Ficha Corrida

01/05/2015

DePUTAdo transgênico

Filed under: Luis Carlos Heinze,Monsanto,PP,Transgênicos — Gilmar Crestani @ 11:22 am
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heinzeMais uma obra do PP Gaúcho a serviço do atraso. Informação faz mal à saúde… do PP.

O incorrigível Luis Carlos Heinze apresentou projeto e a bancada da Monsanto aprovou. De agora em diante os alimentos não precisam mais conter a informação de que são transgênicos.

Por que o PP gaúcho teme tanto a informação da procedência do produto?

Os gaúchos que já consomem, via RBS, produtos vencidos, também poderão agradecer ao racista Heinze mais esta contribuição ao direito à informação.

É nisso que dá termos uma manada que vota em troca de um punhado de capim.

Como publica o jornal El País, hoje, “O “alarmante” uso de agrotóxicos no Brasil atinge 70% dos alimentos”. Mas isso de nada importa a políticos da estirpe do PP muito menos a uma manada que vota nestes jumentos.

Alimentos transgênicos não serão rotulados. Por que o agronegócio quer enganar você?

abril 29, 2015 09:26

Alimentos transgênicos não serão rotulados. Por que o agronegócio quer enganar você?

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Por Eduardo Piovesan e Tiago Miranda, do Portal da Câmara

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (28) o Projeto de Lei 4148/08, do deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), que acaba com a exigência do símbolo da transgenia nos rótulos dos produtos com organismos geneticamente modificados (OGM), como óleo de soja, fubá e outros produtos derivados.

A matéria, aprovada com 320 votos a 135, na forma de uma emenda do deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), deve ser votada ainda pelo Senado.

O texto disciplina as informações que devem constar nas embalagens para informar sobre a presença de ingredientes transgênicos nos alimentos. Na prática, o projeto revoga o Decreto 4.680/03, que já regulamenta o assunto.

Saiba quem são os deputados que querem enganar você

Heinze afirmou que a mudança do projeto não omite a informação sobre a existência de produtos transgênicos. “Acho que o Brasil pode adotar a legislação como outros países do mundo. O transgênico é um produto seguro”, afirmou. Segundo ele, não existe informação sobre transgênicos nas regras de rotulagem estabelecidas no Mercosul, na Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e na Organização das Nações Unidas (ONU).

De acordo com o texto aprovado, nos rótulos de embalagens para consumo final de alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal deverá ser informada ao consumidor a presença de elementos transgênicos em índice superior a 1% de sua composição final, se detectada em análise específica.

A redação do projeto deixa de lado a necessidade, imposta pelo decreto, de o consumidor ser informado sobre a espécie doadora do gene no local reservado para a identificação dos ingredientes.

A informação escrita sobre a presença de transgênicos deverá atender ao tamanho mínimo da letra definido no Regulamento Técnico de Rotulagem Geral de Alimentos Embalados, que é de 1 mm.

Sem transgênicos
Além do fim do símbolo que identifica os produtos com transgênicos, no caso dos alimentos que não contenham OGM, o projeto mantém regra do atual decreto que permite o uso da rotulagem “livre de transgênicos”.

Destaque do PT aprovado pelos deputados retirou do texto a condição de que esses produtos sem transgenia somente poderiam usar essa rotulagem se não houvesse similares transgênicos no mercado brasileiro.

O texto continua a exigir, entretanto, a comprovação de total ausência de transgênicos por meio de análise específica, o que pode dificultar o exercício desse direito pelos agricultores familiares, que teriam de pagar a análise para poder usar a expressão.

Polêmica em Plenário
A discussão sobre o tema foi intensa e não houve consenso entre os parlamentares, em especial entre os principais partidos da base aliada do governo, PT e PMDB.

Para o deputado Alessandro Molon (PT-RJ), o projeto de lei cassa, na prática, o direito de o consumidor saber se há ou não transgênicos. “É correto sonegar ao consumidor essa informação? Está certo tirar o direito de saber se tem ou não transgênicos?”, questionou.

Já o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) defendeu a medida e lembrou que a Lei de Biossegurança (11.105/05), que regulamentou o uso de transgênicos, completou dez anos neste mês. “Disseram que os transgênicos poderiam causar câncer. Agora renovam a linguagem.”

O líder do PV, deputado Sarney Filho (MA), disse que o projeto é um retrocesso na legislação atual. “O texto mexe naquilo que está dando certo. O agronegócio está dando um tiro no pé. Por que retroagir?”, questionou. Segundo ele, o texto não acrescenta nada sobre a transgenia, só retira informações.

Já o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) lembrou que 90% da soja e do milho comercializados no Brasil têm organismos transgênicos em sua composição e, dessa forma, toda a cadeia produtiva desses produtos, como carne e leite. “O projeto é excelente, garantimos o direito do consumidor ser informado”, disse.

Opiniões divergentes

O deputado Ivan Valente (Psol-SP) afirmou que, enquanto outros países proíbem completamente o uso de alimentos transgênicos, no Brasil se busca “desobrigar a rotulagem dos transgênicos e excluir o símbolo de identificação”. Ivan Valente ressaltou que não existe consenso se os transgênicos fazem ou não mal à saúde.

Para o deputado Bohn Gass (PT-RS), era necessário manter o símbolo da transgenia nos produtos. “Qualquer mudança vai prejudicar o consumidor.”

O deputado Moroni Torgan (DEM-CE), no entanto, criticou a rotulagem diferente para a transgenia. “Por que a diferença entre corante, conservante, agrotóxico e transgênico na embalagem? Se é para colocar letra grande para transgênicos, por que estão usando dois pesos e duas medidas?”, questionou.

Na opinião do deputado Padre João (PT-MG), a proposta só beneficia as grandes multinacionais do setor agropecuário que vendem sementes transgênicas. “Não podemos ficar a serviço das grandes empresas, devemos ter respeito ao consumidor”, disse.

O deputado Delegado Edson Moreira (PTN-MG) respondeu ao deputado Padre João que a hóstia, usada no rito católico, também é feita com trigo transgênico.

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06/09/2014

Depois dos transgênicos, Beto Albuquerque vai cuidar da saúde (dos Laboratórios)

beto albuquerqA lógica é simples: libera veneno que engorda e, com isso, justifica a liberação de veneno que emagrece. Mata todo mundo e ainda fica com os bolsos cheios…

A melhor coisa da escolha de Beto Albuquerque para vice da Marina foi oportunizar aos gaúchos de melhor conhece-lo. Se antes parecia um 51 (uma boa idéia), agora fica parecendo 171 (estelionatário) da nossa boa-fé.  Ele tem receita pra melhorar a saúde da Monsanto (transgênicos) e Laboratórios (emagrecedores), só não tem para a saúde do povo.

Não vivemos ditadura das agências reguladoras’, afirma vice de Marina

Autor de projeto que liberou volta de emagrecedores, Beto Albuquerque faz críticas à Anvisa

Deputado nega que sua intenção seja a de atacar a competência do órgão para regular o mercado farmacêutico

JOHANNA NUBLATDE BRASÍLIA

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não é dona "da verdade absoluta" e precisa parar de tomar decisões de forma isolada, diz o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), vice na chapa de Marina Silva (PSB) à Presidência e autor do projeto que liberou a volta dos emagrecedores ao mercado, aprovado na terça-feira (2) pelo plenário do Senado.

O texto ainda será promulgado pelo Congresso para passar a valer, o que deve ocorrer após as eleições. Com isso, ficará suspensa a decisão da Anvisa que vale desde 2011 e proíbe a venda das substâncias femproporex, mazindol e anfepramona (do grupo das anfetaminas e seus derivados), e exigia regras mais rígidas para o comércio da sibutramina.

A direção da Anvisa –que considera o uso dos anfetamínicos um risco à saúde– já fala em aprovar novas restrições à venda dos produtos, como proibir a venda dos anfetamínicos em farmácias de manipulação, onde eram mais comercializados.

À Folha, Beto Albuquerque afirmou que o Congresso tentou dialogar com a Anvisa antes da proibição mas não obteve sucesso, o que deixou pacientes graves sem alternativa de tratamento. Ele diz que foi procurado por pacientes e médicos "desesperados", mas afirma que não teve contato com a indústria de remédios no período.

"Além de não ter valorizado o debate, a Anvisa não apontou alternativas. O médico e o paciente fazem o quê? –Começou a haver todo um mercado paralelo, contrabando, e surgiram outros medicamentos [de uso off-label, ou seja, usados para emagrecer, mas originalmente registrados para outros fins]. E a Anvisa não se preocupou com essas coisas", argumenta.

Questionado sobre os riscos à saúde apontados pela Anvisa para o banimento das drogas, o deputado afirma que todos os medicamentos têm contraindicações e que cabe aos médicos avaliar os riscos e a possibilidade de uso em cada caso.

"Por isso que a Anvisa existe, para fiscalizar o uso dos medicamentos. Lógico que se usar indevidamente pode fazer mal", afirma.

COMPETÊNCIA LEGAL

O vice na chapa de Marina diz que o projeto de decreto legislativo foi proposto diante do que vê como uma "intransigência monocrática da Anvisa" e que teve o objetivo de recolocar o assunto em discussão com "sobriedade".

Albuquerque explica que não teve a intenção de questionar a competência legal da agência para regular o mercado de remédios –apesar de o projeto de decreto legislativo ser usado para sustar atos do Executivo que exorbitam o que se consideram ser suas competências.

"O recado é: tem que se criar uma solução, não pode ser só uma decisão monocrática em que os médicos não podem prescrever mais."

O deputado afirma que a Anvisa deveria chamar o setor envolvido para uma discussão antes de qualquer nova decisão. "Não vivemos a ditadura das agências."

Num eventual governo federal do PSB, aponta Albuquerque, as indicações para as agências federais seguirão só critérios técnicos: "Agência não vai ter mais indicação política", afirma.

    30/12/2013

    Transgênicos, além da Monsanto

    Filed under: Monsanto,Transgênicos — Gilmar Crestani @ 10:06 am
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    Imagen: Jorge Larrosa

    SUBNOTAS

    DIALOGOS › EL INVESTIGADOR PABLO PELLEGRINI, OTRA MIRADA SOBRE LA AGRICULTURA GENETICAMENTE MODIFICADA

    “Hay una historia de los transgénicos que no pasa por las transnacionales”

    Es biotecnólogo y doctor en Ciencias Sociales y Filosofía del Conocimiento. En su último libro propone despojarse de las habituales consignas y urgencias con las que se debate sobre transgénicos. Aquí, explica por qué es una discusión compleja y polémica. Los intereses en juego, el papel de Monsanto, los movimientos sociales, lo que puede hacer la ciencia local.

    Por Verónica Engler

    La Argentina fue uno de los primeros países en el mundo en adoptar los cultivos transgénicos, en 1996, y se ubica desde entonces entre los que mayor cantidad de hectáreas le dedican a esta agricultura, después de Estados Unidos y Brasil. Son varias las controversias que este tipo de cultivo ha despertado desde sus inicios. Por un lado, está el tema de la producción monopolizada por unas pocas multinacionales. Y, por otro, existe cierta sospecha: desde diferentes sectores se alega que el consumo de transgénicos podría dañar la salud humana y el medioambiente, aunque el debate científico en torno de este tema fue saldado en buena medida. Entre estas dos cuestiones, se abren camino otras tantas que complejizan aún más el panorama. Hay laboratorios multinacionales, científicos, instituciones gubernamentales, productores agropecuarios y movimientos sociales. Cada uno de estos actores tiene algo para decir. Pero no se trata simplonamente de estar a favor o en contra de los transgénicos. Por lo menos, así lo considera el doctor Pablo Pellegrini, autor de Transgénicos. Ciencia, agricultura y controversias en la Argentina. “Creo que el debate sobre los transgénicos se puede enriquecer mostrando que existen historias distintas a las de los transgénicos producidos por las grandes multinacionales”, señala Pellegrini al comenzar la entrevista. “Por eso me parece importante poder entender los procesos, los actores, los intereses que están involucrados en la producción y el uso de las tecnologías, y cómo eso también puede ser modificado y abrirse a nuevos escenarios.”

    –En el libro Transgénicos usted analiza las controversias científicas que se abrieron y señala un momento de clausura en la discusión científica en torno de los transgénicos.

    –En realidad, en la ciencia, como en cualquier otra actividad humana, nunca hay consensos absolutos en nada, y siempre se pueden encontrar posiciones distintas sobre los temas más diversos. En ese sentido, lo que se puede ver al analizar las controversias en torno de los transgénicos es que hubo un momento, sobre todo alrededor del año 2000, en el que todavía en revistas de cierto prestigio académico se publicaban ensayos que daban cuenta de cierta ambigüedad o de ciertos riesgos vinculados a los transgénicos, que fueron muy discutidos. Pero esto dejó de aparecer en las revistas de mayor impacto. En ese sentido, se puede hablar de cierto consenso en la comunidad científica sobre la ausencia de esos riesgos que se manifestaban en torno de este tema. Pero en otros ámbitos no es así, hay otro sentido que se les da a los transgénicos.

    –La discusión en torno de los transgénicos se traslada a otros ámbitos, no científicos, en los que prima la idea de riesgo. ¿Por qué?

    –Sí, pero creo que responde en cada contexto a situaciones muy distintas. Por ejemplo, en Europa son muy habituales los discursos masivos respecto del riesgo de los transgénicos. No casualmente en Europa tienen una agricultura que es muy poco competitiva, y esto obliga a la Unión Europea (UE) a subsidiar fuertemente su agricultura, y todo aquello que de alguna manera suponga medidas que restrinjan la llegada de productos agroalimentarios de otros países es un alivio para las políticas europeas. Y si además de medidas arancelarias y paraarancelarias disponen de un público consumidor que no quiere esos productos que vienen de afuera, es también una forma de contribuir a una producción agropecuaria europea. Entonces, hay cierta funcionalidad entre esos discursos (sobre el riesgo de los transgénicos) y la propia matriz productiva de la UE. Además tiene que ver con la estructura social que se da en la producción agropecuaria en Europa, pero también en otros países como Brasil, donde la pequeña producción campesina, familiar, es bastante importante. Los transgénicos que actualmente circulan en el mercado son producidos por seis grandes multinacionales, requieren de cierto capital para acceder a ellos, para comprar las semillas, las maquinarias y los insumos asociados para que sea más rentable la producción. Todo ese paquete hace que no cualquiera pueda acceder a eso, con lo cual las formas de producción agrícola más pequeñas tienen un acceso más difícil a esa tecnología. Entonces, ahí donde la producción agrícola es más pequeña, obviamente los transgénicos generan mayor resistencia.

    –¿La noción de riesgo tiene que ver sólo con cuestiones relacionadas con la estructura productiva de cada lugar?

    –No, ésa es una forma de entender en parte a qué responden ciertos intereses vinculados con la idea de riesgo. Pero la idea de riesgo en sí misma es bastante polisémica. Los riesgos que se les adjudican a los transgénicos pueden ser de lo más diversos. Algunos hablan de riesgos específicos, de que pueden causar alergia, otros señalan un riesgo más vinculado con cierta incertidumbre general, de no saber qué puede ocurrir en el futuro por ser algo nuevo. Los transgénicos están muy asociados a grandes multinacionales porque son las que han producido y comercializan al día de hoy los cultivos transgénicos que circulan en el planeta. Y eso también incide en el modo en que se perciben los transgénicos, porque el emblema de estas multinacionales es Monsanto, que tiene una trayectoria particularmente destructiva. En Estados Unidos es habitual que Monsanto lleve a juicio a agricultores y los destruya financieramente. Tiene políticas muy avasallantes, y además está vinculado, por ejemplo, a la producción de químicos para ser usados durante la guerra de Vietnam. Es decir, tiene un historial de prácticas indefendibles. Pero, precisamente, uno de los riesgos al hablar de transgénicos es que se haga una ecuación de igualdad entre transgénicos y Monsanto. Y eso es parte de lo que ocurre cuando se habla de la soja resistente al glifosato, que fue desarrollada por Monsanto o el glifosato mismo, que fue históricamente un desarrollo de Monsanto. Ningún investigador en general quiere salir a opinar sobre esos temas porque no quiere quedar asociado a la imagen de Monsanto. El problema es cómo abrir un debate.

    –¿Y cómo se abre ese debate?

    –En rigor, el glifosato ya no es más un producto de Monsanto. A partir del 2000 expiró la patente, lo cual hace que el glifosato hoy provenga en buena medida de China, y también por eso se difunde mucho más su uso. Obviamente el glifosato, como todo agroquímico, es tóxico, pero comparativamente resulta menos tóxico que otros agroquímicos. Pero justo en el momento en el que deja de ser un monopolio de Monsanto, si se lo llegara a prohibir, probablemente sean las transnacionales las que más se beneficien de eso. Hoy el glifosato lo puede producir cualquiera, lo que sigue vendiendo Monsanto es la marca, Roundup. De hecho, una circunstancia particular de Argentina es que la soja resistente al glifosato, en rigor, no es de Monsanto, es un desarrollo original de Monsanto, pero es otra empresa (Nidera) la que logró producirlo en Argentina, y también por eso llegó a comercializarse tempranamente en el país. Buena parte del desafío para abrir un debate más rico en torno de los transgénicos tiene que ver con mostrar la diversidad de actores y de intereses que están involucrados en este tema.

    –Uno de los actores sociales que tienen una posición más ligada a la idea de riesgo es el Movimiento de los Sin Tierra (MST) de Brasil. ¿De qué manera se produce este posicionamiento?

    –El MST históricamente desarrolló una posición contraria al uso de los transgénicos, porque adoptó una forma de producción en lo que denominan agroecología. Eso tiene que ver, en parte, con que es un movimiento que se sostiene en base a una pequeña agricultura, en muchos casos de autoabastecimiento, y toda forma de tecnología implica una necesidad de cierto capital para acceder a eso, que obviamente se le dificulta a un movimiento como el MST. Brasil, a partir del año 2005, empezó a incorporar masivamente el uso de transgénicos y hoy es el segundo productor mundial. Sin embargo, recientemente también ha lanzado proyectos para financiar producciones agroecológicas. Estas producciones, al no utilizar insumos químicos, resultan en un producto final más caro. Pero, de todos modos, existe un mercado para esos productos, que es un mercado con cierto poder adquisitivo, como suelen ser las clases medias en Europa.

    –Muchos campesinos dicen que les resulta imposible tener cultivos no transgénicos cuando en torno de ellos se produce con semillas transgénicas, por la contaminación. ¿Cómo pueden convivir ambos tipos de cultivos?

    –En realidad hay formas de evitar o contener las posibilidades de dispersión de polen, la contaminación, que además depende del tipo de cultivo. Pero también otro de los aspectos con los que se vincula este énfasis en el riesgo de las tecnologías tiene que ver con demandar mayor control. Lo que se hace es exigir mayores ensayos para garantizar la inocuidad de los alimentos, y eso lo que produce también es un aumento en la barrera de entrada de esas tecnologías. Finalmente ahí hay una convergencia muy curiosa entre el temor a esas nuevas tecnologías y las grandes multinacionales, en el sentido de que, al exigir cada vez mayores controles, termina siendo muy caro poder producir esas tecnologías, y quienes sí logran producirlas son las grandes multinacionales, con lo cual indirectamente son las que se benefician de esas ideas de riesgo vinculadas con la tecnología. Eso no quiere decir que haya que dejar de tener controles, pero ahí se produce una tensión que hay que analizar en función de los diversos intereses: cómo producir controles sensatos, racionales, para garantizar ciertos niveles de seguridad y a la vez permitir que diversos actores puedan producir esa tecnología y no que quede en manos de unos pocos.

    –Los grupos que denuncian la peligrosidad de los transgénicos suelen aducir que este tipo de cultivos requiere del uso de más agroquímicos, lo que supondría un riesgo para la salud.

    –Sí, claro, el uso de agroquímicos tiene cierto nivel de toxicidad. Pero no tiene mucho sentido decir que los cultivos por ser transgénicos implican mayor demanda de agroquímicos. Por un lado hay que distinguir entre los productos agroquímicos, como herbicidas, y los cultivos transgénicos. No son lo mismo. Se pueden desarrollar cultivos transgénicos sin que estén vinculados con agroquímicos, que por ejemplo tengan insertado un gen para una nueva propiedad nutricional. El uso de agroquímicos viene incrementándose muchísimo desde los años ’60 porque aumenta la productividad agrícola. Obviamente eso tiene un límite y también tiene consecuencias, y tiene formas de uso que pueden resultar dañinas. Pero también ahí hay que ver cómo se piensa la idea de riesgo. Por ejemplo, uno podría decir que un obrero de la construcción tiene más riesgo si está trabajando en un edificio alto que en una casa. Ante esa constatación se puede decidir que hay que dejar de construir edificios porque son más riesgosos que las casas, lo cual, a su vez tiene sus consecuencias. Ahora, otra forma de encarar ese riesgo sería ver cómo desarrollar mayores normas de seguridad y controles, para que se pueda construir sin un riesgo elevado de caerse, aunque el peligro si se cae sea mayor. Entonces, usar agroquímicos frente a no usarlos implica mayor riesgo, porque los agroquímicos son sustancias tóxicas. Pero me parece que la disputa no tiene que pasar por si usar o no usar, sino bajo qué modos, de qué manera, con qué marcos regulatorios, con qué controles y en beneficio de quién. Por eso me parece que toda forma de pensamiento que determina que las cosas tienen una propiedad ahora y para siempre son formas de pensamiento más bien conservadoras.

    –Es el tipo de pensamiento esencialista que usted le cuestiona a referentes como el Grupo de Reflexión Rural o a la periodista francesa Marie-Monique Robin (autora del documental El mundo según Monsanto).

    –Claro, este tipo de pensamiento sería: “los transgénicos contaminan por su propia naturaleza”, pero también podría ser lo inverso: “los transgénicos salvan del hambre a la humanidad”. Sea en un sentido positivo o negativo, cualquier razonamiento que implica adjudicar una característica intrínseca a una cosa termina siendo conservador porque nos imposibilita ver y entender bajo qué formas se produce esa cosa, con qué intereses, quiénes pueden apropiarse o no de esos beneficios. Un pensamiento más transformador está exigido de estar permanentemente reelaborándose. Muchas veces algunas reflexiones que están teñidas de argumentos esencialistas responden a la búsqueda de consignas, que necesitan condensar rápidamente una expresión, entonces terminan diciendo “tal cosa es nociva”. Pero eso es problemático porque termina conduciendo a esa igualación “transgénicos = peligro = Monsanto”. Y la idea de abrir un debate tiene que ver con mostrar otros escenarios, otros actores y otros transgénicos posibles.

    –¿Cuáles serían esos otros escenarios posibles en relación con los transgénicos?

    –Por un lado, me parece que un aporte es ir hacia atrás y mostrar que hay una historia vinculada con los transgénicos que no pasa por las transnacionales. Mostrar que tenemos en el país investigadores de laboratorios públicos que han tenido una búsqueda de desarrollar cultivos en otro sentido totalmente distinto del de las grandes transnacionales. Eso permite diferenciar y mostrar que no es lo mismo transgénicos que Monsanto, que hay otras posibilidades, más allá de que luego no se concretaron. Así como existe actualmente una política general que ubica a la ciencia en un nuevo lugar, es necesario también generar políticas concretas en distintos estamentos. Por ejemplo, actualmente las grandes multinacionales producen y comercializan los transgénicos y el control queda en agencias del Estado: el control de la inocuidad, la seguridad alimentaria, del medio ambiente. Pero se sigue asumiendo aún hoy un rol de controlador de aquello que producen las multinacionales, pero las propias agencias del Estado no se pueden asumir como un productor de transgénicos. Con lo cual siguen faltando actores que logren producir un cultivo transgénico desde otro lugar, por ejemplo que se logre producir desde instituciones públicas. Eso es importante porque permitiría ampliar los márgenes de apropiación que puede retribuirse a partir de un cultivo transgénico. No es lo mismo disputar con Monsanto los beneficios que pueden reportar los cultivos transgénicos que distribuir los beneficios producidos por una institución pública o por un actor local.

    –¿Cómo se desarrollaron las primeras plantas transgénicas en nuestro país?

    –El inicio de la transgénesis vegetal en la Argentina no tiene que ver con las grandes multinacionales sino con investigadores formados en la Argentina, que de alguna manera vuelven al país después del exilio, con la idea de lograr un desarrollo tecnológico que tenga una utilidad local. Los transgénicos como tecnología recién empezaban a nivel mundial, la primera planta transgénica se obtiene en el año ’83, la primera planta transgénica resistente a virus se obtiene en el año ’86. Y estos investigadores se ponen a mediados de los años ’80 a desarrollar un cultivo transgénico, pero con otras características de las que vemos actualmente en el mercado. La idea era desarrollar una papa que fuera resistente a virus para poder permitirles a los agricultores que trabajaban con papa, mayormente agricultores humildes, que se vieran liberados de esta problemática del virus. Y efectivamente lograron producirla, en condiciones de laboratorio. Pero después hubo una serie de complicaciones a principios de los ‘90 por las cuales las transgénesis fue orientándose hacia otro rumbo.

    –¿Cuáles fueron las complicaciones?

    –Por ejemplo, hubo un intento de generar una red de laboratorios latinoamericanos que produjeran este tipo de cultivos, uno de los más importantes era un laboratorio en México. Pero cuando se inicia esta red junto con Argentina y otros países, ahí Monsanto, de alguna manera, seduce más al laboratorio de México que esta red, con lo cual se termina desarticulando un poco el proyecto. Eran los ‘90 y las grandes multinacionales venían con una trayectoria de la industria química, y se vuelcan a los transgénicos buscando mayor rentabilidad también en la industria química. La idea que tenían era la de producir una semilla que era útil en la medida en que usaba al mismo tiempo un agroquímico. Y los investigadores de Argentina, que habían desarrollado una papa resistente a virus, que vendría a ser una papa que ya tiene una vacuna, se ven desvinculados también de ese escenario. La idea de mostrar que hay una historia previa es útil también para mostrar que hay capacidades que son distintas de las de las multinacionales y que abren otras posibilidades a futuro. Tener un cultivo transgénico que no esté desarrollado por las grandes multinacionales sino por actores locales permite disputar los beneficios de esas patentes, los beneficios de esos usos, permite además diseñarlo con otro sentido que no sea solamente vender un agroquímico, y eso abre la posibilidad de valorizar la producción a través de innovación.

    02/11/2013

    Folha busca tornar Monsanto palatável

    Filed under: Folha de São Paulo,Humor,Monsanto,Transgênicos — Gilmar Crestani @ 8:48 am
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    VAIVÉM DAS COMMODITIES

    ENTREVISTA – RODRIGO SANTOS, 40

    Monsanto investe além da semente no Brasil

    Multinacional passa a fornecer tecnologia para leitura do solo

    A agricultura do futuro não exige apenas uma boa semente, mas todo um conjunto de tecnologias complementares.

    Adepta dessa visão, a multinacional Monsanto, líder mundial em biotecnologia, partiu para as áreas de equipamentos agrícolas processadores de dados e de clima.

    O objetivo é fornecer um pacote completo para os produtores, buscando um aproveitamento maior da área semeada e uma produtividade mais elevada. Em teste no Brasil, o sistema será oferecido aos produtores em 2016/17.

    A empresa investirá US$ 300 milhões no Brasil em dois anos, diz seu presidente no país, Rodrigo Santos. Leia trechos de entrevista.

    Agricultura do futuro

    É preciso tirar mais do solo, mas com sustentabilidade. Estamos testando uma tecnologia em Mato Grosso que lê o talhão de terra, faz recomendações de adubação, quantidade de sementes a ser semeada, profundidade do plantio e velocidade adequada da máquina durante o plantio.

    Como funciona

    A Monsanto fornece equipamento que é acoplado ao trator e, via iPad (no qual está o histórico do solo, clima e produção da fazenda), a leitura instantânea do solo é feita e são enviadas as recomendações adequadas para a plantadeira.

    Compras

    Para desenvolver o novo equipamento agrícola e adequar o sistema de monitoramento de dados ao campo, a Monsanto comprou duas empresas nas áreas de desenvolvimento de equipamentos e de fornecimento de dados climáticos.

    Ganho de produtividade

    Ainda não há definição de resultados no Brasil, mas, nos EUA, a produção de milho aumenta de 315 kg a 630 kg/ha.

    Parcerias

    Essa nova visão do setor exigirá parcerias para que a agricultura seja uma realidade. Entramos com a semente, com a biotecnologia, mas não vamos produzir a plantadeira, feita por empresas qualificadas.

    Em três anos

    Precisamos desenvolver ensaios científicos durante pelo menos três anos. O produtor brasileiro terá o equipamento para a safra 2016/17.

    Ano marcante

    Este ano (setembro/13 a agosto/14) será marcante para a empresa no Brasil. Teremos investimentos para modernização e aumento da capacidade de desenvolvimento de sementes e de proteção de cultivos de US$ 300 milhões para os próximos dois anos. A empresa coloca, ainda, cinco novas tecnologias no campo: uma em soja, duas em milho e duas em algodão.

    Produtividade

    A soja ainda exige muito investimento, e a produtividade, hoje estacionada em três toneladas por hectare, poderá atingir seis toneladas em uma década. É nosso objetivo.

    Milho

    O país já tem regiões com grande produtividade. O desafio é elevar a produção delas e trazer as demais, onde a produção é baixa, para esses patamares. Trabalhamos com meta de 13 t a 15 t por hectare.

    Leia a íntegra
    folha.com/no1365531

    MAURO ZAFALON mauro.zafalon@uol.com.br

      14/05/2013

      Por que a Monsanto é tão detestada

      Filed under: Monsanto,Monstros e Alienígenas — Gilmar Crestani @ 9:28 am
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      Diario do Centro do Mundo 14 de maio de 2013 18

      Raras vezes uma empresa uniu tanta repulsa no mundo.

      AAA

      Protesto contra a Monsanto

      O texto abaixo foi publicado, originalmente, na versão em português do site alemão DW.

      “Queremos apenas um rótulo”, gritam os manifestantes que marcham em direção à Casa Branca. “Oitenta por cento dos alimentos num supermercado são produzidos com ingredientes geneticamente modificados. Mas essa informação não consta [nas embalagens]“, reclama Megan Westgate, chefe do projeto NONGMO e uma das organizadoras da manifestação em Washington.

      Nos Estados Unidos, alimentos produzidos a partir de “organismos geneticamente modificados” – GMO, na sigla em inglês – não precisam trazer essa informação na embalagem.

      A caminhada para a Casa Branca e a subsequente manifestação nos arredores do Parque Lafayette são o ponto alto da marcha Rigth2Know – “direito de saber”, em português. Um dos participantes é o alemão Joseph Wilhelm, fundador da rede orgânica Rapunzel. Ele já organizou duas marchas contra os transgênicos na Alemanha. “Fiz todo o caminho de Nova York a Washington a pé”, diz, orgulhoso, ao tirar os sapatos.

      Na verdade, Wilhelm gostaria que a marcha tivesse um outro destino: a sede da Monsanto em Saint Louis, no estado do Missouri. Para ele, a empresa é “o símbolo do desenvolvimento de sementes geneticamente manipuladas”. Mas uma marcha até St. Louis chamaria pouca atenção para a questão da rotulagem dos alimentos transgênicos.

      A centenária Monsanto foi refundada em 1997 como empresa agrícola. A história dela remonta a 1901. Ao seu passado pertence, entre outras coisas, a fabricação do agente laranja, o famigerado herbicida utilizado pelos militares americanos durante a Guerra do Vietnã. O agente laranja é considerado responsável por graves problemas de saúde de soldados americanos e vietnamitas.

      Hoje a Monsanto se apresenta como empresa que desenvolve e vende apenas sementes e produtos agrícolas. Entre eles estão sementes de milho e de algodão resistentes a pragas, lançadas no mercado nos anos 1990.

      No caso dessas sementes, “a própria planta produz o veneno”, diz Wilhelm. Quando a planta é utilizada para alimentar animais, que, por sua vez, são usados como alimentos por seres humanos, “ingere-se o veneno junto”, afirma. A carne de animais alimentados com produtos transgênicos não é rotulada na maioria dos países.

      Outro tipo de produto são sementes, por exemplo de colza ou de soja, resistentes aos herbicidas da Monsanto, como o amplamente difundido Roundup. Esse herbicida mata todas as plantas do local onde é aplicado, exceto aquelas geneticamente modificadas pela Monsanto para serem resistentes a ele.

      A Monsanto afirma que as sementes transgênicas não são prejudiciais à saúde. “Antes de serem colocadas no mercado, plantas biologicamente modificadas precisam ser submetidas a mais testes e exames do que outros produtos agrícolas” nos Estados Unidos, diz o porta-voz da Monsanto Europa, Mark Buckingham.

      Nem todos têm a mesma opinião. “Quando vejo o sistema regulatório para plantas geneticamente modificadas, acredito que seja insuficiente”, considera Bill Freese, do Centro para Segurança Alimentar, uma organização sem fins lucrativos dos EUA que defende a agricultura sustentável.

      Quando se modifica geneticamente uma planta, cria-se uma mutação, explica Freese. “A partir daí podem surgir defeitos: menor valor nutricional, toxinas em quantidade maior do que as naturalmente presentes, em quantidades pequenas e inofensivas, na planta ou até toxinas completamente novas.”

      Manifestação anti-Monsanto

      Manifestação anti-Monsanto

      Um grande problema dos transgênicos, na sua opinião, são as alergias. Devido à falta de informação nos rótulos dos alimentos, o consumidor não tem como saber posteriormente o que pode ter causado uma reação alérgica.

      O presidente do Instituto Millennium de Washington, Hans Rudolf Herren, também alerta para problemas de saúde provenientes de plantas geneticamente modificadas, especialmente porque, ao contrário das promessas de empresas como a Monsanto, em longo prazo cada vez mais veneno é necessário, afirma.

      “Já não basta pulverizar uma vez, pulveriza-se duas vezes e com um verdadeiro coquetel de herbicidas”, diz. Segundo ele, isso ocorre porque as ervas daninhas se tornam resistentes ao veneno. Herren as chama de “superervas daninhas”.

      A favor das sementes geneticamente modificadas usa-se muitas vezes o argumento da luta contra a fome. “Modificações genéticas oferecem a agricultores e consumidores uma ampla gama de possibilidades, impossíveis de serem alcançadas com outros meios”, diz Buckingham. Ele cita como exemplo a Índia, afirmando que a colheita de arroz aumentou de 300 quilos por hectare em 2002 para 524 quilos por hectare em 2009.

      A ativista indiana Vandana Shiva, vencedora do Prêmio Nobel Alternativo, também participou dos protestos em Washington. Ela luta há anos contra a Monsanto e menciona o relatório O rei dos GMOs está nu, publicado por sua organização Navdanya International em outubro deste ano.

      Segundo o documento, a Monsanto prometeria aos agricultores na Índia colheitas muito mais altas do que as citadas por Buckingham e não conseguiria manter essa promessa. Shiva diz que as sementes geneticamente modificadas não aumentaram as colheitas e que a afirmação de que menos químicos são necessários não é verdade.

      As críticas concentram-se sobre a Monsanto, porque, segundo Shiva, “95% das sementes de algodão são controladas pela empresa, que possui contratos de licenciamento com 60 empresas de sementes indianas”. A própria Monsanto não divulga dados sobre a sua participação em mercados fora dos EUA.

      Nos Estados Unidos, segundo a Monsanto, a empresa fornece cerca de um terço das sementes de milho e nove de cada dez campos de soja são cultivados com a tecnologia Roundup Ready, da Monsanto e suas licenciadas.

      Como a semente da Monsanto é patenteada, os agricultores só podem utilizá-la para um plantio. Eles não podem reivindicar o direito de guardar uma parte da colheita como semente para o próximo ano, como se faz na agricultura tradicional. Por terem de comprar sementes caras todos os anos, argumenta Shiva, muito agricultores indianos estão altamente endividados. Ela diz que 250 mil fazendeiros se mataram na Índia por causa de dívidas. “A maioria desses suicídios ocorreu em áreas de cultivo de algodão”, diz.

      Um estudo do Instituto Internacional de Pesquisa em Política Alimentar (IFPRI, na sigla em inglês) não conseguiu, porém, identificar uma relação direta entre o cultivo de algodão geneticamente modificado e os suicídios dos agricultores. De acordo com o estudo, houve de fato um aumento da colheita em várias partes da Índia por causa do algodão transgênico. Perdas na colheita – que também foram registradas – foram causadas por secas ou outras condições desfavoráveis.

      “Informaremos às pessoas se seus alimentos são geneticamente modificados, pois os norte-americanos devem saber o que estão comprando”, prometera o então candidato à presidência dos EUA Barack Obama em 2007. Entretanto, até agora nada aconteceu nesse sentido.

      A responsável pela análise e rotulagem de alimentos nos Estados Unidos é a Food and Drug Administration (FDA), mais especificamente o presidente da área de segurança alimentar. Em 2010, Obama designou um novo nome para o cargo: Michael R. Taylor. Um de seus empregos anteriores foi o de vice-presidente de políticas públicas da Monsanto

      Por que a Monsanto é tão detestada – Diário do Centro do Mundo

      01/12/2012

      O milho cancerígeno da Monsanto

      Filed under: Câncer,Monsanto,Transgênicos — Gilmar Crestani @ 8:32 am

       

      Alarma transgénica en aumento

      Silvia Ribeiro*

      Sigue la alerta roja por la pretensión de Monsanto y otras trasnacionales de que el gobierno apruebe la siembra de 2.5 millones de hectáreas de maíz transgénico en México, su centro de origen. Más de la mitad de ellas, con el mismo tipo de maíz que provocó cáncer en ratas de laboratorio. Pero también es cada vez más amplia la resistencia: desde dentro y fuera de México, se alza la indignación y las voces contra esta tropelía contra el corazón mismo de las culturas, contra nuestra salud, nuestra alimentación, contra la biodiversidad y la naturaleza. Ya son tantas las denuncias contra el maíz transgénico, campañas con miles de firmas, protestas radiales, talleres, foros, mítines, medios sociales e impresos, llamados de artistas, activistas y científicos, que es difícil dar cuenta de todas. Se han enviado muchas cartas al gobierno exigiendo prohibir el maíz transgénico, y también a Naciones Unidas, demandando se proteja el centro de origen, la biodiversidad y los derechos campesinos.

      No es para menos. Como recoge la artista Lila Downs en su sitio electrónico: “Si el gobierno de México permite este crimen histórico, los transgénicos llegarán rápidamente a las tortillas y a la comida cotidiana de toda la población mexicana, ya que el maíz de los estados solicitados provee mayoritariamente a las ciudades. Además la contaminación genética de las variedades campesinas será inevitable. Se trata de un daño gravísimo a más de 7 mil años de trabajo indígena y campesino que creó el maíz –uno de los tres cultivos más difundidos de la alimentación mundial”. (cita a Verónica Villa de ETC, www.etcgroup.org). A pocas horas de publicarlo Lila Downs, más de 6 mil personas lo habían replicado en sus páginas.

      Es que el maíz en sus muchas manifestaciones es como la piel de los mesoamericanos. Nadie puede dejar de reaccionar al sentirlo amenazado. Y al mismo tiempo está más adentro, en el corazón, la mente, la creatividad, la historia, los ancestros. Y en las economías, en el compartir los alimentos, en los poemas, la música, el arte, los conocimientos, en la sabiduría popular y los estudios científicos.

      El llamado de la Unión de Científicos Comprometidos con la Sociedad (UCCS) contra la siembra de maíz transgénico en México ha sido suscrito por más de 2 mil 500 científicos, investigadores y expertos de México y el mundo, incluidos dos premios Nobel y decenas de científicos con importantes galardones nacionales. (www.uccs.mx/doc/g/planting-gmo-corn_es). En apoyo a este llamado, varias redes mundiales de científicos (UCCS, European Network of Scientists for Social and Environmental Responsability (ENSSER), International Network of Engineers and Scientists for Global Responsability (INES), así como las organizaciones internacionales Third World Network y Grain) publicaron el 27 de noviembre un resumen de argumentos, titulado Maíz transgénico en México: un camino irreversible contra la biodiversidad, las formas de vida campesina y el derecho a la alimentación en el centro de origen del maíz. Dan cuenta de profundas preocupaciones científicas, legales, sociales y económicas asociadas a los transgénicos y señalan la necesidad de parar toda la siembra de maíz transgénico (experimental, piloto o comercial) en México. En carta de UCCS al gobierno, explican que la evidencia es contundente y en conjunto suficiente para exigir una política precautoria y una prohibición a la liberación comercial de líneas transgénicas de maíz en su centro de origen: México. Señalan que pese a múltiples argumentos científicos presentados contra la liberación de transgénicos, la administración de Calderón apresuró, contra la legalidad, las plantaciones de maíz transgénico. Asumir ese riesgo no puede ser justificado por el déficit de maíz, ya que hay evidencias de que el campo mexicano cuenta con los recursos necesarios para lograr la autosuficiencia en maíz con tecnología pública y no transgénica, continúan.

      Grain publicó a su vez el documento de análisis ¡Alarma! Avalancha transgénica en México (www.grain.org), esencial para entender la situación y lucha contra el maíz transgénico. Ven a México como punto focal del ataque de Monsanto y otras trasnacionales de transgénicos, que están también en guerra contra otros países latinoamericanos: son uno de los principales motores del golpe de estado en Paraguay, de las presiones para entrar con maíz transgénico en Costa Rica, Ecuador, Bolivia y otros. Se trata, explica Grain, del ataque de las trasnacionales para controlar el mercado y eliminar la producción independiente de alimentos y las economías campesinas.

      Al escribir esta nota todo indica que Felipe Calderón no pudo cumplir a Monsanto, autorizando millones de hectáreas de maíz transgénico. Es resultado directo de la enorme oposición social. Pero su secretario de Medio Ambiente, Juan Elvira Quesada, dio un albazo para facilitarlo: a pocos días de dejar el cargo, cambió el reglamento interno de Semarnat para que no sea obligatorio tomar en cuenta los dictámenes técnicos de sus propias dependencias (!). Es que tanto la Comisión Nacional para el Conocimiento y Uso de la Biodiversidad (Conabio), el Instituto Nacional de Ecología (INE) y la Comisión Nacional de Áreas Naturales Protegidas (Conanp) emitieron dictámenes contrarios a la liberación de maíz transgénico.

      Junto a ésta y otras aberraciones, la propuesta de Calderón, ya de salida, para privatizar la propiedad ejidal, núcleo de la revolución zapatista, conforman un vasto ataque a la vida campesina, a las bases culturales, económicas y alimentarias del país, solamente para favorecer a las trasnacionales. Pero como muestran las muchas luchas, Zapata vive en su pueblo –y también el maíz campesino que lo alimenta.

      *Investigadora del Grupo ETC

      La Jornada: Alarma transgénica en aumento

      21/11/2012

      Com a Mon santa manchada de sangue

      Filed under: Fernando Lugo,Golpismo,Isto é EUA!,Monsanto,Paraguai — Gilmar Crestani @ 10:29 pm

       

      O bispo e seus tubarões

      Por Natalia Viana, na agência Pública:
      Na quarta-feira 22 de agosto de 2012, poucas coisas em Assunção, capital do Paraguai, lembravam os dois meses da destituição do presidente em um julgamento-relâmpago que surpreendeu todo o continente. Grupos de homens jogavam dominó na Plaza de la Democracia, ambulantes ofereciam câmbio de dólares as turistas e estudantes uniformizados iam e vinham dos colégios em casarões coloniais; à parte algumas pichações nos muros chamando o atual presidente, Federico Franco, de golpista – “as paredes falam”, dizia uma delas – a vida seguia seu ritmo normal.
      Na sede do movimento Frente Guazú, coalizão de esquerda que integrava o antigo governo, o clima não era muito diferente. Às quartas-feiras o presidente deposto, Fernando Lugo, costuma tirar folga; então não havia ali o costumeiro entra-e-sai de ex-ministros que ainda se reúnem diariamente com o ex-chefe. Foi na última hora que se improvisou a gravação de um “comunicado à nação” transmitido pela internet, uma espécie de continuação do discurso semanal que Lugo, quando presidente, realizava na TV Pública.
      Sentado no seu pequeno escritório no mezanino do casarão – do outro lado da rua fica a residência presidencial, ocupada pelo seu ex-vice – e diante da bandeira paraguaia, Lugo estava relaxado, de camiseta vermelha e sandália de couro, brincando com sua equipe e a repórter da Pública, que aguardava para a última de três entrevistas com o ex-presidente. “Hoje faz dois meses que se executou no Paraguai um golpe de Estado parlamentar… Um golpe de Estado que não levou em conta a democracia participativa, não levou em conta o seu voto, a sua participação, a sua dignidade”, dizia, apontando para a câmera.
      Apesar de ter sido o último presidente latinoamericano destituído do cargo, em um julgamento que levou menos de 24 horas para ser concluído, classificado como ruptura democrática por organizações regionais como Mercosul (Mercado comum do Sul) e Unasul (União de Nações Sul-Americanas), Lugo permanecia desconcertantemente tranquilo. “Eu o vejo muito bem”, comenta o militar que fazia sua escolta pessoal desde a época na presidência. “Parece que ele está até menos preocupado…”
      Durante quatro anos, Lugo governou com o parlamento mais arisco da América Latina – apenas 3 deputados em 80 e 3 senadores em 45 eram da Frente Guazú – contando apenas com uma frágil aliança com o Partido Liberal de seu vice. “Não tínhamos quadro, não tínhamos apoio político, era só confronto”, resume, melancólico, numa tarde calorenta em sua residência na capital paraguaia. “Quando eles me elegeram em 2008, pensaram que eu seria o bobo deles, mas isso eu me nego a fazer”, diz referindo-se aos liberais, segunda maior força política no país. Entre frases pausadas, Lugo suspira: o poder, de fato, nunca foi totalmente seu. “Eu sabia que iria terminar assim”.
      Representante da Teologia da Libertação, Fernando Lugo era conhecido como “o bispo dos pobres” até renunciar à batina em 2006. Bispo da diocese de São Pedro, uma das regiões mais pobres do país, coordenava as comunidades eclesiais de base e trabalhava diretamente com movimentos camponeses e sem terra. Ao optar pela política, foi suspenso pela igreja católica, mas seguiu sua trajetória aliando a aura religiosa com um discurso progressista em favor dos camponeses e da redistribuição de riqueza. A popularidade o consagrou e o Partido Liberal, arraigado em todo o país, forneceu a estrutura, abraçando uma oportunidade única de finalmente chegar ao governo; a aliança, no entanto, seria arenosa.
      Em abril de 2008, Lugo venceu por dez pontos percentuais, pondo fim a 60 anos de domínio do Partido Colorado, o mesmo do antigo ditador Afredo Stroessner.

      Nada de novo
      O fim repentino do governo Lugo não chegou a ser uma surpresa – basta ler a cobertura da imprensa paraguaia nos últimos 4 anos. Pouco depois da posse, em agosto de 2008, o termo “juízo político” – versão paraguaia do impeachment – passou a figurar repetidamente, de maneira quase banal, nas sessões do Congresso e nas páginas dos jornais diários. “Eu não tenho medo porque não encontro motivos lógicos, válidos, para que o presidente seja julgado politicamente pelo Parlamento Nacional”, ele declarou, já em fevereiro de 2009, em uma conferência de imprensa.
      “Não cometi nem faltei à Constituição Nacional no desempenho das minhas funções”. Na época, não havia nenhum um motivo concreto para um impeachment, além do rumor de que o ex-presidente Nicanor Duarte Frutos tramava sua derrubada com o general Lino Oviedo, líder do partido direitista Unace, homem que tentara dar um golpe de Estado – militar – em 1996. Antes mesmo da posse, Oviedo apostava com o ex-presidente Nicanor Duarte Frutos que Lugo “ia durar apenas de 3 a 9 meses no cargo”.
      A cada novo escândalo envolvendo o governo, ou Lugo, as duas palavrinhas voltavam à tona. Os partidários do ex-presidente contabilizaram 23 tentativas, por membros do Congresso, de utilizar o “juízo político”. No final de 2009 o senador liberal Alfredo Jaeggli, um dos mais aguerridos promotores da causa, falava abertamente à imprensa sobre um plano para destituir o presidente em seis meses, “antes que se fortaleça”. “Quero que este senhor se vá”, afirmava.
      Dentro do partido liberal, pretensamente aliado no governo, o impeachment tinha um apoio de peso: Julio César Franco, o “Yoyito”, irmão do vice-presidente Federico Franco. Yoyito também fez suas apostas quando, na mesma época, surgiram notícias de que Lugo tivera três filhos enquanto ainda era sacerdote, o que gerou novo escândalo político. Yoyito disse a um repórter que o fato era “imoral”, mas não o suficiente para derrubá-lo. “Deve ser um fenômeno mais político”, afirmou. Aproveitando o momento, Federico Franco também falava abertamente sobre sua ambição de ocupar o cargo. “No domingo, fizemos uma entrevista em um café de manhã com o vice-presidente Federico Franco, que mal terminou de expressar o seu apoio a Lugo, nos lembrou que está capacitado para substituí-lo caso ocorra um eventual juízo político”, descreveu o jornalista Nicasio Vera, do jornal ABC Color, em dezembro de 2009, num editorial entitulado “A angústia de Federico”.
      “Foi um pesadelo constante”, relembra o presidente deposto. “Trabalhávamos com muitas desconfianças e dúvidas sobre as suas intenções. Mas não havia outra alternativa”.
      O governo Lugo desagradava grande parte dos congressistas. “Nenhum governo foi interpelado pelo Congreso tantas vezes quanto o nosso”, diz, suspirando, uma senhora baixinha e gordinha, de olhar firme e expressão cansada. Reconhecida dentro e fora do círculo de Lugo como sua melhor ministra, Esperanza Martinez foi titular da Saúde do primeiro ao último dia de governo. Em entrevista na sede da Frente Guazu, ela tenta lembrar quantas vezes foi prestar esclarecimentos diante dos deputados: “Olha, foram mais de 50 vezes, ao longo dos 4 anos… A cada 2, 3 semanas eu tinha que ir lá explicar gastos em recursos humanos, em tal licitação… Me ofendiam. Uma vez disseram que eu era muito gorda para ser ministra de saúde”. À frente da pasta, ela foi responsável pela maior – e mais sutil – afronta aos partidos que tradicionalmente governam a política paraguaia: saúde gratuita.
      A busca pela universalização da saúde combatia de uma vez duas enfermidades: a corrupção dos funcionários, que guardavam parte da “caixinha” dos hospitais, e o clientelismo político. “Antes você tinha que ser filiado a algum partido para conseguir um leito no hospital, ou uma ambulância. Se tinha um problema de saúde, tinha que ir a um político local ou à sede do partido… O que fizemos foi devolver o serviço de saúde à população sem intermediação de partidos”. No Paraguai, a lealdade ao partido passa de pai para filho. Tanto que o Partido Colorado é um dos maiores, em número de filiados, da América do Sul: quase dois milhões. Já o Partido Liberal tem 1,2 milhão. Juntando os dois, dá quase metade da população total do país, de 6,5 milhões. Pra se ter uma ideia, o PMDB, maior partido do Brasil, tem 2,3 milhões de filiados; o PT tem 1,5 milhão.
      Outro membro do governo que enfurecia colorados, liberais e proprietários de terra era o engenheiro agrônomo Miguel Lovera, que assumiu o Senave, Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e Sementes em abril de 2010. Seu maior pecado foi decretar a resolução 660, que ditava normas para a aplicação de agrotóxicos, estabelecendo a necessidade de autorização para a realização de fumigações aéreas e terrestres e de avisar aos vizinhos com 24 horas de antecedência, indicando produtos a serem utilizados e grau de toxicidade.
      O ex-diretor do Senave também comprou briga com o setor agroexportador, em especial da soja – o Paraguai é o quarto maior exportador mundial – ao aumentar os critérios para liberação do uso de agrotóxicos e cancelar vários registros cujos processos estavam incompletos. O setor conclamou um tratoraço – protesto em que tratores bloqueariam a estradas do país – para o dia 25 de junho. Não daria tempo.
      Em um jogo de xadrez complicado para quem não conhece a política paraguaia, o ex-presidente contava, para não ser deposto, com o inusitado apoio do mesmo Partido Colorado, que não queria um impeachment que resultasse na posse do vice, liberal: “Os liberais nunca tiveram ajuda do Partido Colorado. Sempre tive certeza de eles não aceitariam um juízo político para colocar um liberal como presidente”, revela Lugo. “Os membros do Partido Colorado mesmos me diziam, ‘fica tranquilo, não vai ocorrer nada, eles não têm os votos sem nós…”.
      A relação de Lugo com o seu vice era “tensa, para dizer o mínimo”, na visão da embaixadora americana Liliana Ayalde, que enviou mais de 15 comunicados a Washington sobre movimentações em prol de um impeachment, vazados pelo WikiLeaks. Em um país com uma institucionalidade frágil, a embaixada americana sempre foi um dos mais importantes centros de poder – e local favorito para as discussões sobre a destituição do presidente.
      “Os tubarões políticos ao redor de Lugo continuam a rondá-lo em busca de espaço e poder”, escreveu Ayalde em 6 de maio de 2009. “Rumores dão conta de que o golpista General Lino Oviedo, o ex-presidente Nicanor Duarte Frutos, e/ou o Vice-Presidente Federico Franco continuam a procurar maneiras de encurtar o mandato de Lugo. A maioria das teorias se baseia em um impeachment contra Lugo, o que requereria 2/3 dos votos na câmara para fazer a acusação e 2/3 no Senado para condená-lo”, descrevia Ayalde, com precisão. “O resultado desta equação parece ser a própria versatilidade de Lugo e força (que tem nos surpreendido), a capacidade dos seus oponentes de executar um golpe democrático (que esperamos que não nos pegue de surpresa) e o fator do tempo”, concluía a embaixadora americana.

      Minha amiga Ayalde
      Início de agosto de 2012. No celular blackberry do já ex-presidente Fernando Lugo, brilha uma mensagem carinhosa, enviada de Liliana Ayalde para seu email pessoal. “Espero que você esteja bem. Votos de melhoras”. Lugo conversava com esta repórter no lobby do hotel Tripp, em São Paulo, onde estava hospedado para seguir o tratamento de um câncer linfático. Daí a mensagem de Ayalde.
      Substituída na embaixada em 2011 – ela assumira o cargo 4 dias antes da posse de Lugo – Liliana subiu na hierarquia e hoje é responsável pelo Caribe, América Central e Cuba no departamento de Estado de Hillary Clinton. “Ela é minha amiga. Quer dizer, era minha amiga…”, disse Lugo, em tom hesitante. “Bom, ela me salvou. Muitos líderes de oposição iam a ela pedir que me tirasse do poder”.
      Um documento de dezembro de 2008 descreve como. Apenas quinze dias depois da posse, Ayalde escreve sobre “um turbilhão de rumores e notícias exageradas na imprensa” sobre um golpe de Estado. As informações vinham de uma reunião entre Lino Oviedo, Nicanor Duarte, e o então presidente do Senado Enrique Gonzalez Quintana, também do partido Unace. Escreve Ayalde: “Gonzalez Quintana fez numerosas tentativas de contatar a embaixadora em 1 de Setembro, quando a história vazou. Consciente da vontade dos paraguaios de trazer os EUA para dentro das seus disputas internas, ela não atendeu aos telefonemas” diz o cable, cujo sugestivo título é “Rumores de golpe: apenas um dia normal no Paraguai”.
      Três dias antes, Lugo havia jantado com Ayalde na sua residência, onde disse querer manter reuniões, “oficiais e não oficiais, de maneira discreta”, conforme documento do WikiLeaks. Entre comentários pessoais – contou que gostava de caminhar ao amanhecer, ouvir música e que tocava violão – ele usou a ocasião para testar a postura da nova embaixadora. “Lugo constatou que foi uma prática frequente na história do Paraguai que a embaixada se intrometesse em assuntos internos”, relata Ayalde. “A embaixadora agradeceu pela observação, e assegurou que estilos diferentes são apropriados para tempos diferentes, e que a sua intenção era respeitar a soberania do Paraguai e garantir o sucesso do então presidente”.
      Um ano depois, o secretário-assistente do Departamento de Estado dos EUA para o hemisfério, Arturo Valenzuela, reiterou o apoio ao governo Lugo. Em visita ao país, depois de ouvir uma enxurrada de crítica dos parlamentares e comentários sobre o impeachment pendente – com a devida explicação de que não se trataria de um “golpe”, o americano encerrou o papo. “Valenzuela compreendeu que um processo constitucional de impeachment não é igual a um golpe, mas alertou que o Paraguai não deveria usar o impeachment como um mecanismo para resolver problemas de curto prazo sem considerar cuidadosamente as consequências”, relata outro cable, de 31 de dezembro de 2009.
      A missão diplomática americana, claro, jamais fechou totalmente as portas para as vozes que pediam repetidamente a destituição de Lugo. Muitas vezes, os líderes da oposição eram fotografados pela imprensa ao sair, orgulhosos, de reuniões na embaixada. Poucos integrantes do governo ligavam; um deles, um fervoroso general nacionalista, foi o único a protestar veementemente. Caiu.

      Cai o ministro da Defesa
      É muito difícil apontar o exato momento em que o frágil equilíbrio de apoios ao governo Lugo ruiu. Mas pergunte a um general reformado, de olhos pequenos e gestos enfáticos, e ele precisará a o mês de fevereiro de 2010 como o começo do fim.
      Bareiro Spaini foi o escolhido por Lugo para assumir o ministério da Defesa por contar com elevada reputação não só entre os militares mas também entre civis – foi o primeiro juiz de um tribunal militar, no Paraguai, a condenar à prisão outro general por corrupção. Era ele que aparecia ao lado do presidente em cadeia nacional, junto aos comandantes militares, nas repetidas vezes que os boatos de impeachment ganhavam força.
      O general, como Lugo, vivia às turras com os parlamentares paraguaios, tendo perdido as contas de quantas vezes foi convocado pelo Congresso para prestar esclarecimentos. Quando reconta a história, deixa transparecer ainda uma irritação profunda. “Me interrogaram no Congresso muitas vezes”, diz Spaini. “Me chamaram por causa da vinda de um avião venezuelano ao aeroporto, sem haver passado pelos registros oficiais. Não importa se eu tinha ou não responsabilidade. Uma vez, me pediram explicações sobre uma jovem que foi morta no lado brasileiro e depois levada para o lado paraguaio da fronteira… E me perguntaram por que a bandinha militar de uma cidade onde há um quartel acabou, por que a cidade foi deixada sem sua bandinha!”
      A tempestuosa relação com os parlamentares, relata Spaini, teve início em um jantar com os presidentes das comissões de defesa do Senado, o colorado Hugo Estigarribia, e da Câmara, Mario Morel Pintos. “Um deles me perguntou: ‘O que você pensa dos americanos?’ Eu gosto do povo americano, são gente boa, amável. ‘E o que você pensa de nos aliarmos aos americanos?’ Eu penso que não é possível, racionalmente falando, por causa da assimetria pronunciada entre os nossos países. O que interessaria a eles, uma super potência, que tipo de aliança estratégica estariam fazendo com o Paraguai? A não ser que fosse para ter uma base aqui. Por que me perguntam? ‘Porque pensamos que seria interessante convidá-los para que venham instalar suas bases aqui’’.
      Spaini – conhecido por não medir as palavras – ficou profundamente ofendido com a sugestão: “Então, disse eu, de que soberania nacional estamos falando se o próprio Estado paraguaio não tem condições de defender o seu povo, o seu próprio território? Em que condições ficaria o glorioso exército paraguaio, como você diz? Não teria sentido a sua existência. É isso que vocês querem?”, vociferou o ministro. A relação azedou ali.
      Mas aquilo era mais que um bate-boca acalorado. Era uma disputa que marcaria todo o governo Lugo. Spaini era abertamente favorável à formação da Unasul e de uma aliança militar regional, em detrimento de uma continuada aproximação militar com os EUA e a Colômbia tendo sido responsável por exemplo, pelo fim de um programa de treinamento que permitia a presença de militares americanos no Paraguai. “A melhor maneira de alentar qualquer possibilidade de conflito regional é incrementar a colaboração”, explica.
      O mandato do incômodo ministro teve fim dois anos depois, com outro arroubo típico do general. Enquanto políticos oposicionistas – e liberais – continuavam tentando buscar apoio para o impeachment na embaixada americana, Bareiro foi o único ministro a protestar, com estardalhaço.
      O estopim viria no dia 19 de fevereiro de 2010. Convidado para um almoço oficial, realizado na embaixada americana, o ministro enviou o seu vice, o general Cecílio Pérez Bordón. Lugo não estava presente. À mesa, a anfitriã Liliana Ayalde reuniu um grupo de generais americanos que visitavam o país, um general das forças armadas paraguaias, o vice-presidente Federico Franco e o senador colorado Hugo Estigarribia. Segundo o relato de Spaini, a embaixadora puxou o assunto. Spaini relata: “Franco, o senador e outro civil reclamaram das atitudes do ministro da Defesa. Depois passou-se ao tema do juízo político ao presidente. E os militares ali, só ouvindo. O vice-ministro então interveio, em guarani, dizendo que seria interessante mudar de assunto, discutir esses temas domésticos em outro lugar, pois era uma embaixada estrangeira…”
      Ao sair do almoço, consternado, o general Pérez Bordón disse à embaixadora: “eu nunca passei tão mal em um almoço como neste. Informo que lastimavelmente não voltarei a pisar aqui”.
      Pouco depois, Spaini escreveu uma carta expressando sua “inesperada surpresa, próxima ao incrível assombro” e afirmando que o evento poderia colocar em risco as relações entre os governos de Paraguai e dos EUA. Escrita em espanhol, a vaporosa carta foi enviada para a embaixada americana, com cópias para o Comando Sul das Forças Armadas Americanas e ao Pentágono. “Em particular, resultam inadmissíveis e intoleráveis as palavras de sentido panfletário e demagógico sobre ‘a péssima gestão administrativa do Presidente Fernando Lugo que o faz merecedor de um urgente e inegociável juízo político’”, dizia o texto (veja aqui e aquio documento original).
      Em alguns dias, a carta vazou para a imprensa – não de parte do governo, segundo o general. “Grosseira carta de ministro a embaixadora de EUA”, dizia o jornal conservador ABC Color, que publicou parte de seu conteúdo. Dentro do governo, o vice e os ministros liberais espumavam de raiva pela ofensa à representante americana. Lugo contemporizava. “A embaixadora, depois de uns dias, afirmou que era uma questão pessoal, que tudo estava superado… Mas o senador (Estigarribia) insistiu que se ofendeu a embaixadora, que se ofendeu um país amigo, que eu passei dos limites…”, lembra Spaini. “Aqui foram mais papistas que o papa”.
      A gestão de Spaini durou apenas cinco meses depois do episódio. Sob pressão do Congresso – que se negou a aprovar o orçamento militar – o general renunciou. “Renunciei contra a vontade do presidente”, afirma. “Eu disse a ele que a única solução para essa situação era a minha saída, para não comprometer seu governo. E disse, em entrevistas a uma rádio, que eu estava convencido de que isso mirava ao presidente da República, e que o próximo seria ele.”
      Em conversa com a Pública na sua casa, o general Cecílio Pérez Bordón – que assumiu a pasta de defesa após a saída de Spaini – não quis comentar sobre o fatídico almoço: “É um assunto já encerrado”. A primeira convidada a visitá-lo no gabinete depois da posse foi a mesma Liliana Ayalde. “Continuamos trabalhando, fazendo parcerias com eles”.
      Mas e a promessa de nunca mais pisar os pés na embaixada? “Jamais pisei”.

      De repente, uma matança: Curuguaty
      15 de junho de 2012, meio dia. Fernando Lugo está em uma feira de exposição do Ministério da Educação, no centro de Assunção. Ele sabe que, naquela manhã, haverá uma desocupação de terras no distrito fronteiriço de Canindeyu, próximo ao município de Curuguaty. Tratava-se de um terreno de 2 mil hectares reivindicado pela empresa Campos Morumbi S.A., de propriedade de Blas N Riquelme, ex-presidente do Partido Colorado. Mas nada disso o preocupa; trata-se de uma desocupação corriqueira, mais uma entre dezenas que ocorreram durante o seu governo. “Quando subimos no helicóptero, Alcides Lovera ao meu lado, ele escuta na rádio que o irmão foi ferido. Quando chegamos à residência presidencial, ele já havia falecido”.
      Erven Lovera, irmão do chefe de segurança presidencial que estava sempre ao lado de Lugo, foi o primeiro policial a tombar no episódio que ficou conhecido nacionalmente como “a matança de Curuguaty”, um trágico conflito entre polícia e sem-terra, durante a desocupação. Após um breve e confuso confronto, morreram outros cinco policiais e 11 camponeses. Tido como o grande responsável pela tragédia, Lugo foi destituído da presidência uma semana depois pelo Congresso Nacional.
      “Eu disse a Lovera que fosse ficar com sua família e já comecei a me comunicar com todo mundo. Fiquei em comunicação contínua com o Ministro do Interior e a polícia. Naquele momento, nos dedicamos a socorrer os feridos e mortos. Foi a prioridade”, lembra Lugo. Havia dúvidas se o presidente deveria ir ao local imediatamente. Após algumas horas de incerteza, a ministra da saúde Esperanza Martinez pegou um avião para lá. Lugo não foi.
      Em Assunção o chefe de gabinete da presidência, Miguel Lopez Perito, também ficou sabendo da matança através dos membros da sua escolta. “Foi casualidade, um militar me disse que houve um enfrentamento em Curuguaty e mataram o irmão do chefe de segurança de Lugo. E me disse: parece que há mais mortos”.
      Apontado pela imprensa como um “capa preta” do governo, Lopez Perito foi correndo ao palácio de governo. “Aí tivemos uma reunião com os comandantes do Exército, da Armada e da Aeronáutica, e também com o chefe do gabinete militar, o comandante da polícia, o ministro do interior e alguns outros ministros”, lembra. “Eu disse: ‘Presidente, esse é o início do juízo político’”.
      Perito não conseguiu convencer seus pares, nem o presidente, de que se tratava de um complô para destituí-lo, afinal. O clima no palácio ainda era de torpor quando, naquela mesma sexta-feira, os primeiros congressistas começaram a evocar as palavras “juízo político”. “Creio que as 17 mortes doeram muito ao presidente Lugo”, diz o ex-ministro do planejamento Hugo Royg. “Lugo por essência não é um ator político, é um ator eclesial, formado nesta lógica. Um ator que essencialmente escuta”.
      Foi assim que, no xadrez luguista, ao amanhecer de sábado, enquanto o jornal ABC Color trazia a manchete “A República sofre uma de suas horas mais negras” com um editorial de capa que começava com “O presidente Lugo é o responsável por essa lamentável tragédia”, o presidente trabalhava para resolver a situação nomeando, como novo Ministro do Interior, um notório colorado: o ex-procurador geral da República Ruben Candia Amarilla. A escolha de Amarilla, desafeto dos movimentos sociais do campo, acirrou ainda mais os ânimos liberais, criou desconfianças dentro do governo e acabou por desagradar a todos.
      Nos bastidores, alguns ministros trabalhavam para mostrar que haveria uma reação enérgica e que o crime não ficaria impune. O plano era formar uma comissão de “notáveis” que faria uma investigação paralela sobre o massacre, “dando mais transparência ao processo”, segundo Hugo Royg. Conseguiram a adesão de uma fazendeira da região de Canindeyu e de um renomado jornalista do diário ABC Color. Foi como jogar óleo à chama.
      A iniciativa foi vista como uma afronta às forças policiais – ou foi assim que diversos oposicionistas se referiram a ela através da imprensa. Segundo Lopez Perito, o que estava em jogo era outra coisa: “Na segunda-feira, 18 de junho, tivemos uma reunião ao meio-dia onde estava o presidente do Partido Liberal, três senadores liberais, vários militares, a ministra de saúde, o procurador-geral da República… E estavam Emílio Camacho, assessor jurídico de Lugo, e eu. Foi na casa do senador (Alberto) Grillon. E aí o Blas Lano (presidente do Partido Liberal) disse que eles não podiam seguir sustentando este governo, porque não sabiam o que era que queria este governo”, lembra Perito. “Disse que se não lhes déssemos a chapa presidencial para 2013, se Lugo não lhes garantisse que eles iam pôr o candidato a presidente, não iam frear o juízo político na Câmara”.
      “Bom, o que veio depois foi muito rápido”, diz. “Ligamos para os colorados, e alguns me diziam ‘isso é loucura, não se pode entregar o governo ao Partido Liberal”, lembra o ex-chefe de gabinete. Na ala colorada, diz ele, quem mais trabalhou pelo juízo político foi Horácio Cartes, empresário com terras na fronteira, candidato à presidência em 2013 – e provável vencedor das eleições, segundo a revista americana The Economist.
      Lugo seguia incrédulo e hesitante. Como sempre. “Mas também, como já haviam falado 23 vezes em impeachment em 3,5 anos, no Parlamento, eu acreditava que seria como nas outras vezes”, explica-se. Na quarta-feira, descreve Esperanza Martinez, “nós percebíamos que a temperatura estava subindo dentro do Partido Liberal. Já estavam mais distantes, muitos diziam que iam fazer o juízo político. Muitos de nós, os colaboradores, nos aproximamos do presidente, pedimos por favor que negociasse com eles. Ele tentou falar pelo telefone. Não atendiam”.
      “Desta vez foi diferente, porque houve uma reunião dos líderes dos partidos políticos na quarta-feira, dia 20. Eu sabia. E aí fecharam…”, diz Lugo. Na mesma noite, com boa parte do seu gabinete ainda na residência oficial, Lugo foi dormir às 22h, como de costume.
      A calma do ex-bispo, motivo de críticas constantes durante o seu governo, surpreendeu colaboradores próximos. “Ele já estava cansado, dizia ‘se querem fazer o juízo, que façam’”, conta um deles. “Mas isso, é claro, é uma observação pessoal. Não se entrega assim um governo”.
      Quando foi dormir, Lugo contava, segundo as últimas pesquisas, com uma taxa de aprovação crescente: cerca de 40% dos paraguaios considerava seu governo bom ou muito bom em meados de 2011. Em julho de 2012, a taxa chegaria a 60%.
      Acordou com o impeachment pendendo sobre sua cabeça.“Foi neste momento que soube que ia acabar”, diz.

      Cai o bispo
      Quinta-feira, dia 21 de junho foi, efetivamente, o último dia do governo do primeiro presidente de centro-esquerda a chegar ao poder na história do Paraguai. A Câmara dos Deputados já discutia o juízo político a todo vapor; naquela mesma noite, elaboraria e apresentaria o libelo acusatório, documento de acusação que embasaria a destituição. Com base nele, o Senado votaria como juiz, no dia seguinte.
      Naquela manhã, José Tomas Sanchez, ministro da Função Pública, participava de um seminário junto com outros membros do governo. Sanchez, que era o ministro mais novo, não se lembra bem sobre o que falou. Lembra-se apenas que o telefone não parava de vibrar. “Um monte de ligações do ministério. E o telefone de todo mundo vibrava. Renunciou o ministro liberal. ‘Nossa senhora’, eu pensava. Os liberais estavam renunciando, um a um, e a gente vendo aquilo, na mesa do debate, era um desespero”.
      Os principais ministros liberais, como Enzo Cardoso, da Agricultura, e Humberto Blasco, da Justiça e Trabalho, renunciaram por volta das 11 horas.
      Na embaixada brasileira, a ficha caía naquela mesma hora. Até então, o corpo diplomático tivera cautela para não acionar a cúpula do Itamaraty, entretida nas negociações da Rio + 20, evento da ONU sobre meio ambiente que acontecia no Rio de Janeiro. “Achávamos que era só mais uma crise”, diz uma fonte do Itamaraty. “O que víamos era que não havia nenhuma relação direta do fato, entre o massacre de Curuguaty e o presidente”, Na quinta-feira de manhã, o alarme foi acionado. “Ao meio-dia eu liguei para a Dilma e o (Pepe) Mujica”, diz Lugo.
      Na Rio+20, o chanceler paraguaio Lara Castro pediu uma reunião extraordinária da Unasul ali mesmo, no Rio Centro. “A verdade é que quando eu recebi a notícia, pelo telefone, não foi uma surpresa”, diz. As informações batiam com o tom de urgência repassado pela embaixada brasileira no Paraguai. A reunião foi presidida por Dilma Rousseff e contou com os presidentes José Mujica, do Uruguai, Rafael Correa, do Equador, Evo Morales da Bolívia, Sebastian Piñera do Chile e Juan Manuel Santos, da Colômbia. Naquela mesma noite, uma delegação de chanceleres dos países que compõem a Unasul – Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Chile, Guiana, Suriname e Venezuela – aterrissou em Assunção.
      “Eu expliquei a eles que havia elemento de um golpe de Estado”, lembra Lara Castro. “Havia um processo tão acelerado, que seria condenável pela cláusula Ushuaia II”. A chamada “claúsula democrática”, assinada pelos presidentes dos países do Mercosul em dezembro de 2011, estabelece sanções aos países-membros em caso de ruptura democrática, desde a suspensão da organização até suspensão de tráfego aéreo e terrestre e de fornecimento de energia.
      Lugo, como os demais presidentes, assinou a cláusula, mas diante da reação do Congresso, jamais o enviou para sanção. “Depois que assinamos a cláusula, a campanha pelo impeachment foi permanente na imprensa. Foi um bombardeio em janeiro e fevereiro, houve uma ameaça constante”, diz Lara Castro. “Os jornais nos chamavam de traidores da pátria, pediam juízo político a Lugo e interpelação a mim”.
      A cláusula de Ushuaia 2, embora não tenha sido oficialmente sancionada, foi um dos cinco motivos, ao lado da matança de Curuguaty, apontados pela Câmara dos Deputados como causas da destituição. Foi também o instrumento usado pelos países vizinhos para suspender o Paraguai da Unasul e do Mercosul. Quatro meses depois, os deputados paraguaios a rechaçariam por ampla maioria, em clima de celebração.

      Na TV, o embate final
      Na noite da quinta-feira, 21 de junho, a Câmara dos Deputados apresentou a acusação formal que embasaria o impeachment. Lugo foi notificado às 18:10, dando à sua equipe de defesa 17 horas, noite adentro, para preparar a argumentação. Ao meio-dia da sexta-feira, diante dos 45 senadores, teria 2 horas para refutar as 5 acusações listadas no libelo acusatório.
      Naquela noite, com o relógio em contagem regressiva, o deputado colorado Oscar Tuma, principal advogado de acusação, protagonizou um histórico embate com o advogado de defesa de Lugo, Antônio Ferreiro, ao vivo, pela televisão. Foi o mais extenso debate sobre o juízo político, acompanhado com avidez pelo público paraguaio. Foi ali que Ferreiro teve tempo de expor seu principal argumento: “Quando se tem 5 acusações, duas horas para a defesa é um fuzilamento”, repetia, irritado.
      Em reposta, calmamente, o deputado Oscar Tuma explicava que “um juízo político geralmente se faz quando há mortes”. “Nós podemos aguentar muita coisa, viemos aguentando muitas coisas que estão nos ‘causais’ da acusação, que se deram anos atrás. Mas quando existem mortes…”. Para Tuma, não havia outro responsável pelos traumáticos eventos de Curuguaty: “Se você me perguntar quem é responsável por todas as mortes, eu vou responder: Fernando Lugo é responsável por tudo que estamos vivendo”.
      Ferreiro, renomado jurista, chegou a dizer que pouco se importava que se julgasse o presidente. Sua irritação crescia ao longo do debate, enquanto gesticulava avidamente. “Vamos ter menos de meia hora para defender cada acusação. Para discutir a responsabilidade de um acidente de trânsito que não tenha sequer feridos temos mais tempo aqui no Paraguai. Para responder a um processo comum, de descumprimento de um contrato para construir uma muralha, tenho 18 dias”.
      “Repito, porque isso é grave: estamos destroçando a vigência dos princípios jurídicos ocidentais no Paraguai. Isso nos vai custar caro”, disse, exasperado. “Esta crise vai levar 20 anos para se solucionar” – concluiu, exasperado.

      Impeachment deve "servir de lição a futuros governantes"
      Com apenas nove páginas, o documento que fundamentou o impeachment de Lugo é impressionante. (veja aqui uma cópia autenticada)
      Segundo a Constituição paraguaia, promulgada em 1992, o presidente, ministros, o procurador-geral da República, o controlador-geral os integrantes do Tribunal Superior eleitoral podem ser destituídos pelo Congresso por “má gestão” – acusação usada contra Lugo. Os fundamentos apresentados são cinco.
      Primeiro, o Congresso acusa Lugo pela realização, em maio de 2009, do II Encontro Latinoamericano de Jovens pela Mudança, realizado no Comando de Engenharia das Forças Armadas. O fato, considerado gravíssimo e tachado como “ato político” no seio das Forças Armadas, causou ainda mais consternação porque os jovens alçaram uma bandeira de Che Guevara durante o encontro.
      A seguir o libelo lista o que chama de “caso Ñacunday”, referindo-se a diversas ocupações de terras realizadas no distrito de mesmo nome, próximo à fronteira com Brasil e Argentina.
      O documento diz que o governo de Lugo é “o único responsável como instigador e facilitador das recentes invasões de terra na zona”. A acusação remete à candente questão fronteiriça. Após a promulgação de um decreto presidencial em outubro de 2011, que determinava que terras a 50 km das fronteiras não podem, por lei, pertencer a estrangeiros, o Congresso acusa o governo Lugo de ter “ingressado em imóveis de colonos, sob o pretexto de realizar o trabalho de demarcação da franja de exclusão fonteiriça”, mas na realidade para permitir que a Associação Nacional de Carperos (sem-terra) comandasse o exército. A acusação, afinal, é de que Lugo “utiliza as forças militares para gerar um verdadeiro estado de pânico na região”.
      Pior: o presidente “se mostrava sempre com portas abertas aos líderes dessas invasões” como José Rodriguez e Eulálio Lopes, dirigentes da Liga Nacional de Carperos, e Victoriano Lopez, líder camponês da zona de Ñacunday. Ao reunir-se com eles, na visão da Câmara de Deputados, Lugo estava “dando uma mensagem clara” sobre seu “incondicional apoio” a “atos de violência e comissão de delito”. Ou seja: a acusação contra Lugo é de manter diálogo com lideranças camponesas.
      O terceiro ponto listado é descrito, genericamente, de “crescente insegurança”. Segundo a Câmara dos Deputados, “ficou mais que demonstrada a falta de vontade do governo de combater o Exército do Povo Paraguaio” – a pequena guerrilha que se situa no norte do país. “Todos os membros desta honorávelCâmara de Deputados conhecemos os vínculos que o presidente Lugo sempre manteve com grupos de sequestradores” da ala militar do EPP, prossegue o documento, sem maiores detalhes.
      Além disso, argumenta a câmara, Lugo e seus ministros agiram de forma “absolutamente equivocada” ao tratar da matança de Curuguaty. O crime? “Tratar de maneira igual policiais covardemente assassinados e aqueles que foram protagonistas destes crimes” – os primeiros seriam os policiais e os segundos, camponeses.
      A cláusula democrática de Ushuaya II é descrita, em letras garrafais, como “UM ATENTADO CONTRA A SOBERANIA” do país. “A principal característica do Protocolo de Ushuaia II é a identificação do Estado com a figura dos presidentes para, em nome da ‘defesa da democracia’, defenderem uns ao outros”.
      A seguir, vem o último e mais extenso ponto, a matança de Curuguaty, cuja introdução estabelece que o presidente “representa hoje o que há de mais nefasto para o povo paraguaio”.
      “Não cabe dúvida que a responsabilidade política e penal dos trágicos eventos registrados recaem sobre o presidente Lugo”. Os deputados reiteram sua certeza de que o conflito de Curuguaty foi premeditado, e de que as forças de segurança foram vítimas de uma “emboscada” armada no local.
      Junto a essas gravíssimas suspeitas, que se confirmadas mais que justificariam o impeachment de um presidente em qualquer país democrático, a acusação não apresenta nenhuma – nenhuma – evidência. Explica o documento: “todas as causas mencionadas acima são de pública notoriedade, motivo pelo qual não necessitam ser provadas, conforme o nosso ordenamento jurídico”.
      Vai além. “Todas as evidências, que são públicas, demonstram que os acontecimentos da semana passada não foram fruto de uma circunstância derivada de um descontrole ocasional, pelo contrário, foi um ato premeditado, onde se emboscou as forças da ordem pública, graças à atitude cúmplice do Presidente da República”, diz a parte final da acusação. Que conclui com um alerta: Lugo “não somente deve ser removido por juízo político como deve ser submetido à justiça pelos fatos ocorridos, a fim que isso sirva de lição a futuros governantes”.

      Altamiro Borges: O bispo e seus tubarões

      31/10/2012

      Os transgênicos cobram a conta

      Filed under: BASF,Monsanto,Sygenta,Transgênicos — Gilmar Crestani @ 10:20 pm

      Quando no RS se descobriu que havia plantação transgênica feita com comércio ilegal de sementes, a RBS saiu em defesa dos transgressores alegando que era fato consumado. E contra fato consumado pela direita expropriadora não pode haver argumentos. Foi mais um episódio em que se verificou que o descumprimento da lei só é ilegal quando praticado por movimentos sociais. Se parte da direita, é porque a lei não presta. Como acontece agora na Argentina. O Congresso aprovou uma lei de médios. O Grupo Clarin, que não gostou, quer infringi-la e encontrou em seus congêneres brasileiros aliados para defender o descumprimento da lei. O argumento é transgênico. Não vale porque a Presidenta da Argentina concorda com lei aprovada no Congresso. O argumento da SIP e dos a$$oCIAdos do Instituto Millenium é rasteiro como soja transgênica, com o agravante de que faz mais mal à saúde, já que afeta diretamente o cérebro.

      Rebelión de agricultores sudamericanos contra el pago de regalías por semillas transgénicas

      Por: Alejandro Rebossio| 31 de octubre de 2012

      En tres de los países donde más se ha extendido y predomina el uso de semillas transgénicas, Brasil, Argentina y Paraguay, se han desatado polémicas por las regalías que deben pagar los agricultores que los usan. Sin que hayan cesados las críticas de ecologistas y pequeños campesinos contra los cultivos genéticamente modificados por sus supuestos impactos en el medio ambiente y en el desplazamiento de la agricultura familiar por los grandes negocios de la exportación agrícola, ahora son los terratenientes los que se rebelan contra la exigencia de las multinacionales, como Monsanto,Syngenta, BASF o Dow, de que les paguen derechos de propiedad intelectual por el uso de semillas que ellas han desarrollado.

      En agosto pasado, el ministro de Agricultura de Argentina, Norberto Yauhar, se mostró a favor de acaba con años en los que en su país los agricultores no pagaban regalías, por ejemplo, a Monsanto por la semilla de soja transgénica RR, resistente al poderoso herbicida glifosato. El Gobierno de Cristina Fernández de Kirchner ya ha elaborado un proyecto para que se respete la propiedad intelectual de futuros desarrollos, como la segunda generación de la RR. “Estos desarrollos tecnológicos traen muchos beneficios para el productor (agrícola), por lo que lo más justo es que paguen un porcentaje”, dijo Yauhar. “Éste sería de un tercio de la cosecha final, por los grandes gastos que tienen los inversores como empresas o el Estado. Es lógico que quienes aumenten su productividad deban pagar regalías", opinó el ministro, aunque aclaró que "se protegerá a los pequeños productores". Los grandes terratenientes y cooperativas apoyan con reparos el proyecto de ley, pero lo rechazan los pequeños y medianos agricultores.

      “El discurso nacional y popular del gobierno no coincide con las medidas a favor de las multinacionales semilleros, que quieren concentrar todo el negocio, al igual que lo que ocurre en el comercio de granos, donde las regulaciones son para beneficios de los grandes operadores”, opinó el presidente de la Federación Agraria Argentina, Eduardo Buzzi. El Movimiento Nacional Campesino Indígena advirtió de que la ley supondría un “duro golpe a la soberanía alimentaria” porque "fomenta la privatización de un patrimonio colectivo de los pueblos".

      Los agricultores críticos del proyecto oficial la llaman ley Monsanto. El Gobierno de Fernández, en cambio, está investigando a esta empresa norteamericana por presunto fraude tributario. De todos modos, Monsanto acaba de anunciar una inversión de 238 millones de euros en Argentina y uno de sus vicepresidentes, Gerald Steiner, atribuyó esa decisión, en una entrevista con el periódico El Cronista Comercial, a que “el Gobierno estableció un proceso riguroso y científico de aprobación de biotecnología”,  Argentina ha reconocido “que hay tecnología en las semillas que va a permitir hacer una diferencia a los agricultores, y hay que pagarla”, y el diálogo que la compañía ha entablado con los agricultores.

      En Brasil, a mediados de octubre un tribunal del estado de Mato Grosso, uno en los que más creció el cultivo de soja transgénica en detrimento de los bosques, determinó la suspensión temporaria del cobro de regalías por la semilla RR de Monsanto a petición de la Federación de Agricultura y Ganadería del distrito. La empresa buscará revertir el fallo, pero mientras tanto lo ha acatado y ha decidido dejar de cobrar por este concepto a los agricultores de otros estados brasileños por una cuestión de “respeto” a ellos, según ha definido. Los terratenientes sostienen que la patente de la RR venció en 2010, pero Monsanto responde que seguirá vigente hasta 2014.

      La sentencia judicial brasileña alentó a que en Paraguay la Asociación de Productores de Soja anunciara que analiza la presentación de una demanda para dejar de pagar tres euros por tonelada cosechada de soja RR. No obstante, primero intentará un diálogo con Monsanto. Pero no todos los terratenientes paraguayos concuerdan con la estrategia de confrontación. "En nada nos va a beneficiar meternos en un megapleito que se puede extender por años con elevadísimos costos, ni arriesgarnos a que los barcos con soja paraguaya sean retenidos en puertos del exterior", dijo el líder de la Coordinadora Agrícola del Paraguay, Héctor Cristaldo. A mediados de la década de los 2000, Monsanto pretendió embargar en Europa barcos con soja transgénica de Argentina para exigir el pago de regalías, pero solo obtuvo fugaces victorias judiciales que acabaron en nada.

      Mientras tanto, el Gobierno de Federico Franco aprobó la semana pasada cuatro semillas de maíz transgénico de Monsanto, Syngenta, Agrotec y Dow. Su política favorable a los cultivos modificados genéticamente contrasta con la reticencia que tenía para aprobar nuevos desarrollos su antecesor, Fernando Lugo, que en junio pasado fue destituido en un polémico y veloz juicio político del Congreso de su país.

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      27/10/2012

      Bastidores da tragédia Kaiowá-Guarani: Multinacionais, partidos, Justiça…

      Filed under: Guarani-Kaiowá,Monsanto,Monstros e Alienígenas — Gilmar Crestani @ 10:38 pm

      por Bob Fernandes

      Guerreiro guarani-kaiowá do acampamento de Pyelito Kue (Foto: Spensy Pimentel)

      Antropólogo e jornalista, Spensy Pimentel deixou, em 2007, o trabalho como repórter especial em Brasília, na Agência Brasil, para se dedicar à pesquisa de doutorado na USP, sobre a vida política dos Guarani-Kaiowá, atualmente em fase de conclusão.

      Spensy já tinha defendido o mestrado, também na USP, sobre a epidemia de suicídios verificada entre esses indígenas desde os anos 80. Realizou pesquisa no Mato Grosso do Sul exatamente no periodo em que os conflitos entre índios e fazendeiros se acirraram, desde 2009.

      Em 2011, Spensy Pimentel lançou, junto com parceiros, o vídeo "Mbaraká – A Palavra que age", sobre o envolvimento dos xamãs Guarani-Kaiowá com a luta pela terra em MS.

      Nesta conversa com Terra Magazine, o antropólogo Spensy Pimentel elenca alguns dos atores presentes nos bastidores dessa tragédia:

      – (…) O movimento de recuperação das terras, que organiza as grandes assembleias (Aty Guasu), é uma reação a esse confinamento que o Estado brasileiro impôs aos Kaiowá e Guarani.

      Diz ainda Spensy Pimentel:

      – Esse confinamento foi realizado para viabilizar a instalação do agronegócio ali: cana, soja, gado, milho produzidos para exportação, em parceria (insumos, apoio tecnológico e, muitas vezes, financiamento) de multinacionais como Bunge, Cargill, ADM, Monsanto…

      Confira abaixo a íntegra da entrevista:

      Terra Magazine: Quando fui ao Mato Grosso do Sul, em 1999, encontrei dados que davam conta de 308 suicídios entre 1986 e 1999.  Recentemente, a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) divulgou que, de 2000 a 2011, foram mais 555 casos. Como os indígenas percebem o fenômeno?

      Spensy Pimentel: Há uma série de dificuldades para acessar o que os Kaiowá e Guarani entendem sobre essas mortes. Em primeiro lugar, pode-se compreender que, para qualquer família em que acontece uma morte desse tipo, há, muitas vezes, certa reserva, certo receio de falar a respeito. As informações que pude obter se baseavam, em geral, na conversa com pessoas que conviviam com as famílias onde os casos ocorreram. A partir daí, é possível obter dados sobre as motivações das pessoas – boa parte, jovens – e sobre a forma como os familiares reagem. Em geral, posso dizer que, ao contrário do que já avaliaram algumas pessoas, essas mortes são, sim, um grande incômodo para as famílias Kaiowá e Guarani.

      Por que isso está acontecendo?

      Não é por acaso que essas mortes começaram a acontecer em maior número desde os anos 80. Os Kaiowá e Guarani mais antigos não se lembram de ter visto mais que um ou dois casos de enforcamentos antes desse período. Esse tipo de morte existia, mas era raro. Nos anos 80, no fim do regime militar, completa-se o processo de expulsão desses indígenas das áreas que eles ocupavam, em geral, nas beiras de rios e córregos, por todo o sul de Mato Grosso do Sul. Dezenas de grupos são literalmente despejados dentro das antigas reservas demarcadas pelo Serviço de Proteção ao Índio entre 1915 e 1928 para liberar a região para o agronegócio. É o que alguns chamam de “confinamento”, pois as antigas áreas, somadas, não passavam de 18 mil hectares. O processo não ocorreu sem reação por parte dos indígenas. Se você olhar os arquivos, vai ver notícias sobre grupos que resistiam aos despejos já em 1978, 1979.

      O confinamento tem relação direta com essa tragédia dos suicídios, então?

      Essa ação – movida em plena ditadura, é sempre bom lembrar – gerou uma mistura muito grande de famílias vindas de lugares diferentes, sem laços construídos historicamente, disputando recursos em áreas extremamente limitadas. Essas pessoas ficaram submetidas a alguns grupos recrutados pela Funai, como antes pelo SPI, em torno de um "capitão", que era um indígena empoderado pelo Estado para, em alguns lugares, ser uma espécie de microditador ali do local. Essas figuras recebiam apoio da ditadura para reprimir os demais indígenas que tentassem voltar para seus lugares de origem, como eles fazem até hoje, em casos como o de Pyelito. Foi nesse ambiente autoritário, opressor e miserável que os suicídios se multiplicaram. Só muito recentemente a Funai deixou de empoderar esses capitães.

      As pessoas têm uma enorme ansiedade de voltar para seus lugares de origem, que chamam de "tekoha" (lugar onde se pode viver do nosso jeito). Elas querem escapar das reservas porque, ali, sentem que vivem mal. O ambiente nesses lugares é, hoje, tão precário que os jovens estão fazendo rap, eles se identificam com os problemas que grupos como o Racionais MC’s expõem em suas músicas, em relação às favelas de São Paulo: violência, racismo…  Em suma, o Brasil impôs um projeto para os Kaiowá e Guarani que eles não aceitam.

      Os acampamentos como o de Pyelito, do pessoal que escreveu a famosa carta-testamento há duas semanas, são, então, formados por gente que quer fugir dessa realidade?

      Exatamente. Existem, hoje, mais de 30 acampamentos Kaiowá e Guarani espalhados por beiras de estrada, ou dentro de fazendas, em áreas que eles ocuparam. A isso se somam mais de 20 áreas que foram recuperadas e regularizadas, depois da dura pressão dos indígenas, com mortes de lideranças, etc. Só que essas áreas são quase todas muito pequenas, algumas têm apenas 500 hectares. O Panambizinho, que você visitou em 1999, tem 1,2 mil hectares e foi a única área homologada no governo Lula que não foi embargada pelo STF. Então, essas novas áreas não deram conta de resolver a situação, foram só uma forma de empurrar com a barriga o problema. Sem falar que muitas terras, mesmo as demarcadas, não podem ser ocupadas por conta de intermináveis disputas na Justiça.

      Quais as perspectivas de resolver o conflito, de se colocar um fim a essa tragédia?

      A atual mobilização que surgiu na internet é muito importante, sobretudo porque a maior arma dos que querem impedir as demarcações é a ignorância das pessoas sobre o que se passa em Mato Grosso do Sul. Quem sabe agora o governo federal e o Supremo Tribunal Federal ajam (há ações esperando há anos para serem julgadas ali). Não é só a Funai que tem responsabilidade nessa história. Alguns processos já estão no Ministério da Justiça ou no Palácio do Planalto, esperando providências. Outros estão no STF ou no TRF da 3ª Região, em São Paulo.

      O movimento de recuperação das terras, que organiza as grandes assembleias (Aty Guasu), é uma reação a esse confinamento que o Estado brasileiro impôs aos Kaiowá e Guarani. Esse confinamento foi realizado para viabilizar a instalação do agronegócio ali: cana, soja, gado, milho produzidos para exportação, em parceria (insumos, apoio tecnológico e, muitas vezes, financiamento) de multinacionais como Bunge, Cargill, ADM, Monsanto…

      Pesos pesados…

      Sim, e não apenas estes. A disputa é desigual porque os indígenas lutam na Justiça por anos com fazendeiros que contratam advogados com o dinheiro que estão extraindo daquelas terras. Não é justo, as empresas que compram essa produção têm de ser responsabilizadas, esse movimento já está começando. Algumas empresas recentemente anunciaram que deixariam de comprar cana produzida em terras disputadas, mas isso ainda é muito restrito. Não se tem notícia de providência semelhante por parte da Petrobras, por exemplo. E o BNDES, apesar de ser provocado há anos pelos movimentos sociais e o MPF, ainda não adotou uma política de frear financiamentos que afetem essas terras. Há muito interesse político em jogo, o estado é governado desde 2007 pelo PMDB, "sócio" do governo federal, como se sabe.

      Qual o estágio desse aspecto da questão, hoje?

      Muitos dos envolvidos no debate, hoje, não negam a possibilidade de pagar indenizações aos fazendeiros que realmente tenham adquirido as terras de boa fé. Sabemos que muitos deles foram levados ali por incentivo do governo federal ou do Estado. Mas é fato também que muitos deles não têm agido "de boa fé" quando contratam homens armados para atacar os índios ou quando tentam obstruir os trabalhos da Funai na Justiça, na arena política em Brasília, ou até mesmo ameaçando antropólogos, como já aconteceu recentemente. De boa fé seria, neste momento, tentar ajudar a resolver essa crise humanitária por que passam os Kaiowá e Guarani e não tentar lavar as mãos, como alguns vêm fazendo.

      Os Kaiowá ficaram conhecidos nos últimos anos como "índios suicidas", alguns dizem que isso "faz parte da cultura deles". Que lhe parece isso?

      Essa ideia da "cultura" tem sido, sistematicamente, usada contra eles. Dizem que se matam para ir à Terra sem Males. Isso é um equívoco, por vezes, uma perversidade, porque dá a ideia de que os brancos no Estado de MS – e do resto do Brasil, que compram o que é produzido lá  – não são responsáveis pelo que está acontecendo com os indígenas. São responsáveis, sim. O destino post mortem de alguém que se enforca não é bom, as pessoas não são incentivadas socialmente a se matar, isso não existe. São incentivadas a lutar por suas terras, a serem guerreiros, isto sim.

      O que existe é um sentimento muito grande de revolta dos jovens, com a situação que eles vivem, que se transforma em uma violência contra si mesmos e suas famílias. Mas quem é que gerou essa situação que causa a revolta? Não foram os indígenas, foram os brancos, com o confinamento. Os acampamentos, repito, são uma reação ao confinamento. Ali, como diz a carta do pessoal de Pyelito, eles vivem coletivamente e morrem coletivamente, estão buscando um estilo de vida que rompe com o que é oferecido nas reservas, o individualismo das cidades, o trabalho degradante nas usinas de cana…

      Aí os "suicídios"…

      Há suicídios nos acampamentos? Sim, alguns, porque a situação, em alguns momentos, se torna desesperadora. Ainda assim, os Guarani-Kaiowá persistem, porque o único caminho que percebem para fugir à miséria e à fome é a luta pela terra.

      Bastidores da tragédia Kaiowá-Guarani: Multinacionais, partidos, Justiça… | Bob Fernandes

      30/09/2012

      Transgênicos: liberalismo e escassez

      Filed under: Liberalismo,Monsanto,Transgênicos — Gilmar Crestani @ 6:12 pm

      Con motivo del Día Nacional del Maíz, movilizaciones en el DF y otras entidades

      Más de 300 organizaciones exigen prohibir el cultivo de transgénicos

      Elizabeth Velasco C.

      Periódico La Jornada
      Domingo 30 de septiembre de 2012, p. 4

      Sólo la unión de los habitantes del campo y la ciudad logrará que el maíz (alimento básico, corazón y sustento de México) sobreviva ante trasnacionales que, como Monsanto, buscan apropiarse de su gran riqueza, aportada al mundo por nuestros antepasados, señalaron ayer integrantes de la organización Sin Maíz no hay País.

      Instaron a la sociedad a sumarse a la lucha contra los granos transgénicos, los cuales, en caso de permitirse su siembra experimental y piloto en el norte de México, causarían daños irreversibles a las especies nativas, además de contaminación en agua, tierra y aire, con repercusiones graves a la salud.

      En la conmemoración del Día Nacional del Maíz, los representantes de más de 300 agrupaciones campesinas, ambientalistas, de derechos humanos y otras, reunidas en el Zócalo, exigieron a las autoridades mexicanas prohibir la producción, importación y comercialización de grano transgénico, en momentos en que el gobierno de Felipe Calderón ha expedido 171 permisos para la siembra experimental en el norte de México de semillas modificadas genéticamente.

      En el Zócalo, además de lanzar consignas, se realizó un performance en el que se representó a Monsanto, que dio latigazos a esclavos que jalaron una gran paca de rastrojo.

      Jesusa Rodríguez, desde un camión que iba a la cabeza de la penosa marcha, hacía el recuento de los saldos del calderonismo: miles de desaparecidos y desplazados, una reforma laboral que atenta contra los trabajadores y campesinos (…) se va y deja más y más dolor al país.

      En el Palacio de Bellas Artes los esclavos fueron liberados. Luego se realizó una danza y se festejó con una elotiza en el Monumento a la Revolución.

      “Calderón y sus ‘secretarios Monsanto’ pretenden autorizar más de 2 millones de hectáreas de siembra comercial de maíz transgénico, justo la variedad MON-603, sobre la cual recientemente se demostró en Francia, con ratas alimentadas durante dos años con ese tipo de maíz, que produce daños en el sistema reproductivo, malformaciones, tumores y efectos neurológicos”, afirmó el especialista Víctor Suárez.

      El académico Armando Bartra advirtió que con los permisos de Calderón se busca autorizar paulatinamente la siembra de mayores extensiones de maíz transgénico, hasta que finalmente se permita su libre siembra y comercialización, y me temo que el gobierno de Enrique Peña Nieto va a continuar esta política porque, lamentablemente, la mayor organización campesina del país, la Confederación Nacional Campesina, estableció desde hace tiempo una alianza con Monsanto.

      Los integrantes de Sin Maíz no hay País advirtieron que los transgénicos significan el final de la tradición ancestral de la milpa como sistema de producción y símbolo de la diversidad cultural de la antigua Mesoamérica, justo en el momento en que el sector campesino ha sido condenado al abandono, está inmerso en la violencia, faltan oportunidades y prevalece el desarraigo de jóvenes que no desean seguir siendo campesinos y optan por migrar a Estados Unidos para producir allá la comida que las trasnacionales nos venden.

      Foto

      Participante en la movilización sabatina por el Día Nacional del MaízFoto Roberto García Ortiz

      El resultado es que los productos son caros y de peor calidad, porque los gobiernos priístas y panistas decidieron importar alimentos en lugar de apoyar la agricultura nacional.

      Los inconformes exigieron combatir la dependencia alimentaria y el hambre con políticas públicas y presupuesto suficiente para el campo, que fomente el crecimiento sustentable.

      También en otras entidades hubo manifestaciones en rechazo a la siembra de maíz transgénico. En Cuernavaca, Morelos, unos 300 integrantes de Sin Maíz no hay País marcharon desde la iglesia El Calvario. Concluyeron con un mitin en el zócalo, donde instalaron una ofrenda con frutos y granos propios del campo morelense.

      En una de sus mantas se leía: Defendamos nuestro maíz porque es nuestra vida. Otra repudiaba los permisos de siembra experimental de grano transgénico.

      Los campesinos exigieron al gobernador electo, Graco Ramírez Garrido Abreu –quien asume el cargo mañana–, que dé prioridad al campo, porque sólo haciéndolo producir las familias agricultoras conseguirán la libertad alimentaria.

      En el parque Los Berros, de Jalapa, Veracruz, se organizó una verbena, donde se realizaron talleres sobre cómo elaborar tortillas. Se regalaron tamales y atole elaborados con variedades nativas de maíz.

      Allí, integrantes del Movimiento Agrario Indígena Zapatista, productores de maíz, ambientalistas y académicos de la Universidad Veracruzana (UV) pidieron a las autoridades del estado que se rastree la presencia de maíz transgénico y se tomen medidas precautorias para impedir que su presencia se imponga a los cultivos generados a partir de semillas criollas.

      Miguel Ángel Escalón Aguilar, investigador de la Facultad de Ciencias Agrícolas de la UV, señaló en torno al maíz transgénico que es necesario que las autoridades establezcan un principio precautorio, porque no se tienen datos contundentes sobre si estos productos son inocuos.

      En Oaxaca, Carmen Santiago Alonso, coordinadora del Centro de Derechos Humanos Flor y Canto, anunció que organizaciones civiles y pueblos indígenas recurrirán al Tribunal Permanente de los Pueblos para denunciar al Estado mexicano por su indiferencia y omisión para defender el maíz nativo.

      Con información de Octavio Vélez, Rubicela Morelos y Eirinet Gómez, corresponsales

      La Jornada: Más de 300 organizaciones exigen prohibir el cultivo de transgénicos

      22/09/2012

      O câncer da Monsanto

      Filed under: Câncer,Monsanto — Gilmar Crestani @ 9:20 am

       

      Ratas, cáncer y políticas transgénicas

      Silvia Ribeiro*

      Nuevas evidencias científicas de investigadores en Francia muestran que el maíz transgénico produce cáncer en ratas, mientras que el glifosato, el herbicida más usado en los transgénicos, es causante de deformaciones en fetos humanos, estudios realizados por el doctor Andrés Carrasco y científicos en Argentina.

      Aunque informes sobre el glifosato y estudios anteriores sobre transgénicos mostraban evidencias de problemas serios a la salud y al ambiente, el gobierno mexicano autorizó en 2012 más de mil 800 hectáreas de plantaciones a campo abierto de maíz manipulado genéticamente, la mayoría con el mismo gen de Monsanto (603) que provocó cáncer en ratas en los experimentos franceses. 

      En el estudio realizado por CRIIGEN (Comité de investigación y de información independiente sobre genética, por sus siglas en francés), Universidad de Caen, Francia, se alimentaron durante dos años a 200 ratas, dividas en 10 grupos, con diferentes raciones. Unas con maíz transgénico NK603, resistente a glifosato pero sin aplicarlo, otras con el mismo maíz transgénico con glifosato, y otras con glifosato disuelto en el agua que bebieron, además de un grupo de control que no recibió ninguno de los elementos anteriores. Las ratas alimentadas con maíz transgénico murieron prematuramente y tuvieron una frecuencia de tumores de 60-70 por ciento contra 20-30 por ciento en el grupo de control.

      Gilles Eric Seralini, director de CRIIGEN, señaló que es un estudio único en el mundo, porque todas las pruebas que han conducido las empresas no superan los tres meses, mientras que este experimento abarcó todo el periodo de vida esperado de las ratas. Justamente, un elemento significativo es que la mayoría de los problemas aparecieron a partir del cuarto mes, por lo que Seralini afirmó que el tiempo elegido para otros experimentos fue intencionalmente corto para evitar la mayoría de los síntomas.

      Varios científicos que funcionan como cobertura de la industria de los transgénicos –vinculados o financiados directa o indirectamente por ésta– atacan los estudios del CRIIGEN, señalando supuestas inconsistencias, como que también el grupo de control desarrolló tumores. Pero esto es lógico, porque se usaron ratas que tienen tendencia a expresar tumores y nunca se permite que vivan tanto tiempo. El dato significativo es la enorme diferencia de porcentajes. Además de tumores, los grupos de ratas expuestas a transgénicos y glifosato presentaron problemas serios renales y en el hígado.

      El gobierno francés, frente a los resultados de los experimentos, decidió abrir un periodo de verificación de los estudios. De confirmarse su toxicidad podrían definir que se prohibiera cualquier importación y su uso incluso como forraje. Plantar maíz transgénico no está permitido en ese país, justamente por estudios anteriores sobre la posible toxicidad e impactos ambientales del maíz NK603 y Mon810 de Monsanto. En lugar del apuro con que algunos biotecnólogos –incluso en México– tratan de defenestrar los experimentos, la actitud coherente y responsable sería verificar este estudio y realizar otros, ya que los transgénicos que están en el mercado se aprobaron basados casi al 100 por ciento en datos entregados por las propias empresas que los venden.

      Siendo México centro de origen del maíz y además el país con mayor consumo humano de maíz en el mundo, lo lógico sería que primara el principio de precaución estrictamente, tanto por los riesgos a la salud humana como por los impactos sobre la biodiversidad y los múltiples significados que el maíz tiene en México para sus culturas y su población.

      Sin embargo, pese a que la comisión de bioseguridad en México (CIBIOGEM) ha recibido numerosos, extensos y sólidos argumentos científicos y técnicos para no permitir la siembra –ni experimental, ni piloto y mucho menos comercial– de maíz transgénico, los ha ignorado todos intencionalmente, colocando en riesgo los intereses de la población para favorecer exclusivamente los de Monsanto, la trasnacional que controla más de 85 por ciento de las semillas transgénicas en el mundo.

      El acuerdo para asegurarle a Monsanto sus intereses contra la población de México y contra su principal patrimonio genético alimentario, lo aseguró Bruno Ferrari, actualmente secretario de Economía, pero antes funcionario de Monsanto. En 2009, Ferrari, entonces director de ProMéxico, concertó una reunión entre Felipe Calderón y el director ejecutivo de Monsanto, en el Foro Económico Mundial de Davos. Volviendo de esa reunión, el gobierno anunció que rompería la moratoria que existía desde 1999 contra la plantación de maíz transgénico, aunque ninguna de las razones que los expertos expusieron para fundamentar y decretar la moratoria hubiesen cambiado. Al contrario, con el paso de los años, empeoraron las condicionantes de riesgo que fundamentaron la moratoria contra la siembra de maíz transgénico en 1999.

      Los transgénicos usan muchos más tóxicos y producen menos que las semillas híbridas, además de la multitud de riesgos e impactos a la salud y al ambiente que crecen todo el tiempo, ya que las plantas se vuelven resistentes y hay que usar compuestos cada vez más tóxicos.

      Hay 10 mil años de trabajo campesino y décadas de investigación agrícola pública en semillas no transgénicas que enorgullecen y sobradamente bastan para cubrir las necesidades de toda la población en México. Permitir la liberación de transgénicos en el país es un acto de extrema irresponsabilidad y un crimen histórico.

      *investigadora del Grupo ETC

      La Jornada: Ratas, cáncer y políticas transgénicas

      19/08/2012

      Monsanto ou cudiabólico?

      Filed under: Monsanto — Gilmar Crestani @ 8:52 am

       

      Monsanto, il famoso mais BT ha fallito

      L’agenzia per la protezione ambientale americana, l’EPA, comunica che il famoso mais transgenico di Monsanto è diventato una prelibatezza per gli insetti infestanti, che nel giro di qualche generazione si sono abituati al mais geneticamente modificato e alle sue difese. Tanto che ora proliferano nutrendosi proprio delle radici del mais, incuranti del fatto che quelli di Monsanto lo abbiano dotato di una “proteina killer” che li dovrebbe lasciare stecchiti.

      Monsanto ha reagito negando, ma a ruota è arrivata una radio del Minnesota a raccogliere le testimonianze degli agricoltori, che vedono le loro piante con le radici danneggiate incapaci di assorbire la già scarsa acqua che offre la stagione di siccità e che hanno assistito allibiti persino al crollo delle loro piantagioni sotto l’azione del vento (!). Niente più invulnerabilità ai parassiti e niente più guadagni moltiplicati dalla grande innovazione scientifica quest’anno, solo raccolti finiti nella pancia dei vermi e denaro finito nelle casse di Monsanto, che ora potrebbe anche essere esposta a poderose richieste di danni, visto che il suo miracoloso prodotto ormai non mantiene più quanto promesso dall’azienda.

      Per risolvere il problema basterebbe tornare alla tradizionale rotazione delle colture, perché questi parassiti si nutrono solo di mais e morirebbero quindi di fame in sua assenza, se non fosse che la rotazione è stata abbandonata proprio in vista delle maggiori rese proposte da Monsanto e che ora gli agricoltori sono ormai da anni legati a una monocultura. Una pratica che ovviamente ha favorito l’adattamento e il proliferare tra gli insetti di quelli geneticamente insensibili alle difese di Monsanto. Ci sono voluti appena 15 anni perché la natura prendesse le misure al mais di BT e alle sue “innovazioni”, spinte con grande foga da politici e scienziati vicini a Monsanto, e ora che è accaduto non esiste un piano B, se non quello di tornare ai metodi tradizionali e rinunciare ai servigi di Monsanto, che così però non guadagnerà che una frazione di quanto ha ottenuto legando gli agricoltori mani e piedi al suo prodotto.

      Casa originale di questo articolo

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      Monsanto, il famoso mais BT ha fallito – AgoraVox Italia

      01/08/2012

      La Monsanto

      Filed under: Monsanto — Gilmar Crestani @ 9:04 am

      A Monsanto, no RS, tem como principal defensora a RBS, e já contou com todo o aparato do Ministério da Agricultura do governo FHC, com Platini de Moraes, guru de outra obra da famiglia Sirotisky, Ana Amélia Lemos, típica transgênica nas hostes comunistas… O mesmo berço onde foi embalada Ana Amélia também pariu Antonio Britto e Yeda Crusius. De onde menos se espera, de lá mesmo é que não sai nada? Pois é, Barão de Itararé…

      La Monsanto

      Por: Martín Caparrós| 31 de julio de 2012

      Monsanto_usa2

      La frase era un dechado: “Hace unos instantes estuve con Monsanto (sic) que nos anunció una inversión muy importante en materia de maíz y además estaban muy contentos porque la Argentina está a la vanguardia en materia de eventos biotecnológicos, en repatriación de científicos y fundamentalmente también en respeto a las patentes. Como ahora nosotros hemos logrado patentes propias nos hemos convertido también en defensores de las patentes”.

      Dijo, con esa cara de falsa ingenua que le queda tan rara, y enarboló un folleto. Cristina Fernández estaba en un sitio peligroso: es una tradición que los presidentes argentinos, cuando comparecen en el Club de las Américas de Nueva York, hablen de más. Se ve que los anima el público de grandes empresarios americanos –en este caso, entre otros, representantes de JPMorgan, Barrick Gold, Ford, Fox, IBM, Cargill, Walmart, DirecTV, Procter & Gamble, Pfizer, Monsanto, Microsoft– y se sueltan, y después a veces se arrepienten.

      Nadie sabe si la doctora Fernández se arrepintió de definir el oportunismo con esa frase sonriente: “Como ahora nosotros hemos logrado patentes propias nos hemos convertido también en defensores de las patentes”. Después de haber estado, se sobreentiende, muchos años “en contra” de esas mismas patentes. O eso parecía en 2006, cuando Monsanto trababa embargo contra barcos con granos argentinos en Europa porque el Estado argentino no le dejaba cobrar lo que quería por la patente de uno de sus productos estrella: la semilla de soja RoundUp Ready. La otra es el RoundUp, el herbicida hecho de glifosato que mata todo lo que pulula alrededor salvo esas semillas, genéticamente modificadas para sobrevivir al killer.

      (La historia es larga y está bien contada en un artículo de Le Monde Diplomatique. En síntesis: en los noventas, cuando empezó a venderla, Monsanto no patentó la semilla en la Argentina pero, a cambio, recibió del gobierno de Menem la autorización para su uso –lo cual, en países como Brasil, tardó años de pruebas y debates. La RoundUp Ready copó, muy pronto, la gran mayoría de los campos argentinos. Durante diez años Monsanto se dio por satisfecho con sus acuerdos con las productoras que les pagaban un cánon por las semillas y, sobre todo, con las ventas crecientes del Round Up, que completaba el combo. Hasta que decidió que quería cobrar más y empezó su ofensiva política y judicial.)

      Aquella tarde de junio en Nueva York, Cristina Fernández siguió hablando y explicó los términos de su nueva alianza con Monsanto: la empresa americana tendría una planta productora de semillas de maíz genéticamente modificadas en Malvinas Argentinas, provincia de Córdoba, y un par de proyectos de investigación conjunta con científicos argentinos. Quizá Monsanto quiera hacer ahora aquí lo que suelen hacer las multinacionales químicas: modificar lo suficiente el producto que no patentaron –o cuya patente va a vencer– para patentarlo como si fuera otro, y recaudar.

      Cada época tiene sus ogros: Monsanto es uno de los más presentes estos días. Todo empezó hace casi cincuenta años, cuando la empresa fabricaba el “agente naranja”, un defoliante poderoso con que el ejército americano se cargó los bosques y cultivos de Vietnam para tratar de rendir a sus defensores. En esos días, aviones militares derramaban torrentes de veneno sobre el país, medio millón de vietnamitas moría en esos bombardeos, otro medio millón nacía malformado –y Monsanto prosperaba en paz. Pero su verdadero salto a la fama llegó un cuarto de siglo después. En los noventas empezaron a convertirse en lo que son ahora: una empresa multinacional que estableció la propiedad privada de la reproducción natural. Con sus semillas de plantas que no dan semillas, Monsanto controla el mercado mundial de semillas transgénicas y, a través de eso, se acerca cada vez más a una posesión en la que puede definir quién come, quién no, a qué precios, bajo qué condiciones.

      Todo tan claro que Eduardo Galeano solía llamarla “la serial killer multinacional”. Tan claro que, hace menos de un año, Carta Abierta decía en una carta abierta que “el gran capitalismo agropecuario tiene su mirada en la Bolsa de Chicago, en las operaciones políticas de gran escala, en los secretos de los gabinetes químicos que perfeccionan la semilla transgénica, nuevo padrenuestro de una teología que sin tener santidad tiene a Monsanto, mientras empresarios voraces, pioneros cautivos de un clima de mercantilización de todas las relaciones humanas, se comportan como forajidos de frontera, escapados de otra época, pero tiñendo de una agria tintura este momento histórico que aunque les es heterogéneo, caen en la incongruencia de querer apropiarlo”.

      Tan claro que hace tres años, un día en que el señor Verbitsky, falto quizá de nada más excitante, decidió tirarle un par de prontuarios por la cabeza al tornadizo Felipe Solá, escribió uno de sus artículos acusándolo de haber “trabajado para Monsanto”. Hasta que Cristina Fernández mostró su alborozo y su cariño por su nuevo socio, y ninguno de ellos dijo esta boca es suya –señora presidenta.

      Pero, más allá de los vaivenes clásicos, más acá de sus nuevos amores, Monsanto va a seguir planteando sus dos problemas principales.

      Uno son sus efectos sanitarios y ecológicos. El maíz transgénico, por ejemplo, que van a fabricar en Córdoba está prohibido en Francia por contaminante; el gobierno francés –del liberal Nicolas Sarkozy– pidió en febrero último a la Unión Europea que lo prohiba en todo su territorio. Y, aquí, la mayoría de los productores dicen que no saben qué puede quedar de sus tierras después de unos años de semillas transgénicas –pero que la ganancia es tan grande que las siguen usando. Aunque varios me dijeron, últimamente, que trataban de hacerlo en tierras arrendadas: ajenas.

      Que rebosan de RoundUp. Monsanto solía presentarlo como biodegradable hasta que tribunales franceses y americanos los condenaron por publicidad engañosa. En realidad es biodegradante: degrada toda la vida que hay alrededor, y por eso solo se pueden plantar las semillas de Monsanto, que lo sobreviven. Pero no las personas: el mes pasado, precisamente en Córdoba, empezó el primer juicio oral y público por un caso de envenenamiento por fumigación con glifosato.

      Los acusados –faltaba más– no son los inventores del tóxico sino los aviadores que lo fumigaron, pero la historia es siniestra –en un suburbio cordobés muy expuesto a las fumigaciones, casi 200 cancerosos sobre 5000 habitantes, un bebé nacido sin riñones– y fue bien contada por Página/12 cuando todavía hablaba del asunto, antes de que Monsanto se convirtiera en "un nuevo inversor".

      Monsanto seguirá envenenando –como decía Galeano– los campos y los campesinos argentinos; ahora, con el apoyo del Estado. Pero esto es pura coherencia: después de todo, este gobierno nunca simuló preocuparse por la salud pública. En cambio, sí hizo de la “lucha contra los monopolios” una de sus banderas más flameadas.

      Decíamos: Monsanto es, ahora mismo, el nombre global del monopolio despiadado. Lo cuentan muchos y, entre ellos, Marie-Monique Robin –la periodista francesa que consiguió que generales argentinos hablaran en cámara de sus torturas y asesinatos– en una película que vale la pena mirar. Porque el 87 por ciento de las plantaciones de semillas transgénicas –algodón, maíz, soja– del mundo usan sus semillas; esto es: la enorme mayoría de las plantaciones del mundo engordan a Monsanto. La noticia de que el gobierno nacional y popular está encantado de hacer negocios con semejante emblema ya tiene un mes; podría haber provocado incomodidades, molestias, escozores; no se vieron.

      Olvidemos que Monsanto es uno de los principales responsables del hambre de millones de personas a las que dejaron sin tierras o sin semillas, porque a nosotros no nos importa el hambre de los indios o los somalíes y, de últimas, nuestra prosperidad viene de sus penurias: ellos se hunden con los aumentos de precio de los granos que a nosotros nos salvan.

      Y olvidemos los efectos que está teniendo sobre la estructura social y económica de la Argentina el imperio de la soja transgénica –la concentración de las explotaciones agrarias, la expulsión de los pequeños campesinos, la transformación de regiones enteras en desiertos verdes, la probable esterilización de los suelos de buena parte del país– porque, en última instancia, nada de eso va a influir en las elecciones del año que viene sino en las vidas de las próximas generaciones de argentitos.

      Pero, aún así, es curioso que la llegada de Monsanto se discuta tan poco. Y creo que no se discute porque los fieles seguidores del gobierno no suelen discutir sus medidas, y lo que nos hemos acostumbrado a llamar “la oposición” –que podría hacerlo– sigue controlada por la derecha. Lo cual le sirve a la derecha y al gobierno: a la derecha para dejar claro que lo que debe suceder tras el fracaso de este gobierno es el retorno de su gente; al gobierno para evitar que le critiquen renuncios como éstos –porque es obvio que ni Clarín ni La Nación ni Macri ni Scioli, aliados naturales de los grandes monopoios, van a hacerlo.

      Para eso, en síntesis, sirve la crispación, la división actual de la política argentina: para que dos fracciones del mercado distraigan con ladridos mientras siguen adelante con “un capitalismo en serio”: mientras siguen cuidando los negocios de la Barrick, Walmart, Proctor & Gamble, Cargill.

      Para que siga funcionando la agrupación que realmente importa: la unidad de negocios que algunos llaman La Monsanto.

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      28/07/2012

      Um Franco atirador a serviço da Monsanto

      Filed under: Golpismo,Monsanto,Paraguai — Gilmar Crestani @ 4:12 pm

       

      Após golpe, Paraguai autoriza controversos projetos com multinacionais

      Além disso, leis que ainda estavam em análise no Congresso paraguaio foram promulgadas a toque de caixa

      A abertura a empresas multinacionais que estão sob suspeita por questões ambientais pauta o primeiro mês de governo de Federico Franco no Paraguai, isolado por parte da comunidade internacional. Entre as medidas questionadas está a habilitação do plantio de algodão transgênico e a construção de uma fábrica de alumínio.

      Efe

      Para analistas, Franco encontrou a casa em ordem em termos econômicos e agora foram destravados in[umeros projetos 
      "É preocupante que um governo não eleito pelo voto popular tenha se aberto a esses investimentos (de capitais estrangeiros) sem nenhum controle", disse à IPS o economista Luis Rojas, da organização não governamental Base Pesquisas Sociais. Como exemplo, Rojas citou a permissão dada para utilizar sementes de algodão geneticamente modificado da variedade Bollgard, da multinacional Monsanto, deixando sem efeito os estudos preliminares exigidos para a concessão desse tipo de licença.
      Franco designou para chefiar o Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Vegetal e de Sementes (Senave) o empresário de agroquímicos Jaime Ayala, que não demorou em inscrever no Registro Nacional de Cultivos Comerciais (RNCC) a semente Bollgard, rejeitada pela mesma entidade semanas antes porque a empresa não apresentava os requisitos exigidos.
      Segundo Rojas, a aprovação é ilegalmente porque ainda não havia o parecer técnico da Secretaria do Meio Ambiente nem do Ministério da Saúde, como exige a lei. A sociedade civil também questiona a possível instalação da multinacional canadense Rio Tinto Alcan (RTA) para construção de uma fábrica de alumínio com investimento de 3,5 bilhões de dólares. "A negociação começou praticamente no dia seguinte à mudança de governo", destacou à IPS o analista José Carlos Rodríguez.
      O presidente Fernando Lugo, destituído em um julgamento político sumário no dia 22 de junho e horas depois substituído por Franco, havia formado uma equipe para o estudo do projeto. Porém, Franco autorizou o começo das negociações de imediato, sem esperar os resultados dessa análise. Rodríguez questionou que as novas autoridades não estão fazendo nenhum cálculo custo-benefício no que se refere às implicações econômicas e ambientais da instalação neste país de uma empresa com a potencialidade contaminante como a da produção de alumínio.
      O atual governo se defende alegando que a fábrica geraria cerca de quatro mil postos de trabalho de forma direta, mas em dezembro passado o então ministro de Obras Públicas, Cecilio Pérez Bordón, assegurou que seriam necessários apenas 1.250 trabalhadores para levar adiante essa produção. Bordón explicou, em seu informe apresentado em uma audiência pública, que todas as matérias-primas e todos os insumos serão importados, exceto a energia elétrica. Também disse que a RTA utilizaria de forma constante 1.100 megawatts (MW), equivalente a nove mil gigawatts/hora (GWh) por ano, e pretende um contrato de consumo entre 2016 e 2045, e renovável.

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      O Paraguai demanda atualmente 11 mil GWh anuais de energia e produz cerca de 56 mil, com potência próxima de 7.500 MW, somando a central de Acaray e os 50% que lhe cabem dos complexos binacionais de Itaipu, compartilhado com Brasil, e Yacyreta, que divide com a Argentina. A instalação da RTA exigiria mais que o dobro da energia que o país consome hoje. Bordón insistiu na época para não se subsidiar o custo da energia, recomendando que a empresa pagasse o custo real do serviço elétrico que era de US$ 59,7 por MW/h em 200 quilowatts.
      "Se a energia for vendida à RTA por US$ 38 o MW/h por 30 anos ou mais, o Paraguai perderá entre US$ 195 milhões e US$ 1,008 bilhão anuais, precisando aumentar a tarifa para os demais usuários, incluído o uso doméstico, aumentar os impostos ou reduzir o investimento público", explicou Bordón. Diante deste cenário, as organizações sociais aumentam seu repúdio ao governo de Franco e afirmam que a destituição de Lugo teve como pano de fundo o objetivo de facilitar a entrada das multinacionais. "O governo não é um interlocutor válido porque não lhe interessa conversar com a sociedade civil. Só o faz com o empresariado", denunciou Rojas.

      Isolamento
      Por sua vez, o ex-deputado do Partido Colorado do Paraguai Bernardino Cano Radil afirmou que sua agremiação não discutiu este caso em profundidade para adotar uma postura. "Em geral" – disse – "o investimento estrangeiro é positivo, mas se deve estudar em detalhe os benefícios para as empresas locais e os trabalhadores". O Partido Colorado foi o principal motor do julgamento político de Lugo pouco depois de começar seu mandato em 2008, quando o ex-bispo católico acabou com 60 anos de governo hegemônico dessa agremiação política.

      Efe

      Paraguaios comemoram o "Dia da Democracia", em memória pela destituição do presidente eleito Fernando Lugo
      No entanto, a falta de reconhecimento de Franco não acaba nas fronteiras, já que continua tendo em seu favor apenas a aprovação de Taiwan e do Vaticano. Tampouco pode prosperar o recurso apresentado ao Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul para que seja levantada a suspensão como membro do bloco, decidida por seus três sócios, Brasil, Argentina e Uruguai, na cúpula do final de junho na cidade argentina de Mendoza. Agora, as expectativas estão depositadas apenas na OEA (Organização dos Estados Americanos), cuja missão de observação recomendou a esse órgão não suspender o Paraguai. Mas essa decisão também se faz esperar.
      Para os analistas, Franco encontrou a casa em ordem em termos econômicos e agora foram destravados projetos de investimento, doações e outros, não inferiores a US$ 500 milhões, não permitidos enquanto Lugo esteve no governo. A isto acrescenta-se a entrada em vigor, após anos de adiamento, do Imposto de Renda Pessoal (IRP), com uma taxa fixa de 10% para quem recebe mais de 120 salários mínimos por ano, equivalente a cerca de US$ 45 mil. Um projeto para impor este tributo foi travado no parlamento na última etapa do governo de Lugo, com a agravante de que não seria tratado até 2015. Porém, no dia 5 deste mês foi aprovado e Franco o promulgou esta semana.
      O IRP será cobrado do exercício profissional ou de prestação de serviços pessoais, desempenho de cargos públicos e renda pela venda ocasional de imóveis, entre outras atividades. Também será cobrado dos sócios ou acionistas que obtiverem dividendos das empresas, mas apenas sobre 50% de sua renda. "Trata-se de apenas 10% do excedente para quem ganha muito dinheiro", um universo muito pequeno neste país, explicou Rodríguez. Em uma primeira etapa, atingirá 12 mil contribuintes, neste país de 6,4 milhões de habitantes.

      Opera Mundi – Após golpe, Paraguai autoriza controversos projetos com multinacionais

      14/02/2012

      Con la lupa en la mano santa

      Filed under: Argentina,Monsanto,Transgênicos — Gilmar Crestani @ 8:28 am

       

      Con la lupa sobre Monsanto

      El organismo no dio detalles. Sólo trascendió que realizó una fiscalización en la firma y ahora le reclama una deuda por impuestos mal liquidados oportunamente, aunque ni siquiera se informó el monto.

      La AFIP suspendió ayer a la multinacional Monsanto en el registro de operadores del mercado de granos. La sanción fue publicada en el Boletín Oficial sin mencionar las causas que la motivaron. Sólo trascendió que el organismo recaudador realizó una fiscalización en la firma y ahora le reclama una deuda por impuestos mal liquidados oportunamente, aunque ni siquiera se informó el monto. La multinacional respondió a través de un comunicado que todavía no había sido notificada, pero ratificó su “cumplimiento estricto de toda la reglamentación impositiva de los países donde opera” y agregó que pone a disposición de las autoridades “toda la información que sea requerida”.

      La resolución 2300 del organismo, publicada en el Boletín Oficial, funda la medida en el artículo 40, inciso B, anexo VI, inciso B, punto 13 del régimen de retenciones del Impuesto al Valor Agregado para la comercialización de granos y legumbres secas. El artículo 40 prevé la posibilidad de disponer la suspensión transitoria de los responsables incluidos en el registro, cuando se verifique un conjunto de situaciones que ameritan una medida de ese tipo. El anexo mencionado en la resolución contempla la suspensión en dicho registro fiscal de los operadores que incurran en “incorrecta conducta fiscal”. El inciso B del anexo alude en forma concreta a los “controles objetivos practicados en verificaciones y/o fiscalizaciones”. El punto 13, específicamente, incluye como causal de suspensión del registro de operadores los “Ajustes de fiscalización relevantes”, ya sean “no conformados” como “conformados no regularizados o no ingresados”. La norma del organismo recaudador lleva la firma del titular interino de la Dirección de Análisis de Fiscalización Especializada de la AFIP, Alfredo Samperi.

      La medida limita el uso de cartas de porte (permisos de transporte de granos a puerto) y supone la pérdida de alícuotas diferenciales de retenciones. Si la firma no regulariza su situación, corre el riesgo de quedar excluida del registro, lo que implicaría la inhabilitación para seguir exportando.

      No es la primera vez que la AFIP toma una medida de estas características. En febrero del año pasado suspendió a Nidera también al hallar diferencias significativas en el pago de impuestos. En marzo de ese mismo año además sancionó a Cargill, ADM, Alfred C Toepfer, Louis Dreyfus Argentina, Bunge Argentina y Oleaginosa Moreno. La AFIP las denunció entonces por “triangulaciones nocivas, utilizar paraísos fiscales y registrar maniobras financieras con el exterior”. Se las acusó de llevar adelante una intermediación o tercerización de las operaciones de exportación a través de paraísos fiscales o países sin convenio de intercambio de información con Argentina. El propósito de esos “pases” del producto antes de llegar a su destino final era la subfacturación de la exportación para evadir las cargas tributarias correspondientes.

      En el caso de Bunge, también se la sancionó por la utilización de facturas apócrifas. La empresa apeló a la Justicia, pero el 8 de abril un juzgado federal de Villa María rechazó el pedido con el argumento de que la exclusión del registro era coherente con el principio de que las actuaciones administrativas gozan de presunción de legitimidad.

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