espera que as revoluções árabes tenham maiores ecos no mundo, ao menos não como uma antessala de uma revolução mais ampla.

Será mais provável, assegura, uma dinâmica que compreenda reformas graduais do estilo das que "ocorreram na Coreia do Sul nos anos 1980, quando uma classe média jovem passou a disputar o poder com os militares".

Sobre o drama político que ainda se desenrola nos países árabes, o historiador diz que vale a pena recordar o Irã de 1979, cenário da primeira revolução que teve o Islã como elemento político.

Esse aspecto da revolução iraniana teve reflexos na Primavera Árabe.

"Quem fez concessões ao Islã sem ser religioso acabou marginalizado. Dentre eles os reformistas, liberais e comunistas", diz, destacando outros grupos que se somaram aos religiosos para derrubar a monarquia iraniana alinhada ao Ocidente.

"A ideologia das massas não é a ideologia dos que começaram as manifestações", pontua.

Embora diga que a Primavera Árabe lhe tenha causado alegria, Hobsbawm diz que o elemento religioso no movimento é "desnecessário e não necessariamente bem-vindo".

BBC Brasil – Notícias – Revoluções de 2011 ‘me lembram 1848’, diz Hobsbawm

28/11/2011

Primavera já virou outono

Filed under: Democracia made in USA,Egito,Primavera Árabe — Gilmar Crestani @ 6:50 am

Bastou o apoio dos EUA para uma primavera virar outono. Os EUA sempre fizeram isso. Quando o povo resolve bater uma ditadura, eles botam outra lá para bater no povo. Foi assim no Brasil, em 1964.

Os egípcios voltaram às ruas para manifestar oposição aos militares que tentam se perpetuar no poder depois da derrubada de Hosny Mubarak. Foram duramente reprimidos no que resultou em mais de 30 mortos.

Os militares, na verdade “militares s.a”, porque controlam setores mais lucrativos da economia egípcia, imaginavam que com alguns paliativos conseguiriam iludir o povo que derrubou Mubarak. O povo mostrou que não é bobo.

Como se o controle da economia pelos militares não bastasse, o Estado egípcio é contemplado com mais de 1,2 bilhão de dólares anuais pelos Estados Unidos, exatamente para manter o principal país árabe em sua área de influência. Os militares pediram desculpas pela repressão, mas não se comprometeram a abandonar o poder mesmo depois das eleições, até porque temem perder as bocas conquistadas nas últimas décadas. 

É este verdadeiramente o contexto egípcio, que não pode ser ignorado e para que se julgue o pronunciamento quase diário de líderes ocidentais como Nicolas Sarkozy e Barack Obama ora em apoio às “reformas” (entre aspas mesmo) ou até mesmo nas eventuais críticas à violência. O nome disso é hipocrisia.

Em suma: palavras são palavras, mas a prática é que determina a verdade. Por estas e muitas outras, a chamada Primavera árabe só pode ser considerada primavera se prevalecer a vontade do povo. Com o controle dos militares s.a.  no Egito, o outono prevalece, não mais a primavera. 

Enquanto isso, na Líbia, o governo que tomou o poder com a derrubada de Muammar Kadhafi, está preparando um espetáculo midiático que antes de começar já se sabe qual será o desfecho. Não é preciso nenhuma bola de cristal para prever que Saif al Islam Kadhafi será condenado à morte pelas acusações que serão apresentadas no julgamento. O governo líbio avisou que não o entregará ao Tribunal Penal Internacional de Haia. Estão preparando um novo show midiático que será apresentado ao mundo e internamente.

O filho de Kadhafi foi preso no deserto quando tentava ir para Niger. A prisão só foi possível graças à delação de um integrante de sua guarda pessoal, devidamente recompensado com 1 milhão de euros, segundo informações.

Por ironia da história, Saif al Islam foi o responsável pela anistia de integrantes da al Qaeda que cumpriam pena na Líbia, inclusive o que posteriormente veio a se tornar o comandante militar do grupo que tomou Trípoli e produziu um espetáculo midiático ao entrar no local onde vivia Kadhafi. Saif era cotado como o sucessor político do pai.

Resta agora aguardar o desenrolar dos acontecimentos para conhecer melhor como será a Líbia, o país com o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do continente africano (0,755), superior inclusive ao do Brasil (0,699).

Aguarda-se também constatar se esse índice utilizado pelas Nações Unidas para verificar como se encontra um país em termos de bem-estar de sua população será mantido. O tempo dirá.

Xooxxoxoxoxoxoxoxoxo

Em Portugal, o socialista Mario Soares, 86 anos, que já exerceu os mais variados cargos, de presidente a primeiro ministro, reapareceu assinando um manifesto conclamando o povo a reagir ao neoliberalismo que está sendo imposto goela a dentro aos portugueses. Os trabalhadores, como em outras partes da Europa, reagem com uma greve geral, enquanto a mídia de mercado faz a apologia dos “técnicos” impostos pelo capital financeiro.

Por aqui a mídia não é muito diferente, embora a crise ainda não tenha aparecido com a intensidade dos países europeus e dos Estados Unidos. Os articulistas de sempre torcem desbragadamente por soluções contrárias aos interesses nacionais e do povo. Silenciam totalmente sobre um grave problema que vem se arrastando há anos, o da dívida pública. São 1 bilhão de reais por dia gastos para o pagamento dessa dívida. E nada comentam sobre o que está na Constituição cidadã de 1988 e não foi cumprida até hoje: a realização de uma auditoria dessa dívida.

Xooxoxoxoxoxoxoxoxoxo

Na quarta-feira, 23 de novembro, por iniciativa do Deputado Paulo Ramos (PDT), a combatente latino-americana Soledad Viedma, assassinada pela ditadura brasileira, recebeu a Medalha Tiradentes pós morte, entregue à filha Ñasaindy.

Paraguaia de nascimento, Soledad engajou-se na luta dos povos contra o autoritarismo e injustiças sociais. Esteve no Uruguai e em determinado momento foi vítima da violência de grupos de extrema direita, que ao detê-la queriam que fizesse uma saudação a Hitler. Soledad se negou a fazê-lo e teve pintada uma suástica em parte do corpo, além de ter sofrido atos de violência física.

O poeta e escritor uruguaio Mario Benedetti a homenageou com um poema musicado pelo cantante e compositor Daniel Viglietti.

Em Recife, na década de 70, a equipe de bandidos do delegado Sergio Fleury a matou depois de ter sido delatada por Anselmo dos Santos, o agente da CIA que ganhou o título de cabo da Marinha sem sê-lo.

A solenidade na Alerj foi importante não apenas como reconhecimento a Soledad Viedma como também para que as novas gerações sejam informadas sobre quem lutou para que o Brasil alguma dia pudesse ser um país mais justo e solidário.

E, não podemos deixar de dizer sempre que crimes contra a humanidade cometidos de 64 a 85, que a recém-criada Comissão da Verdade vai investigar, são imprescritíveis. E isso, apesar de a lei de anistia promulgada ainda no período da ditadura e por pressão de grupos que nunca foram julgados, dizer ao contrário.

Mário Augusto JakobskindÉ correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes – Fantástico/IBOPE

Primavera já virou outono | Direto da Redação – 10 anos

17/10/2011

A globalização da revolta

O ativista Kevin Young, da Organização por uma Sociedade Livre, dos EUA, uma das organizadoras da marcha “Ocuppy Wall Street”, relembrou o ensinamento de antigos militantes, segundo os quais "primeiro, eles ignoram você. Depois, eles riem de você. Em seguida, eles atacam você, e então você os vence".

Antonio Lassance

O que há de comum entre as mobilizações da Tunísia, Egito, Iêmen e Síria, com as do Reino Unido, Itália e Chile; Portugal e Grécia; as da Espanha com as dos Estados Unidos?
Muita coisa, mas vamos com calma. A lista de diferenças é ainda maior. Mesmo na Primavera Árabe, a Revolução Jasmim, da Tunísia, e a Revolução de Lótus, do Egito, floresceram em um mesmo terreno, mas são espécimes diversos.
Respeitadas essas diferenças, o que há de semelhante pode e deve ser considerado global. Há questões econômicas, sociais, políticas e culturais comuns.
A mais evidente é a indignação contra as desigualdades econômicas e sociais e a dominação política que as mantém e as faz aumentar. O slogan novaiorquino “somos os 99%” estampou a sensação de que a maioria vive no mundo da carência por se deixar dominar politicamente pelo 1% que vive no mundo da opulência. A mesma ideia ganhou diferentes expressões em todo os cantos. É um sentimento global compartilhado.
A crise internacional é um fator comum. Ela tem gerado a revolta contra o mundo das finanças, que mandou as pessoas desocuparem suas casas hipotecadas, nos Estados Unidos, que demitiu servidores públicos na Grécia, que desempregou em massa na Espanha. A inflação mundial, com tendência de crescimento, tem como uma de suas vertentes o encarecimento dos alimentos, que afeta mais diretamente a população pobre. Este foi um problema de fundo na Tunísia, no Egito e no Oriente Médio. A estagnação econômica elevou o desemprego e todos se perguntam por que os governos ajudam os bancos, mas não ajudam as pessoas em pior situação.
A maneira como os manifestantes foram tratados também tem traços em comum. Primeiro eles foram tidos por vozes isoladas; depois, provocadores, baderneiros, criadores de confusão. O governo sírio chamou os revoltosos de gangues. As autoridades britânicas também. O Partido Conservador cogitou criar um esquadrão especial antiprotestos e restringir o uso da internet, o que, convenhamos, são propostas para ditador algum botar defeito.
O ativista Kevin Young, da Organização por uma Sociedade Livre, dos EUA, uma das organizadoras da marcha “Ocuppy Wall Street”, relembrou o ensinamento de antigos militantes, segundo os quais "primeiro, eles ignoram você. Depois, eles riem de você. Em seguida, eles atacam você, e então você os vence".
Há uma revolta global contra a esclerose das referências políticas tradicionais. Isso vale para a Tunísia, o Egito, a Líbia, o Iêmen, mas também para a Europa, os Estados Unidos e o Chile. No caso das ditaduras, a esclerose estava associada à figura dos próprios ditadores. Ocorre o mesmo com Berlusconi, na Itália. Nos demais países, a esclerose é dos partidos, que não se renovam ou não empunham projetos alternativos, menos capazes ainda de encampar a defesa da igualdade.
As manifestações tiveram referências espontâneas, mas contaram com o apoio e o ativismo de várias organizações, algumas mais, outras menos consolidadas, mas todas essenciais para que a indignação tomasse as ruas. O desafio é justamente conseguir canalizar a energia de sua espontaneidade para referências políticas capazes de montar coalizões governantes e disputar projetos de poder em seus países.
Há mudanças demográficas globais em curso afetando principalmente jovens, mulheres e idosos. Surgiram novas formas de expressão cultural e novos hábitos de consumo de informação. Há uma revolta contra a velha mídia por conta da deturpação ou omissão de informações, do sarcasmo contra os pobres e da celebrização dos opressores.
As marchas desmentiram aqueles que por aí diziam que havia acabado a época das grandes mobilizações populares, e que as novas maneiras de protestar eram cada vez mais individuais e virtuais. A comunicação eletrônica, ou autocomunicação de massa (como diz Manuel Castells), deu fôlego às manifestações, facilitou a mobilização, protegeu ativistas, disseminou a revolta.
O feitiço virou-se contra o feiticeiro, e a tão propalada globalização agora ganha a forma de protesto, com cores muito diferentes, mas com um leve toque de jasmim.

Antonio Lassance é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política. As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente opiniões do Instituto.

Carta Maior – Antonio Lassance – A globalização da revolta

07/10/2011

A primavera árabe chega à américa

Filed under: Chile,Democracia made in USA,Primavera Árabe,Wall Street — Gilmar Crestani @ 7:53 am
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*OBAMA:  " Os manifestantes do ‘Ocuppy Wall Street’  expressam uma frustração mais ampla da sociedade  com o funcionamento do sistema financeiro" ** EUA:  centenas de ‘indignados’  montam acampamento nas imediações da Casa  Branca, em Washington** Chile: estudantes  desistem do falso diálogo com Piñera: 100 mil voltam às ruas (leia reportagem do correspondente em Santiago, Christian Palma)**Espanha: desempregados vão às ruas  de Madrid na marcha por  ‘mais emprego digno, menos arrocho’** Brasil: maior greve bancária das últimas duas décadas completa dez dias** cerca de 8.500 agencias estão fechadas** categoria quer 12,5% de reajuste; bancos lucraram 28% a mais em 2010 mas só oferecem 8%** segundo o Jornal Nacional da Globo: ‘greve dos bancários prejudica os idosos’** Executiva-nacional do PT  prepara  seminário sobre regulação da mídia *

A FORNALHA NORTE-AMERICANA ACUMULA VAPOR 
PARA O ESCRUTÍNIO DO COLAPSO NEOLIBERAL

5% de imposto sobre 270 mil ricos, que ganham mais de US$ 1 milhão por ano, financiaria programa de Obama de geração de vagas para 20 milhões de desempregados e subempregados, nos próximos anos, ao custo de US$ 450 bi. A proposta, apresentada no Senado pelos Democratas norte-americanos, deve acirrar o debate da crise na corrida sucessória de 2012. Eleição presidencial nos EUA acumula ingredientes para se tornar o palco planetário de um debate pedagógico  sobre o colapso neoliberal e o passo seguinte da história para superá-lo).

(Carta Maior; 6ª feira,07/10/ 2011)

Carta Maior – O portal da esquerda

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