Ficha Corrida

13/12/2013

Margaret Thatcher, a hiena do apartheid

Filed under: Apartheid,Margaret Thatcher,Rupert Murdoch — Gilmar Crestani @ 8:00 am
Tags:

Vi há duas semanas, no GNT, o documentário ”Os Escândalos de Rupert Murdoch”. E a pergunta que me fiz de imediato foi: como isso foi possível na Inglaterra, um país de primeiro mundo. Que a Veja tenha este padrão mafioso no Brasil, tudo bem. Aliás, a Globo das grandes é maior. Não é mero acaso que o PSDB distribua milhares de assinaturas da Veja em escolas em São Paulo. Veja e Folha de São Paulo não inventaram o compadrio entre grupos de mídia e políticos corruptos, são apenas seguidores da mesma seita que fez crescer Murdoch. A diferença é que lá a persistência de grupos independentes fez com que o povo deixasse de ter um comportamento bovino. Aqui, é o povo continua anestesiado com picada da serpente sul-africana.

O documentário mostra a ascensão de Murdoch na Inglaterra em virtude de suas parcerias com políticos conservadores. A parceria de Murdoch (Fox) com Margaret Thatcher rendeu a ela uma imagem pública asséptica e a ele muitas libras em dinheiro. Coincidentemente, ambos eram contra Mandela e a favor do apartheid. O comportamento da FOX em nada diferencia do Grupo Abril dos Civita. Não é mero acaso que por traz da abril há o grupo sul-africano, Naspers. Margareth Thatcher e Rupert Murdoch chocaram o ovo da serpente. A serpente que hoje produz o veneno que Veja destila toda semana.

 

Em carta, Thatcher prometeu não impor sanções ao apartheid

Em troca, "Dama de Ferro" sugeriu a libertação de Mandela

LEANDRO COLONDE LONDRES

A ex-premiê britânica Margaret Thatcher prometeu ao regime do apartheid que resistiria às pressões para aplicar sanções econômicas e comerciais à África do Sul.

Em troca, sugeriu a libertação de Nelson Mandela e outras medidas de impacto internacional que a ajudassem a manter sua posição de não romper com o regime.

É o que mostra uma carta escrita no dia 31 de outubro de 1985 por Thatcher ao presidente sul-africano da época, Pieter Willem Botha (morto em 2006).

A então premiê afirmou, por exemplo, que outros países a favor de sanções contra o apartheid tinham interesses financeiros na África do Sul e defendiam punições apenas como "retórica". "Os interesses de alguns países seriam severamente atingidos se sanções forem aplicadas", disse.

CROCODILO

Conhecido como "O velho Crocodilo", Pieter Botha marcou seu governo pela resistência em soltar Mandela e pela opressão sangrenta aos negros –estima-se que 2.000 pessoas morreram e outras 25 mil foram presas sem direito a julgamento.

A carta que ele recebeu de Londres foi enviada sob o timbre de "secreto e pessoal" e está no banco de dados da Fundação Margaret Thatcher.

A "Dama de Ferro", que morreu em abril deste ano, revela que estava decidida a manter sua posição pública de não punir o regime. "Eu devo resistir a sanções porque acredito que são erradas e que não é interesse britânico fazer isso", afirmou.

Na visão dela, sanção "não funciona" e prejudica quem quer ajudar. Além disso, ela diz que o governo de Botha estaria contribuindo para mudar a situação opressora.

"Continuo acreditando que a libertação de Nelson Mandela teria mais impacto que qualquer outra ação", afirmou ela.

A ex-premiê sempre sofreu críticas por não agir contra o regime de segregação na África do Sul. Em 1987, ela chamou o CNA, partido de Mandela, de "organização terrorista".

ERRO

O atual premiê David Cameron, do Partido Conservador (o mesmo de Thatcher), afirmou em 2006 que foi um "erro" aquela posição dos anos 80.

Na carta de 85, Thatcher relata a recente pressão que sofrera na reunião da Commonwealth, comunidade britânica que hoje reúne 54 países, a maioria deles ex-colônias –a África do Sul ficou afastada do grupo entre 1961 e 1994.

"Eu estou decidida a continuar resistindo a essa pressão e encontrei determinação parecida no presidente Reagan (EUA) quando nós discutimos esse tema em Nova York semana passada, mas preciso de sua ajuda", afirmou ela a Botha.

"Fui acusada de preferir empregos britânicos a vidas africanas, de não me preocupar com os direitos humanos, e muito mais", disse ao chefe do regime do apartheid.

A situação não mudou após a carta: Thatcher se manteve contra a sanção, Mandela continuou preso até 1989 (saiu após a queda de Botha), e o regime do apartheid só terminou em 1994, quando o líder negro foi eleito presidente de seu país.

19/10/2013

O país da mãe das privatizações está na privada

Filed under: Inglaterra,Margaret Thatcher,Neoliberalismo,Privatidoações — Gilmar Crestani @ 9:14 pm
Tags:

 

Privatizadas bajo presión

Como las compañías privatizadas por el thatcherismo están en el centro de la agenda electoral, grupos de consumidores británicos están impulsando un congelamiento de las tarifas de electricidad y gas, poniendo al gobierno a la defensiva.

Por Marcelo Justo

Desde Londres

A 18 meses de las elecciones británicas, las compañías privatizadas por el thatcherismo están en el centro de la agenda política. En un país con sueldos semicongelados y tarifas que aumentan mucho más que la inflación, la oposición laborista y los grupos de consumidores están impulsando un congelamiento de las tarifas de electricidad y gas que ha puesto al gobierno a la defensiva. Las compañías han respondido con un nuevo menú de aumentos tarifarios. La última ha sido British Gas, que este jueves ha anunciado un salto de los precios para gas y electricidad del 8,4 por ciento y 10,4 por ciento respectivamente, entre tres y cuatro veces el nivel de la inflación.

En la Cámara de los Comunes el primer ministro, David Cameron, y el líder de la oposición, Ed Miliband, protagonizaron el último round de un combate de semanas por el costo de vida simbolizado por la tarifa de los servicios. Miliband acusó a Cameron de estar de parte de los seis gigantes energéticos que dominan el mercado y el primer ministro señaló que el congelamiento de precios impulsado por el laborismo era inviable. Un día después, el anuncio de aumentos de British Gas volvió a generar furibundos cruces mediáticos entre el gobierno y la oposición.

Entre los políticos nadie ha hablado de nacionalización, pero la intervención estatal en el mercado ha dejado de ser una palabra tabú. Al respecto, el pueblo británico parece a la vanguardia. Un sondeo de ComRes a principios de septiembre reveló que tres cuartas partes de los encuestados pensaba que las tarifas eran excesivas y un 69 por ciento creía que la solución era la nacionalización de las firmas.

La privatización de la electricidad y el gas en los ’80 no cumplió con las promesas de un mercado eficiente que mejoraría exponencialmente el servicio y abarataría los costos. En un país que necesita calefacción por lo menos durante medio año, se ha acuñado un nuevo concepto para medir el impacto de los precios energéticos en la calidad de vida: fuel poverty (pobreza debido a los precios energéticos). Esta pobreza creció un 12 por ciento en los últimos dos años: hoy casi el 20 por ciento de los hogares se encuentra bajo la línea de la fuel poverty.

Según el regulador del sector Ofgem, hubo un aumento tarifario del 24 por ciento en los últimos cuatro años. Los márgenes de ganancia de las compañías saltaron del 3,2 por ciento en 2011 a un 7 por ciento hoy, equivalente a unas 95 libras (145 dólares) por cliente. La escalada tarifaria es tal que Ofgem deberá ahora recalcular estos porcentajes. La semana pasada uno de los gigantes, SSE, anunció un aumento del 8,2 por ciento que marcó la señal de largada para incrementos tarifarios similares del resto de los operadores, clara señal oligopólica.

British Gas ha sido la segunda compañía en hacerlo: se descarta que en las próximas semanas le seguirá el resto. Según el experto de un sitio de Internet para consumidores, MoneySavingExpert, el impacto para el inminente invierno será brutal. “Millones de personas se verán obligadas a elegir entre tener menos calefacción o menos comida”, indicó Martin Lewis al matutino Daily Express.

El efecto de estos aumentos y la baja calidad de los servicios privatizados en los ‘80 está cambiando el debate público. A fines de septiembre, el líder laborista Ed Miliband se atrevió a algo impensable hasta hace poco: proponer un congelamiento tarifario. La portavoz de transporte del Laborismo, Maria Eagle, añadió que si ganan las elecciones de 2015 podrían renacionalizar el servicio ferroviario. El descontento colectivo parece haber envalentonado a los organismos regulatorios. Ofwat señaló esta semana que bloquearía el aumento de un 8 por ciento de los precios del agua que buscaba Thames Water, que suministra servicio a unos 14 millones de hogares.

La coalición conservadora-liberal demócrata ha lamentado estos aumentos, pero se ha limitado a aconsejar a los usuarios a cambiar de compañías y buscar the best deal (la mejor oferta), mientras el gobierno implementa nuevas medidas para aumentar la competencia y transparencia del mercado. A casi tres décadas de las privatizaciones y con un retroceso en la calidad de vida sin precedentes desde el estallido financiero de 2008, los británicos no parecen tener la misma paciencia que a principios de siglo para esperar que “la mano invisible del mercado” solucione sus problemas.

Página/12 :: El mundo :: Privatizadas bajo presión

17/04/2013

O funeral da musa de FHC

Filed under: Margaret Thatcher — Gilmar Crestani @ 9:07 am
Tags:

Mauro Santayana 17 de abril de 2013 4

O funeral de uma ‘mulher perversa’

Margaret Thatcher simbolizou o egoísmo, a ganância e o descalabro social.

Com Pinochet, irmão em ideias

Com Pinochet, irmão em ideias

“Ela foi uma mulher perversa”, disse o eminente parlamentar George Galloway, o mais corajoso homem de esquerda da Grã Bretanha da atualidade, ao protestar contra a falácia da tentativa de glorificação de Margaret Thatcher pelo governo conservador.

“Nós estamos gastando 10 milhões de libras na canonização dessa mulher malvada, dessa mulher que arrasou a indústria britânica, da Escócia, no Norte, ao País de Gales, no Sul. A comparação com Churchill é rematado absurdo. Ele salvou a real existência de nosso país, enquanto Thatcher fez tudo o que pôde para acabar com 1/3 de nossa produção manufatureira e reduzir-nos ao que somos hoje”.

Os protestos populares da noite do último sábado, contra mais cortes no orçamento social britânico (que se iniciaram nos anos 80, com Margaret Thatcher) foram marcados pelas manifestações de júbilo pela morte da Dama de Ferro, que já se encontrava exilada de sua mente, acometida da doença de Alzheimer. Enquanto  mantinha plena consciência de seus atos, planejou seus funerais com toda a pompa desejada: honras militares e cerimônia religiosa na Catedral de São Paulo – homenagens que não se prestaram à Rainha Mãe, quando de sua morte, em 2002.

Os cartazes exibidos pelos trabalhadores nas ruas de Londres foram impiedosos na expressão de sua revolta contra a única mulher, até agora, a chefiar o poder executivo de um país anglo – saxão.

No mesmo tom de Galloway manifestou-se Lord Prescott, que foi vice-primeiro ministro de Tony Blair:  “Ela só defendeu os multimilionários, os banqueiros, os privilegiados. Nunca mostrou a menor compaixão pelos doentes, necessitados e desesperados”.

Prescott foi o primeiro a denunciar a pompa fúnebre, e sugeriu que apenas os multimilionários beneficiados por Thatcher contribuíssem para o enterro.

O consulado tirânico de Thatcher, com suas consequências abomináveis para os povos do mundo, deixa lições que não podem ser esquecidas. A primeira delas é a de que as massas, sem uma vanguarda política, e, assim, sem consciência social, são facilmente manobradas pelos líderes carismáticos da direita – ou de uma falsa esquerda.

Ela, como Hitler, nunca enganou. Desde os seus primeiros passos na política, mostrou logo a que vinha. Como funcionária do primeiro escalão do Ministério da Educação, no governo Heath, mandou cortar a ração diária de leite fornecida às crianças das escolas públicas, como medida de economia, com o argumento de que os pais podiam dar-lhes o leite em casa. Diante dos protestos – os trabalhistas vaiavam-na aos gritos de “Thatcher ladra de leite!” – ela decidiu que as cantinas escolares distribuiriam 1/3 de copo de leite a cada criança, a fim de “evitar sua desnutrição”.

O corolário de sua estranha teoria política se resume em poucas palavras: não há sociedade; há indivíduos. Cabe a cada indivíduo buscar o seu bem-estar, sem nada pedir ao Estado. Em suma: se o Estado não protege os fracos, ele só existe para garantir os fortes. Abole-se, desta forma, o princípio imemorial da solidariedade tribal, assumida pelo Estado, que garantiu a sobrevivência da espécie.

A segunda lição é a de que a mobilização política é sempre mais poderosa do que os atos de violência, quando há ainda espaço para essa conduta.

Em 1983, quando terminaria o seu mandato, com a renovação da Câmara dos Comuns, um fato inesperado serviu para que, ganhando o pleito para os conservadores, permanecesse no poder: a insensatez de Galtieri em invadir as Malvinas, sem dispor de poder militar para isso, nem do necessário suporte diplomático. E o atentado do IRA, no ano seguinte, que visava matá-la, em um hotel de Brighton, e que fez cinco vítimas, consolidou seu poder.

O atentado pode ser explicado pela brutalidade da repressão contra os militantes irlandeses, prisioneiros em Ulster. O líder Bobby Sands e vários outros iniciaram uma greve de fome que terminou com a sua morte e a de nove de seus companheiros.

A contra-revolução mundial de Mme. Thatcher contra os direitos do homem continua, na brutal insolência do neoliberalismo, sob o comando do Clube de Bilderberg e dos grandes bancos mundiais.

Em todos os países do mundo, principalmente na Europa, os pobres estão morrendo, por falta de empregos, de hospitais, de teto, de vontade de viver. Há endemia de suicídios, principalmente nos países meridionais. Thatcher morreu, mas Angela Merkel está aí, para defender as suas idéias.

Um cartaz impiedoso, exibido sábado à noite em Londres expressa o sentimento dos ofendidos e humilhados pelas “reformas” de Thatcher: “The bitch is dead” – a cadela morreu. Seus filhotes, no entanto, se multiplicam no mundo.

Se a Humanidade quiser sobreviver com a dignidade construída pela razão, e não se entregar a uma tirania universal, terá que reagir com a mobilização política dos cidadãos organizada em torno de iniciativas concretas que restabeleçam  os direitos previstos nas leis que pretendiam assegurar, em todo o mundo, o Estado de bem estar social, antes que seja muito tarde.

^Topo

TAGS » dcm, Era Thatcher, funeral de Thatcher

Postado em » Mundo

Sobre o autor: Mauro Santayana Veja todos os posts do autor Mauro Santayana

O jornalista e escritor Mauro Santayana, 80 anos, ocupou cargos de destaque em jornais como Folha de S. Paulo e Última Hora. Amigo e conselheiro de Tancredo Neves, foi o responsável pela articulação política da campanha presidencial do então governador de Minas. Seus artigos podem ser encontrados no blog http://www.maurosantayana.com

Diário do Centro do Mundo O funeral de uma ‘mulher perversa’ – Diário do Centro do Mundo

14/04/2013

“Prefiero a un carismático que al FMI”

Las muertes de Chávez y de Thatcher, la elección del papa argentino, la crisis financiera de Europa y la crisis política en Italia fueron algunos de los temas que tocó el filósofo turinés, nacido en 1936, de paso por Buenos Aires.

Por Angel Berlanga

Eurodiputado de izquierda, comunista, cristiano, militante por los derechos homosexuales, “gran chavista europeo”, referente filosófico de la posmodernidad y teórico reivindicativo del “pensamiento débil”, profesor en la Universidad de Turín, autor de decenas de libros: todo eso es, por ejemplo, Gianni Va-ttimo. Este filósofo turinés nacido en 1936 llegó a la Argentina el 3 de abril y dio a sala llena una serie de conferencias, cuyos títulos dan también una idea de la amplitud de campos sobre los que se pronuncia: “Espiritualidad, trascendencia y política en tiempos de incertidumbre”, “El fin del arte en las obras de arte”, “Adiós a la verdad”, “Democracia, movimientos populares y unidad latinoamericana”, “Filosofía del siglo XX, ser y lenguaje”. Al doctorado honoris causa de La Plata que tenía, sumó, en este viaje, los que le dieron ahora las universidades de Misiones y de Buenos Aires. En estos trajinadísimos días compartió auditorios con el juez de la Corte Suprema Raúl Zaffaroni y con el jefe de Gabinete Juan Manuel Abal Medina, y se reunió también, el miércoles pasado, con la presidenta Cristina Fernández de Kirchner, a quien le regaló uno de sus libros, No ser Dios. Perdió la cuenta de las veces que vino al país; su estadía anterior fue en diciembre del año pasado, invitado por la Universidad de San Martín. “No puedo observar grandes diferencias entre aquel momento y éste –dice Vattimo en la sede de la Asociación de Docentes de la UBA, la entidad que organizó sus presentaciones–. Salvo, claro, que la otra vez no había un papa argentino.”

–¿Qué implicaría eso para el país o para la región?

–Una presencia reforzada, una más. Bueno, esto es algo subjetivo: yo siempre he tenido mucha esperanza en la influencia de Latinoamérica en la política. Sigo estando bajo aquella impresión que tuve en el Parlamento Europeo cuando llegó la noticia de la elección de Lula; había pasado el 11 de septiembre y la Eurocámara estaba bajo la presión de los Estados Unidos para tomar posición respecto de la lucha contra el terrorismo internacional. Nos dieron una lista que incluía organizaciones que ni conocíamos, y teníamos que condenarlas. Hamás estaba ahí, incluso. Lula fue como una resistencia a esta influencia determinante, de estado de emergencia, y eso fue para mí un comienzo de una idea. Conocía la revolución castrista, pero estaba mucho más bajo los prejuicios de la llamada “prensa independiente internacional”: Castro es un dictador, Chávez ni hablar. Luego se dio lo de Evo Morales, Correa, Cristina, se vio que el chavismo era una forma de castrismo con petróleo, con la fuerza económica que Cuba no tuvo, por el embargo norteamericano. Sabemos que con modelos diferentes, pero a nivel internacional veo a Latinoamérica como una unidad con peso global, con un signo generalmente antiyanqui, o no pro yanqui. Un continente, digamos, que balancea el poder norteamericano, que todavía es muy fuerte. Sobre todo en Italia y Europa del Sur, donde Estados Unidos hace pesar su obsesión por la lucha contra el terrorismo, que tiene su epicentro, obviamente, en Irán. En Sicilia, por ejemplo, están construyendo una gran base, de la cual casi nadie sabe nada, un súper radar que incluso hace mal al medio ambiente. Estas presencias militares no son neutras: arruinan.

–¿Qué nota con la ausencia de Chávez?

–Todos estamos a la espera de qué va a pasar después de las elecciones. En cierto sentido, tienen razón los que hablan de una política latinoamericana ligada a líderes carismáticos. A mí esto no me escandaliza nada, porque la política formal en Europa y Estados Unidos no implica jefes así, pero implican bancos que ponen dinero y hacen ganar a uno u otro. Al final prefiero a un carismático que todos conocemos a una entidad como el FMI, de la que se sabe algo cuando el tipo (por Dominique Strauss-Kahn) va preso por razones ético-sexuales: la cara humana del FMI, al final.

–Vuelvo al Papa: habrá leído análisis que plantean que su elección retrasará algunos cambios en la región. La legalización del aborto, por ejemplo.

–Sí, es un punto. Con un poco de humor, provocativamente, digo que cuando uno deviene papa no puede no devenir también reaccionario, porque hay una tradición realmente pesada, con responsabilidades de una herencia incluso financiera: el Vaticano sigue siendo uno de los más grandes dueños inmobiliarios del mundo. El problema es que no se puede imaginar una revolución tan rápida, sobre todo en un organismo como la Iglesia, que sigue siendo una gerontocracia, un dominio de personas viejas, y hombres. Yo me dispongo, más bien, a perdonar mucho al Papa. Un estudiante con el que discuto me dice: “Pero, ¿tú quieres que el Papa predique el uso del preservativo?” No, digo, pero que no hable siempre de esto, por lo menos. Se espera de la Iglesia una política un poco más cristiana y menos católica, menos jerárquica, menos dogmáticamente cerrada en torno a la sexualidad, a la familia.

–¿Cómo observa hoy la situación europea?

–Europa es un gran fenecimiento. Es una cosa que no funciona. El problema es: ¿la destruimos o intentamos reconstruirla? Es como estar en medio de la montaña: ¿hay tiempo para volverse o tenemos que llegar a la cima? Creo que no podemos hacer otra cosa que intentar perfeccionar la UE añadiendo lo que falta, sumar a la moneda común una política económica y financiera común, y compartir los problemas, además. Todos estamos incómodos: en el Norte tienen la impresión de que nos pagan los problemas, y en el Sur pensamos que esta es una situación colonial. Intentan tratarnos como peones. Esto se ve en los sacrificios excesivos que nos imponen, con la reducción hasta del poder industrial de nuestros países. Hoy trabajamos para una madre patria que está en otra parte.

–¿Qué expectativas tiene ante las trabas para conformar en Italia un nuevo gobierno y qué opina de Giuseppe Grillo y su Movimiento Cinco Estrellas?

–Es muy simpático, obviamente. Grillo representa muchas ideas de renovación del sistema y de destrucción de la corrupción. El problema es que rechaza toda negociación con las otras fuerzas para armar un gobierno parlamentario. Nada se mueve, entonces. ¿Cuál sería su expectativa? Que el Partido Democrático de Bersani –que alguna vez fue de izquierda– pacte con Berlusconi y que ambos terminen destruyéndose. Grillo espera ganar una mayoría absoluta en las próximas elecciones. Creo que este es un cálculo muy arriesgado y probablemente falso. Yo me pondría de acuerdo con Bersani, aunque no tenga mucho que compartir. Hay muchas personas valiosas en el Movimiento de Grillo. Es un momento difícil en Italia, y si llegara a nombrarse otro gobierno técnico, como el de Monti –que no funcionó–, probablemente siga el deterioro económico, el crecimiento de los conflictos sociales y de la violencia en la calle.

–Fenómenos como el de la Guardia Húngara o Amanecer Dorado, en Grecia, ¿le hacen temer algún rebrote xenófobo?

–Decimos que son fenómenos locales, por ahora. No sé si es un fascismo europeo que está empezando. Cuando ganó Haider, en Austria, hubo mucha preocupación, pero finalmente no prosperó tanto. En períodos de crisis el fascismo tiene muchas chances de desarrollarse, obviamente. Espero que no ocurra.

–Acaba de morir Thatcher, ¿cómo se lo tomó?

–Sí, la pobrecita. Aprecié mucho el título de Página/12, “Galtieri la espera en el infierno”. Obviamente, siempre es malo, cuando alguien se muere, decir “ay, estoy contento”. Pero, efectivamente, si se murieran sobre todo sus ideas. Se muere Chávez, se muere Thatcher: personas que significan sistemas. Veremos en Caracas quién gana las elecciones el domingo: para mí, el lado que merece ganar es el lado de Chávez. Pero el lado de Thatcher no está tan destruido, porque en Inglaterra los conservadores siguen dominando. E Inglaterra es incluso un problema para Europa, en el sentido de que es como el agente de los Estados Unidos allí. Siempre me pregunto si Churchill diría hoy aquello de que la democracia es la peor forma de gobierno, excepto todos los otros. Porque cuando la dijo estaban Hitler, Stalin, Mu-ssolini. Ahora que la democracia ganó, que es el fin de la historia, como dice Fukuyama, ¿qué diría Churchill? Estas dos figuras, Thatcher y Chávez, siguen siendo la polaridad viva de este mundo. Todavía hay una lucha que continúa.

Página/12 :: El mundo :: “Prefiero a un carismático que al FMI”

A bruxa morreu

Filed under: Margaret Thatcher — Gilmar Crestani @ 11:32 am
Tags:

 

Música "anti-Thatcher" lidera ranking no Reino Unido e constrange BBC

Após morte da ex-premiê, faixa “a bruxa está morta” do filme O mágico de Oz lidera as paradas de sucesso; sob pressão, emissora inglesa decidiu tocar apenas 5 segundos


A atriz Margaret Hamilton como a bruxa malvada de Oz: 70 anos depois, sua música alcança o top 10 britânico

Apoie a imprensa independente e alternativa. Assine a Revista Samuel.

A rede britânica BBC cedeu às pressões e decidiu não tocar a música Ding Dong! The Witch Is Dead nas tradicionais paradas de sucesso da emissora. Pelo menos não a música inteira: serão executados apenas 5 segundos da canção do filme O mágico de Oz, acompanhados de um vídeo explicativo — e inédito na história do programa dominical Radio 1 Chart Show.

Após a morte da ex-primeira-ministra, muitos ingleses anti-Margaret Thatcher iniciaram uma campanha de protesto para tentar colocar a canção no topo das paradas britânicas. A movimentação deu certo e fez o refrão “a bruxa está morta” pular para a 1ª posição das mais tocadas — no momento, é a 10ª mais pedida —, deixando a BBC sem saber o que fazer.

Leia também:
Dez canções pouco saudosas para Margaret Thatcher
Abaixo-assinado quer privatizar enterro de Thatcher

Tido como o responsável pela decisão final, o novo diretor-geral da emissora, Tony Hall, chegou a dizer que, pessoalmente, achava a campanha de “mau gosto”, mas que a independência editorial da BBC era “sagrada”.

Membros da alta cúpula do Partido Conservador, do qual Thatcher era representante, criticaram duramente a possibilidade da música ser executada pela BBC a três dias do funeral da ex-premiê. Na contramão, muitos chamaram de censura a decisão da emissora. Em enquetes realizadas pelo jornal The Guardian, mais de 80% dos leitores entenderam que a BBC não fez a escolha correta e preferiam que a música fosse tocada do início ao fim.

A decisão, sem precedentes, de incluir uma reportagem de notícias no programa vai tentar explicar aos espectadores por que uma faixa retirada de um filme de 1939 apareceu de repente nas paradas de sucesso. Além disso, o público-alvo do programa tem entre 16 e 24 anos de idade, poucos dos quais capaz de reconhecer facilmente o governo de Margaret Thatcher, que perdurou de 1979 a 1990.


"Dama de ferro": aos 87 anos de idade, a ex-premiê Margaret Thatcher morreu após um AVC em Londres

Revista Samuel – Música "anti-Thatcher" lidera ranking no Reino Unido e constrange BBC

11/04/2013

Thatcher ainda alimenta vira-bostas

Filed under: Margaret Thatcher — Gilmar Crestani @ 9:02 am
Tags:

Sempre há vira-bostas que se alimentam de estrume pensando ser iguaria.

Com quanto dinheiro morreu Thatcher

Paulo Nogueira 10 de abril de 2013 22

Segundo Reinaldo Azevedo, a Dama de Ferro morreu ‘pobre’: só se for por um conceito inédito de pobreza.

Dinheiro não foi problema para a baronesa

Dinheiro não foi problema para a baronesa

DE LONDRES

Margaret Thacher morreu pobre.

Assim terminou Reinaldo Azevedo  seu panegírico de Margaret Thatcher.

Não vou entrar no mérito dos elogios: só lembro que estão sendo feitas festas aqui no Reino Unido para comemorar a morte de Thatcher.

Só lembro também que ela chamou Mandela de terrorista e, no depoimento de um antigo ministro do exterior australiano, fez observações a ele “chocantemente racistas” contra indianos, paquistaneses etc etc.

Lembro também que no próprio dia da morte não houve sequer minuto de silêncio no grande derby de Manchester entre o United e o City, por decisão dos clubes.

Lembro que em Liverpool a torcida local cantou para festejar a morte de Thatcher.  E que na Escócia multidões saíram às ruas como se fosse o carnaval baiano.

Lembro também que numa enquete do Guardian sobre se devia ser erguida uma estátua a Thatcher em Trafalgar Square 87% das pessoas disseram que não.

E lembro, enfim, que já se instalou um debate furioso aqui em torno do que muitos consideram os gastos absurdos do funeral extravagante que será dado a ela — ainda que lhe tenham sido negadas honras de Estado, como as concedidas a Churchill.

Mas não são estas lembranças o propósito do meu texto.

É a pobreza alardeada por Reinaldo Azevedo.

De onde ele tirou esse disparate?

Como tudo é relativo, a pobreza de Thatcher só seria admissível se você cotejasse o legado dela com o de Bill Gates.

Ou então Azevedo tem uma fortuna que torna a de Thatcher uma pobreza.

Thatcher deixa aos herdeiros uma propriedade em Belgravia, o bairro mais caro de Londres, calculada em 25 milhões de reais.

Ali ela morou até se transferir, no fim da vida, para o hotel Ritz, onde era mais fácil cuidar dela no estágio avançado de demência.

A casa de Thatcher  em Belgravia, área mais nobre de Londres, é avaliada em 13 milhões de dólares

A casa de Thatcher em Belgravia, área mais nobre de Londres, é avaliada em 13 milhões de dólares

O patrimônio de Thatcher gira em torno de 16 milhões de dólares. É uma cifra razoável para quem chegou à política sem nada:  até sua carreira realmente decolar, Thatcher foi sustentada pelo marido, Dennis.

Na família, dinheiro mesmo quem tem é Mark, filho de Thatcher. Em 1984, no auge do poder e influência da mãe, Mark foi acusado pela mídia de ter levado uma comissão de uma empreiteira numa obra de 300 milhões de libras em Omã.  Segundo a mídia, Thatcher recomendara a empreiteira ao sultão de Omã.

Mark Thatcher, considerado amplamente entre os britânicos um imprestável, tem hoje uma fortuna avaliada em 100 milhões de dólares.

Reinaldo Azevedo tem que rever suas fontes – ou seu conceito de pobreza.

Ao escrever sua previsível hagiogragia de Thatcher na Veja, Ricardo Setti – que com artigos certeiros, povoados de maiúsculas e exclamações perplexas, vai firmando lugar nas preferências jornalísticas do PIB – perguntou de saída: que dizer depois do artigo de um craque como Reinaldo Azevedo?

Minha sugestão: corrigir, simplesmente, a besteira.

Sobre o autor: Paulo Nogueira Veja todos os posts do autor Paulo Nogueira

O jornalista Paulo Nogueira, baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Diário do Centro do Mundo Com quanto dinheiro morreu Thatcher – Diário do Centro do Mundo

10/04/2013

O julgamento popular de Margaret Thatcher

Filed under: Margaret Thatcher,Terrorismo de Estado — Gilmar Crestani @ 9:21 am
Tags:

Paulo Nogueira 9 de abril de 2013 8

Muita gente comemorou sua morte, e ninguém chorou.

Festa para muitos na Inglaterra

Festa para muitos na Inglaterra

Abaixo, você pode ler a essência da manifestação de Morrissey, cantor do The Smiths, à morte de Thatcher.

Cada movimento que ela fez foi marcado pela negatividade.

Ela odiava os mineiros, ela odiava as artes, ela odiava os pobres, ela odiava o Greenpeace e os todas as entidades de proteção ambiental.

Ela deu a ordem para explodir o Belgrano já quando o navio argentino estava se afastando das Malvinas. E quando os meninos argentinos a bordo do Belgrano sofreram uma morte terrível e injusta, Thatcher deu o sinal sinal de positivo para a imprensa britânica.

Ela odiava feministas ainda que tenha sido graças a elas que o povo britânico aceitou que um primeiro-ministro pudesse realmente ser do sexo feminino.

Thatcher era um horror sem um átomo da humanidade.”

Quanto a mim: sabia, evidentemente, que Thatcher era uma figura que dividia os ingleses.

Mas não imaginava, até ver as reações a sua morte aqui na Inglaterra e em outras partes do Reino Unido, quanto o ódio que ela despertou suplantava o amor e a admiração.

Horas depois do anúncio da morte, enfrentaram-se em Manchester os dois times locais, o United e o City.

Não houve minuto de silêncio. A torcida teria devastado o tributo.

Em Liverpool, os torcedores cantavam em comemoração à morte de Thatcher. Numa tragédia em que morreram muitos torcedores no estádio do Liverpool nos dias de Thatcher, a polícia acusou a torcida local – erradamente, como se veria depois.

Thatcher condenou a torcida e apoiou a versão falaciosa da polícia. Jamais foi perdoada.

Em Glasgow, uma multidão foi às ruas celebrar a morte. Os escoceses acham que foram tratados como subespécies por Thatcher.

No twitter, o congressista George Galloway lembrou que ouviu Thatcher chamar Mandela, no Parlamento, de “terrorista”. (Alguém disse que houve justiça poética em Mandela, tão combalido, ter sobrevivido a ela.)

“Que ela arda no inferno”, disse Galloway, sob numerosas manifestações de apoio e poucas de protesto. Alguém pediu respeito a Galloway.

A melhor maneira de mostrar respeito hoje é esta, respondeu Galloway – e postou um link que ia dar no seu partido, chamado exatamente Respeito.

Fora da galhofa, Galloway disse algo que merece reflexão.

Ele comparou a reação à morte de Thatcher com a reação à morte de Chávez, um mês atrás.

O povo não é bobo.

Thatcher fez um governo dos ricos, pelos ricos e para os ricos.

Chávez governou para os pobres.

O reconhecimento da voz rouca das ruas — vital para o que vai ficar registrado para a posteridade nos livros – irrompe com potência sublime e comovedora na morte de pessoas públicas.

É a aprovação definitiva, ou a reprovação, ou a indiferença.

Chávez foi amplamente aprovado, como gritaram as filas de catorze horas formadas por venezuelanos desesperados por vê-lo pela última vez em Caracas – num lamento épico e histórico protagonizado não pelo Comandante, mas pelos excluídos ao longo da história por uma elite corrupta e predadora controlada pelos Estados Unidos.

Thatcher foi reprovada.

Não foi o que aconteceu com Chávez

Não foi o que aconteceu com Chávez

A despedida de Chávez

A despedida de Chávez

Diário do Centro do Mundo O julgamento popular de Margaret Thatcher – Diário do Centro do Mundo

09/04/2013

Canonizando Margaret

Filed under: Margaret Thatcher — Gilmar Crestani @ 8:53 am
Tags:

VLADIMIR SAFATLE, na FOLHA

"Não existe esse negócio de sociedade. Existem apenas homens e mulheres individuais, e há famílias." Foi com essa filosofia bizarra que Margaret Thatcher conseguiu transformar o Reino Unido em um dos mais brutais laboratórios do neoliberalismo.

Com uma visão que transformara em inimigo toda instituição de luta por direitos sociais globais, como sindicatos, Thatcher impôs a seu país uma política de desregulamentação do mercado de trabalho, de privatização e de sucateamento de serviços públicos, que seus seguidores ainda sonham em aplicar ao resto do mundo.

De nada adianta lembrar que o Reino Unido é, atualmente, um país com economia menor do que a da França e foi, durante um tempo, detentor de um PIB menor que o brasileiro. Muito menos lembrar que os pilares de sua política nunca foram questionados por seus sucessores, produzindo, ao final, um país sacudido por motins populares, parceiro dos piores delírios belicistas norte-americanos, com economia completamente financeirizada, trens privatizados que descarrilam e universidades com preços proibitivos.

Os defensores de Thatcher dirão que foi uma mulher "corajosa" e, como afirmou David Cameron, teria salvo o Reino Unido (Deus sabe exatamente do quê). É sempre bom lembrar, no entanto, que não é exatamente difícil mostrar coragem quando se escolhe como inimigo os setores mais vulneráveis da sociedade e quando "salvar" um país equivale, entre outras coisas, a fechar 165 minas.

Contudo, em um mundo que gostava de se ver como "pós-ideológico", Thatcher tinha, ao menos, o mérito de não esconder como sua ideologia moldava suas ações.

A mesma mulher que chamou Nelson Mandela de " terrorista" visitou Augusto Pinochet quando ele estava preso na Inglaterra, por ver no ditador chileno um "amigo" que estivera ao seu lado na Guerra das Malvinas e um defensor do "livre-mercado".

Depois do colapso do neoliberalismo em 2008, ninguém nunca ouviu uma simples autocrítica sua a respeito da crise que destroçou a economia de seu país, toda ela inspirada em ideias que ela colocou em circulação. O que não é estranho para alguém que, cinco anos depois de assumir o governo do Reino Unido, produziu o declínio da produção industrial, o fim de fato do salário mínimo, dois anos de recessão e o pior índice de desemprego da história britânica desde o fim da Segunda Guerra (11,9%, em abril de 1984). Nesse caso, também sem a mínima autocrítica.

Thatcher gostava de dizer que governar um país era como aplicar as regras do bom governo de sua "home". Bem, se alguém governasse minha casa dessa forma, não duraria muito.

VLADIMIR SAFATLE escreve às terças-feiras nesta coluna.

Que sua ganância lhe dê um inferno bem quentinho!

Filed under: Margaret Thatcher — Gilmar Crestani @ 8:39 am
Tags:

Morre Margaret Thatcher

Premiê britânica entre 1979 e 1990 revolucionou a economia, ajudou a vencer a Guerra Fria e atraiu a ira da esquerda mundial

BERNARDO MELLO FRANCODE LONDRES

A mulher que transformou a política do Reino Unido, ajudou a enterrar a Guerra Fria e serviu de ícone para governos neoliberais em todo o mundo morreu ontem aos 87 anos, em Londres, vítima de um derrame cerebral.

Margaret Thatcher partiu "em paz", segundo um porta-voz da família, e terá um funeral com honras militares nos próximos dias.

Ela sofria de demência senil e estava afastada da política havia mais de uma década, por ordens médicas. Mesmo assim, continuava a ser a líder mais amada e odiada pelos britânicos, como indicaram as reações à sua morte.

O governo conservador decretou luto oficial, e sindicalistas festejaram nas ruas de Londres e Glasgow.

Numa ilha acostumada a se curvar diante de rainhas, Thatcher foi a única mulher até hoje a ocupar o cargo de primeira-ministra. Ficou no poder entre 1979 e 1990, um recorde desde o século 19.

Suas administrações foram marcadas pela privatização de empresas estatais, pelo confronto com os sindicatos e pelo fechamento de fábricas, o que resultou em violentos protestos pelo país.

No plano externo, combateu o fortalecimento da União Europeia e a criação do euro, alinhou-se ao presidente americano Ronald Reagan na cruzada contra o comunismo.

A pregação pela liberdade na União Soviética não a impediu de apoiar ditaduras de direita, como a do general Augusto Pinochet no Chile.

O primeiro-ministro David Cameron disse que ela foi a líder mais importante desde Winston Churchill (1874-1965). "A verdade sobre Margaret Thatcher é que ela não apenas liderou o nosso país. Ela salvou o nosso país."

O líder da oposição, Ed Miliband, fez questão de demarcar as divergências políticas. "O Partido Trabalhista discordou de muito do que ela fez, e ela continuará para sempre como uma figura controversa. Mas podemos discordar e respeitá-la imensamente."

David Hopper, dirigente do Sindicato Nacional dos Mineradores, expressou o ódio ao thatcherismo. "Ela se esforçou para nos destruir."

DISCÓRDIA

Ao chegar a Downing Street para o primeiro dia de governo, em 5 de maio de 1979, Thatcher recitou um trecho da oração de Francisco de Assis: "Onde houver discórdia, que levemos a união".

A vaia dos rivais que ouviam o discurso foi um prenúncio de que o clima predominante em seu mandato seria exatamente o contrário.

Com medidas recessivas, ela venceu a inflação, mas enfrentou forte reação ao cortes no social. Caminhava para uma derrota nas urnas quando a ditadura argentina invadiu as Malvinas, em 1982.

Declarou guerra, fazendo jus ao apelido de Dama de Ferro, e colheu os louros da vitória com uma reeleição com folga no ano seguinte. Depois de mais um mandato turbulento, venceu novamente em 1987, mas continuava a colecionar inimigos e já não exibia a mesma força.

Alvo de fogo amigo em seu Partido Conservador, ela foi forçada a renunciar em 1990 em favor do ex-ministro John Major. Deixou o governo com os olhos encharcados e nunca mais disputou eleições.

Quando os trabalhistas finalmente voltaram ao poder com Tony Blair, em 1997, tinham incorporado parte das ideias neoliberais que condenavam na adversária.

"No fim das contas, Thatcher conseguiu remodelar todos os partidos britânicos", disse àFolha o historiador Richard Vinen, professor do King’s College e autor do livro "Thatcher’s Britain".

LEGADO

Ontem, a imprensa britânica voltou a viver os embates ideológicos dos anos 80 numa guerra de interpretações sobre o seu legado.

A revista "The Economist" afirmou que ela liderou uma "revolução global" e que o mundo precisa de "mais thatcherismo". O jornal "The Guardian" a acusou de dividir os britânicos e disse que seu ideário foi sinônimo de egoísmo e culto à ganância.

A primeira-ministra morreu num hotel cinco estrelas de Londres, onde descansava sob cuidados médicos desde dezembro, quando foi operada para a retirada de um tumor na bexiga.

As homenagens foram deixadas em frente à sua casa em Belgravia, bairro nobre próximo ao Palácio de Buckingham. No fim da tarde, a calçada tinha 46 ramos de flores, uma coroa e duas fotos da primeira-ministra.

Entre as plantas, uma garrafinha de leite repousava como protesto solitário contra uma de suas medidas mais impopulares de corte de gastos: a retirada do leite gratuito nas escolas quando ela ainda era ministra da Educação, no início dos anos 70.

02/04/2013

De onde veio o apoio ao desmanche “garage sale” de FHC

Filed under: FHC,Margaret Thatcher,Neoliberalismo,Ronald Reagan — Gilmar Crestani @ 9:45 am
Tags:

 

O legado miserável de Thatcher e Reagan

Paulo Nogueira1 de abril de 201335

No livro “Doutrina do Choque”, a escritora Naomi Klein mostra que os dois armaram uma bomba relógio.

Naomi Klein

Uma aula brilhante de mundo moderno. É uma maneira sintética de definir o livro A Doutrina do Choque, da escritora, jornalista e ativista canadense Naomi Klein, 44 anos.

Vou colocar, no pé deste artigo, um documentário baseado na obra, com legenda em português. Recomendo que seja visto, e compartilhado.

Naomi, como é aceito já consensualmente, identifica em Reagan e Thatcher, cada um num lado do Atlântico, um movimento que levaria a uma extraordinária concentração de renda no mundo.

Ambos representaram administrações de ricos, por ricos e para ricos. Os impostos para as grandes corporações e para os milionários foram sendo reduzidos de forma lenta, segura e gradual.

Desregulamentações irresponsáveis feitas por Reagan e Thatcher, e copiadas amplamente, permitiram a altos executivos manobras predatórias e absurdamente arriscadas com as quais eles, no curto prazo, levantaram bônus multimilionários.

O drama se viu no médio prazo. A crise financeira internacional de 2007, até hoje ardendo mundo afora, derivou exatamente da ganância irresponsável e afinal destruidora que as desregulamentações estimularam nas grandes empresas e nos altos executivos.

No epicentro da crise estavam financiamentos imobiliários sem qualquer critério decente nos Estados Unidos, expediente com o qual banqueiros levantaram bônus multimilionários antes de levar seus bancos à bancarrota com as previsíveis inadimplências. (Ruiria, com os bancos, também a ilusão de que o reaganismo e o thatcherismo fossem eficientes.)

Tudo isso, essencialmente, é aceito.

a8

Thatcher e Reagan

O engenho de Naomi Klein está em recuar alguns anos mais para estudar a origem da calamidade econômica que tomaria o mundo a partir de 2007.

O marco zero, diz ela, não foi nem Thatcher e nem Reagan. Foi o general Augusto Pinochet, que em 1973 deu, com o apoio decisivo dos Estados Unidos, um golpe militar e derrubou o governo democraticamente eleito de Salvador Allende no Chile.

Foi lá, no Chile de Pinochet, que pela primeira vez apareceria a expressão “doutrina de choque”. O autor não era um chileno, mas o economista americano Milton Friedman, professor da Universidade de Chicago.

Frieman dominou a economia chilena sob Pinochet

Um programa criado pelo governo americano dera, na década de 1960, muitas bolsas de estudo para estudantes chilenos estudarem em Chicago, sob Friedman, um arquiconservador cujas ideias beneficiam o que hoje se conhece como 1% e desfavorecem os demais 99%.

Dado o golpe, os estudantes chilenos de Friedman, os “Chicago Boys”, tomaram o comando da economia sob Pinochet e promoveram a “Doutrina do Choque” – reformas altamente nocivas aos trabalhadores, impostas pela violência extrema da ditadura militar.

Da “Doutrina do Choque” emergiria, no Chile, uma sociedade abjetamente iníqua que anteciparia, como nota Naomi Klein, o que se vê hoje no mundo contemporâneo.

O Brasil, de forma mais amena, antecipara o Chile: o golpe militar, também apoiado pelos Estados Unidos (e pelas grandes empresas de jornalismo, aliás), veio nove anos antes, em 1964. Tivemos nossos Chicago Boys, mas em menor quantidade, como Carlos Langoni, que foi presidente do Banco Central.

Com sua sinistra “Doutrina do Choque”, Friedman, morto em 2006, é o arquiteto do mundo iníquo tão questionado e tão merecidamente combatido em nossos dias.

Um dos méritos de Naomi Klein é deixar isso claro – além de lembrar a todos que situações de grande desigualdade são insustentáveis a longo prazo, como a guilhotina provou na França dos anos 1790.

Diário do Centro do Mundo O legado miserável de Thatcher e Reagan – Diário do Centro do Mundo

30/12/2012

Procuravam cérebro mas encontraram bexiga

Filed under: Margaret Thatcher — Gilmar Crestani @ 5:53 pm

A intervenção cirúrgica era para encontrar a memória. Uma vazia pela outra, a caixa do cérebro cedeu lugar à bexiga. E pensar que teve uma legião de admiradores no Brasil, a começar pelo príncipe dos pilantras, que se quer sociólogo,  que a seguiu nos pormenores das recomendações. Depois de Reagan, ou junto com ele, foi a grande responsável pelo desmonte do Estado que resultou na desregulamentação que por sua vez deu origem à quebra-quebra de 2008. Collor deu início, mas de Fernando em Fernando o Brasil foi afundando.

Margaret Thatcher deixa hospital após cirurgia na bexiga

Ex-premiê britânica foi internada no dia 21 de dezembro

30 de dezembro de 2012 | 11h 33

AE – Agência Estado

A ex-premiê britânica Margaret Thatcher deixou o hospital após uma cirurgia na bexiga, de acordo com informações da imprensa do Reino Unido. A ex-líder conservadora de 87 anos havia sido internada no dia 21 de dezembro para ser operada.

Estado de saúde de Margaret Thatcher é frágil - Gerry Penny/Efe - 03.10.2000

Gerry Penny/Efe – 03.10.2000

Estado de saúde de Margaret Thatcher é frágil

As redes de televisão BBC e Sky News informaram que Thatcher estava bem e deixou o hospital no sábado para se recuperar em casa. O porta-voz da ex-premiê ainda não confirmou a informação.

Thatcher, primeira mulher a atuar como primeira-ministra da Grã-Bretanha, se encontra em um estado frágil de saúde desde que sofreu uma série de pequenos acidentes vasculares cerebrais mais de uma década atrás. Embora ela apareça ocasionalmente em eventos privados, não faz declarações públicas há algum tempo. Ela atuou como primeira-ministra entre maio de 1979 e novembro de 1990. As informações são da Associated Press.

Margaret Thatcher deixa hospital após cirurgia na bexiga – internacional – geral – Estadão

01/04/2012

Thatcher, la libertadora argentina

Filed under: Argentina,Ditadura,Margaret Thatcher — Gilmar Crestani @ 9:24 am

Thatcher até pode ter livrado a Argentina da ditadura militar. Mas ajudou a instalar outra ditadura, a econômica. Com Menem, um dos três patetas latinos, o neoliberalismo de Thatcher e Reagan tomou conta da América Latina. Se ela pode ser considerara liberadora da ditatura militar argentina, também deve ser lembrada pela outra herança ditatorial: Fujimori, Menem, e FHC.

Thatcher, la libertadora argentina

Los “nazis argentinos” se habrían consolidado en el poder si la Dama de Hierro se hubiera cruzado de brazos ante la ocupación de Las Malvinas hace treinta años

John Carlin 1 ABR 2012 – 03:56 CET237

La primera ministra británica, Margaret Thatcher, durante su visita sorpresa a las tropas inglesas en las islas Malvinas el año 1983. / AP

Nunca he entendido del todo por qué los argentinos jamás han reconocido la enorme deuda que tienen con Margaret Thatcher. Tendrá que llegar el día en el que algún representante del Gobierno argentino demuestre la inteligencia, la madurez y la cortesía necesarias para darle las gracias. Mientras esperamos, aprovechemos el 30º aniversario del comienzo de la guerra de las Malvinas para explicar por qué la Dama de Hierro merece ser considerada en Argentina como la gran libertadora del siglo XX.

Viajemos 30 años para atrás. No al 2 de abril de 1982, cuando tropas argentinas “recuperaron” o, según el punto de vista, “invadieron” las Malvinas. Volvamos al día antes, al 1 de abril. Yo vivía en Buenos Aires en aquel momento. Llevaba dos años y medio allá, dos años y medio de creciente rabia y rencor hacia los asesinos en serie de la Junta Militar que gobernaba el país. En aquel 1 de abril solo había una cuestión política en Argentina: ¿cuándo iban a dejar el poder los hijos de puta de los milicos? Si a cualquier persona remotamente sensata, no asociada directamente con el Gobierno, se le hubiera preguntado en ese momento: “¿Qué es más importante hoy, que se recupere la democracia o la soberanía sobre las Malvinas?”, creo —quiero creer— que la respuesta hubiera sido la democracia.

Los generales Videla, Galtieri y compañía hicieron desaparecer a 30.000 personas durante sus más de seis años en el poder. Es decir, los secuestraban, los torturaban, los mataban y escondían sus cuerpos en fosas comunes o en el fondo del mar. A la crueldad física se agregaba la crueldad mental hacia los familiares de las víctimas. Saber que un ser querido ha muerto es mejor, o menos terrible, que aguantar años alimentando la remota esperanza de que (tras sufrir inimaginables horrores) quizá siga vivo. Lo sé. Conocí íntimamente a personas que padecieron esta precisa agonía mental.

Viví en Buenos Aires entre los tres y diez años. En el colegio juraba todos los días por la patria morir

Por eso fui a ver al embajador británico por el año 1980 a pedirle ayuda en un caso concreto de una mujer desaparecida (me dijo el embajador que el aparato represivo de los militares era como “una máquina para hacer salchichas”); por eso escribí artículos en la prensa argentina comparando el terror de la Junta Militar con el holocausto nazi; por eso, cuando las Madres de Plaza de Mayo hicieron un llamado al pueblo a acudir a la plaza a denunciar al régimen a finales de 1981, fui (éramos unos treinta manifestantes, recuerdo); y por eso también fui a la plaza un mes antes de la guerra, el gran día en el que los argentinos por fin le perdieron el miedo a los militares y más de 30.000 gritamos: “¡Se va a acabar, se va a acabar, la dictadura militar!”.

Me despertaron a las cuatro de la mañana del 2 de abril de 1982 para informarme de que los militares habían tomado las Malvinas. Mi espontánea reacción: “¡Qué hijos de la gran puta! Se jugaron la última carta que les quedaba”. O sea, apelaron al patriotismo de los argentinos, apostaron a que la gloria de haber recuperado esas inútiles y prácticamente vacías islas frenaría la incipiente rebelión y les mantendría en el poder. Nunca me imaginé que la jugada les saliera tan bien; que al día siguiente fueran a celebrar a la plaza de Mayo 100.000 personas, algunas de ellas las mismas que se habían manifestado en contra del borracho Galtieri y sus compinches unas pocas semanas atrás.

Debería de haberlo entendido, al menos en parte. Viví en Buenos Aires cuando tenía entre 3 y 10 años. Cada mañana nos poníamos en fila en el colegio frente a la bandera y cantábamos el himno nacional. Yo, nene británico, “juraba” todos los días “por la patria morir”. En las clases nos metían en la cabeza una y otra vez que los “ingleses” eran unos “piratas” y que las Malvinas eran argentinas. Supongo que, por mi condición de “inglés”, tuve una cierta inmunidad al mensaje. El lavado cerebral, como se demostró aquel 2 de abril, funcionó mejor con mis amiguitos nativos.

Lo curioso fue que pasados unos días la gente no recapacitara, que no hubiera sido capaz de superar la infantil irracionalidad a la que había en un primer momento sucumbido. Más curioso aún es que 30 años más tarde sigan estancados ahí, aparentemente sin entender la extraordinaria fortuna que tuvo Argentina de que en ese preciso momento estaba en el poder en Reino Unido una mujer considerada repelente por un alto porcentaje de la población británica (no me excluyo), y que se la veía como repelente precisamente por su marcial patrioterismo, por su nostalgia imperial, por su estrechez mental y por su obstinada forma de ser, cualidades que la condujeron a emprender una aventura militar de infinitamente más valor para el pueblo argentino que para el británico.

El valor económico de las islas era nulo para ambos países. No había señal de que hubiera petroleo debajo del mar

El valor económico de las islas era nulo para ambos países, ya que en aquellos tiempos no había señal de que hubiese petróleo debajo del mar. Todo se hizo con el pretexto del honor. El argumento de Thatcher fue que montó su contraataque para defender los principios de la soberanía y la democracia. Bien, pero para Argentina el valor de la guerra fue mucho más allá de los meros principios. La consecuencia directa de la derrota argentina fue que los militares se retiraron, humillados, del poder; que se vieron expuestos eventualmente al castigo de la ley; y que se instaló la democracia, como hemos visto, de manera duradera. Si Margaret Thatcher se hubiera quedado con los brazos cruzados ante la ocupación de las Malvinas hace casi exactamente 30 años, los nazis argentinos (los más nazis, sin duda, de los muchos regímenes militares en aquellos tiempos en el poder en América Latina) se habrían consolidado en el poder. Seguramente hubieran torturado y matado a más personas. La pena es que antes de caer tuvieran que cargarse las vidas de casi mil soldados argentinos y británicos, entre ellos más de 300 reclutas argentinos en el torpedeado crucero General Belgrano: todos ellos, que nadie lo dude, las últimas víctimas de la Junta Militar argentina. Los 255 soldados británicos que cayeron nunca lo llegaron a saber, pero el fin más noble por el que dieron sus vidas fue que los hijos de puta más aborrecibles de la historia argentina del siglo XX se fueron una vez y por todas, como dicen por allá, a la puta que los parió. Un pequeño aplauso para la señora Thatcher, que nunca hizo por su propio país —ni de lejos— lo que hizo por Argentina, no estaría de más.

Thatcher, la libertadora argentina | Internacional | EL PAÍS

07/12/2011

Líderes, ¿mejores los de antes?

Los mandatarios actuales afrontan electorados más euroescépticos y una coyuntura más compleja que la que sufrieron sus alabados predecesores

Gabriela Cañas Madrid 6 DIC 2011 – 21:14 CET9

 

La foto de familia de la reunión de líderes de la Unión Europea, en Bruselas, Bélgica.

La primera crisis del euro se vivió mucho antes de que estuviera en los bolsillos de millones de europeos. Sucedió entre 1991 y 1993, cuando la parálisis de las economías europeas amenazó gravemente la puesta en marcha de la moneda única. También entonces los medios hablaban de abismos, de catástrofe y de la Europa insolidaria y a varias velocidades. Entre aquella crisis y la actual hay diferencias notables. Una de ellas es que los líderes eran otros. El entonces canciller alemán Helmut Kohl, que lloró amargamente años después la muerte de su amigo François Mitterrand, le dijo un día a este último: "No se equivoque. Soy el último canciller pro-europeo". Ante las críticas a los líderes actuales, el más vehemente de todos ellos, Nicolas Sarkozy, suele revolverse preguntando por qué aquellos mandatarios ahora tan ensalzados dejaron la casa a medio hacer con una construcción tan deficiente de la unión monetaria.

Puede que comparar a aquellos líderes con los actuales sea injusto. Ni las circunstancias ni la conjunción de personajes coinciden. "Quizá con Kohl, Zapatero habría jugado un papel muy distinto en la UE", alega un alto funcionario de la Comisión Europea. Puede también que la influencia política de Jacques Delors, glorificado en Bruselas hasta la extenuación, hubiera sido nula de estar conformada la Unión Europea de 1992 por 27 países, no de 12 como entonces, y de sufrir Europa una crisis tan aguda y compleja como la actual.

Vayamos a los hechos. La Cumbre de Maastricht (diciembre de 1991), además de cambiar el nombre de la Comunidad Europea por la de Unión Europea, estableció estrechos márgenes de fluctuación para las monedas y la obligación de contener déficits y deudas públicas para poder adoptar conjuntamente a partir de 1997 el euro. La euforia de tal conquista se vio enseguida empañada por una crisis que se saldó con guerras comerciales en forma de devaluaciones de monedas, como la peseta, la salida de la libra y la lira del sistema europeo y con tensiones entre los mandatarios.

Kohl y Mitterrand sufrieron la Guerra Mundial casi en el mismo bando

La talla de los líderes se puso a prueba. En Alemania gobernaba el democristiano Helmut Kohl, padrino político de Angela Merkel. En Francia, el rey republicano y socialista François Mitterrand. El también socialista francés Jacques Delors estaba el frente de la Comisión Europea y el conservador John Major acababa de suceder a Margaret Thatcher. Los dos grandes países del sur estaban en manos de dos socialistas: el tecnócrata Giuliano Amato y el pragmático europeísta Felipe González. Puede que la ideología se diluya en instituciones que como las europeas son más tecnocráticas que políticas, pero lo cierto es que frente a la Europa dominada hoy por la derecha (el saliente Zapatero está solo frente al resto de sus colegas conservadores), hace 20 años de los seis líderes citados cuatro eran socialistas, que entonces suspiraban por una Europa que fuera "un espacio social, económico y cultural".

La adscripción política no es, sin embargo, garantía de mejor relación política. Lo prueba el alto nivel de entendimiento habido entre Kohl y Mitterrand. Ambos eran de humilde extracción y ambos también sufrieron la II Guerra Mundial prácticamente del mismo bando. El francés luchó contra el nazismo y formó parte de la Resistencia tras escapar de las cárceles alemanas. Kohl, 14 años más joven, se libró de ser reclutado por el ejército alemán, su familia no tuvo ningún vínculo con los nazis y los americanos fueron para él sus libertadores; no sus victoriosos enemigos. La misma guerra que dio origen a una Europa unida para evitar nuevos enfrentamientos, ligaba también a estos dos estadistas que compartían la misma ambición: engrandecer Europa para engrandecer a su vez a sus respectivos países, como analiza Julio Crespo en su libro Forjadores de Europa.

Kohl y Mitterrand congeniaban, si bien algunos dudan que llegaran a ser tan amigos como dijeron ser. "Más bien lo que se dio en Europa fue una coincidencia de intereses", opina Ignacio Molina, politólogo e investigador del Instituto Elcano para Europa. "A todos le iba bien la armonización de las políticas económicas que se perseguían; incluso a Margaret Thatcher". Aun así, las tensiones fueron frecuentes. Francia recelaba del extraordinario poder de Alemania, el mayor contribuyente a las arcas comunes, y la crisis, como ahora, colocó a Kohl en una situación de ventaja hasta el punto de que Mitterrand se vio obligado a implorar que el Bundesbank, acusado de juego sucio por elevar el precio del dinero y hacerse con las arcas de los bancos centrales del resto de los países, rebajara el tipo de interés, lo que terminó haciendo en un mísero cuartillo. Entonces como ahora el canciller alemán exigía rigor y austeridad mientras el resto pedía una relajación de las reglas. Incluso el gran momento histórico europeo, la caída del muro, fue motivo de conflicto entre Kohl y Mitterrand, que disentían en el ritmo en el que se tenía que culminar la reunificación alemana.

“Sarkozy ha debido entender que París ya no cuenta tanto como Berlín”

Los orígenes y vivencias previas de Angela Merkel y Nicolas Sarkozy no pueden ser más divergentes. Alemana del este, Merkel, hija de un reverendo evangélico y una maestra, es una investigadora de química cuántica que no ascendió en su carrera por pertenecer a una familia no adepta al régimen comunista. Fría, cerebral, discreta y sufridora, tuvo que echar mano de toda su perseverancia para vencer a sus detractores dentro de su propio partido. Vivió la caída del muro sin especial emoción, como recuerda ahora el periodista Bernardo de Miguel en su libro ¿Qué está pasando?: "La noche de la caída del muro de Berlín cruzó al otro lado, pero regresó pronto y se marchó a dormir porque tenía que madrugar al día siguiente, según reconocería más tarde".

Sarkozy es hijo de un noble terrateniente húngaro. Creció en un exclusivo municipio de las afueras de París, Neuilly-sur-Seine. Su vida privada siempre en el escaparate, su efusividad y su histrionismo son rasgos en las antípodas del carácter de la discreta Merkel. Al poco de llegar Sarkozy al Elíseo, Berlín se vio obligado a desmentir que a Merkel le fastidiaran las excesivas muestras de afecto del presidente galo como había interpretado la prensa. Esta misma semana hemos visto cómo el francés insistía en coger de la mano a Merkel, un gesto del que ella no se zafa pero nunca busca.

La sideral distancia de caracteres existente entre ambos mandatarios no ha impedido un entendimiento pragmático. Merkel supo aprovechar desde el primer momento la naturaleza explosiva del francés, al que pidió, por ejemplo, que intercediera con el polaco Jaroslaw Kaczynski para que este diera el visto a la Constitución Europea. Sarkozy lo logró en unas duras horas de negociación.

Ni Merkel ni Sarkozy son ya hijos de la II Guerra Mundial, pero saben, como dice Enrique Barón, expresidente del Parlamento Europeo, que ambos están obligados a entenderse, de manera que en las diferencias han sabido encontrar también una suerte de feliz complementariedad. Incluso un estallido de furia de Sarkozy, como aquel que protagonizó en un Consejo Europeo abroncando airado a Bélgica y Holanda por resistirse a la Constitución, es una baza para Merkel, pues el texto de aquella Constitución se elaboró a la medida de Berlín. En él, como ya ha quedado consolidado, Alemania, dada su demografía, tiene ya más peso que Francia en el Consejo Europeo. Sarkozy, explica un funcionario europeo, se ha visto obligado a aceptar ante la canciller que Francia y Alemania ya no son los dos pilares de la UE, sino pilar y medio y que el medio es Francia. Por lo demás, las críticas que recibe Merkel en esta crisis se asemejan mucho a las que recibió Kohl. Las reglas y la austeridad forman parte de la educación personal y política de la mandataria. "No hay que olvidar, además, que cuando ella defiende las normas del Banco Central Europeo", explica Molina, "está defendiendo las que Kohl redactó hace veinte años".

Los expertos consultados consideran un tópico sin gran fundamento la afirmación de que ahora no hay líderes europeos de talla. "Los políticos de hoy piensan pequeño y braman con desprecio de sus socios europeos", ha dicho el excomisario europeo Denis MacShane. El exministro de Exteriores británico David Miliband se quejaba recientemente en un artículo de prensa de tener en Europa un presidente, Herman van Rompuy, completamente "invisible". Pero lo cierto es que en esta crisis los dirigentes de las instituciones europeas tienen un papel extremadamente limitado.

Jacques Delors tenía una visión ambiciosa de Europa. Supo ver, por ejemplo, en la reunificación alemana su mayor dimensión europea, pero en la crisis de 1991-93 el papel del presidente de la Comisión era mucho más relevante que ahora porque la UE era más pequeña y manejable y porque los asuntos que estaban sobre la mesa —mercado interior y nuevas reglas— eran de su competencia. Hoy, al portugués José Manuel Durão Barroso no le corresponde papel alguno en los asuntos más candentes: fondos de rescate, creación del eurobono o actuaciones del Banco Central Europeo. Solo ahora, encarando su segundo y último mandato y dispuesto a engrandecer su figura antes de que euroescepticismo y la crisis se lo lleven por delante, ha alzado la voz pidiendo eurobonos y recordando a Alemania que sus exportaciones a un país tan pequeño como Holanda superan a las realizadas a China y que España es mucho mejor cliente de Alemania que Brasil.

Delors, religioso, de izquierdas y de extracción humilde, un perfil común entre los líderes de entonces, podía permitirse envites más drásticos. Llegó a amenazar con dimitir si Francia, en referéndum, rechazaba el Tratado de Maastricht. Por aquel entonces podía optar a un futuro prometedor en la política nacional francesa. Barroso, hábil diplomático políglota, abandonó el gobierno portugués cuando este se tambaleaba y después de apoyar la invasión de Irak. Solo ahora, tras seis años de gobierno socialista en Portugal, podría optar por un regreso de altura a Lisboa.

Como si fuera el signo de los nuevos tiempos, el premier británico de hoy en día, David Cameron, es un rico heredero de sangre azul, muy lejos del humilde John Major, que tuvo gestos de europeísmo, consciente de que el mercado común favorecía los intereses británicos. Por ello, a pesar de criticar los avances de Maastricht, acalló la rebelión antieuropea entre las filas de los tories para no entorpecer el proceso. Hoy, el 40% de las exportaciones británicas tiene la eurozona por destino, pero a Cameron, dicen los expertos, nunca le ha interesado la Unión Europea; especialmente si esta está en crisis. Vieja táctica británica, Cameron parece querer quedar al margen al tiempo que ser oída. "Quiere estar en el club, pero sin asumir costes”, opina Barón.

Se puede afirmar que los dos grandes países del sur —España e Italia— jugaron en aquella crisis un papel más relevante ahora. Los expertos coinciden en señalar una diferencia sideral entre Felipe González y José Luis Rodríguez Zapatero. "El primero era un pragmático que comprendió enseguida que los intereses de España se juegan en Europa", dice Ana Palacio, exeurodiputada y exministra de Exteriores con Aznar. "Su relación con Kohl es una relación bien reflexionada y pensada". Molina es inclemente con el presidente español en funciones: "Nunca le ha interesado la UE y nombró a un ministro de Exteriores al que tampoco le interesaba". Ello contrasta con el influjo que ejerció González en la política europea y su apuesta por la cohesión social como medio para alcanzar la auténtica integración.

También por razones distintas hay gran distancia entre el tecnócrata socialista Giuliano Amato y el empresario conservador Silvio Berlusconi. Amato aceleró en 1992 la ratificación del Tratado de Maastricht para echar un cable a sus amigos franceses, ayudó a Delors a desafiar a los británicos y se atribuyó el mérito de haber convencido a los alemanes de bajar los tipos de interés. Con Silvio Berlusconi, Italia ha logrado largos años de estabilidad política interna y no ha puesto obstáculos a ningún avance europeo, si bien se ha abstenido de participar en las grandes decisiones y su país perdió peso en Bruselas.

Berlusconi insultó gravemente a Merkel tildándola de “infollable”. Asediado por los escándalos sexuales y financieros, fue la gestión económica la que acabó con su reinado. París y Berlín han colocado en su lugar a Mario Monti, al que se aprestaron a sentar en su mesa en Estrasburgo.

foto

HELMUT KOHL. Nacido en Ludwigshafen (1930) no participó en la guerra. Fue el canciller de la reunificación alemana.

foto

FRANÇOIS MITTERRAND. Nacido en Jarnac (1916) fue prisionero de los alemanes. Fue amigo de Kohl, con el que también vivió enfrentamientos.

foto

JACQUES DELORS. Nació en París (1925) en una familia humilde. Presidió la Comisión durante 10 años y preparó la unión monetaria.

Líderes, ¿mejores los de antes? | Internacional | EL PAÍS

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.

%d blogueiros gostam disto: