Ficha Corrida

02/05/2015

Sartori, violência e insegurança é teu partido

Não está proibido de José Ivo Sartori fazer um bom governo. Tem tempo para isso. O problema é que os indícios deixados nestes quatro primeiros meses são desanimadores. Primeiro aquela história de aumentar o próprio salário. Depois a entrega de uma Secretaria à própria esposa. Depois, todo dia uma maldade para cima de uma categoria de servidores. Seja ameaçando parcelar salários, seja ameaçando tirar direitos.

A pá de cal, contudo, foi a contaminação com o PSDB. Como é sabido, José Ivo Sartori contou com o apoio e apoiou Aécio Neves. E assim se explica porque aumento o tráfico e a violência. O dinheiro da segurança pública está sendo investido em marketing na RBS. Apesar de todo o descalabro, não há uma nota sequer de cobrança do maior grupo de comunicação da região Sul. O compadrio entre PMDB e RBS é antigo. Vem pelo menos desde quando o cavalo do comissário entregou a CRT à RBS. A relação da RBS com políticos de baixa estatura ética e profissional já é folclórica. Não bastasse a simbiose vivida durante a ditadura, quando parasitava a ditadura e vice-versa, na democracia ensaiou participação nos governos de Antonio Britto, Germano Rigotto, Yeda Crusius e agora com Sartori. Paralelamente mas não afastados do mesmo projeto, foi desovando suas serpentes nos mais variados partidos que pôde alugar. Brito no PMDB, Zambiasi no PTB, Ana Amélia Lemos no PP gaúcho, Lasier Martins na mais recente sigla de aluguel, o PDT.

A questão da segurança pública está entregue, pelo que se pode ver nos noticiários (chacinas, ônibus incendiados) ao PCC. Narcotráfico e PCC são fatos caros à parceria com o PSDB. Ou será mero acaso que o balaio de siglas que o apoiou estão envolvidas no helipóptero e no berço do PCC?! Já tivemos um governador próximo à RBS que era um notório consumidor de pó, agora a manada secundada pela égua madrinha da RBS está vendo a segurança de nosso Estado virando pó. Como diria o José Serra, no famoso artigo perpetrado pelo Mauro Chaves no Estadão: Pó pará, governador!

Situação da segurança no governo Sartori está caótica, advertem policiais

Isaac Ortiz: "A situação da segurança pública no Rio Grande do Sul hoje é caótica. Estamos assistindo gradual e aceleradamente o crescimento da violência em nosso Estado, presenciando coisas que a gente não conhecia, como chacinas, ataques com incêndio de ônibus, execuções dentro de ônibus, morte de criança por bala perdida".  Foto: Guilherme Santos/Sul21

Isaac Ortiz: “A situação da segurança pública no Rio Grande do Sul hoje é caótica. Estamos assistindo gradual e aceleradamente o crescimento da violência em nosso Estado, presenciando coisas que a gente não conhecia, como chacinas, ataques com incêndio de ônibus, execuções dentro de ônibus, morte de criança por bala perdida”. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Marco Weissheimer

Os cortes de horas extras, diárias e de custeio estão provocando uma situação caótica na segurança pública do Rio Grande do Sul, aumentando a criminalidade e colocando em risco o bem estar e a vida da população. O alerta é da direção do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm), ao analisar os quatro primeiros meses do governo de José Ivo Sartori (PMDB). Em entrevista ao Sul21, Isaac Ortiz e Fábio Nunes Castro, presidente e vice do sindicato, respectivamente, criticam a opção pelos cortes na segurança sem apresentar nenhuma política para o enfrentamento da criminalidade. “Estamos assistindo gradual e aceleradamente o crescimento da violência em nosso Estado, presenciando coisas que a gente não conhecia, como chacinas, ataques com incêndio de ônibus, execuções dentro de ônibus, morte de criança por bala perdida”, diz Isaac Ortiz.

“Não se conhece qual é o projeto de segurança pública deste governo para os próximos quatro anos. Não há nenhum plano para enfrentar esses tipos de crimes que o Ortiz mencionou: ônibus incendiado, execução dentro de ônibus…”, acrescenta Fábio Castro. Na avaliação do Ugeirm, essa política é insustentável e vem provocando uma grande mal estar entre os servidores da área da segurança. “Na segurança pública, assim como na saúde, estamos lidando com vidas. Então, não se economiza nestas áreas. Cabe ao governante identificar o que se precisa e ir atrás dos recursos para satisfazer essas demandas e impedir que as pessoas morram”, defende Ortiz. E adverte: “se o governo fizer esse pacote que está cogitando para a área da segurança e para o serviço público em geral, vai enfrentar uma reação parecida com a que aconteceu no Paraná. Pode ter certeza disso”.

Sul21: Qual é, na sua avaliação, a situação da segurança pública no Rio Grande do Sul e, em particular, a situação dos servidores da área, que estão trabalhando com uma nova realidade a partir das decisões do atual governo de cortar diárias e horas extras?

Isaac Ortiz: A situação da segurança pública no Rio Grande do Sul hoje é caótica. Estamos assistindo gradual e aceleradamente o crescimento da violência em nosso Estado, presenciando coisas que a gente não conhecia, como chacinas, ataques com incêndio de ônibus, execuções dentro de ônibus, morte de criança por bala perdida. Isso tudo está acontecendo hoje no Rio Grande do Sul. Em contrapartida, não se vê uma reação do governo para combater essa criminalidade crescente. O governo deveria vir a público e anunciar iniciativas para coibir essas práticas. O que vemos, porém, é o contrário. O governo vem a público, faz uma caravana nas nove cidades-polo do Estado, para dizer que não tem dinheiro e não tem o que fazer. Isso é o que se viu do governo até aqui.

"Quanto mais o governo diz que não tem condições para agir, que não tem dinheiro para hospital, que não tem dinheiro para educação nem para a segurança pública, a criminalidade avança porque ela tem o seu poderio de fogo".  Foto: Guilherme Santos/Sul21

“Quanto mais o governo diz que não tem condições para agir, que não tem dinheiro para hospital, que não tem dinheiro para educação nem para a segurança pública, a criminalidade avança porque ela tem o seu poderio de fogo”. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Com isso, a criminalidade se organiza e cresce. Quanto mais o governo diz que não tem condições para agir, que não tem dinheiro para hospital, que não tem dinheiro para educação nem para a segurança pública, a criminalidade avança porque ela tem o seu poderio de fogo. O Estado, que deveria ser o responsável para coibir esse poder de fogo, não está fazendo nada, está achando normal. Na segurança pública, assim como na saúde, estamos lidando com vidas. Então, não se economiza nestas áreas. Cabe ao governante identificar o que se precisa e ir atrás dos recursos para satisfazer essas demandas e impedir que as pessoas morram. Na segurança pública, é preciso buscar recursos para a prevenção e para a punição posterior se o crime ocorreu.

No caso da polícia militar é um absurdo o que fizeram com o corte de horas extras, que já representavam uma miséria.

Sul21: Qual o valor dessa hora extra?

Isaac Ortiz: Vinte e poucos reais, não passa disso. Essa medida impede que os policiais, além de suas seis horas diárias, trabalhem mais algumas horas para a população. Sem as horas extras, o policial vai buscar o bico. Essa economia acaba custando a vida de pessoas. Hoje [a entrevista concedida no dia 20 de abril] eu ouvi o secretário da Segurança falando que o efetivo da Brigada é este. Mas tem dois mil concursados da Brigada aguardando para frequentar a academia. Nós, na Polícia Civil, temos 650 concursados para cursar a academia. Leva de seis a sete meses para a formação desse policial. Quanto mais você atrasa a chamada desse pessoal para começar a fazer a academia, mais tempo vai levar para ele começar a prestar serviço à população.

O governo do Estado é eleito para apresentar soluções para os problemas que a população enfrenta e não para dizer que não sabe o que fazer ou que não tem como fazer. Nós não elegemos um governante para ele nos dizer isso. Se é isso o que ele tem a dizer nem deveria ter participado das eleições. Elegermos um governador para resolver os problemas que temos na saúde, educação e segurança pública.

Sul21: Como é que esses cortes estão impactando o dia-a-dia do trabalho dos policiais e dos demais servidores da área da segurança?

Isaac Ortiz: Com o corte de custeio, daqui a pouco não vamos conseguir manter nem um serviço básico e importantíssimo para as delegacias que é a limpeza. O governo está atrasando o pagamento para terceirizadas desta área. Corte de custeio significa também não comprar mais papel, tinta para a impressora, diversos equipamentos, não ter manutenção nas viaturas. Tudo isso está impactando o dia-a-dia do trabalho dos policiais. Grandes operações estão deixando de ser feitas porque elas necessitam de planejamento e investigação. Como fazer isso sem horas extras, sem dinheiro para diárias ou para a gasolina e óleo diesel? Não tem como funcionar. O dia-a-dia dos policiais está sendo muito ruim. A gente tem conversado com o pessoal e eles têm manifestado uma sensação de impotência muito grande. O que eles podem fazer é trabalhar mais de graça para o Estado. Já estão fazendo isso, aliás.

Os policiais civis trabalham em média, especialmente nas delegacias especializadas e nas delegacias do interior que têm pouca gente, 200 horas a mais por mês do que a sua carga horária normal. E não recebem por isso. Nós estamos alertando que isso representa um risco para a população. A gente não vê o governo fazendo uma reunião com a área da segurança para definir uma política de enfrentamento à criminalidade.

Fábio Castro: Não se conhece qual é o projeto de segurança pública deste governo para os próximos quatro anos. Nenhum projeto importante na área da segurança pública foi apresentado até agora." Foto: Guilherme Santos/Sul21

Fábio Castro: Não se conhece qual é o projeto de segurança pública deste governo para os próximos quatro anos. Nenhum projeto importante na área da segurança pública foi apresentado até agora.” Foto: Guilherme Santos/Sul21

Sul21: Não houve nenhuma reunião com as entidades dos servidores da área da segurança?

Isaac Ortiz: Nada. Tivemos uma conversa com a chefia de Polícia e uma conversa com o secretário, mas que não definiram nada. Quem tem a chave do cofre é o governador e o secretário Feltes. Tudo passa por eles, que não liberam nada.

Fábio Castro: Não se conhece qual é o projeto de segurança pública deste governo para os próximos quatro anos. Nenhum projeto importante na área da segurança pública foi encaminhado até agora para a Assembleia. Há apenas alguns projetos cosméticos com modificações e unificação de alguns órgãos internos. Mas não há nenhum plano para enfrentar esses tipos de crimes que o Ortiz mencionou: ônibus incendiado, execução dentro de ônibus…

Sul21: Na avaliação de vocês, esses casos estão relacionados aos cortes na segurança pública?

Fábio Castro: Com certeza. A segurança pública tem problemas históricos. Seria uma injustiça dizer que esses problemas foram criados pelo atual governo. Mas se não existe uma política de segurança, abre-se a porta para todo tipo de criminalidade. É óbvio que, com menos policiamento na rua, a criminalidade se sente estimulada.

Isaac Ortiz: Há um exemplo sobre isso. No final do governo Tarso, houve o caso daqueles chamados toques de recolher na zona norte de Porto Alegre. Na época, o governo instalou um posto móvel da Brigada e colocou policiais 24 horas por dia na área. Os brigadianos fazem o que podem, mas hoje, com os cortes, não teríamos policiamento para colocar lá. O governo precisa ter capacidade de reação diante desses casos concretos. Não pode simplesmente dizer que não tem dinheiro. Quarteis de bombeiros fecharam as portas pela falta de horas extras. Dois quarteis de bombeiros foram fechados na região carbonífera do Estado por essa razão. O governo não pode esquecer que isso coloca em risco a vida de pessoas.

"A chacina que ocorreu recentemente em Cidreira, com a morte de seis jovens, deveria ter mobilizado uma força tarefa e merecia alguma declaração do governador e do secretário de Segurança. O governador parece nem saber que aconteceu uma chacina".  Foto: Guilherme Santos/Sul21

“A chacina que ocorreu recentemente em Cidreira, com a morte de seis jovens, deveria ter mobilizado uma força tarefa e merecia uma declaração do governador e do secretário de Segurança. O governador parece nem saber o que aconteceu”. Foto: Guilherme Santos/Sul21

A cada crime que acontece tem que haver uma reação do Estado para identificar quem cometeu esses crimes. A chacina que ocorreu recentemente em Cidreira, por exemplo, deveria ter mobilizado uma força tarefa e merecia alguma declaração do governador e do secretário de Segurança. O governador parece que não está no Rio Grande do Sul, aparenta nem saber que ocorreu uma chacina que vitimou seis jovens. Ao invés disso, fica fazendo piadas na mídia. Não tenho nada contra piadas, mas quem perde um familiar quer ouvir outra coisa, especialmente de quem chefia o governo.

Outro exemplo é o dos trabalhadores que trabalham no shopping ali no bairro Menino Deus e que não aguentam mais os assaltos naquela região. Recentemente mataram um trabalhador ali também. Qual é a providência que o governo está tomando em relação a esses problemas. Parece que está cego, surdo e mudo. A única coisa que está fazendo é percorrer o Estado dizendo que não tem dinheiro. Ao invés disso, o governo deveria estar percorrendo o estado dizendo que tem um plano, tem um projeto para resolver esses problemas.

Sul21: Vocês chamaram um dia de paralisação agora para o dia 28. Qual é o objetivo desse ato e como ele ocorrerá? E qual é a estratégia das diversas categorias de servidores da segurança diante das medidas do atual governo?

Isaac Ortiz: Há dois momentos importantes aí que devem ser destacados. No dia 21 de abril deveriam ter sido publicadas as nossas promoções, o que não ocorreu. O governo sequer indicou uma data para a publicação dessas promoções. E o 30 de maio é o último dia para o pagamento da primeira parcela do subsídio para a Polícia Civil, a Brigada Militar e a Susepe. Nós estamos nos mobilizando e já lançamos uma carta à população alertando sobre o que está acontecendo na Segurança Pública do Estado. O objetivo dessa paralisação do dia 28 é chamar a atenção da sociedade sobre isso que está ocorrendo e dizer que precisamos nos organizar. A sociedade deve ir para as Câmaras de Vereadores e prefeituras de seus municípios, e exigir de seus deputados que cobrem do governo uma reação a essa situação de total insegurança que estamos vivendo no Rio Grande do Sul.

Como o Fábio falou, não estamos dizendo que isso é culpa exclusiva desse governo, mas ele precisa reagir e fazer alguma coisa, afinal foi para isso que foi eleito. Não basta ficar parado dizendo que não tem dinheiro. A crise é muito séria. Nós que estamos dentro da área da segurança pública sabemos o que está acontecendo dia-a-dia em Porto Alegre e em outras cidades do Estado. O governo tem que vir a público e mostrar um plano para enfrentar essa situação.

Sul21: Isso nunca foi discutido nas reuniões que vocês tiveram com a Secretaria da Segurança Pública?

Isaac Ortiz: Tivemos uma reunião com o secretário da Segurança e com o chefe de Polícia, além de uma conversa com o chefe da Casa Civil. Todos disseram que estavam engessados pela questão orçamentária.

"Se o governo fizer esse pacote que está cogitando para a área da segurança e para o serviço público em geral , vai enfrentar uma reação parecida com a que aconteceu no Paraná. Pode ter certeza disso".  Foto: Guilherme Santos/Sul21

“Se o governo fizer esse pacote que está cogitando para a área da segurança e para o serviço público em geral , vai enfrentar uma reação parecida com a que aconteceu no Paraná. Pode ter certeza disso”. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Fábio Castro: O governo alega falta de recursos para fazer qualquer coisa. O problema se agrava na medida em que, além do problema da insegurança e do aumento da criminalidade, os servidores sofrem um clima de terrorismo permanente inclusive em relação ao salário de cada mês. Todo mês há uma insegurança sobre se os salários serão pagos em dia ou não, a ponto de termos sido obrigados a ingressar na Justiça, junto com outras entidades da segurança pública para evitar o parcelamento dos salários. As ameaças de atrasos e parcelamentos, a não publicação das promoções, as notícias sobre a possibilidade de revisão dos critérios de aposentadoria, tudo isso cria um ambiente e insatisfação e insegurança para quem já tem uma profissão extremamente estressante. Nós queremos o diálogo com o governo, mas um diálogo que aponte para alguma solução e não simplesmente para a repetição do discurso de que não há dinheiro. Nós não vamos aceitar a retirada de direitos.

Isaac Ortiz: O que estamos vendo com esses cortes de recursos é que os maiores prejudicados são os setores mais carentes da população. Não que as pessoas que tenham posses estejam livres do problema da insegurança. Vão sofrer também, pois a criminalidade vem em todos os níveis. Mas quem sofre mais é quem tem menos recursos e não tem condições de contratar uma segurança particular. Não há dúvida, porém, que todos vão sofrer com esse corte brutal de recursos na segurança pública.

O que é preciso dizer também é que, se o governo fizer esse pacote que está cogitando para a área da segurança e para o serviço público em geral , vai enfrentar uma reação parecida com a que aconteceu no Paraná. Pode ter certeza disso. E nem vai depender de nós chamarmos a mobilização. A revolta vai ser natural. Infelizmente o nosso governador parece não estar dando bola para isso. Estamos muito preocupados com toda essa situação, mas essa preocupação não pode ser só dos policiais, tem que ser de toda a sociedade.

Sul21: Como será a paralisação do dia 28?

Isaac Ortiz: "O responsável por essa situação é o governador José Ivo Sartori, que precisa dizer a que veio". Foto: Guilherme Santos/Sul21

Isaac Ortiz: “O responsável por essa situação é o governador José Ivo Sartori, que precisa dizer a que veio”. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Isaac Ortiz: Toda a categoria está conclamada a participar dessa mobilização. Os policiais civis estarão paralisados das 8h30 às 18h. Neste período não deve haver circulação de viaturas. Todas devem ser mantidas paradas no órgão a que pertencem. Também não haverá cumprimento de mandados de busca e apreensão, mandados de prisão, operações policiais, serviço cartorário, entrega de intimações, oitivas, remessa de inquéritos ao Judiciário e demais procedimentos de polícia judiciária. As delegacias e plantões só atenderão os flagrantes e casos de maior gravidade tais como: homicídio, estupro, ocorrências envolvendo crianças e adolescentes e lei Maria da Penha, além daquelas ocorrências em que os plantonistas julgarem imprescindível a intervenção imediata da polícia civil.

Os agentes devem se concentrar em frente aos seus locais de trabalho, prestando o apoio necessário aos colegas que estiverem de plantão no dia da paralisação e esclarecendo a população sobre os motivos do movimento paredista. Em Porto Alegre, a direção do Sindicato vai se concentrar na Área Judiciária, no Palácio da Polícia. As direções das entidades de servidores da Brigada e da Susepe também estão apoiando o nosso movimento. Não vão paralisar neste dia, mas também estão construindo a nossa mobilização. Essa paralisação não é para prejudicar a população, mas sim para mostrar para quem ainda não se deu conta o que está acontecendo com a Segurança Pública no Rio Grande do Sul. O responsável por essa situação é o governador José Ivo Sartori, que precisa dizer a que veio.

Situação da segurança no governo Sartori está caótica, advertem policiais – Sul 21

01/05/2015

PSDB odeia quem consome pó… de giz!

beto richa paranáFui professor, no início dos anos 90, por apenas um ano e meio. No Colégio Anchieta, de classe média alta, de Porto Alegre. Foi o suficiente. Salário baixo e filhos mimados de classe média não é para fracos como eu. Ter de ouvir de uma aluna que “lá em casa quem usa calça jeans é a empregada” não é nada.

Os preconceitos sociais na classe média é algo de corar estátua de pedra. A mentalidade classe merdia é de que as políticas públicas destinadas às classes menos favorecidas farão com que escasseie o filé no seu strogonoff. Devido à minha primeira formação, Letras/UFRGS, mantenho contato com professores. São valorizados apenas em época d eleição. Depois, virem-se. Vi com bons olhos o lema do segundo mandato da Dilma. Ela contava e, por certo, ainda conta com o pré-sal, mas as sucessivas tentativas de inviabilizar a Petrobrás não é por outro motivo senão o de inviabilizar o Estado-Nação.

Fosse pela corrupção, todos os partidos mencionados teriam seus membros presos. Por enquanto a pergunta que fica, por que só o PT? Por causa da eleição de 2018. A direita brasileira, encabeçada pelos grupos mafiomidiáticos liderados pela Rede Globo & RBS estão empenhados em derrubar um ex-presidente. LULA! Querem por todas as formas fazer pó do Lula para que o PSDB possa cheira-lo completamente.

Dever de casa com o vampiro de Curitiba

Hei de vencer, mesmo sob as bombas e as porradas do governo Beto Richa ou Rixa (PSDB) na capital paranaense

Xico Sá 1 MAY 2015 – 09:32 BRT

Hei de vencer, mesmo sendo professor. O mantra do adesivo que circulava em muitos fusquinhas dos anos 1970 e 80 está mais em voga do que nunca. Hei de vencer, vejo aqui no retrovisor da infância, Grupo Escolar Virgílio Távora, o mantra dos mestres estampado em uma faixa gigante na praça dos Ourives, Juazeiro do Norte.

Hei de vencer, mesmo sob as bombas e as porradas do governo Beto Richa ou Rixa (PSDB) na capital paranaense. Hei de vencer, mesmo depois de uma longa greve, uma quaresma, que o tucano Geraldo Alckmin define simplesmente como novela —parte da imprensa também lista o protesto no gênero ficção, acredite sem-querer-querendo, meu brother Jack Palance.

OUTROS ARTIGOS DE XICO SÁ

Hei de vencer, mesmo que pancadaria braba e covarde seja chamada tecnicamente de “confronto” nas emissoras de rádio e TV. Hão de pensar: se o cão, mesmo policial, mordeu o homem, no caso o cinegrafista Luiz Carlos de Jesus (TV Band), ainda não é lá essas notícias. Afinal de contas, o conceito clássico de notícia, como aprendemos na faculdade, é quando o homem morde o cachorro.

Hei de vencer, mesmo sendo professor em qualquer ponto desta terra que já foi a pátria de chuteiras e agora se propõe, ainda somente no slogan publicitário, uma pátria educadora. Hei de vencer, ilustríssimo Paulo Freire, mesmo sendo terceirizado e não mais dono do meu próprio suor para vendê-lo sem atravessadores, como tu já discutias, método por método, ti-jo-lo por ti-jo-lo, ainda em tempos mobrais.

Hei de vencer, professor Darcy Ribeiro, mesmo copiando, como em um antiditado construtivista, a sua lição de coisas mais conhecida:

"Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu".

Vampiro de Curitiba

Hei de vencer, mesmo que tenha que convocar o “vampiro de Curitiba”, o perverso Nelsinho, personagem clássico do escritor Dalton Trevisan, para explicar como o sr. Rixa pode ser tão sádico com a turma do pó de giz. Só o vampiro, vagando pela madruga fria do Centro Cívico, é capaz de reconstituir o crime e explicar, tintim por tintim, miúdo humano por miúdo humano, a sanguinolenta pedagogia aplicada.

Hei de vencer, mesmo sendo professor em qualquer ponto desta terra que já foi a pátria de chuteiras e agora se propõe, ainda somente no slogan publicitário, uma pátria educadora

Estava escrito nos contos de Trevisan, curtos como os salários professorais, todo esse Boletim de Ocorrência. Um B.O. à maneira de Nelsinho talvez explicasse tudo, afinal de contas o vampiro, na sua ambivalência permanente, sempre fica entre o estranho e o familiar. É familiar que um governo tipo Rixa trate assim os professores: é estranho, mas necessário, que a gente ainda se espante e rejeite enxergar com a lente fumê da banalidade.

Hei de vencer, mesmo sob a tonfa de uma gestão “desgracida”. Até parece frase, embora este cronista seja um péssimo aluno de redação e estilo, do professor Dalton, mestre dos meninos e velhos contistas. Donde tonfa —“ai que saudade da professorinha que me ensinou o beabá”—, venha a ser o popularíssimo cassetete, pedagogia de quem força na marra o ajoelhamento no milho da humilhação política.

Agora de forma mais didática, repare como começa essa história de tonfa, na boca de um dos comandantes da PM paranaense:

"Se precisar usar a tonfa, é por baixo! Nada de sair girando por cima", deu ordens aos espartanos.

Problema é que, no “confronto”, sabe cumequié, meu caro vampiro de Curitiba, a tonfa acaba atingindo os elementos docentes em partes indesejadas da anatomia e não apenas nos membros inferiores, conforme orientação inicial à tropa.

Hei de vencer, mesmo dando a cara a bater aos corretos portadores de tonfa. Hei de vencer, mesmo que chova bombas de helicópteros.

Tonfa neles

Quem essa professorada pensa que é, só porque dá aulas neste país de analfas, só por ensinar alguma coisa… Sabe-se lá o que passa em sala, deve ensinar um comunismo medonho às pobres criaturas indefesas. Coitada das criancinhas. Eu poderia estar por ai protestando, bando de vagabundo, cada abusadinho desses ganha muito mais que eu, no entanto sigo na lida, na trabalheira, com farda ou na base do bico… Desço a tonfa mesmo, sem dó nem piedade, quem manda vandalizar o coreto?

Hei de vencer, mesmo diante do pensamento reto de qualquer soldado PM anônimo que vira herói imediato dos comentaristas de portais da Internet.

Hei de vencer, mesmo que pancadaria braba e covarde seja chamada tecnicamente de “confronto” nas emissoras de rádio e TV

Exclamações sangrentas nas manchetes dos jornais clamam por “Confronto”. Hei de vencer, mesmo eu entrando com a face e o PM com a tonfa, hei-de.

Tonfa neles, por baixo, por cima… Hoje a tonfa vai comer solta. Não foi por falta de aviso. Vai protestar, que deixe sua cabeça em casa. Hoje não tem selfie policial, só tonfa na confa —o mesmo que porrada, correria e confusão—, como o Nelsinho, o vampiro de Curitiba, sempre ele, descreveria o ocorrido no seu distrito.

Por pouco a confa não sobra mesmo até para o vampiro. Conhecendo o cara minimamente, deveria estar na área do “confronto”, na cobiça de uma normalista linda, óbvio. O vampiro tarado busca alimentar seu desejo nos lugares mais impróprios, independentemente das ordens expressas dos sangues de barata de todas as patentes, ideologias, religiões e credos.

O próprio criador, seu Dalton, reza a lenda, flanou, sob a proteção de um boné abaixado e com passadas largas do velho pisante Vulcabrás, no meio da carnificina. No seu raro passeio anual pela cidade, como o mais anônimo dos curitibanos, ninguém deu conta do vencedor do Prêmio Camões de literatura. Seu Dalton afina a surdina existencial todas as manhãs com o canto das corruíras. De tão discreto, seu Dalton nem chorou com gás lacrimogênio.

E por falar em testemunhas oculares da história, quem também deu pinta na área do “confronto” foi o escriba Guilherme Caldas. Saiu para investigar comidinhas de baixa gastronomia, especialidade do seu blog na “Gazeta do Povo”, e voltou com o melhor retrato do sanguinolento ocorrido:

“Gente ferida e assustada, um governador, digamos assim, desonesto, muita sujeira espalhada, incluindo cápsulas de escopeta e de invólucros de bombas molhados pela chuva do começo da noite. No meio daquele final de confusão, encontrei um amigo indignado com, entre outras coisas, a pipoca a R$ 5: “até o pipoqueiro metendo a mão na gente!”.

Hei de vencer, mesmo diante do pensamento reto de qualquer soldado PM anônimo que vira herói imediato dos comentaristas de portais da Internet

Calma, amigos do vampiro, o cronista que combate o raio gourmetizador, ali no meio da confa da tonfa, topou também, graças a Deus, com o Donizete, o Rei do Espetinho, que, alheio às pressões econômicas do momento, vendia seus sapecados de carne, linguiça, frango e coração a R$ 2. Donizete, autêntico habitante daquela Daltolândia, disse mais: só vai ao Centro Cívico em dias de bafafás, greves e protestos. No que o Caldas, safo, se saiu:

“Pedi um de frango, paguei e tomei rumo. Num dia com tantas coisas ruins, o tempero do Rei do Espetinho estava bom”.

Hei de vencer. Não me pergunte como. Hei de vencer, mesmo sendo o professor, naturalmente, um para-raio de tonfas e vampiros.

Xico Sá, jornalista e escritor, publicou “Big Jato” (editora Companhia das Letras), entre outros livros.

Xico Sá: Dever de casa com o vampiro de Curitiba | Opinião | EL PAÍS Brasil

01/01/2015

Liberdade de imprensa à moda mineira

E, de repente, Andrea Neves está com a torneira mais seca que as dos paulistas. Aécio tem um jornal pra chamar de seu. Ganhou algumas rádios do tio Sarney, mas não as ouve porque vive no Rio. Fiquei curioso com a informação de que em Minas há grandes grupos de mídia. Minha curiosidade aumenta diante do sumiço do helicóptero com 450 kg de cocaína.

Ah, sim, nenhum dos tantos grupos de mídia ainda havia revelado a fabricação em série de aeroportos em terras da famiglia Neves. Por que, sendo de Minas, da terra de uma família famosa na política, não informaram? Mesmo sendo de lá não sabiam ou, pior, sabiam mas não informavam porque a informação é um negócio que cujo preço pode-se resolver com dinheiro público?

De que servem tantos grupos de mídia se para o essencial, que é informação, não servem?

Ou, como diria Al Capone: Business is busness.

Imprensa mineira: por quem os sinos dobram, por Ângela Carrato

qui, 01/01/2015 – 14:07

do Observatório da Imprensa

Imprensa mineira: por quem os sinos dobram

Por Ângela Carrato

Depois de terem participado ativamente das eleições em apoio ao candidato oposicionista Aécio Neves (PSDB), os principais jornais mineiros dão início a uma espécie de “caça às bruxas” assediando, constrangendo, ameaçando e demitindo jornalistas que não rezam pela cartilha tucana. Desta vez, as ameaças não partiram da irmã do candidato e antes todo-poderosa controladora da mídia no estado, Andrea Neves, mas das próprias empresas. Aliás, estas empresas vivem um “drama” inédito nas últimas seis administrações: continuar apoiando o governo ou partir para a oposição?

A dúvida deve ser mesmo um tormento para elas. O maior grupo de mídia no estado, Diários Associados (Estado de Minas, TV Alterosa, rádio Guarani e portal Uai) em seus mais de 70 anos, uma única vez esteve na oposição, durante o governo Newton Cardoso (1987-1991), mesmo assim porque o governador cortou uma série de regalias e apoios que a empresa recebia por debaixo do pano.

Se o jornal Estado de Minas manteve a posição de apoio total às administrações de Hélio Garcia, Itamar Franco e Eduardo Azeredo, foi a partir do tucano Aécio Neves (2003) que este apoio transformou-se em adesão incondicional. Além de possuir ações da S/A Estado de Minas herdadas do avô, Tancredo Neves, Aécio tornou-se íntimo do principal executivo do grupo, Álvaro Teixeira da Costa que, nas últimas eleições, extrapolou todas as medidas para respaldar o amigo e candidato.

Enquanto o jornal Estado de Minas denunciava o suposto “aparelhamento” promovido pelo PT, considerava “natural” que seu dirigente subisse no palanque de Aécio Neves, abrisse, nas dependências da TV Alterosa, um comitê de campanha do tucano e, como se isso não fosse suficiente, ainda “convidasse” os funcionários para participar de ato público em apoio à candidatura de Aécio, na Praça da Liberdade. Detalhe: para demonstrar apoio, esses funcionários deveriam comparecer trajando azul e amarelo, as cores tucanas.

Novos “cortes”

O convite circulou na empresa em forma de comunicação interna enviada pelo setor de recursos humanos, mas comparecer tornou-se condição sine qua non para continuar gozando da “confiança” do patrão. Pressionados pela sobrevivência, ninguém reclamou, mas o absurdo chegou ao Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais (SJPMG) que, em nota, esclareceu que nenhum jornalista ou profissional é obrigado a participar deste tipo de atividade.

O editor de Cultura do Estado de Minas, João Paulo Cunha, era um dos poucos a conseguir manter, em seu trabalho, posição equidistante da militância tucana preconizada pela direção da empresa. Tanto que o suplemento “Pensar”, que circula aos sábados, junto com a edição regular do jornal, tornou-se uma espécie de “oásis”: reunia colaboradores de tendências, gostos e credos diversos, publicando artigos e promovendo discussões sintonizadas com o que de melhor acontecia no país e no mundo em matéria de cultura, arte, psicanálise, meio ambiente, comportamento e, naturalmente, política.

Na segunda-feira (15/12), João Paulo foi “convidado” a deixar o jornal. Sua permanência ficaria condicionada a não mais abordar assuntos “políticos” na coluna que assinava no suplemento. Pelo visto, a direção dos Associados não gostou do artigo dele publicado em 6 de dezembro, intitulado “Síndrome de Capitu“, no qual afirmava que o Brasil já definiu, nas urnas, quem é situação nos próximos quatro anos, mencionando que faltava ao país, agora, ter uma oposição consequente. A referência, óbvia, era às posições golpistas estimuladas e assumidas por Aécio Neves, inconformado com o resultado das urnas (ver, neste Observatório, “Campo minado para pensar“).

Jornalista e intelectual brilhante, João Paulo deixou o jornal. As demissões no Estado de Minas, pelo que se sabe, não vão parar aí. A empresa estaria esperando apenas vencer os três meses de estabilidade que constam da última convenção de trabalho dos jornalistas. Em outras palavras, a partir de janeiro novos “cortes” devem acontecer.

A maior tiragem

A situação financeira do Estado de Minas e dos Diários Associadas não é nada tranquila. Carro-chefe do condomínio até pouco tempo, o Estado de Minas tem visto sua receita minguar de forma tão acelerada quanto a perda de leitores. Para uma publicação que alardeava ser “o grande jornal dos mineiros”, de uma tiragem oficial de 75 mil exemplares diários, atualmente 60% encalham nas bancas. De acordo com a pesquisa “Democratização da Mídia”, realizada pela Fundação Perseu Abramo, do Partido dos Trabalhadores (PT), divulgada em agosto de 2013 e confirmada por pesquisa do Ibope realizada no mesmo ano, o jornal alcança 1,3% dos leitores brasileiros, concentrados na região Sudeste, mais precisamente na capital mineira e Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Mas se a questão é cortar custos, o Estado de Minas poderia reduzir a tiragem e investir em jornalismo de qualidade, disponibilizando o conteúdo em suportes diversos. Certo? A empresa não pensa assim. Tanto que prefere manter a perda diária de 60% para sustentar artificialmente os preços que cobra dos anunciantes.

De olho nos erros do concorrente, o jornal O Tempo tem avançado no que antes era considerado “propriedade” do Estado de Minas: os anúncios classificados. O encolhimento dos classificados do EM contrasta com o vigor dos pequenos anúncios no tabloide sensacionalista Super e no semanário Jornal da Pampulha, ambos da Sempre Editora, que publica O Tempo.

Criado em meados da década de 1990 pelo empresário e político Vittorio Medioli – na época, deputado federal pelo PSDB – O Tempo nunca escondeu a pretensão de desbancar os Associados. Disposição acentuada depois de Medioli ter sido alvo de campanha dos Associados contra seus negócios (entre outras atividades, é dono da poderosa Sada, que faz transportes de veículos para a Fiat, Volkswagen, General Motors, Peugeot e Citroën). O carro-chefe da Sempre Editora, no entanto, é o Super, a publicação com maior tiragem no país, tendo superado os tradicionais O Globo e Folha de S.Paulo, com mais de 270 mil exemplares diários.

Pauta dirigida

Por uma questão de marketing, os veículos da Sempre Editora depois de anos fazendo campanha contra as administrações petistas em municípios mineiros e no Estado, agora parecem dispostos a manter certa equidistância do oposicionismo. Prova disso é que, na última campanha eleitoral, essas publicações foram as únicas a mencionar, com um mínimo de equilíbrio, as atividades de todos os postulantes à presidência da República e ao governo de Minas. Para os profissionais que lá trabalham, no entanto, o maior problema é que os dirigentes da Sempre sonham em fazer jornal sem jornalista, com os “enxugamentos” sendo frequentes. Lá também, novos “cortes” devem acontecer a partir de janeiro.

Dos grupos de mídia em Minas, a Sempre é a única que possui sólida saúde financeira. Aliás, apenas 6% da receita dos negócios de Medioli provêm da editora, o que lhe garante considerável autonomia frente a governos.

Dos três principais jornais mineiros, o Hoje Em Dia é, sem duvida, o que mais oscilações têm experimentado. Criado por Newton Cardoso em 1989, para enfrentar os Associados, a publicação foi vendida para o empresário Edir Macedo, da Igreja Universal em 1991, pouco depois de deixar o governo. De lá para cá, o jornal passou por sucessivas crises, com reflexos na linha editorial e na tiragem. Crises que abalaram o interesse de Macedo pela publicação que acabou sendo vendida para o Grupo Bel, do empresário Marco Aurélio Jarjour e filhos.

Jarjour possui sete emissoras de rádio, a concessão de dois canais fechados de TV, atua no setor de diversões (boate Na Sala) e no de grandes shows, disposto a ampliar a aprofundar seus negócios em mídia. Para tanto, contava com a vitória de Aécio Neves para a presidência da República e não mediu esforços para ajudar o tucano.

Estes esforços redundaram em exemplos do que de pior pode ser feito por um jornal. Na tentativa de desmoralizar a presidente Dilma Rousseff, candidata do PT à reeleição, o comitê tucano divulgou denúncia de que o que o irmão dela teria sido funcionário fantasma da Prefeitura de Belo Horizonte, entre 2003 e 2009. Imediatamente, o Hoje Em Dia enviou repórter à pequena cidade de Passa Tempo (oito mil habitantes), no interior de Minas, para apurar a denúncia.

Até aí, tudo certo. O papel da mídia é apurar. O problema é que o repórter verificou que Igor Rousseff, o único irmão da presidente, não foi funcionário fantasma. No período em questão, trabalhava durante a semana na capital mineira e ia aos sábados e domingos para Passa Tempo, onde fixou residência depois da aposentadoria.

Manchete desmentida

A história de Igor foi confirmada por todos na cidade. Do dono da mercearia ao motorista da linha de ônibus que faz o trajeto entre a capital mineira. Ao invés de ver a matéria publicada tal como foi apurada, o repórter foi surpreendido ao ver seu texto alterado, nele incluída e destacada a fala de um vereador tucano, o único a “confirmar” que Igor não morava lá. A desmoralização maior para o HD veio com a publicação de reportagens sobre o assunto pela Folha de S.Paulo e Estado de S.Paulo que literalmente desmentiam a publicação.

Assinada pelo repórter Diego Zanchetta e datada de 27 de outubro, a reportagem do ESP, por exemplo, apresenta Igor como ex-hippie, adepto do budismo e pessoa desprendida das coisas materiais. Avesso a qualquer tipo de badalação e residindo em uma casa simples, com um fusca verde na garagem, ele tenta, no momento iniciar uma criação de tilápia. Advogado por formação, é graduado também em Jornalismo e História e fala fluentemente inglês e francês. Igor faz questão de manter uma prudente distância da irmã e de todos que tentam se aproximar dele para chegar à presidente.

Como se este desmentido nacional não bastasse, a direção do HD ainda tentou outra cartada em prol da candidatura de Aécio. Foi o único jornal a divulgar o resultado da pesquisa de um tal Instituto Veritas, que colocava, às vésperas do segundo turno, o candidato tucano à frente de Dilma. Em manchete, o HD destacava: Aécio 57% e Dilma 43%. Menos de 24 horas depois, era desmentido pelos, insuspeitos de serem petistas, institutos Ibope e Datafolha, que concordavam que os dois candidatos estavam tecnicamente empatados: Aécio com 51% e Dilma com 49%. Empate detectado, também, pelo tracking diário de campanha dos dois candidatos. Detalhe: a manchete do HD foi explorada à exaustão pelo comitê tucano nos programas do horário eleitoral de rádio e TV, com tudo indicando que tenha sido feita com este objetivo. O próprio senador Aécio Neves se valeu delas para, nos debates, “mostrar” para Dilma que estava ganhando em Minas e no Brasil.

“Erros ortográficos” inexistentes

No segundo turno, o HD superou-se. Publicou resultado de pesquisa do Instituto Sensus, contratado pelo PSDB, dando vantagem de 17 pontos para o tucano sobre Dilma Rousseff. Em menos de 48 horas, voltou a ser desmentido pelo Datafolha e pelo Ibope. O assunto repercutiu na imprensa nacional, mas foi praticamente ignorado pela mídia mineira. Blogs como o Diário do Centro do Mundo, do jornalista Paulo Nogueira, e da Cidadania, de Eduardo Guimarães, frisaram que se tratou de “crime eleitoral, sujeito às punições legais”. Como o PT não entrou na Justiça, o assunto parecia fadado ao esquecimento, exceto pela tentativa da direção do HD de aproveitar a ocasião e demitir um de seus mais antigos funcionários, o editor e dirigente sindical, Aloísio Morais Martins, na empresa desde sua fundação, há 27 anos.

No dia 30 de outubro, Morais recebeu advertência da direção do HD por ter compartilhado, em sua página pessoal no Facebook, matéria crítica ao resultado das pesquisas dos institutos Veritas e Sensus divulgadas pelo jornal. A alegação era que a sua publicação havia “prejudicado” os negócios da empresa. Alegação no mínimo curiosa. Se havia comentários críticos ao HD na página de Morais, os comentários eram leves se comparados aos da própria página do jornal no Facebook. Em outras palavras, se o próprio jornal compartilhou a matéria, por que um cidadão, que no caso é também funcionário da empresa, não poderia fazer o mesmo? Afinal, as redes sociais são fontes e instrumentos de pesquisa e informação para jornalistas e não jornalistas.

Suspenso e sem vencimentos desde o final de outubro, o caso de Morais foi parar na Justiça do Trabalho, onde a direção do HD pediu a abertura de inquérito para a sua demissão “por justa causa”. Uma audiência estava prevista para 11 de dezembro, mas acabou adiada por solicitação do jornal. Nova data está marcada para maio. Até lá o jornalista permanecerá afastado do trabalho e sem salário. Um dos mais competentes e conhecidos jornalistas mineiros, Morais integra a diretoria na atual gestão do sindicato e na Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Some-se a isso que foi, por duas vezes, presidente do sindicato em Minas. Razão pela qual a avaliação que o atual dirigente da entidade, Kerisson Lopes, faz é de que se trata de “perseguição por parte da empresa”, que tenta encontrar uma forma de se livrar de um profissional sério e ético, que incomoda quem não tem compromisso com a liberdade de expressão.

Antes deste episódio, Morais vinha sendo alvo de permanente assédio, com a direção doHD tentando imputar-lhe advertências por “erros ortográficos” que, comprovadamente, não cometeu. Sem falar que suas funções e turno eram alterados sem quaisquer justificativas. Morais só não foi demitido até agora por gozar de imunidade sindical.

As chaves do cofre

A exemplo dos demais jornais mineiros, o HD passou recentemente por mais um novo enxugamento e outros cortes estão previstos. Nos próximos meses, o jornal deve mudar de endereço, trocando o prédio de quatro andares que ocupa no bairro Santa Efigênia, próximo ao centro, por instalações menores, na saída para o Rio de Janeiro. Na redação e direção do jornal, a dança das cadeiras continua, buscando-se privilegiar apenas os “confiáveis”.

Estado de Minas e Hoje em Dia têm até março (os clássicos 100 primeiros dias de uma administração) para decidir sobre a “linha editorial” a ser adotada. Permanecem na oposição sistemática ao PT, agora incluindo o governador Fernando Pimentel, como sempre fizeram em relação aos dois governos de Luiz Inácio Lula da Silva e ao primeiro de Dilma Rousseff, ou tentam outro caminho?

Uma coisa é certa: como o ramal minimamente independente já está ocupado por O Tempo, a disputa acirrada vai acontecer entre Estado de Minas e Hoje em Dia para ver quem será o porta-voz da oposição tucana em Minas. Aécio precisará de visibilidade e os dois jornais poderiam garantir-lhe espaço, mas o problema é que os tucanos não têm mais as chaves do cofre das Alterosas e nem da presidência da República e compromisso com o jornalismo não é o forte destas empresas.

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Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG; o presente texto foi publicado no blog Estação Liberdade

Imprensa mineira: por quem os sinos dobram, por Ângela Carrato | GGN

07/12/2014

Ódio à Dilma tem origem na guerra fraticida no seio do PSDB, diz Folha

aecio sanguesssugaNão é de hoje, mas a guerra no seio do PSDB já fez mais mortos que vitórias. O que já foi a política do café com leite, hoje é de faca entre os dentes e presuntos jogados no lixão. Veio a tona com o já clássico artigo do Mauro Chaves no Estadão: Pó pará, governador! Neste artigo vinha a luz as vísceras de uma guerra intestina desencadeada pelo mais beligerante dos tucanos,  José Serra. Tudo o que não passava de boatos em relação a Aécio Neves ganhou contornos de verdade saída que foi das hostes do PSDB. O consumo de drogas, misturada com a vida de playboy bêbados dirigindo com carteira de motorista vencida, pego em blitz da lei seca, só ganha espaço na mídia paulista. Em nenhum outro veículo das cinco irmãs (Folha, Estadão, Veja, Globo & RBS) o Instituto Millenium permite a divulgação. Só a Folha, por ser uma espécie de press release do PSDB, tem autorização. Foi pela Folha também que saiu a informação dos aecioportos de Cláudio e Montezuma. Nenhum outro grupo mafiomidiático fez menção às construções dos aeroportos com dinheiro público para uso particular pelo então governador de Minas Gerais. Coincidentemente, a ADPF divulgou matéria afirmando que Minas Gerais virou centro de distribuição de droga para o Nordeste. Estatísticas da polícia dão conta de que para cada helicópteros com 450 kg apenas um é pego, outros dez voam sem serem molestados.

Agora vem mais um petardo contra o punguista mineiro. Aquele senhor que, com os esbugalhados de quem está em síndrome de abstinência, passa os dias vociferando contra quem lhe impôs derrota dentro de casa, está sendo acusado de criador de factóides nada mais nada menos que por Geraldo Alckmin. E a Folha abraça da a posição do seu paulista da vez.

A Folha reproduz uma frase emblemática do caráter nefasto do representante dos toxicômanos: "Nós vamos perder, mas vamos sangrar esses caras até de madrugada."  Esta frase é irmã siamesa desta outra, dita aos seus amigos que ocupavam cargos no Governo Federal, muitos deles na Petrobrás, conforme noticiou em 25/06/2014 o Estadão: Suguem mais um pouco e venham para o nosso lado”.

Esse é o líder da oposição financiado pela AMBEV, Burger King, Multilaser, Banco Itaú para dar o golpe contra Dilma. E se o retrato se torna insuspeito na medida que foi feito pela empresa Folha que se especializou em atacar o PT para proteger o PSDB.

Aécio ataca Dilma para se diferenciar de Alckmin

Senador tucano pretende ‘sangrar’ governo petista e se manter líder na corrida para 2018

Aliados do governador de São Paulo apostam que o senador mineiro não se segura ‘quatro anos com factóides’

DANIELA LIMA, DE SÃO PAULO, para a FOLHA

"Nós vamos perder, mas vamos sangrar esses caras até de madrugada." A frase foi dita pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) a seus aliados no Congresso na véspera da votação do projeto que desobriga o governo a economizar o que estava previsto no ano.

Mais do que o tom motivacional que o mineiro tem usado com sua tropa, a frase revela um estilo: "Eu estabeleci um patamar de oposição e não vou descer um degrau", disse a um interlocutor.

A estratégia tem como foco mantê-lo como "o rosto da insatisfação com o governo Dilma Rousseff", mas despertou críticas dos adversários e temor nos aliados.

Na última quinta-feira (5) a presidente sintetizou, sem citar Aécio, as queixas do PT. Em evento ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), Dilma pediu "respeito ao resultado das urnas" e disse que era preciso reconhecer a vontade expressa pela população na eleição.

O fato de a petista dizer o que disse e como disse evidenciou Aécio como o alvo da mensagem. Mas ao fazê-lo ao lado do governador tucano que desponta como principal rival interno do mineiro para a candidatura ao Planalto em 2018, ela gerou ao adversário um desconforto adicional.

Aécio dá de ombros às análises de que promove um "terceiro turno" com suas declarações: "Nós não vamos nos inibir com esses discursos. Essa reação mostra o incômodo deles. Pela primeira vez o PT está conhecendo oposição e, além disso, uma coisa nova: a oposição conectada com a sociedade", afirmou o tucano a um aliado.

A segurança do senador destoa da opinião de alguns de seus principais aliados. Na sexta (6), Aécio gravou um vídeo convocando pessoas a comparecerem a um ato anti-Dilma em São Paulo.

Na fala, fez a ressalva de que o ato deveria acontecer "sempre nos limites da democracia" por saber que saudosos da ditadura participaram dos protestos anteriores.

Foi a primeira vez que Aécio emprestou seu rosto aos mobilizadores do ato. Alguns tucanos viram um risco no gesto: para eles, ao estabelecer uma relação com esses movimentos, o mineiro se mistura a atos sobre os quais não tem controle absoluto.

Para os mais prudentes, ao se aproximar de setores que pedem um golpe Aécio corre o risco de ser vinculado a eles: "Basta olhar para o PSDB. Quem são nossos quadros? São pessoas que lutaram pela democracia. Isso não cola", tem dito o senador a quem o questiona sobre o assunto.

A postura incisiva não visa só desgastar Dilma: Aécio quer se diferenciar de Alckmin de olho em 2018. Mas aliados do paulista advertem: "Aécio não se segura quatro anos com factóides. Em algum momento a estrutura e a paciência de Alckmin farão a diferença", diz um interlocutor político do governador.

02/12/2014

Pó pará, Aécio!

A mais longa síndrome de abstinência da história

Aecio hjPOcritaAs operações da Polícia Federal, de que fala a ADPF, combinada com a perda das chaves do Aeroporto de Cláudio, deixaram Aécio Neves exasperado. A síndrome de abstinência persiste tanto mais porque apanhou nos dois Estados que ele tinha como se fossem sua própria casa: Minas e Rio.

É por comportamentos como este que o partido que tinha por projeto ficar 20 anos no poder, como verbalizou o PC Farias do PSDB, Sérgio Motta, que FHC e seus sequelados estão alijados do Poder Central. Pior, é o retorno de Lula em 2014 que os enlouquece. Uma compra de reeleição do país tolera, será que terá estômago para digerir este tapetão de obsessão infantil de maus perdedores.

Se ele pode me chamar, como eleitor de Dilma, membro de “organização criminosa”, por que eu não poderia chama-lo de toxicômano?!

Pó pará, governador! Perdeu, playboy!

JANIO DE FREITAS

O presente de Aécio

Se ele acha que está sendo ‘porta-voz da indignação’, fica evidente que não sabe mesmo o que está fazendo

Ela se apropriou da política econômica defendida por Aécio, mas Aécio não se deixa abater e já demonstra que pode fazer o mesmo: adere à redução da desigualdade social por meio da distribuição de renda, defendida por Dilma na campanha.

A reviravolta de Dilma foi mais surpreendente, mas a de Aécio é mais original no método. Veio pela TV, na amenidade noturna do fim de semana, e naquele estilo de elegância chamado "curto e grosso".

Nas próprias palavras do ainda pretendente à Presidência da República: "Na verdade, eu não perdi a eleição para um partido político, eu perdi a eleição para uma organização criminosa que se instalou no seio de algumas empresas brasileiras patrocinada por esse grupo político que aí está".

De fato, Aécio não perdeu para um partido político. Perdeu para os eleitores, petistas, peemedebistas e nada disso, que lhe negaram o voto e o deram a Dilma. Qualquer deles agora habilitado, desde que capaz de alguma prova de sua adesão a Dilma, a mover uma ação criminal contra Aécio Neves por difamação, calúnia e injúria, e cobrar-lhe uma indenização por danos morais.

Uma foto em manifestação, uma doação ou um serviço para a campanha, um cartaz ou um retrato na janela, uma propaganda no carro, em qualquer lugar do país podem se juntar às demais provas para dar uma resposta à acusação de Aécio Neves tão gratuitamente agressiva e tão agressivamente insultuosa.

É difícil admitir que Aécio Neves esteja consciente do papel que está exercendo. A situação social do Brasil não é de permitir que acirramentos, incitações e disseminação de ódios levem apenas a efeitos inócuos, de mera propaganda política. Para percebê-lo, não é preciso mais do que notar a violência dos protestos com incêndios ou a quantidade de armas apreendidas.

Se Aécio acha, como diz, que está sendo "porta-voz de um sentimento de indignação", pior ainda: fica evidente que não sabe mesmo o que está fazendo, e aonde isso o leva.

08/09/2014

Liberdade de expre$$ão à moda Aética

AeroPOÉ até engraçada, até porque não fui notificado, a atitude do candidato tucano.

Todo mundo falava que o José Serra demitia, com um telefonema ao patrão, jornalista que ousasse criticá-lo. Aécio segue a mesma trilha.

Há mais semelhanças entre Aécio e Serra do que sugere a vã filosofia. É o compadrismo com os grupos mafiomidiáticos do Instituto Millenium.

Quando José Serra fez publicar, por sua pena de aluguel, Mauro Chaves o famoso artigo “Pó pará, Governador!” no Estadão, Aécio Neves fechou-se em copas e não trilou, nem trolou, nem processou. Mas botou seu jornal de aluguel, O Estado de Minas, para defende-lo: Minas a reboque, não

Ora pois, direi ouvir estrelas, mas só se tiver cheirado um helipóptero!!! Aí da até apara ver a via-láctea…

Carta aberta a Aécio Neves

Postado em 07 set 2014 por : Paulo Nogueira

Caro Aécio: qual é seu conceito de liberdade de expressão?

Pergunto isso porque fui surpreendido com uma notificação judicial sua. Soube depois que outros 65 internautas tiveram a mesma surpresa desagradável.

O DCM é acusado de ser um robô ou, o que não melhora muito a situação, “um grupo de pessoas remuneradas para veicular conteúdos ilícitos na internet.”

Primeiro, e antes de tudo, isto configura calúnia.

Somos, como bem sabem nossos 2,5 milhões de leitores únicos por mês, um site de notícias e análises independente e apartidário. O apartidarismo e a independência inexpugnáveis explicam por que crescemos mais de 40 vezes em 18 meses de existência.

Jornalismo, quando se mistura a militância partidária, deixa de ser jornalismo. Essa convicção está na raiz do jornalismo do DCM.

Nossa causa maior é um “Brasil escandinavo”, como gosto de dizer e repetir. Um país em que ninguém seja melhor ou pior que ninguém em razão de sua conta bancária.

É certo que, dentro dessa visão do mundo, entendo que o senhor representa um brutal atraso.

O PSDB, no qual votei várias vezes, lamentavelmente deu nos últimos anos uma guinada profunda rumo à direita e se transformou numa nova UDN.

Hoje, o PSDB simboliza um Brasil abjetamente iníquo. Os privilegiados estão todos a seu lado nestas eleições, e não por acaso.

Caro candidato: nunca vi o senhor, ou algum outro líder tucano, se insurgir contra o mal maior do Brasil – a desigualdade.

Nossos problemas com o senhor residem apenas no campo das ideias.

Não fabricamos fatos, não inventamos coisas que o constranjam, porque não é este o tipo de jornalismo que praticamos.

Mais que isso: não fazemos acusações levianas e irresponsáveis como as que o senhor fez contra nós.

Se condenamos coisas como o aeroporto de Cláudio é porque entendemos que elas são a negação do “Brasil escandinavo” pelo qual tanto nos batemos.

Não admiro sua postura com frequência, reconheço. No debate do SBT, quando um jornalista lhe perguntou sobre a visão de ética tucana depois de citar escândalos como o do Metrô de São Paulo e o Mensalão mineiro, o senhor disse que vivemos num estado de direito.

Ninguém é culpado antes que se apurem os fatos, o senhor afirmou. Perfeito.

Mas poucos dias depois, quando começou a circular uma lista de pessoas citadas por um ex-diretor da Petrobras, o senhor se apressou em fazer uma condenação ampla, geral e irrestrita.

“É um novo Mensalão”, o senhor decretou. Estado de direito, portanto, é para o senhor e os seus amigos.

Para os demais, o opróbrio imediato, a humilhação instantânea.

Notemos também que o senhor prega a meritocracia ao mesmo tempo em que sua irmã ocupa um posto nobre no governo de Minas, pago pelo dinheiro do contribuinte.

Vários relatos contam a dificuldade de fazer jornalismo independente em Minas.

Isso ficou notavelmente claro para mim quando vi a sua notificação judicial contra nós.

Jornalismo bom para o senhor, aparentemente, é o jornalismo que o aplaude.

Fico pensando como seria complicado, para os jornalistas independentes, conviverem com o senhor na presidência.

Felizmente, é uma hipótese de chance virtualmente equivalente a zero.

Por ora, é só.

Provavelmente voltarei a escrever para o senhor assim que ficar mais clara sua ação judicial.

Grato pela atenção.

Paulo Nogueira, diretor editorial do DCM

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Paulo Nogueira

Diário do Centro do Mundo » Carta aberta a Aécio Neves

27/07/2014

Serra escancara as pistas de como Aécio decolou na carreira

Aecioporto

EDITORIAIS

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O pouso do tucano

Ainda que tenha sido feito de maneira legal na gestão de Aécio Neves, aeródromo contradiz discurso de ética e eficiência administrativa

O senador mineiro Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência da República, dedicou boa parte dos últimos dias à tentativa de justificar a construção de um aeródromo em Cláudio (MG), num terreno desapropriado pelo governo do Estado durante a gestão do tucano.

Revelado por esta Folha no último domingo, o episódio desde logo chamou a atenção. Primeiro, porque as terras pertenciam a Múcio Tolentino, tio-avô de Aécio e ex-prefeito de Cláudio. Depois, porque o uso da pista de pouso, pronta em 2010, dependia da autorização dos familiares do senador.

Com 1 km de comprimento e condições de receber aeronaves turbo-hélice de pequeno e médio porte (até 50 passageiros), o aeródromo custou R$ 13,9 milhões aos cofres públicos, sem contar a indenização pela desapropriação. O valor oferecido pelo Estado, R$ 1 milhão, é até hoje discutido na Justiça.

De acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a pista ainda não teve sua operação liberada ao público. Mesmo assim, Fernando Tolentino, um dos filhos de Múcio, afirmou que ao menos um avião a utiliza por semana.

Entre os usuários estaria o próprio Aécio Neves. Seu refúgio favorito, a Fazenda da Mata, situa-se a 6 km dali. Nas inúmeras explicações que deu ao longo da semana, o tucano não confirma nem nega que tenha aterrissado em Cláudio. O candidato também se eximiu de dizer por que as chaves do local ficavam nas mãos de seus parentes.

Há mais, contudo. Nova reportagem desta Folha mostrou que, em 2001, o tio-avô de Aécio sofreu o bloqueio judicial da área onde está o aeródromo. O Ministério Público pede o ressarcimento dos gastos na construção de uma pista de pouso de terra em 1983, quando Tancredo Neves era o governador mineiro, e Múcio, prefeito de Cláudio.

Para quem não podia dispor de parte das terras, a desapropriação não chega a ser mau negócio. E a indenização, paga com recursos de Minas, poderá ser usada por Múcio para, caso seja condenado, quitar sua dívida com o governo mineiro.

Diante desses fatos, soam no mínimo inverossímeis as declarações de Aécio segundo as quais seus familiares não teriam se beneficiado pela obra. Também caem em descrédito as justificativas técnicas apresentadas pelo tucano.

Pela narrativa oficial, o aeródromo tem importância para as indústrias locais, e a pavimentação da pista de terra representava a opção mais econômica para o Estado.

Mais econômico, na verdade, teria sido não fazer obra nenhuma. A demanda por voos em Cláudio é pequena, e o aeroporto de Divinópolis fica a 50 km de distância.

Ainda que todo o processo tenha sido feito de maneira legal, como sustenta Aécio Neves, restará uma pista de pouso conveniente para o tucano e seus parentes, mas de questionável eficiência administrativa. Não é pouca contradição para um candidato que diz apostar na união da ética com a qualidade na gestão pública.

22/07/2014

Minas e RS não têm mídia para tucano

O espantoso não é que a Aécio tenha feito um aeroporto, com dinheiro público, para uso pessoal, seu e de sua família. Há coisas ainda piores a respeito de Aécio Neves. O que chama a atenção é que, parece, Minas Gerais não tem jornal, tv ou rádio. Por que não se soube disso antes? Veja só que coincidência. Quando Yeda Crusius era governadora do RS, nada a seu respeito saía na RBS. E isso que a RBS domina 80% do mercado de mídia do RS. As pequenas informações eram dadas pela Folha de São Paulo. O que fazem estes tucanos com a mídia local para que sejam tão protegidos? Será que os largos investimentos em marketing pagam a conta da proteção mafiosa de que gozam quando estão no poder?

A Folha faz com Aécio o que não fez com José Serra e Geraldo Alckmin. Para nosso mal, estes dois paulistas fizeram e fazem com o dinheiro público coisas ainda piores, como a distribuição de assinaturas de Veja e Folha de São Paulo nas escolas por todo o interior de São Paulo. Cadê as reportagens indignadas da Folha a respeito dos desvios da Alstom, Siemens? Até agora a Folha não fez uma reportagem sequer sobre o racionamento de água que atinge paulistanos da periferia.

Ainda acho que a denúncia da Folha é uma matéria paga pelo José Serra, desafeto mortal de Aécio Neves. Basta lembrar de outros colunas, como aquela do Mauro Chaves no Estadão ou a do Juca Kfouri, no UOL.

O Aécioporto

Quando governador de MG, Aécio Neves usou 14 milhões de dinheiro público para construir um aeroporto num terreno de sua família, na cidade de Claudio, que tem 25 mil habitantes. Coincidentemente, o terreno fica próximo a um dos lugares que Aécio mais gosta de visitar no estado. O próprio fato de a denúncia ter sido feita pela Foxlha é algo espantoso, considerando que a própria Ombudsman do jornal já cansou de apontar que a cobertura do periódico é pró-tucana. Eles queriam já estourar uma bomba que provavelmente seria detonada durante a campanha e provocaria mais destruições? Há dedo de José Serra aí?

Não sei. O fato é que, para se defender, Aécio disse que o terreno foi desapropriado e que sua família não se beneficiou disso.

Uau. A emenda foi pior que o soneto – o que não é incomum no que diz respeito a Aécio, que constantemente comete esses tropeços colossais.

Porque o fato é que a JUSTIFICATIVA de Aécio é que o estado do qual era governador PAGOU por um terreno de SUA FAMÍLIA. Isso já seria ruim o bastante, mas, pra piorar, não é verdade, já que o terreno ainda está sob litígio, já que seu tio, dono do terreno, quer mais dinheiro do que o que lhe foi oferecido.

E o estado não tem saída, já que construiu um aeroporto num terreno que não era legalmente seu, praticamente obrigando os cofres públicos a pagarem uma fortuna ao TIO DE ÁECIO por um aeroporto que não beneficia ninguém a não ser sua família.

Sim, porque o outro fato embaraçoso é que o aeroporto ("público", segundo Aécio) fica fechado e as chaves são controladas… POR SEU PRIMO.

Já está ruim o bastante? Pois tem mais: o tal primo TEM FICHA CRIMINAL.

Agora imaginem se Dilma tivesse construído aeroporto num terreno de sua família, fechado ao público e controlado por parente com ficha criminal. O ruído do orgasmo coletivo da mídia seria ouvido na Lua. E as manchetes ficariam expostas até o dia da eleição.

SQN

12/07/2014

PPP – Parceira Público na Privada, com Ricardo Teixeira & Aécio Neves

Coincidências. Ricardo Teixeira é o grande parceiro da Rede Globo. Aécio Neves é o candidato dos filiados ao Instituto Millenium. Dentre o público consumidor de cocaína, boa parte vem do mundo esportivo. Já os maiores fornecedores, vem de fora do mundo esportivo… E quando se fala em famosos consumidores de cocaína, nunca é demais lembrar que a Globo exerce uma esquisita força atrativa. E por aí se explica por que um helicóptero com 450 kg de cocaína foi praticamente escondido do noticiário da Rede Globo. Para avaliar, basta lembrar que a tapioca comprada com cartão corporativo pelo Ministro Orlando Silva ocupou muito mais tempo no jornalismo da Globo do que 450 kg de cocaína no helicóptero dos Perrella.

Nos últimos tempos, depois que o helicóptero do pó foi escondido, houve uma profusão de casos de tráfico denunciados pela Associação dos Delegados da Polícia Federal (Polícia Federal desarticula quadrilha que faturava R$ 20 mi por mês), distribuída para o nordeste a partir de Juiz de Fora-MG. Coincidentemente, em época de arrecadação pré-eleitoral, Minas Gerais se distingue entre os Estados da Federação em mais este quesito. ..

Juca Kfouri diz que Aécio “não está tem aí para os que reduziram o futebol a pó”

12 de julho de 2014 | 12:23 Autor: Fernando Brito

cbf

Em seu blog, Juca Kfouri, o comentarista esportivo que já havia trazido a público o constrangedor episódio em que o senador Aécio Neves teria agredido uma mulher  numa festa da Calvin Klein, no Hotel Fasano, no Rio , acusou ontem à noite, em sua coluna, o candidato tucano de combater a ideia de uma ação de Estado para moralizar o futebol brasileiro, tema do qual tratei aqui.

Eis o texto:

“Aécio Neves é amigo de José Maria Marin e o homenageou, escondido, no Mineirão.

Deu-se mal porque o que escondeu em sua página na internet, Marin mandou publicar na da CBF.

Aécio também é velho amigo de baladas de Ricardo Teixeira e acaba de dizer que o país não precisa de uma “Futebras”, coisa que ninguém propôs e que passa ao largo, por exemplo, das propostas do Bom Senso FC.

Uma agência reguladora do Esporte seria bem-vinda e é uma das questões que devem surgir neste momento em que se impõe um amplo debate sobre o futuro de nosso humilhado, depauperado e corrompido futebol.

Mas Aécio é amigo de quem o mantém do jeito que está.

Não está nem aí para os que reduziram nosso futebol a pó.”

Caneladas à parte, é fato que Aécio cultiva relações intensas com a cartolagem do futebol brasileiro, ao ponto de a Folha publicar, em 2010, a satisfação de Ricardo Teixeira, ex (ex?) presidente da CBF com a eleição do mineiro para o Senado:

“O cartola viu aumentar sua influência nas articulações políticas em Brasília após a eleição de dois de seus principais aliados e a reeleição de outros três para o Senado. Teixeira assistiu a seu amigo pessoal e ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB-MG) chegar ao Senado, ao lado de outro antigo aliado, o deputado federal Ciro Nogueira (PP-PI).

Teixeira não ficaria triste, com certeza, com a chegada de seu “amigo pessoal” à presidência.

Ou será que o nosso acadêmico Merval Pereira – tão sisudo ontem ao apoiar a posição de Aécio e dizer que é preciso “reduzir a interferência política na gestão dos clubes e da CBF” – acha que “interferência política” a favor da cartolagem pode?

Até porque ficou famosa a “bancada da bola” e bola, aqui, no Rio, tem duplo sentido.

E rola solta no futebol.

Juca Kfouri diz que Aécio “não está tem aí para os que reduziram o futebol a pó” | TIJOLAÇO | “A política, sem polêmica, é a arma das elites.”

Texto da Folha de São Paulo de 06/10/2010:

São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2010

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Ricardo Teixeira aumenta sua presença no Senado

Copa do Mundo exigirá atuação de aliados de presidente da CBF e do COL
EDUARDO OHATA
BERNARDO ITRI
DO PAINEL FC

Em meio aos preparativos para a Copa do Mundo-14, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ganhou força política no Senado após o resultado das urnas de domingo.
O cartola viu aumentar sua influência nas articulações políticas em Brasília após a eleição de dois de seus principais aliados e a reeleição de outros três para o Senado.
Teixeira assistiu a seu amigo pessoal e ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB-MG) chegar ao Senado, ao lado de outro antigo aliado, o deputado federal Ciro Nogueira (PP-PI).
Além desses dois, reelegeram-se Delcídio Amaral (PT- -MS), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Gilvam Borges (PMDB-AP), políticos com o histórico de amizade com o presidente da CBF e do comitê organizador da Copa-14.
"O que for preciso para melhorar as relações institucionais e para não criar problemas nós vamos fazer", argumenta Nogueira, sobre as atividades do Senado em relação ao esporte e à Copa-14.
A Fifa apresentou ao país uma série de exigências para a organização do Mundial. Elas forçarão mudanças na legislação atual e incluem questões que envolvem os mais variados assuntos, que vão desde os impostos, passando pela lei trabalhista, até chegar aos royalties.
"Já existe um consenso no Senado em apoiar a Copa do Mundo de 2014. Agora, com a chegada deles [Aécio Neves e Ciro Nogueira], as questões relacionadas ao Mundial deverão fluir com mais facilidade", comenta o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
Um dos históricos opositores de Ricardo Teixeira no Senado, Alvaro Dias (PSDB- -PR) realizou leitura diferente à do fortalecimento da ""bancada da bola" na casa.
""Não vejo uma grande alteração na composição do Senado a favor da CBF. E ela sempre realizou um trabalho de relações públicas no Legislativo", argumenta Dias.
""Tem dois novos senadores [simpáticos à CBF] aí, vamos ver seu desempenho. Mas o Senado tem capacidade de reação. Veja o resultado da CPI do Futebol. Vamos continuar cuidando da transparência da Copa de 2014. "
Na Câmara dos Deputados, não conseguiu a reeleição o deputado Silvio Torres (PSDB-SP), tradicional opositor de Ricardo Teixeira.
""Eu era o contraponto [à CBF]. Com minha ausência, não sei se alguém assume esse tom mais crítico. Os deputados eleitos agora eu não conheço. Mas, dos que já estão, não tem ninguém tão focado nessa questão do esporte."
Dois históricos aliados de Teixeira permanecerão na Câmara: José Rocha e Gilmar Machado. Um terceiro, Wellington Salgado, suplente de Hélio Costa como senador, não conseguiu a eleição para deputado federal por Minas.

Juca reduz Aécio ao pó

Juca Kfouri não é nem nunca foi petista. É Serra desde criancinha. Só a divergência fidagal entre os dois levaria Juca a detonar Aécio. Aliás, Juca está cumprindo nas eleições de 2014 o mesmo que Mauro Chaves, nas eleições de 2010, quando publicou no Estadão, Pó pará, governador!
Dentro do próprio ninho tucano estão identificando ovos de serpente.
Como no poema Quadrilha, do Carlos Drummond de Andrade, Aécio ama Marin, que ama Ricardo Teixeira, que é genro de João Havelange que é parceiro da Rede Globo.
Por aí se entende porque a Globo não detona a CBF, esconde helicópteros com 450 kg de cocaína, alcovita Aécio, emprega consumidores como Casagrande e caloteiro de travestis como Ronaldo Nazário.

Aécio ama a CBF

Juca Kfouri – 11/07/2014 20:29

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Aécio Neves é amigo de José Maria Marin e o homenageou, escondido, no Mineirão.

Deu-se mal porque o que escondeu em sua página na internet, Marin mandou publicar na da CBF.

Aécio também é velho amigo de baladas de Ricardo Teixeira e acaba de dizer que o país não precisa de uma “Futebras”, coisa que ninguém propôs e que passa ao largo, por exemplo, das propostas do Bom Senso FC.

Uma agência reguladora do Esporte seria bem-vinda e é uma das questões que devem surgir neste momento em que se impõe um amplo debate sobre o futuro de nosso humilhado, depauperado e corrompido futebol.

Mas Aécio é amigo de quem o mantém do jeito que está.

Não está nem aí para os que reduziram nosso futebol a pó.

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Aécio ama a CBF – Esporte – UOL Esporte

27/06/2014

Aécio, por que o narcotráfico é tão forte em Minas?

POLICIA FEDERAL

Editorial do Estadão "A Operação Athos da PF"

Operação cumpriu 38 mandados de busca e apreensão e 9 conduções coercitivas
  • Estadão
  • Da Redação
Foto: ADPF Comunicação

A extensa folha corrida de um magistrado de primeira instância de Juiz de Fora, cuja prisão preventiva por tempo indeterminado foi decretada pelo órgão especial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, retrata a inépcia das corregedorias judiciais. Fossem elas menos corporativas e mais ágeis e rigorosas no cumprimento de suas funções fiscalizadoras, esse magistrado já teria sido punido há muito tempo e certamente não estaria integrando os quadros da Justiça estadual mineira.

Titular de uma das Varas de Execuções Criminais em Juiz de Fora, o juiz Amaury de Lima e Souza dias antes havia sido preso em flagrante por porte ilegal de armamento e levado à Superintendência da Polícia Federal (PF), em Belo Horizonte. Em sua casa de campo, foram encontrados armas de uso restrito, munição e explosivos. Ele também é acusado de fazer tráfico de influência na Justiça Criminal mineira e cobrar propina para favorecer traficantes de drogas. Por duas vezes determinou a libertação de José Severino da Silva, o Cabecinha, um dos líderes da quadrilha que assaltou o cofre do Banco Central em Fortaleza, em 2005, levando R$ 164,7 milhões, no maior assalto da história do País e o segundo maior roubo a banco do mundo.

O envolvimento do magistrado com a quadrilha foi descoberto pela Polícia Federal durante a Operação Athos. Executada por 250 agentes, que cumpriram 38 mandados de busca e apreensão e 9 conduções coercitivas (quando a pessoa é levada para prestar esclarecimentos), ela foi deflagrada com o objetivo de desmantelar quadrilhas especializadas em tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e fraudes bancárias nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Só em Juiz de Fora foram presas 12 pessoas – entre elas empresários, advogados e um sargento da Polícia Militar mineira. Todos são acusados de integrar um esquema de transporte de maconha e cocaína da Bolívia e do Paraguai para o interior de São Paulo, por avião, e de distribuí-las nas cidades da Região Sudeste.

Para os responsáveis pela Operação Athos, o juiz Amaury de Lima e Souza seria o chefe do núcleo jurídico da quadrilha, que movimentaria cerca de R$ 120 milhões por ano. Sob sua orientação, ela fazia lavagem de dinheiro nas cidades da Zona da Mata, em Minas Gerais, negociando imóveis e adquirindo automóveis de luxo, caminhões e aeronaves de pequeno porte. A pedido da Polícia Federal, no início deste mês a Justiça determinou a apreensão de 14 veículos, 5 aeronaves, 4 lanchas e 11 imóveis que estavam em nome dos líderes da quadrilha ou de "laranjas", num total de R$ 70 milhões.

O magistrado também é acusado de orientar a advogada da quadrilha, Andrea Elizabeth Leão Rodrigues, a forjar documentos que permitissem a transferência de traficantes presos em outros Estados para Juiz de Fora. Alegando que os familiares dos acusados haviam mudado de Estado, ela apresentava atestados falsos e, uma vez transferidos para essa cidade, os processos eram remetidos para a Vara de Execuções Criminais, da qual o titular era o juiz Amaury de Lima e Souza. Decidindo também com base em documentos forjados, ele autorizava a conversão do regime fechado para o semiaberto, o que possibilitava a fuga de criminosos de alta periculosidade. Vários integrantes da quadrilha que assaltou o Banco Central fugiram graças a esse expediente.

Assim que foi informado da prisão em flagrante do juiz Amaury de Lima e Souza, o órgão especial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais reuniu-se em sessão extraordinária, autorizou a abertura de uma investigação administrativa, determinou a prisão preventiva do acusado e distribuiu nota oficial, afirmando que está cumprindo rigorosamente a Lei Orgânica da Magistratura. A Corte cumpriu seu papel rigorosamente, fazendo tudo o que dela se poderia esperar. Mas, se as corregedorias judiciais fossem mais eficientes, magistrados corruptos não teriam ido tão longe, a ponto de se tornarem assessores jurídicos e cúmplices do crime organizado.

29/05/2014

Cui prodest?

Filed under: Aécio Neves,Pó da discórdia,Pó pará, Governador!,PMDB,PSDB — Gilmar Crestani @ 8:23 am
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Quem se beneficia, a quem aproveita, a quem interessa a compra do PMDB? po

Só para lembrar, R$ 20 milhões é menos de 50% de um helicóptero carregado com 450 kg de cocaína… Mas, como dizia o velho Barão de Itararé: “Quem se vende sempre recebe mais do que vale”

PMDB mineiro diz que tucanos ofereceram R$ 20 mi por apoio

Presidente do PSDB em Minas afirma que suposta oferta de dinheiro é ‘mentira brutal’ e ‘delírio’

Acusação foi feita na segunda-feira (26) por Antônio Andrade, presidente do PMDB no Estado e aliado do PT

PAULO PEIXOTODE BELO HORIZONTE

O PMDB de Minas Gerais, aliado ao PT no Estado, acusa o PSDB mineiro de oferecer R$ 20 milhões ao partido em troca de apoio na disputa para o governo.

A afirmação foi feita na segunda-feira (26) pelo presidente do PMDB-MG, deputado federal Antônio Andrade, após reunião da Executiva estadual da sigla. O PSDB negou a suposta oferta.

"Eu disse pra eles [do PSDB] que tenho que ajudar nossa bancada, que estou atrás de R$ 20 milhões. Eles disseram: Não, isso não é problema, nós conseguimos os R$ 20 milhões pra você ajudar a bancada dos pré-candidatos a deputado estadual e federal’", disse Andrade, em entrevista após o evento.

Antes, durante o encontro, segundo os jornais mineiros "O Tempo" e "Hoje em Dia", que acompanharam a reunião, ele falou em tentativa de "compra" e citou o deputado federal Marcus Pestana, presidente do PSDB de Minas, como autor da oferta.

Em entrevista após a reunião, questionado sobre o assunto, Andrade amenizou o tom. Ele negou que tenha ocorrido uma tentativa de compra, mas confirmou a conversa em torno da cifra de R$ 20 milhões.

Também não citou Pestana, mas disse que um "porta-voz" do PSDB participou de reunião com os peemedebistas e ficou de conseguir a ajuda financeira.

Os peemedebistas mineiros Sávio Souza Cruz e Zaire Rezende, que estiveram no encontro do PMDB, disseram que Andrade mencionou a oferta, mas não confirmaram a citação a Pestana.

Procurado pela reportagem, Pestana chamou de "mentira brutal" e "delírio" a suposta oferta de dinheiro.

"Nunca houve esse diálogo. Eu não sei como alguém joga uma calúnia dessa no ar", afirmou.

Segundo Pestana, sua única reunião com o PMDB de Minas ocorreu há três meses, quando ele pediu que o partido passasse a dialogar com a aliança que dá sustentação aos tucanos no Estado.

COTADO PARA VICE

Andrade é ex-ministro da Agricultura da presidente Dilma Rousseff (PT) e hoje é cotado para ser vice-governador na chapa do petista Fernando Pimentel, com quem seu partido negocia uma aliança no Estado.

Ele não foi localizado nesta quart (28) e não respondeu aos recados da reportagem. Em seu gabinete em Brasília, a informação era de que ele estava em Uberaba (MG).

13/04/2014

Perrella’s Family – e o Genoíno é que é corrupto, né!

Já que a máfia das cinco irmãs (Globo, Folha, Estadão, Veja & RBS) não quere falar do pó, da próxima vez que o Aécio Neves vier acusar Lula ou Dilma por seus amigos, responda simplesmente citando aquele artigo que o José Serra mandou publicar no Estadão: Pó pará, Governador!

Exclusivo: o que diz o processo do caso do helicóptero dos Perrellas, tratado na Justiça de “Helicoca”

Postado em 12 abr 2014

por : Joaquim de Carvalho

O repórter Joaquim de Carvalho está mergulhado na história da apreensão de 445 quilos de pasta de cocaína num helicóptero que pertence à família Perrella, um dos escândalos mais rumorosos do ano passado, que está longe de ser explicado. É o segundo projeto de crowdfunding do DCM, totalmente financiado pelos leitores.

Esta é só a primeira reportagem de uma série especial. Outras virão, bem como um documentário. A matéria é fruto da apuração de Joaquim em Vitória e Afonso Cláudio, no Espírito Santo. Ele está agora a caminho de Minas Gerais.

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O senador José Perrella de Oliveira Costa, o juiz federal Marcus Vinícius Figueiredo de Oliveira Costa e o procurador da República Júlio de Castilhos Oliveira Costa têm em comum não apenas o sobrenome.

O juiz e o procurador atuam no processo número 0012299-92.2013.4.02.5001, sobre tráfico internacional de drogas, em que o Oliveira Costa senador, mais conhecido como Zezé, é o sujeito oculto.

Eu fui a Vitória e a Afonso Cláudio, no Espírito Santo, conversei com pessoas envolvidas na investigação, advogados e testemunhas. Também tive acesso ao processo e a um procedimento sigiloso do Ministério Público Federal.

Era necessário contar a história da segunda maior apreensão de drogas no estado, onde o caso é tratado como um dos maiores escândalos da história.

No processo, não há prova de que Perrella esteja envolvido na operação criminosa que pretendia colocar nas ruas da Europa 445 quilos de cocaína produzida em Medellín, na Colômbia.

Mas, embora seja mencionado não mais do que uma dezena de vezes nas 1162 páginas da ação penal, o nome dele paira como um fantasma sobre todo o processo.

Tanto é assim que, entre os servidores da Justiça Federal, a ação foi apelidada de “Helicoca”, referência ao helicóptero Robinson, modelo 66, registrado em nome de uma empresa da família Perrella e que foi usado pela quadrilha no transporte da cocaína.

Uma das poucas vezes em que José Perrella aparece é na transcrição de uma troca de mensagens entre o piloto da família Perrella, Rogério Almeida Antunes, e o primo dele, chamado Éder, que mora em Minas Gerais.

“Man, eu quase derrubei a máquina do Zezé”, escreveu ele em seu Iphone, usando o aplicativo Whatsapp.

Rogério conta que estava transportando cocaína, num peso superior à capacidade do helicóptero. “Eu nunca passei um apuro daquele”, digita. “Nossa!”, responde o primo.

“Eu tava vendo a máquina cair. Suei de um jeito que eu nunca vi na vida, molhei a camiseta”, comenta Rogério. “Imagino”, responde Éder. “Tava com peso demais e o vento tava de cauda”, continua Rogério. “Mas deu tudo certo”, finaliza. “Que bom”, diz o primo.

Rogério, o piloto: “Man, eu quase derrubei a máquina do Zezé”

Rogério, o piloto: “Man, eu quase derrubei a máquina do Zezé”

Nos três dias que durou a operação de busca e entrega da cocaína, Éder virou um interlocutor frequente de Rogério. Com base nos registros no GPS, é possível saber que o voo com o helicóptero de Perrella começou na sexta-feira, dia 22 de novembro, por volta das 14 horas.

De Belo Horizonte, o helicóptero voou para o Campo de Marte, em São Paulo, onde pousou aproximadamente às 17 horas. No aeroporto paulistano, embarcou Alexandre José de Oliveira Júnior, proprietário de uma escola de formação de pilotos no Campo de Marte e, segundo a investigação da Polícia Federal, responsável por atrair Rogério para a quadrilha.

Retomada a viagem, o helicóptero voou até Avaré. Rogério e Alexandre deixaram o helicóptero no aeroporto e foram para um hotel no centro da cidade, onde dormiram.

Na manhã seguinte, voaram até Porecatu, no interior do Paraná, onde o helicóptero foi abastecido, e daí seguiram até Pedro Juan Caballero, no Paraguai, em uma fazenda bem próxima da divisa com o Brasil.

O pouso em Pedro Juan Caballero ocorreu por volta das 9 horas, onde dois homens, um deles brasileiro, ajudaram a colocar os 445 quilos de cocaína no bagageiro e nos bancos do helicóptero.

No retorno ao Brasil, nova escala em Porecatu e depois pouso em uma fazenda em Santa Cruz do Rio Pardo, seguido de uma parada em Avaré e depois no município de Janiru, próximo de São Paulo.

Tantas paradas são justificadas pela necessidade de reabastecimento e também para esconder temporariamente a droga. Os dois evitavam parar em aeroportos regulares com cocaína a bordo.

De Jarinu, onde a droga ficou guardada, voaram até o Campo de Marte, estacionaram no hangar da escola de Alexandre e foram para um apartamento, onde pernoitaram. No dia seguinte, domingo, demoraram para decolar do Campo de Marte, em razão da chuva.

Na retomada da viagem, o destino é uma propriedade rural no município de Afonso Cláudio, no Espírito Santo.

No trajeto, fizeram duas paradas, no interior de Minas Gerais: uma em Sabarazinho e outra em Divinópolis, bem perto da sede das empresas da família Perrella, em Pará de Minas. Pela investigação, não fica claro onde pegaram de volta a droga deixada em Jarinu.

O voo estava atrasado quando chegou a Afonso Cláudio. Era quase noite. No local, aguardavam o empresário carioca Robson Ferreira Dias e o jardineiro Everaldo Lopes Souza.

No momento em que descarregavam a cocaína, policiais federais e policiais militares do Espírito Santo, que estavam de campana, se aproximaram e deram voz de prisão, sem que nenhum dos quatro esboçasse qualquer reação.

Chamou a atenção dos policiais o fato de que nenhum dos traficantes estivesse armado. Afinal, estavam em poder de algo de muito valor. A pasta base da cocaína apreendida tinha um grau de pureza elevado: 95%. Na Europa, onde a droga seria distribuída, a cocaína considerada de boa qualidade tem 25% de pureza.

Portanto, os 445 quilos trazidos de Pedro Juan Caballero, a preço estimado de R$ 6 milhões, seriam transformados em quase duas toneladas de cocaína própria para o consumo. A preço de varejo na Europa, renderiam pelo menos R$ 50 milhões.

“É muito dinheiro envolvido para uma operação tão desprotegida. Por que não havia escolta em terra? Será que ninguém da quadrilha se preocupou com traficantes rivais?”, questiona um policial civil de São Paulo, com experiência em investigação de narcóticos.

O juiz federal Marcus Vinícius Figueiredo de Oliveira Costa também tem os seus questionamentos. “Por que a quadrilha usou o helicóptero do senador se o Alexandre, dono de uma escola de pilotos, tem cinco helicópteros e poderia fazer uso de qualquer um deles?”

O processo

O processo

Outra dúvida: Gustavo Perrella, deputado estadual e filho do senador Zezé Perrella, autorizou o voo até domingo à tarde, mas quando houve a prisão já era quase noite, e não há registro telefônico de que o piloto, empregado dele, tenha sido procurado.

Como o piloto faria desaparecer do helicóptero o forte cheiro da pasta base de cocaína, que ficou impregnado, é outro mistério. O que Rogério diria ao patrão, caso ele não soubesse do transporte de cocaína, a respeito do odor?

Estas são perguntas à espera de respostas. Há muitas outras, como admite o próprio juiz. Mas talvez algumas nunca apareçam. É que, na segunda-feira passada, 7 de abril, os únicos presos nesta operação foram colocados em liberdade, sem que fossem ouvidos.

A libertação foi uma reviravolta que surpreendeu até o mais otimista dos advogados. Todos eles já esperavam por uma condenação severa – no mínimo, oito anos, em regime fechado, já que tráfico internacional é considerado crime hediondo.

Os advogados e os réus estavam tensos quando o juiz adentrou a sala, com uma hora e dez minutos de atraso. Ele se desculpou pela demora. “Estava trabalhando na minha decisão. Vou mandar bater o alvará de soltura”, disse.

O mais experiente entre os advogados de defesa, Marco Antônio Gomes, admite: “Tive que fazer um esforço muito grande para não dar um grito e comemorar. O alvará de soltura é o ápice da advocacia criminal. Se você perguntar a um bom advogado criminalista se ele prefere ficar com a modelo mais bonita do mundo ou obter um alvará de soltura, com certeza ele escolherá o alvará de soltura.”

No caso do Espírito Santo, os advogados nem tiveram muito trabalho para chegar ao ápice. O principal motivo para a libertação dos presos foi uma denúncia do Ministério Público Federal, que tramitava em sigilo. O Ministério Público está, a rigor, no lado oposto da defesa.

Mas, neste caso, facilitou o trabalho dos advogados. Ou será que foi a Polícia Federal que meteu os pés pelas mãos? O fato é que o procurador da República Fernando Amorim Lavieri acusou a Polícia Federal de efetuar a prisão dos traficantes mediante uma prova ilícita.

Segundo ele, foi uma interceptação telefônica ilegal realizada em São Paulo que levou à descoberta de que a droga seria descarregada em Afonso Cláudio. Na denúncia do procurador, não é citado o telefone grampeado. A acusação, vaga e genérica, serviu, no entanto, como justificativa para o juiz colocar os traficantes em liberdade.

Diante da versão do procurador, cai por terra a história de que os bravos homens do serviço reservado da PM do Espírito Santo teriam feito a investigação que levou à descoberta da quadrilha.

É essa a explicação oficial: a PM paulista descobre que uma fazenda foi comprada a preço superfaturado e estaria sendo usada por pessoas suspeitas, e avisa a PF, que monta a operação no meio do mato, à espera da chegada da droga.

Ao decidir libertar os presos, o juiz Marcus Vinícius argumentou que já tinha se esgotado o prazo legal para a prisão sem julgamento. Na verdade, ainda faltavam alguns dias, mas esse prazo, a rigor, é elástico. Vale a interpretação do juiz.

“Eu entendo que a regra é a liberdade, prisão é exceção”, explicou Marcus Vinícius. “Não sou nenhum Torquemada. Julgo com base na lei”.

Ele remarcou o julgamento para outubro e admite que os acusados poderão fugir.

Para conceder o alvará de soltura, o magistrado não exigiu a apresentação de passaportes – “medida inócua” – nem fixou o pagamento de fiança, que poderia inibir a fuga. Mas talvez os acusados nem precisem fugir.

O juiz afirma que, na hipótese do Ministério Público sustentar a acusação de grampo ilegal, vai considerar nulo todo o processo.

O resultado prático é que os quatro acusados voltarão a ter ficha limpa e o helicóptero será devolvido para os Perrellas.

O delegado da Polícia Federal Leonardo Damasceno, que desde os primeiros dias depois da prisão em Cláudio Afonso inocenta publicamente os Perrellas, diz que a instituição não fez nada de errado.

Em nota, a Polícia Federal do Espírito Santo se manifestou assim a respeito do desfecho do processo:

“Independente da soltura dos presos, a retirada de circulação de quase meia tonelada atinge a todos os planos e programas de segurança e saúde públicas, deixando essa superintendência orgulhosa de sua atuação em conjunto com a Polícia Militar do Espírito Santo.”

José Perrella de Oliveira Costa não é parente do juiz Marcus Vinícius de Oliveira Costa nem do coordenador do Núcleo Criminal da Procuradoria da República no Espírito Santo, Júlio de Castilhos Oliveira Costa, mas em Vitória ou em Afonso Cláudio, onde o caso do helicóptero é tratado com indignação, as pessoas comuns dizem que a Justiça foi como uma “mãe” para os acusados e também para os suspeitos. O senador Perrella não foi sequer ouvido, nem para dizer que não tem nada a ver com o crime.

Como atesta a Polícia Federal, ele não é suspeito.

Os Perrellas: eles não são suspeitos, segundo a PF

Os Perrellas: eles não são suspeitos, segundo a PF

Diário do Centro do Mundo » Exclusivo: o que diz o processo do caso do helicóptero dos Perrellas, tratado na Justiça de “Helicoca”

22/02/2014

Espanhóis destronam mineiros

Filed under: Narcotráfico,Pó da discórdia — Gilmar Crestani @ 7:09 pm
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1,4 toneladas de cocaína chegam à França em um caminhão do Rali Dacar

A polícia francesa prende dois cidadãos espanhóis e dois búlgaros em uma operação internacional

Miguel Mora / Nadia Tronchoni Paris / Barcelona 22 FEV 2014 – 17:24 BRT

Um caminhão percorre as dunas durante o Rali Dacar 2014. / JEAN-PAUL PELISSIER (REUTERS)

A polícia desmantelou uma rede internacional de tráfico de drogas que tentava introduzir na Europa 1,4 toneladas de cocaína escondidas em um caminhão de assistência do Rally Dacar 2014. O caminhão chegou na quarta-feira com outro veículo técnico do Dacar ao porto de Le Havre, norte da França, desde a cidade chilena de Valparaíso, onde terminou a corrida dia 18 de janeiro. Horas após o desembarque, dois cidadãos espanhóis foram presos.

Fontes próximas à equipe Epsilon Team disseram que um deles, o coordenador Xavi Mora, quem conduzia o veículo, foi interceptado em uma área de descanso de uma estrada na Normandia. O outro, David Oliveras, fundador da equipe, foi preso em sua casa, em Barcelona, e transladado posteriormente a Madri, onde declarou e continua preso. Os outros dois detentos, de nacionalidade búlgara, são considerados os cabeças do grupo e foram presos em seu país. A operação continua aberta e a polícia francesa disse neste sábado que haverá novas detenções em outros países, entre eles a Espanha.

A rede fretou a droga, procedente da Bolívia e Colômbia, no barco Río Nevado e a ideia era  levá-la até a Espanha fazendo escala em Le Havre, na França

As 1,393 toneladas de cocaína, a quantidade mais alta apreendida até agora na França, iam envolvidas com uma tripla proteção de plástico e camufladas em pneus depositados no baú do caminhão logístico do Dacar, que neste ano percorreu Argentina, Bolívia e Chile. O preço da cocaína apreendida alcançaria 270 milhões de euros (cerca de 870 milhões de reais) na revenda, disse a polícia.

O caminhão, um 8×8, é um dos veículos do Epsilon Team, uma equipe espanhola criada em 1987 e que desde então oferece serviços de assistência aos competidores. De fato, este onde a droga foi ocultada é o que atende competidores em motos e no qual dormiu nos últimos anos a piloto espanhola Laia Sanz. A sede da equipe, onde estão todos os caminhões e o material, em Can Massaguer, na cidade de La Roca del Vallés (Barcelona), foi também inspecionada pela polícia.

Segundo explicou o escritório central antidroga, conhecido como OCRTRIS, a colaboração entre as forças de ordem francesas, espanholas e búlgaras permitiu averiguar que a rede tinha fretado a droga, procedente da Bolívia e Colômbia, no barco Río Nevado e que sua ideia era a levar até a Espanha fazendo escala em Le Havre. As mesmas fontes afirmaram que os quatro detidos não têm relação com ASO, a empresa que organiza o Dacar, e indicaram que a rede internacional opera há vários meses.

Mora, que ficou incomunicado durante 72 horas, foi interrogado na sexta-feira na sede da OCRTRIS de Nanterre, próximo a Paris. Ali também estava o ministro do Interior da Espanha, Manuel Valls, que quis felicitar pessoalmente os agentes por uma apreensão que definiu como “histórica”. Valls destacou que a cooperação policial com a Espanha e a Bulgária funcionou de maneira impecável.

1,4 toneladas de cocaína chegam à França em um caminhão do Rali Dacar | Esportes | Edição Brasil no EL PAÍS

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