Sinceramente, não entendo o espanto com Jair Bolsonaro (PP/RJ). Ele está dizendo exatamente o que se fazia na ditadura. Prender sem ordem de prisão, torturar por ódio, estuprar por prazer, esquartejar por método, esconder os pedaços de corpos por medo de vingança. Quem ousasse informar, era morto, como fizeram com o jornalista Vladmir Herzog e com Rubens Paiva.
Tudo isso, que é muito, não é tudo.
Infelizmente Maria do Rosário parece que contraiu a Síndrome de Estocolmo, pois ainda não aprendeu a lidar com víboras. Se soubesse não ocuparia os microfones do Congresso Nacional para tecer elogios às empresas, como o fez por ocasião do aniversário da RBS, que são a razão da existência de Bolsonaros. Se a Maria do Rosário não souber reconhecer as árvores que produzem frutas como Bolsonaro estará sempre sujeita, por proximidade, que lhe caiam na cabeça. Um fruto pode ser facilmente eliminado, difícil é eliminar as árvores que os produzem.
Aliás, quando ouviu as barbaridades ditas pelo estuprador das casernas, ficou em silêncio. Não reagiu à altura como merecia.
Não existiriam animais como Bolsonaro se os membros do Instituto Millenium por vezes se indignassem com os crimes da ditadura. Mas acontece exatamente o contrário. Tudo o que disse Bolsonaro é silenciosamente desfrutado por quem com ele se compraz. Ninguém foi mais beneficiado por este tipo de energúmeno do que os que defendem a ditadura, como fizeram Globo, Folha, Estadão, RBS e que hoje batem contra quem luta pelo direito de: 1) saber onde estão seus familiares desaparecidos e 2) quem foram seus estupradores e assassinos. Será que Bolsonaro agiria com tanta desfaçatez se não existisse políticos como Aécio Neves, que o albergou durante a última campanha eleitoral?!
Por que a RBS não questiona Ana Amélia Lemos e demais gaúchos correligionários de Bolsonaro a respeito das razões que os reúnem sob a mesma sigla, o PP?! Se Bolsonaro fosse petista a RBS cobraria explicações de Tarso, Olívio, Lula e Dilma. E até de Gilmar Mendes colheria impressões sobre o fenômeno. Como é do partido da sua funcionária, aplica a lei Rubens Ricúpero. Os famosos colunistas sempre de dedo em riste para apontar a imoralidade alheia hoje, diante do que perpetrou Bolsonaro, encontram-se num estrondoso silêncio.
A única dúvida é se Bolsonaro defende o estupro como investimento, na medida que possa esperar, por retribuição, ser estuprado. Vai saber o que se passou com ele no meio de tantos homens na caserna…
Vendo por lado positivo, acho que a existência de Bolsonaro nos oportuniza conhecer quem são os que têm no estupro seu estilo de vida. Quem o defende talvez esteja esperando ser estuprado.