Ficha Corrida

19/03/2016

Lula e o mito de Sísifo

Filed under: Caça ao Lula,Golpe Paraguaio,Lula Seja Louvado,Mitologia,Sísifo — Gilmar Crestani @ 9:47 am
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sisifoSísifo foi condenado a carregar uma pedra até o cume da montanha. Todo vez que lá chegava, a pedra rolava de volta ao ponto de partida e tinha de retomar a tarefa. O esforço sobre-humano para rolar a pedra morro acima cumulado com a determinação, infrutífera, de manter a pedra no alto e a frustração decorrente da consciência do esforço, revela o absurdo da vida humana na terra. Mas não só. Serve também para explicar situações em que tudo parece se voltar contra, criando uma sensação que a ciência chama de fadiga dos metais.

Assim como Freud utilizada o mito de Édipo para explicar o fenômeno humano da atração do filho pela mãe, Albert Camus viu n’O Mito de Sísifo uma explicação para o absurdo da existência humana, uma vez apenas nós humanos temos consciência da finitude. O desespero derivada desta constatação pode  levar ao suicídio. Mas esta não é solução. Não é por acaso que virou assunto caro a muitos filósofos, da antiguidade aos dias de hoje. Camus não concluiu pelo suicídio, mas pela revolta. O sujeito bipolar oscila entre o suicídio e a revolta. O homem de fibra tenaz racionaliza a revolta e a põe em causa que justifique aos vindouros a razão de sua existência. É por isso que o homem clássico grego concluiu que é melhor morrer lutando, uma morte honrosa, do que viver como escravo. Foi esta atitude que deu forças para que derrotassem, por exemplo, o poderoso império persa, até hoje assunto retomado em prosa em verso pelos mais variados ramos das ciências humanas.

Silva não contou com ajuda de equipe especializada para sair do ventre de D. Lindu. Veio ao mundo incorporando Sísifo. Mal nasce, começa a disputa por carinho e a atenção da mãe com os irmãos que o antecederam. Superada esta etapa, outra tarefa hercúlea lhe posta à mesa. O prato vazio. Tanto se repete que a migração se impõe. E de-le rolar pedras. Em terra estranha se requer doses ainda maiores de esforço e determinação. Como se todo dia, para sonhar com a janta e a cama, fosse necessário carregar nas costas uma Pedra da Gávea para o alto do Pico do Papagaio, sabendo que ao amanhecer ela estaria à porta esperando para ser novamente empurrada para o alto. Sabia que para sair do Silva e ganhar o Luiz Inácio teria de provar da bílis que o destino lhe impunha. A viagem de Silva para Lula foi mais longa e penosa que as vicissitudes de Sísifo. Pior do que a inclinação da montanha são as armadilhas que os seres humanos colocavam para que a pedra escorregasse. Não se comanda as maiores greves, em pleno período ditatorial, nem se inscreve o nome no panteão dos heróis da pátria sem vencer exércitos que mais parecem de zumbis pela rapidez com que se reproduzem. Contra todos os prognósticos, contra a força das maiores forças, Sísifo subiu a rampa do Planalto. Lula levara para dentro do Palácio um contingente de esperanças mais pesado que a Pedra da Gávea. E mal saberia ele que a pedra, ainda sob os ombros, só aumentaria de peso. Pior, firmada no alto como um marco no horizonte da humanidade, desceu a planície para aprecia-la.

Universidades-Agencia-sem-tabelaDe novo, como Sísifo, viu os zumbis derrubando, pedra por pedra, o alicerce que fizera o Brasil ser visto de forma diferente pelos quatro cantos do mundo. Se havia persistência em empurrar trabalhos colossais morro acima, como a transposição do São Francisco, as cotas raciais ou a criação de 14 Universidade Federais, o PROUNI, o FIES, também é verdade que o ódio de seus detratores aumentara na mesma proporção dos prêmios o honrarias internacionais que vem acumulando. Tanto que o Estadão cobrava efeitos imediatos da criação das universidades, como se fosse uma revolução coperniana, mudando o eixo do mundo, da terra para o sol.

A cada passo rumo ao ápice do sucesso multiplicam-se os soldados da inveja, em proporção muitas vezes superiores ao exército de terracota do imperador Qin Shi Huang. Após a etapa de cada sucesso outro desafio sempre maior se lhe apresenta.

E, de repente, a perseguição de que é objeto o catapulta para sucessos ainda mais espetaculares. A caçada implacável de que é vítima tem feito Lula crescer. Por que Lula foi feito pra luta, independentemente dos desafios que vão sendo interpostos em seu caminho.

O conhecimento que Lula legou ao brasileiros mais humildes, vias universidades públicas gratuitas, incorpora-se à força que o mantém vivo e incomodando tanto. E isso que os resultados universitários sempre tardam pelo menos cinco anos para aparecerem. É um processo, que parece um milagre.

Para desespero de seus detratores, Lula, como Sísifo, não se suicida, se revolta. E luta!

02/11/2014

Cai mais um mito da direita midiática

Filed under: Bolsa Família,Eliane Cantanhêde,Mitologia — Gilmar Crestani @ 9:30 am
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bolsaPor que Eliana Cantanhêde não lê o jornal em que trabalha!?

Hoje a porta-voz do PSDB na Folha, Eliane Cantanhêde inocula mais um pouco do velho preconceito da velha mídia: “Era a história de um desastre anunciado e só não sabiam os menos escolarizados e quem ficou cego e surdo diante da realidade.” Com outras palavras dá trela ao estigma defendido por FHC contra os nordestinos, a de que as regiões mais pobres foram os grandes eleitores de Dilma. Ora, se foram os mais beneficiados, porque não eles?! Só falta explicar porque Dilma derrotou Aécio em Minas Gerais, onde este foi governador auto declarado com alta popularidade?! Tirando o poder econômico, pouca coisa sobra à massa cheirosa

Mas eis senão quando a própria Folha sai com esta de que o PT cresceu onde há pouco Bolsa Família. E agora como ficam as inúmeras acusações publicadas pelos a$$oCIAdos do Instituto Millenium de que o PT só tinha eleitores do Bolsa Família? Uma semana depois das eleições a Folha constata o que “só não sabiam os menos escolarizados e quem ficou cego e surdo diante da realidade”…

A melhor explicação não seria porque, ao contrário do PSDB, as políticas sociais do PT não cobram dos beneficiados retribuição eleitoral?! Não é benefício à cabresto, como faz o velho coronelismo incrustado na direita brasileira!

Petista cresceu onde há pouco Bolsa Família

Nos mil municípios menos dependentes do programa, Dilma colheu 4,8 milhões de votos a mais no segundo turno

Já nas mil cidades mais dependentes, seu crescimento em relação ao primeiro turno foi de apenas 486 mil votos

RICARDO MENDONÇADE SÃO PAULO

Embora a presidente Dilma Rousseff (PT) tenha derrotado o senador Aécio Neves (PSDB) por larga vantagem nos municípios mais dependentes do Bolsa Família, o programa social, sozinho, não explica o triunfo final da petista no segundo turno da eleição presidencial.

Isso porque, do primeiro para o segundo turno, o aumento da votação em Dilma ocorreu com mais intensidade nos municípios menos dependentes do Bolsa Família.

Dos 11,2 milhões de votos a mais que a presidente teve na etapa final, 7,3 milhões vieram das cidades onde o Bolsa Família beneficia menos de 25% da população.

Tradução: Dilma só foi reeleita porque, na disputa final, conseguiu crescer nos municípios onde há pouca gente inscrita no programa.

Essas afirmações são confirmadas a partir de vários ângulos nas tabelas que cruzam votação com dados do Bolsa Família por município.

Nas mil cidades menos dependentes do Bolsa Família (onde menos de 13% dos moradores são socorridos pelo programa), a votação de Dilma subiu de 28,2% dos válidos no primeiro turno para 38,3% na fase final.

Nos dois turnos, ela ficou atrás de Aécio nesse conjunto de cidades. Mas seu avanço de 10,1 pontos percentuais representou um ganho de 4,8 milhões de votos. Quase metade de toda a votação incorporada por ela na etapa final.

Já o avanço de Dilma nos mil municípios mais dependentes do programa acabou sendo bem mais modesto.

Nessas outras mil cidades –todas com mais de 60% da população atingida pelo Bolsa Família–, Dilma teve um ganho de 486 mil votos entre o primeiro e o segundo turno. Nesse mesmo universo, Aécio conseguiu crescer mais: obteve 730 mil novos votos.

Há duas explicações para o baixo avanço de Dilma nas cidades mais dependentes do Bolsa Família. Primeira: nesses locais, a petista já havia terminado o primeiro turno com um patamar alto de votos (73,3%). O espaço para avançar, portanto, era menor.

Segunda: nos mil municípios mais dependentes estão só 8% do eleitorado. No polo oposto (mil menos dependentes) estão 42% dos eleitores.

DISPUTA

Outro recorte que leva à mesma conclusão é a comparação entre os municípios com mais de 50% da população vinculada ao programa e os municípios com menos de 50% da população vinculada.

No primeiro grupo (o dos mais dependentes), Dilma ganha o segundo turno de Aécio por enorme vantagem: 75,8% a 24,2%. No mapa em que o vencedor de cada um desses municípios é destacados, quase tudo fica vermelho.

No outro grupo (o dos menos dependentes), Dilma perde, mas por um placar mais apertado: 52,5% para ele, 47,5% para ela. No mapa, a distribuição entre azul e vermelho parece equilibrada.

Nas 3.773 cidades com menos da metade da população no Bolsa Família, Dilma incorporou 10,2 milhões de votos no turno final. Sem isso, não teria sido reeleita.

30/12/2012

13º trabalho de Hércules

Filed under: Crise Financeira Européia,Grécia,Hércules,Mitologia — Gilmar Crestani @ 11:16 am

 

“Como Hércules, tenemos que limpiar la mierda y pelear con la hidra”

De gira por la Argentina, el dirigente de la izquierda griega explica cómo deforma el sector financiero de su país la situación argentina, rescata el desarrollo posterior a la crisis del 2001 y explica los desafíos de la oposición para superar al neonazismo y llegar al gobierno en Atenas.

Por Martín Granovsky

A los 38 años, Alexis Tsipras es el líder de Syriza, el movimiento político y social griego que enfrenta al gobierno conservador y proyecta llegar al poder por la vía democrática para terminar con la austeridad como principio máximo de la política. Tras unos días de visita en la Argentina, Tsipras aceptó comparar las dos situaciones con todas sus similitudes y diferencias.

–¿La Argentina sigue siendo tema de discusión en Grecia por la contracción de deuda, el default y la reestructuración?

–Sí. Hablamos de ustedes.

–¿Del default o de la reestructuración?

–De todo.

–¿Y después de este viaje a la Argentina?

–Terminamos mucho más sabios. Estudiamos con detalle el proceso que se dio durante y después de la crisis. Vimos similitudes y también diferencias. De parte del Fondo Monetario Internacional las recetas fueron iguales en Grecia y en la Argentina. También fueron iguales en ambos países los medicamentos que se le dieron a Grecia y a la Argentina. Iguales y vencidos. Fracasaron. Nos llevaron a la catástrofe. El paciente griego internado en una cama europea está en coma. Todos los tubos y los medicamentos lo ligan al corazón de Europa. Es complejo. Si el paciente en coma muere, parece que la Eurozona tampoco puede sobrevivir. Por eso digo que tenemos similitudes y diferencias entre la Argentina del 2001 y la Grecia de hoy. Lo que es interesante es cómo presentan el ejemplo de la Argentina en Europa.

–¿Quiénes?

–Los sectores más ligados al sistema financiero. La Argentina es el ejemplo de un país que le dijo no al sistema financiero mundial. Los sectores financieros de Europa distorsionan lo que ocurrió aquí. El ejemplo molesta a los círculos financieros. Por eso los centros ultraliberales están tratando no solo de distorsionar las cosas en términos ideológicos sino de presentar una trayectoria histórica diferente. Cambian los hechos. Durante nuestra estadía en la Argentina y en los encuentros que mantuvimos, hubo cobertura en noticieros de la televisión griega. Entonces ponían una imagen mía encontrándome con un dirigente argentino y, en pantalla partida, mostraban ejemplos del corralito argentino y la gente golpeando las persianas de los bancos.

–¿Sin poner las fechas de cada cosa?

–Sin ninguna precisión. El mensaje es claro: “Sigan el camino que les propone la izquierda griega y llegarán a la bancarrota como en la Argentina”.

–¿Es interesante para Grecia el ejemplo de reestructuración de la deuda con quita?

–Sí, claro, pero primero debemos ver qué hay de parecido en cada país y en cada coyuntura histórica. La negociación que llevó a cabo el Estado argentino después de la crisis es un ejemplo para estudiar y examinar. En los próximos años seguramente esto va a ser un tema en las facultades de ciencias económicas. Eso prueba que cuando hay un acreedor y un deudor, los dos están en situación difícil. No uno solo. La propia negociación lo demuestra. Pero yo veo otros puntos positivos más allá de la reestructuración de la deuda. El desarrollo económico argentino posterior a la crisis aguantó aunque el país quedó fuera de los mercados de préstamo. Aguantó porque contó con una base productiva amplia, y exportadora. Soportó porque desde un principio pudo revitalizar la economía interna y cubrir las necesidades del pueblo. En su segunda fase las exportaciones fueron importantes y garantizaron el crecimiento del Producto Bruto Interno. Pero también hay que tener en cuenta que cuando la Argentina pasó por la fase de crecimiento alta, el crecimiento global también era alto. Y además todo ocurrió dentro de una coyuntura regional sudamericana positiva. Nosotros en Grecia no tenemos ninguno de los dos puntos positivos. Ni crecimiento global ni coyuntura regional favorable.

–El peor de los mundos.

–Sí, pero al mismo tiempo tratamos de hacer de la necesidad virtud. Con esa visión participamos dentro de la Zona Euro. Grecia tiene solo el 2,5 por ciento del PBI europeo y a la vez está en el centro de la opinión pública mundial. Esto no pasa, claro, por el hecho de que todos se preocupen acerca del sufrimiento del pueblo griego. El temor es el efecto dominó.

–O sea que un punto fuerte de ustedes es el temor.

–Es que, si Europa sigue así, el principal país que pensará en salir de la Zona Euro es Alemania. Eso quiere decir que un pequeño país como Grecia puede ser una piedrita capaz de romper esa máquina gigante del motor ultraliberal. Por eso sufrimos un ataque frontal a nivel mundial en las últimas elecciones. Auguraban que vendría el caos. Quizá pueden aguantar mínimamente un escenario posneoliberal. Pero no lo pueden aceptar en el núcleo duro de Europa.

–La clave, pareciera, es la capacidad de daño de Grecia.

–Muchas veces comparé la situación de Grecia respecto de sus socios europeos con otras épocas. Es como la Guerra Fría. Los dos sectores pueden tocar el botón, pero aunque uno lo haga ninguno ganará. La catástrofe será para todos.

–¿Cuál sería hoy ese botón?

–El botón sería la explosión del euro. Pero el que pierda en esta Guerra Fría es el primero que dé un paso atrás. Por eso nosotros nos preparamos para un gran enfrentamiento. Hemos dicho claramente que desde el gobierno vamos a romper con los tratados de austeridad. Seguiremos en ese camino aunque nos corten los préstamos. No es un chiste. Lo vamos a hacer. Pero necesitamos el apoyo popular.

–El movimiento político de la izquierda griega produce en el mundo progresista admiración y preocupación. Admiración por su crecimento veloz en los últimos años. Preocupación por si esa velocidad no fuera suficiente.

–El movimiento empezó en dos plazas de Atenas. Vamos a llamarlas de alguna manera: la de abajo y la de arriba. La plaza de abajo fue siempre más politizada, con asambleas temáticas, con diferentes charlas. Participaba mucha juventud. Practicaba democracia directa. Pero lo importante es que estas manifestaciones fueron completamente pacíficas con gran participación de masas, con muchísima gente.

–¿Qué pasaba en la plaza de arriba?

–Fue menos participativa. Por eso el sistema se asustó más con la de abajo. No era lo mismo que romper un banco o romper un cajero electrónico. Romper fortalecía al sistema. En cambio la actitud pacífica sí les marcó un alerta. Hay que tener en cuenta que estas reacciones espontáneas y masivas derivaron en la caída de dos gobiernos. Pero en cambio, volviendo a la comparación de las dos plazas, los bancos quemados y las pequeñas propiedades quemadas no dieron resultados políticos. Es muy simple: con los incendios, el gran capital encontraba un pequeño comercio para llorar.

–¿Y ahora?

–Ahora hay un reflujo del movimiento, una recesión política relativa. La gente espera cambios políticos agudos y pone más esperanza en un enfrentamiento político con más resultados. Por eso en las dos elecciones en mayo y en junio no pudimos ganar. Eso también creó un tipo de cansancio. Es duro ver que tampoco había resultados en un sentido de cambio.

–¿Cuál es el cambio deseable para la coalición de izquierda?

–El único camino es derrocar al gobierno por una vía democrática. Tenemos una responsabilidad de la cual somos conscientes: una gran parte de la población puso sus esperanzas en el proyecto alternativo y debemos reforzar esa meta. Pero eso es al mismo tiempo positivo y negativo para nosotros. La gente espera de nosotros muchísimas cosas.

–¿Eso es lo positivo?

–Sí. Y lo negativo es que deposite sus esperanzas y solo espere. El riesgo de la pasividad no existe solo cuando uno está en la oposición. Incluso en un futuro gobierno no podemos plantear una opción verdaderamente alternativa sin participación popular.

–¿Qué hacen para resolverlo hoy?

–Lo primero que hacemos es decírselo a la gente permanentemente. Y vamos a seguir como antes de las últimas elecciones, con las asambleas populares en los barrios, en las grandes ciudades y en los lugares de trabajo. También pedimos a la gente que asista a las huelgas y sea parte de los movimientos obreros y sindicales que se están llevando a cabo. Al mismo tiempo estamos construyendo una gran red social de solidaridad. La llamamos solidaridad para todos. Dentro de la crisis, cualquier movimiento social es también muy político. Pero queremos crear una conciencia social colectiva. No es filantropía. Es conciencia social. Estas redes pueden ser el núcleo de una nueva organización social de masas, que a su vez puede ser el núcleo de grandes cambios sociales.

–Escuché que le preocupaba el neonazismo en Grecia. ¿Cuál es el nivel de arraigo popular de los neonazis?

–Es un acontecimiento muy triste. Este contexto político nació dentro de la destrucción de la cohesión social de la sociedad, en combinación con el terror y el temor. Al mismo tiempo con dificultades. En ese contexto aparecen como chivo expiatorio las grandes masas de inmigrantes.

–¿De dónde?

–En los últimos años Grecia se convirtió en una prisión de inmigrantes. En Europa tenemos Dublín II, el famoso tratado, que “protege” a los países del norte y del centro de Europa. Eso crea un colchón de inmigrantes en Italia, España y Grecia. En nuestro país gran parte de la frontera es agua. Son islas. Hay grandes organizaciones mafiosas que traen especialmente inmigrantes a través de Turquía. La mayoría, cuando llega, ya caminó miles y miles de kilómetros. Vienen de países en guerra o de naciones que sufrieron cambios climáticos dramáticos… Venden lo que pueden a los mafiosos, que los trasladan en barcos como sardinas en lata. Cuando llegan a Grecia los meten en centros. Después los dejan libres. Hacen lo que pueden para sobrevivir. Pero son muy frágiles ante la manipulación del crimen organizado. Decenas de personas viven hacinados en pequeños departamentos. Hay lugares dentro Atenas que ya son ghettos. En esos lugares hay grandes enfrentamientos. Es dentro de esa compleja situación que nace la ideología de la xenofobia y del fascismo. Hay una base real de donde salen estas ideas.

–La crisis en todas sus dimensiones.

–Con la crisis esto se multiplica. Es triste, porque el pueblo griego no tiene comportamiento racista. No está en su tradición. Es un pueblo de inmigrantes. ¿Cómo puede ser racista? ¿Cómo un pueblo que organizó partisanos antifascistas puede permitirse que de su seno crezcan movimientos neonazis? Por eso existe un hombre de 92 años, Manolis Glezos, que fue guerrillero y estuvo en el Parlamento griego para dar lecciones de historia.

–¿Los pueblos aprenden de la historia?

–La Historia la escriben los que ganan. Hay que ver si esa Historia es la verdadera. Pero nosotros queremos guardar la memoria histórica de nuestro pueblo de generación en generación en la construcción de una conciencia social colectiva. Grecia sufrió mucho porque es un territorio vital. En el último siglo tuvimos dos ejemplos de batallas heroicas. Primero la resistencia en la Segunda Guerra Mundial, cuando el Frente de Liberación Nacional estuvo muy cerca de llegar al poder y la invasión a nuestro país no lo permitió. Segundo ejemplo, la resistencia contra la Dictadura de los Coroneles, entre el ’67 y el ’74. Eso tiene un peso histórico muy fuerte y seguiremos adelante mirando ese faro.

–¿Por quién se sienten acompañados en Europa?

–Europa está pasando por una fase de transición. Afrontamos la mutación de la socialdemocracia en una fuerza neoliberal pura. Deja un hueco político inmenso porque rompe sus lazos de tradición con capas sociales importantes. Son las capas que convirtieron a la socialdemocracia en hegemónica. Syriza nació en gran parte dentro de ese hueco político. En el resto del sur del Europa tendremos esa misma trayectoria, pero con pasos quizás más lentos. Por eso nuestras alianzas europeas comienzan a la izquierda de la izquierda y terminan a la izquierda de la socialdemocracia. Los aliados más fuertes en el continente europeo son los movimientos sociales y los que se convencen cada día más de que la austeridad no es el camino. Ahí comienzan nuestras alianzas.

–En Grecia debe ser una tentación inspirarse en figuras clásicas, ¿no?

–¿Mitológicas o reales?

–No sé. Queda a gusto del consumidor.

–Elijo una figura mitológica, entonces: Hércules. Cuando los dioses lo castigaron, una de las tareas de Hércules era limpiar la mierda. Pasó meses y meses sacándola. Terminó su obra. Entonces le encargaron otra tarea: debía cortar la cabeza de la hidra. El problema es que cuando cortaba una cabeza salían otras dos nuevas. Eso pasa con el sistema financiero internacional. Tenemos que limpiar la mierda y enfrentar a la hidra. Por eso queremos construir una gran fuerza política: porque no será fácil.

martin.granovsky@gmail.com

Página/12 :: El país :: “Como Hércules, tenemos que limpiar la mierda y pelear con la hidra”

24/11/2012

Los mitos siguen vivos

Filed under: Joseph Campbell,Mitologia — Gilmar Crestani @ 11:28 am

O mito grego mais em evidência neste momento, pelo menos no Brasil, é o do Procusto. Ao melhor estilo do bandoleiro grego, os grupos mafiomidiáticos tupiniquins deitam suas informações na cama da infâmia. Para atacarem a esquerda e beneficiarem seus correligionários no PSDB/DEM, adequam as notícias de forma a caberem direitinho nos seus interesses. Por exemplo, as notícias boas do governo federal, cortam a parte boa até se encaixar na teoria vilipendiadora. As notícias ruins, esticam, igualmente para atingir o objetivo infame.

A mitologia, talvez a maior invenção grega depois da democracia e da filosofia, continua viva para nos ajudar a entender os mecanismos de manipulação social. 

En la antigüedad se crearon relatos fabulosos que terminaron dando fondo a las diversas culturas.

El libro ‘Imagen del mito’ recupera en todo su esplendor el universo simbólico recopilado por Joseph Campbell. Mitos que hoy subsisten transformados.

Carlos García Gual 24 NOV 2012

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‘Venus, Cupido y las pasiones del amor’, pintura de Agnolo Bronzino. / National Gallery

Es difícil dar una definición del Mito, como término unívoco y digno de letra mayúscula. Me parece que situar el “pensamiento mítico” como una forma simbólica singular y oponer el Mito a la Razón como incompatibles simplifica demasiado el enfoque. “No hay ninguna definición del mito. No hay ninguna forma platónica del mito que se ajuste a todos los casos reales”, escribió G. S. Kirk, helenista experto en el tema. Evitemos enredarnos en la retórica y la metafísica. Es más claro enfocar “lo mítico” como una vasta región de lo imaginario y tratar de “los mitos” como resonantes relatos que configuran lo que llamamos la mitología. Partamos de un trazo claro: los mitos no son dominio de ningún individuo, sino una herencia colectiva, narrativa y tradicional, que se transmite desde lejos (a veces unida a la religión, en los ritos o en la literatura).

Toda cultura alberga una tradición mítica. Según Georges Dumézil: “Un país sin leyendas se moriría de frío. Un pueblo sin mitos está muerto”. Desde siempre, “los mitos viven en el país de la memoria” (Marcel Detienne). Es decir, pertenecen a la memoria comunitaria y, como señaló el antropólogo Malinowski, ofrecen a la sociedad que los alberga, venera y difunde “una carta de fundación” utilitaria. Son, en sus orígenes, las fundamentales “historias de la tribu”; ofrecen a sus creyentes una interpretación del sentido del mundo.

Partiendo de esa consideración de la mitología, podemos proponer una definición sencilla y funcional. Con la venia del escéptico Kirk, tomemos, modestamente, esta: “Un mito es un relato memorable y tradicional que cuenta la actuación paradigmática de seres extraordinarios (dioses y héroes) en un tiempo prestigioso y lejano”. El insistir en lo narrativo y no en las vacilantes creencias que los individuos pueden tener al respecto nos permite aceptar como “mitos” no solo a los mitos religiosos, sino también a los “literarios”. Ese aspecto narrativo es el rasgo esencial del mito ya en la palabra griega mythos, que los sofistas y Platón opusieron al vocablo logos (palabra, razón, razonamiento), en el sentido de “narración tradicional, relato antiguo”. (Antes, en Homero, mythos y logos eran sinónimos). Una frase famosa define el progreso filosófico en Grecia como avance “del mito al logos”; pero ese avance —en términos absolutos— está hoy muy cuestionado. La contraposición sirve para señalar el claro progreso histórico de la razón en la Grecia antigua, en la filosofía, la historia y las ciencias, ideas y no creencias, que explican el mundo, marginando las creencias míticas. Sin embargo, ya el mythos era una búsqueda de verdad, ya el mito ofrecía, en su estilo, una ilustración (Hans Blumenberg). Hay “mito en el logos y logos en el mito”, dice Lluís Duch, que apunta la conveniencia de una ágil combinación “logomítica” para la comprensión cabal del mundo y la condición humana.

Ofrecen a la sociedad que los alberga “una carta de fundación"

Nuestra mitología clásica viene de la antigua Grecia, aunque solo persiste como brumosa herencia cultural, desde hace siglos desvinculada de su fundamento religioso. (Cómo el cristianismo la sustituyó y desterró a sus dioses es una historia bien conocida y que podemos dejar de lado ahora). Pero cualquier religión tiene su propia mitología, es decir, su oferta narrativa, que puede adquirir pretensiones dogmáticas, reforzada por los rituales y la espiritualidad personal. La cristiana se recoge en la Biblia. Con todo, la mitología griega (y su versión romana) se nos ha transmitido en la literatura europea con una belleza poética que le ha permitido una pervivencia fantasmal a través de los siglos. Recordemos que la gran poesía griega (la épica, la tragedia y gran parte de la lírica) se fundaba en la evocación de los mitos: las acciones de los famosos héroes y los dioses, y su celebración y reinterpretación constante en los poemas y los teatros. Esos mitos, que suelen designarse con el nombre de sus protagonistas, perduran así como ejemplos y enigmas (como los de Prometeo, Odiseo, Edipo, Medea, Orfeo, Casandra y otros). Y los poetas, transmisores por excelencia de los mitos, fueron, en Grecia, populares “maestros de verdad” antes de ser desplazados en esa tarea educativa por los filósofos. Pero, sin embargo, no lo olvidemos, Platón es un gran narrador de mitos, metidos en sus Diálogos. Lo que no deja de ser una admirable paradoja: el gran filósofo, tan crítico con las opiniones ajenas, tan duro con los poetas, resulta luego un fabuloso mitólogo.

Un mito no se inventa, sino que se cuenta como un saber acreditado

Pero no solo los griegos; toda cultura tiene sus mitos, como ya sabemos. Y su, más o menos fantástica, brillante tradición mitológica. Que se caracteriza, por doquier, por ese carácter memorable, en gran medida educativo. Pues un mito no se inventa, sino que se cuenta como un saber acreditado. Ya estaba antes; como una creencia, como un enigma, como lección de sabiduría, una reliquia de las “historias de la tribu”. Podemos preguntarnos qué lo hace duradero y ubicuo, ¿cómo persiste así, arcaico, y, tal vez, reactualizado? Sin duda es su temática. Los mitos hablan de los grandes temas de la existencia. Y dan respuesta. De por qué existimos, de quién hizo el mundo, cuál es nuestro destino, qué hay tras la muerte, qué significa vivir en un tiempo breve, y en una condición de dudosa justicia. Los filósofos —desde los sofistas griegos— han ofrecido respuestas varias: según unos, fueron el espanto y el agradecimiento ingenuo ante los prodigios naturales los que les crearon los dioses; según otros ilustrados, fue la codicia y astucia de los sacerdotes. Me parece más convincente la tesis de Hans Blumenberg: los mitos animan y dan sentido profundo a lo real. Frente al “absolutismo de la naturaleza”, los seres humanos ansían vivir en un albergue benévolo, un mundo humanizado y con sentido trascendente, donde, más allá de la inevitable muerte, quede algo perdurable, respondiendo al anhelo humano de pervivir y no ser un absurdo accidente disuelto en la nada. Según Blumenberg, el ser humano anhela esperanza y consuelo. El mito lo da. En otras versiones, como en la de Jung, los temas de los mitos están en la propia alma de forma innata, y tienen, como arquetipos, honda relación con el mundo de los sueños.

‘El estado de Adán, representando el aspecto masculino’.

El caso es que los mitos están ahí, desde muy antiguo y en todas partes. Aunque, desde luego, hay épocas y culturas que los cuidan más y los tienen de mejor calidad. Y, por otra parte, parece que conviene distinguir entre los grandes y fundamentales (como los de la creación, del mundo divino, de las almas y sus viajes de ultratumba) y mitos menores, por ejemplo, los de tipo político o nacionalista más o menos manipulados. En fin, los mitos se insertan en la cultura y suelen recurrir a símbolos propios y expresarse de modo vivaz en imágenes impactantes. El código simbólico que usan con frecuencia los relatos míticos viene requerido por su propia temática, fabulosa y trascendente. El símbolo remite a algo ausente, difícil de representar por los signos de la comunicación habitual; sugiere más que dice e invita a ir más allá de lo real aparente y objetivo. Sobre todo en los símbolos religiosos. Las imágenes mitológicas actúan en el mismo sentido. Invitan a la imaginación de ese universo fabuloso de dioses, monstruos y seres extraños y prodigiosos con más fuerza que las palabras. Cada cultura, luego, elabora imágenes y símbolos propios, aunque la mitología comparada puede revelar entre mitos, imágenes y símbolos de lugares muy lejanos coincidencias sorprendentes. (Acaso porque la imaginación humana tiene sus límites). El repertorio de símbolos e imágenes resulta, en la mirada comparatista, fascinante.

El personaje literario deviene mítico tan solo cuando pasa a la memoria colectiva

He apuntado ya que hay mitos de primera instancia y mitos de segunda fila. En el mundo griego, los relatos de los dioses contados por Hesíodo evocan los orígenes del cosmos, los mitos de la épica heroica nos hablan de un mundo más cercano. Y también hay, en esa mitología y en otras, frente a los mitos religiosos y cósmicos (los de los orígenes, de los que tanto escribió Mircea Eliade), mitos literarios, esto es, productos míticos de prestigio más limitado y pedigree más moderno, ya que se inscriben en una tradición libresca. A esos mitos literarios (como el de Don Juan o el de Fausto) se les puede encontrar un primer autor —lo que va en contra de lo que hemos dicho antes—. Pero el personaje literario deviene mítico tan solo cuando pasa a la memoria colectiva y no es necesario recordar quién los inventó. En ese sentido, creo, la mayoría de la gente que los conoce no sabe quién fabricó a Frankenstein o a Carmen, o a Robinsón, no menos que quién, antes de Homero, relató las aventuras del griego Ulises; los héroes se han mitificado al perdurar en el imaginario colectivo, sin que la gente necesite el texto original. Y también hay —descendiendo de nivel— héroes del cómic que pueden revestir un tono mítico (son la calderilla del fondo, para el consumo popular y más mediático). Son “superhéroes” de papel; pero conservan algunas chispas del fulgor de los clásicos, ya desconocidos para el público juvenil. (Grant Morrison subraya bien, en Supergods, su impacto social, y apunta sagazmente que “Supermán es un héroe apolíneo y Batman un héroe dionisiaco”).

Es usual calificar de “míticos” o “mitos” a las grandes estrellas del espectáculo, a futbolistas y atletas, y ahora también a algunos cocineros. “Mito” es así un sinónimo de “ídolo adorado por las masas”; “ídolo” es, en cambio, vocablo pasado de moda. Para sus fans son seres mitológicos, tan de fábula como los superhéroes, glorificados por los focos de la actualidad.

Si bien entró bastante tarde en nuestra lengua —último tercio del XIX—, la palabra “mito” tuvo un éxito enorme: hoy, “el mito se dice de muchas maneras”. En el sentido de “lo fabuloso”, el término “mito” apunta a lo irreal, y se confunde con “lo falso”, y con esa fuerte connotación negativa se usa para descalificar exageraciones, bulos, y creencias ajenas. En ese sentido, los “mitos” son vanas “ilusiones” de los otros. A las “creencias” se contraponen “ideas”, como dijo Ortega, y antes los sofistas griegos. Pero los mitos perviven, se prestan a relecturas y a manipulaciones, a veces perversas.

Los mitos siguen vivos | Cultura | EL PAÍS

24/09/2012

A maçã na cultura ocidental

Filed under: Mitologia — Gilmar Crestani @ 6:52 am

LULI RADFAHRER

A maçã mordida

A mitologia da fruta tem vários pontos em comum com a tentação do consumo de produtos eletrônicos

Uma das marcas mais conhecidas do mundo é uma maçã mordida. Colada em automóveis ou até tatuada na pele de fãs mais ardentes, o símbolo da Apple é visível nos produtos espalhados pelos colos, mesas e bolsos de usuários de todos os tipos. Onipresente, a frutinha seduz com o design de suas formas, desafiando quem a vê a mordê-la.

Maçãs têm uma tradição mítica no Ocidente. Desde muito antes de a Bíblia retratar a tentação do pobre casal no Paraíso, Hércules já enfrentava problemas para colher os pomos dourados da árvore da vida. Guilherme Tell precisou de sua flecha para tirar uma delas da cabeça do próprio filho. Branca de Neve mordeu uma enfeitiçada e só foi acordar com o beijo do príncipe.

Do ponto de vista tropical, o culto a uma fruta tão sem graça não faz o menor sentido. Mas na Europa medieval eram raras as plantas que sobreviviam aos rigores do inverno. Por causa disso, até o século 17 "maçã" era um termo genérico para definir qualquer fruta estrangeira. Em francês, até hoje chamam batatas de "maçãs da terra". Em defesa das macieiras, acredita-se que o grande Isaac Newton tenha imaginado sua teoria de gravitação sentado sob uma delas.

Símbolos de conhecimento, pecado, tentação e poder, não demoraria para que maçãs fossem transformadas em marca. Uma das mais conhecidas foi a gravadora dos Beatles, Apple Records. Mas, enquanto a maçã dos rapazes de Liverpool era cortada ao meio, a de Steve Jobs era mordida. Seria uma referência nerd ao termo "byte", conjunto de oito bits, cuja pronúncia ("baite") é a mesma de "bite" ("mordida")?

Há quem defenda que a mordida foi referência a Alan Turing, matemático e criptógrafo inglês, considerado o pai da ciência da computação. Turing era um gênio. Decifrou códigos alemães na Segunda Guerra, desenvolveu o modelo teórico de um dos primeiros computadores, fez pesquisas importantes com matemática e biologia e criou o teste que leva seu nome, até hoje indicativo de inteligência artificial.

Turing era gay, o que, acredite, era ilegal na Inglaterra há 60 anos. Deu o azar de levar um desconhecido para casa e acabou sendo roubado por um cúmplice. Ao denunciar o crime para a polícia, declarou seu relacionamento com o ladrão e acabou acusado de indecência. Foi submetido a injeções de hormônios para "corrigir seu desvio". Em 1954 foi encontrado morto em seu quarto, envenenado por cianeto. Ao seu lado, uma maçã mordida. Não se sabe se a morte foi acidental. Sua estátua em Manchester tem uma maçã em uma das mãos.

O símbolo da Apple seria perfeito para qualquer teoria de conspiração, ainda mais se considerado que na versão original a maçã tinha faixas coloridas, possível referência ao movimento gay. A explicação, infelizmente, é mais prosaica. Rob Janoff, seu designer, colocou a mordida na maçã para que, quando diminuída, a marca não parecesse uma cereja. As cores representavam as faixas coloridas da TV.

Misto de desejo, conhecimento, esperança, mito, anarquia e poder, a tentação fatal dos produtos de consumo eletrônico tem, ironicamente, vários pontos em comum com a mitologia da maçã. Irresistivelmente tentadores, se é impossível evitá-los, recomenda-se consumi-los com moderação.

folha@luli.com.br

27/02/2012

La destrucción mercantil de la literatura

Filed under: Cultura,Eduardo Subirats,Literatura,Mitologia — Gilmar Crestani @ 8:56 am

Eduardo Subirats

Guadalupe Rodrigues es una joven profesora de origen guatemalteco que ha terminado un manuscrito de 600 páginas titulado Mito y literatura. Es una investigación de cinco años realizada en una universidad norteamericana, pero es también un estudio poético sobre lo que llama cinco obras clásicas de la literatura latinoamericana del siglo XX. Su análisis literario es expansivo: en lugar de aplicar interinamente modelos interpretativos fabricados a partir de la literatura europea y norteamericana, o filosofemas prediseñados por la máquina académica y el mercado cultural globales, analiza una serie de obras literarias maestras latinoamericanas a partir de sus vínculos lingüísticos, simbólicos y religiosos con las culturas originales de las Américas: Juan Rulfo y José María Arguedas son los modelos hermenéuticos que estudia la profesora Rodrigues.

Pero a partir de estas raíces –que el racismo letrado hispanoamericano ha condenado como indigenismo desde el día cero de la conquista hasta la noche del boom mágicorrealista– Mito y literatura construye un diálogo soberano con la literatura mundial (en el sentido que Weltliteratur tuvo para Goethe, no en el sentido de las ferias internacionales de la industria del libro). Diálogo espiritual, filosófico y estético entre obras literarias maestras como Yo el Supremo, de Augusto Roa Bastos, el Grande sertão, de Guimarães Rosa y, del otro lado de una impuesta frontera académica y comercial, la poesía de los Vedas, la filosofía revolucionaria de Sade, el mito de Fausto o la conciencia escindida en la obra dramática de Shakespeare. Mito y literatura es, además, un análisis literario feminista. Una clase especial de feminismo que tampoco coincide con las semióticas de género de la máquina académica global. Guadalupe Rodrigues es feminista porque establece la continuidad de la memoria religiosa y literaria entre los cultos, los mitos y los símbolos de la Madre Tierra en las religiones populares e indígenas de América, y sus expresiones literarias y artísticas modernas.

El objetivo de Rodrigues es reconstruir la obra literaria como un universo simbólico por derecho propio, en conflicto y contienda con la disolución semiológica de la obra literaria en las redes intertextuales lingüísticamente indiferenciadas de la producción académica e industrial de fiction y creative writing. Esta dimensión crítica de su análisis con respecto al establishment estructuralista de las Humanidades la ha pagado al precio de su censura académica. Su rechazo de la reducción comercial de la literatura ha estigmatizado su perspectiva hermenéutica con otros males.

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Problema poético y político. Dilema de una literatura nacional o regional latinoamericana en conflicto con una lógica corporativa que conlleva la disolución de las expresiones culturales a los lenguajes y formatos de la máquina académica y a una redefinición mercantil y burocrática de la cultura. La posibilidad teórica de una literatura clásica moderna latinoamericana (o de una música y una arquitectura modernas y clásicas, y de una estética clásica y moderna en la pintura, de Villa-Lobos y Niemeyer a la pintura de Francisco Toledo) es anatema para los aparatos globalizados del latinoamericanismo y sus repetidores locales. Pero el ataque es también estético. Ataque de la vanguardia del espectáculo cultural contra la literatura como obra de arte y medio de reflexión y resistencia. Pero antes concluir esta crítica del espectáculo tengo que terminar el relato.

Guadalupe Rodrigues envió el manuscrito de su libro a una editorial española, una de las más agresivas en cuanto a su penetración comercial en América Latina: “La interpretación que propone de esos clásicos de la literatura latinoamericana me ha parecido realmente brillante y llena de tantas intuiciones y sugerencias que sin duda incitan a releer estos libros con otros ojos…” –fue la generosa respuesta de su agente literario. El mensaje seguía más adelante con un veredicto: “Me temo que fuera de los departamentos universitarios, poca gente sabe ya quién es Mário de Andrade o Guimarães Rosa, y empiezo a tener dudas hasta con Juan Rulfo. Por tanto, un extensísimo ensayo dedicado a reinterpretar sus obras nos resulta muy difícil de asumir hoy por hoy…”

La anécdota es reveladora de muchas cosas. Una de ellas me parece urgente: la lógica empresarial de la producción industrial de literatura confluye y coincide con la reducción estructuralista de la obra literaria a una intertextualidad sin conciencia, vaciada y exenta de toda profundidad. Bajo este principio uniformado Mário de Andrade o Juan Rulfo no poseen un valor en sí mismos: ni como soporte comercial, ni como reflexión intelectual. Son textualidades semióticamente interconectadas en redes de signos atravesadas por un valor monetario. Por eso tampoco es necesaria su interpretación. De hecho, ya no se lee hermenéuticamente la literatura en el sistema de administración académica global del conocimiento: se hace sociología y deconstrucción textual. La experiencia poética, el conocimiento mitológico y simbólico, la reflexión existencial y filosófica no tienen lugar en la cultura comercialmente administrada.

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Los titulares que inflamaron la máquina académica global de las décadas recientes invocaban hasta la náusea la letanía de postsujetos y transujetos, de intertextualidades, hipertextos y social-texts. Bajo su signo se ha disuelto la reflexión humana en cualquiera de sus formas artísticas e intelectuales, en provecho de la producción industrial de realidades virtuales globales y la transfiguración hologramática del ser en la trascendencia electrónicamente vigilada del espectáculo. Esta visión entusiasta, que la vanguardia estética postmodernista reivindicaba como el último grito de una libertad prêt-à-porter, es hoy la pesadilla de una destrucción en tiempo y espacio reales de tejidos sociales, tradiciones intelectuales y artísticas, y vínculos humanos de solidaridad.

La liquidación comercial y académica de la literatura es sólo un aspecto del proceso vertiginoso de disolución de la experiencia humana y de la realidad. Una masa global de decenas de millones de humanos es eliminada militar, económica y semióticamente en los campos de exterminio definidos por la racionalidad corporativa, las epistemologías tecnocientíficas, los poderes financieros trasnacionales y los medios globales de comunicación. La trivialización de los lenguajes cotidianos en las retóricas del espectáculo democrático o en la industria literaria, la manipulación gramatológica e iconológica de reflexión humana, y la fragmentación y degradación educativas son precondiciones de este proceso regresivo de la civilización humana. Y uno de los temas por los que deben comenzar la crítica y regulación de este proceso regresivo.

Eduardo Subirats es autor de El continente vacío, La existencia sitiada y Proceso a la civilización, es profesor en New York University

La Jornada: La destrucción mercantil de la literatura

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