Ficha Corrida

20/09/2015

A justiça é cega; eu, não!

justica-cega-21O Verissimo é a prova viva da manipulação, desde sempre, da imprensa. O Grupo RBS, onde Verissimo trabalhava (Zero Hora), suspendeu-o simplesmente por ter chamado o então candidato a Presidência, Fernando Collor de Mello, de ponto de interrogação bem penteado.

As filiais da Rede Globo reúnem coronéis locais. No Maranhão, Sarney; Ceará, Jereissati; RN, Garibaldi Alves; Alagoas, Collor; Bahia, ACM; RS, Sirotsky. Como se vê, ao olhar para a ficha corrida destas famílias ficamos com a certeza de que farão de tudo contra movimentos sociais. Haja o que houver, estarão sempre ao lado dos seus finanCIAdores ideológicos.

A captura, mediante estatuetas compradas com dinheiro da sonegação, de parcela do Poder Judiciário faz corar até a estátua à frente do STF.

Conspiração

20/09/2015 – por Luis Fernando Verissimo

Coitado de quem, no futuro, tentar entender o que se passava no Brasil, hoje. A perspectiva histórica não ajudará, só complicará mais. Havia uma presidente — Vilma, Dilma, qualquer coisa assim — eleita e reeleita democraticamente por um partido de esquerda, mas criticada pelo seu próprio partido por adotar, no seu segundo mandato, uma política econômica neoliberal, que deveria agradar à oposição neoliberal, que, no entanto, tentava derrubar a presidente — em parte pela sua política econômica!

Os historiadores do futuro serão justificados se desconfiarem de uma conspiração por trás da contradição. Vilma ou Dilma teria optado por uma política econômica contrária a todos os seus princípios para que provocasse uma revolta popular e levasse a uma ditadura de esquerda, liderada pelo seu mentor político, um tal de Gugu, Lulu, Lula, por aí.

Como já saberá todo mundo no ano de 2050, políticas econômicas neoliberais só aumentam a desigualdade e levam ao desastre. Vilma ou Dilma teria encarregado seu ministro da Fazenda Joaquim (ou Manoel) Levis de causar um levante social o mais rápido possível, para apressar o desastre. Fariam parte da conspiração duas grandes personalidades nacionais, Eduardo Fuinha e Renan Baleeiro, ou coisas parecidas, com irretocáveis credenciais de esquerda, que teriam voluntariamente se sacrificado, tornando-se antipáticos e reacionários para criar na população um sentimento de nojo da política e dos políticos e também contribuir para a revolta.

Outra personalidade que disfarçaria sua candura e simpatia para revoltar a população seria o ministro do Supremo Gilmar Mentes.

Uma particularidade do Brasil que certamente intrigará os historiadores futuros será a aparente existência no país — inédita em todo o mundo — de dois sistemas de pesos e medidas. O cidadão poderia escolher um sistema como se escolhe uma água mineral, com gás ou sem gás. No caso, pesos e medidas que valiam para todo mundo, até o PSDB, ou pesos e medidas que só valiam para o PT.

Outra dificuldade para brasilianistas que virão será como diferenciar os escândalos de corrupção, que eram tantos. Por que haveria escândalos que davam manchetes e escândalos que só saíam nas páginas internas dos jornais, quando saíam? Escândalos que acabavam em cadeia ou escândalos que acabavam na gaveta de um procurador camarada?

Mas o maior mistério de todos para quem nos estudar de longe será o ódio. Nossa reputação de povo amável talvez sobreviva até 2050. Então, como explicar o ódio destes dias?

14/09/2014

Se é Verissimo é ben trovato!

Filed under: Células Tronco,Ciência,Luis Fernando Verissimo,Marina Silva — Gilmar Crestani @ 9:00 am
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Simplesmente porque o ser humano não foi dotado da mesma capacidade do caranguejo, de caminhar para trás! Negar a ciência é negar a própria humanidade, pois sem os avanços ainda moraríamos em cavernas, acreditando no deus trovão ou em Marina Silva… Enquanto 54 Reitores de Universidade Federais, símbolos de ciênicia e conhecimento, estão com Dilma, com Marina estão Marco Feliciano, racista e homofóbico, e Silas Malafaia, que acredita em teorias pré-históricas.

Verissimo explica por que não vota em Marina

:

Para o escritor Luis Fernando Verissimo, Marina Silva, candidata do PSB, dificilmente chegará à presidência da República por ser muito contraditória; de qualquer forma, diz que não dará seu voto à candidata “mais revolucionaria destas eleições, que ao mesmo tempo é a mais conservadora”; ele condena suas posições contra a liberação do aborto e a pesquisa com células-tronco; afirma que a oposição à última questão, ‘que pode levar à cura de várias doenças hoje mortais é criminosa’; o escritor gaúcho afirma que irá votar "com o coração", ou seja, em defesa da saúde e contra Marina

14 de Setembro de 2014 às 06:35

247 – O escritor Luis Fernando Verissimo declarou, em artigo publicado neste domingo, por que não votará em Marina Silva, do PSB.

Ainda que não acredite em suas chances de chegar à Presidência do Brasil por “todas as suas contradições”, explica que prefere seguir o voto do seu coração.

Veríssimo condena as posições da candidata “mais revolucionaria destas eleições, que ao mesmo tempo é a mais conservadora”, especialmente em relação ao aborto e às pesquisas com células-tronco.

“É impossível saber quantas mulheres já morreram em abortos clandestinos por culpa direta da proibição do uso de preservativos pelo Vaticano, por exemplo”, cita. “Mas a oposição à pesquisa com células-tronco que pode levar à cura de várias doenças hoje mortais não é brincadeira. É criminosa”, conclui.

Verissimo diz que irá votar "com seu coração", ou seja, contra Marina. "Acho a Marina uma mulher extraordinária. Mas, como alguém que está na fila para receber os eventuais benefícios de pesquisas com células-tronco, voto no meu coração." (leia aqui a íntegra)

Verissimo explica por que não vota em Marina | Brasil 24/7

17/07/2014

É Veríssimo!

jornalismo de merda

Manchetes

Há notícias de primeira página que nunca chegam à primeira página. Ou por falta de espaço – caso do Brasil no último mês, quando o futebol dominou as primeiras páginas de todos os jornais – ou por decisão editorial. Entre as notícias de primeira página que não viraram manchete durante a Copa está a declaração formal das forças armadas brasileiras que nada de anormal, como tortura e mortes, aconteceu em qualquer dependência militar no Brasil no período da ditadura. E pronto. Notícia paralela que também ficou nas páginas internas foi a da prescrição do caso da bomba no Riocentro, que não será mais investigado. Também: assunto encerrado. Quem insistir que houve tortura e morte nos quartéis durante a ditadura, segundo o relato de sobreviventes e averiguações criteriosas já feitas, estará chamando a instituição militar brasileira de mentirosa. Sobre a ação criminosa abortada pela explosão prematura daquela bomba no Puma jamais se saberá mais nada.

Outra notícia que merecia manchetes, mas não passou do bloqueio da Copa, foi a de que dos 32 países que participaram do campeonato, o Brasil foi o que apresentou maior queda nos índices de mortalidade de crianças de até 5 anos de idade nas últimas décadas. Maior do que ocorreu na Alemanha, na Holanda e na Argentina, para ficar só nos quatro finalistas da Copa. Os dados são da Parceria para a Saúde Materna e Recém-nascidos e Crianças, entidade coordenada pela Organização Mundial da Saúde. A divulgação destes números com o destaque merecido talvez diminuíssem os insultos à presidente, que, estes sim, sempre saem na primeira página. Ou talvez aumentassem, vá entender.

09/08/2013

Ué, por que só agora? Eu sempre soube que o PSDB era corrupto!

Desde FHC, José Serra, Mário Covas, Cássio Cunha Lima, Yeda Crusius. Todos farinha do mesmo saco. Será que não lembram mais o que foram os oito anos de roubalheira, em que até a reeleição foi comprada por duzentos reais ao voto. E aquelas gravações no “limite da irresponsabilidade”, na privatização da EMBRATEL em que agora os EUA usam pra nos grampear, como denunciou Edward Snowden? Sem falar no conluio da Globo com FHC para esconderem na Espanha Miriam Dutra e o filho que seria de FHC mas os filhos da D. Ruth Cardoso provaram, com exames de DNA, que era só filho da mãe, sem que os grupos mafiomidiáticos tenham dado um pio sobre isso. Ah! se fosse o Lula!

Veríssimo: pela 1ª vez, a imprensa não tem dois sistemas métricos

:

Escritor se surpreende com repercussão do caso do propinoduto tucano em São Paulo na grande imprensa, história que desconfiou que iria para o mesmo "pântano silencioso" que engoliu, por exemplo, o mensalão de Minas; "Já se começava a desconfiar que o Brasil, onde inventam tanta novidade, tinha adotado, definitivamente, dois sistemas métricos diferentes", escreve Luís Fernando Veríssimo

8 de Agosto de 2013 às 10:50

247 – A repercussão na grande imprensa do caso de cartel e superfaturamento nas obras do metrô e trens em São Paulo, envolvendo políticos do PSDB, surpreendeu o escritor e jornalista Luís Fernando Veríssimo. Em sua coluna no jornal O Globo desta quinta-feira 8, ele admite que, quando viu a capa da revista IstoÉ, achou que a história iria para um "pântano silencioso". Mas pela primeira vez, parece que a mídia não tem adotado dois sistemas métricos diferentes.

Leia seu artigo:

Lóbi irresistível

Devo um pedido de desculpas à grande imprensa nacional. Me desculpe, grande imprensa nacional. Quando li a matéria da "IstoÉ" sobre o cartel consentido formado em São Paulo para a construção de linhas de trem e metrô sob sucessivos governos do PSDB e as suspeitas de um propinoduto favorecendo o partido, comentei com meus botões (que não responderam porque não falam com qualquer um): essa história vai para o mesmo pântano silencioso que já engoliu, sem deixar vestígios, a história do mensalão de Minas, precursor do mensalão do PT. E não é que eu estava enganado? A matéria vem repercutindo em toda a grande imprensa. Com variáveis graus de intensidade, é verdade, em relação ao tamanho do escândalo, mas repercutindo. Viva, pois, a nossa grande imprensa. Já se começava a desconfiar que o Brasil, onde inventam tanta novidade, tinha adotado, definitivamente, dois sistemas métricos diferentes.

A propósito, ou mais ou menos a propósito, li na revista "The Nation" que só a Associação de Banqueiros Americanos tem noventa e um lobistas em Washington defendendo os interesses dos bancos e lutando para revogar a regulamentação do setor aprovada no Congresso, recentemente. Isto sem falar em outras associações de banqueiros e nos próprios gigantes financeiros, como o Goldman Sachs (cinquenta e um lobistas) e o JP Morgan (sessenta lobistas). O cálculo é que existam seis lobistas do sistema financeiro para cada congressista americano. Os bancos querem derrotar a regulamentação e evitar as reformas para continuar as práticas, vizinhas do estelionato, que provocaram a grande crise de 2008 e continuam a lhes dar lucros obscenos enquanto o resto da economia derrapa. O lóbi é uma atividade legítima, ou ao menos uma deformação legitimada pelo uso. A questão é saber quando a presença de mil e tantos lobistas em torno de um Congresso deixa de ser uma pressão e se transforma num cerco. E como se pode falar em democracia representativa quando o poder do voto é substituído pelo poder de persuasão de seis lobistas, três em cada ouvido, prometendo presentinhos para a patroa?

O que tudo isso tem a ver com o cartel em São Paulo? Nada, a não ser que, talvez, sirva de consolo para quem sucumbiu ao encanto de muito dinheiro, levado pelo lóbi mais irresistível que existe, o da cobiça. Mesmo sendo daquele tipo de pessoa sobre o qual não se pode dizer que também é corrupto sem ouvir um "Quem diria…"

Veríssimo: pela 1ª vez, a imprensa não tem dois sistemas métricos | Brasil 24/7

08/08/2013

Ué, porque só agora? Eu sempre soube que o PSDB era corrupto!

Desde FHC, José Serra, Mário Covas, Cássio Cunha Lima, Yeda Crusius. Todos farinha do mesmo saco. Será que não lembram mais o que foram os oito anos de roubalheira, em que até a reeleição foi comprada por duzentos reais ao voto. E aquelas gravações no “limite da irresponsabilidade”, na privatização da EMBRATEL em que agora os EUA usam pra nos grampear, como denunciou Edward Snowden? Sem falar no conluio da Globo com FHC para esconderem na Espanha Miriam Dutra e o filho que seria de FHC mas os filhos da D. Ruth Cardoso provaram, com exames de DNA, que era só filho da mãe, sem que os grupos mafiomidiáticos tenham dado um pio sobre isso. Ah! se fosse o Lula!

Veríssimo: pela 1ª vez, a imprensa não tem dois sistemas métricos

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Escritor se surpreende com repercussão do caso do propinoduto tucano em São Paulo na grande imprensa, história que desconfiou que iria para o mesmo "pântano silencioso" que engoliu, por exemplo, o mensalão de Minas; "Já se começava a desconfiar que o Brasil, onde inventam tanta novidade, tinha adotado, definitivamente, dois sistemas métricos diferentes", escreve Luís Fernando Veríssimo

8 de Agosto de 2013 às 10:50

247 – A repercussão na grande imprensa do caso de cartel e superfaturamento nas obras do metrô e trens em São Paulo, envolvendo políticos do PSDB, surpreendeu o escritor e jornalista Luís Fernando Veríssimo. Em sua coluna no jornal O Globo desta quinta-feira 8, ele admite que, quando viu a capa da revista IstoÉ, achou que a história iria para um "pântano silencioso". Mas pela primeira vez, parece que a mídia não tem adotado dois sistemas métricos diferentes.

Leia seu artigo:

Lóbi irresistível

Devo um pedido de desculpas à grande imprensa nacional. Me desculpe, grande imprensa nacional. Quando li a matéria da "IstoÉ" sobre o cartel consentido formado em São Paulo para a construção de linhas de trem e metrô sob sucessivos governos do PSDB e as suspeitas de um propinoduto favorecendo o partido, comentei com meus botões (que não responderam porque não falam com qualquer um): essa história vai para o mesmo pântano silencioso que já engoliu, sem deixar vestígios, a história do mensalão de Minas, precursor do mensalão do PT. E não é que eu estava enganado? A matéria vem repercutindo em toda a grande imprensa. Com variáveis graus de intensidade, é verdade, em relação ao tamanho do escândalo, mas repercutindo. Viva, pois, a nossa grande imprensa. Já se começava a desconfiar que o Brasil, onde inventam tanta novidade, tinha adotado, definitivamente, dois sistemas métricos diferentes.

A propósito, ou mais ou menos a propósito, li na revista "The Nation" que só a Associação de Banqueiros Americanos tem noventa e um lobistas em Washington defendendo os interesses dos bancos e lutando para revogar a regulamentação do setor aprovada no Congresso, recentemente. Isto sem falar em outras associações de banqueiros e nos próprios gigantes financeiros, como o Goldman Sachs (cinquenta e um lobistas) e o JP Morgan (sessenta lobistas). O cálculo é que existam seis lobistas do sistema financeiro para cada congressista americano. Os bancos querem derrotar a regulamentação e evitar as reformas para continuar as práticas, vizinhas do estelionato, que provocaram a grande crise de 2008 e continuam a lhes dar lucros obscenos enquanto o resto da economia derrapa. O lóbi é uma atividade legítima, ou ao menos uma deformação legitimada pelo uso. A questão é saber quando a presença de mil e tantos lobistas em torno de um Congresso deixa de ser uma pressão e se transforma num cerco. E como se pode falar em democracia representativa quando o poder do voto é substituído pelo poder de persuasão de seis lobistas, três em cada ouvido, prometendo presentinhos para a patroa?

O que tudo isso tem a ver com o cartel em São Paulo? Nada, a não ser que, talvez, sirva de consolo para quem sucumbiu ao encanto de muito dinheiro, levado pelo lóbi mais irresistível que existe, o da cobiça. Mesmo sendo daquele tipo de pessoa sobre o qual não se pode dizer que também é corrupto sem ouvir um "Quem diria…"

Veríssimo: pela 1ª vez, a imprensa não tem dois sistemas métricos | Brasil 24/7

06/01/2013

Alguém sabe o que é ‘rabdomióise’?

Filed under: Luis Fernando Verissimo — Gilmar Crestani @ 6:41 pm
A primeira crónica do Veríssimo, n’O Globo, depois da recuperação da gripe A.
Parabéns ao  menino prodígio, Ricardo Zimerman, brimo por extensão, de quem também me socorri, e me socorreu, quando contraí a mesma gripe A.
Luis Fernando Veríssimo
Quem passou pelo que eu passei — quase me fui — pode escolher o que fazer com a experiência. Ou terá assunto para o resto da vida, pois tudo o mais perderá importância comparado ao maravilhoso fato de continuar vivo. Ou evitará o assunto, para não ficar conhecido como um sobrevivente chato, daqueles que sabem — e repetem — tudo sobre sua doença, com detalhes, e até com um certo ar superior.

— Alguém aqui sabe o que é “rabdomiólise”?

E a conversa não pode ser sobre outro tópico:

— A coisa na Siria está feia.

— Isso porque vocês não viram minha urina no primeiro dia.

— Li que o Internacional vai começar a temporada com o time B.

— Por sinal, eu contei que o vírus que me pegou poderia ser tipo A ou tipo B? O meu era tipo A. O mais perigoso.

Prometo não ser um sobrevivente chato. Não vou contar o que me fizeram no CTI do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, mesmo porque sei pouco sobre o que me fizeram. Só sei que salvaram a minha vida.

Também não vou aproveitar nenhum dos delírios que tive enquanto sedado para transformar em crônica. Não sei por que, mas acho que aproveitar delírios de hospital em crônicas é uma forma de apropriação indébita.

E desculpe: não tive nenhuma visão do outro lado, nenhum vislumbre do infinito. Mas tenho que reconhecer que saí da experiência com meu ceticismo abalado.

Eram tantas pessoas — me contaram depois — rezando por mim e manifestando sua apreensão e solidariedade, principalmente desconhecidos, que deve ter feito uma diferença. Vou precisar rever minhas relações com a metafisica.

Alguns dos que salvaram a minha vida não são anônimos e precisam ser citados, antes de mudarmos de assunto. Doutores Alberto Augusto Rosa, Sandro Gonçalves, Eubrando Oliveira, Teresa Sukienik, Juçara Maccari, Ricardo Zimerman, David Saitovich, Renato Eick, Flavio Kapczinski, Rogério Friedman, Bernardo Moreira, Ana Stein, Marcos Wainstein, além do eficiente e dedicado corpo de enfermeiras, enfermeiros e fisioterapeutas do hospital. Obrigado, obrigado, obrigado. E não se fala mais nisto.

14/09/2012

Veríssimo, a corcunda e o mensalão tucano

Filed under: Luis Fernando Verissimo — Gilmar Crestani @ 9:00 am

“É sempre bom investigar a origem dos fatos e das palavras. Inclusive porque dá boas histórias.”

Carlito Rocha, presidente do Botafogo, com Biriba (de apelido "Daniel")

Saiu no Estadão:

O grande silêncio

É sempre bom investigar a origem dos fatos e das palavras. Você pode descobrir coisas surpreendentes. Por exemplo: o final abrupto de uma frase de jazz moderno, vocalizado, soava algo como “be-ree-bop”. É daí que vem o nome do novo estilo de tocar jazz, “bop”. O “biribop” foi usado numa música brasileira que falava da influência do novo jazz no samba – “eba biribop”, lembra? – e não demorou para que o “biribop” do samba se transformasse em “biriba” e acabasse sendo o nome do cachorro mascote do Botafogo, segundo alguns um dos maiores responsáveis pela boa fase do time na época – e nome de um jogo de cartas. Hoje quem joga biriba (ainda se joga biriba?) não desconfia que tudo começou nos clubes de Nova York onde alguns músicos faziam uma revolução que não tinha nada a ver com o baralho.
A procura de origens pode levar por caminhos errados, é verdade. Ainda no campo da música: quando a Bossa Nova começou a ser tocada nos Estados Unidos uma das curiosidades dos nativos era o significado do termo “bossa”. Quem procurou num dicionário leu que “bossa” era a protuberância nas costas de um corcunda, não podia estar certo. Aí alguém se lembrou de um LP gravado pelo guitarrista Laurindo de Almeida nos Estados Unidos anos antes, junto com três americanos, uma saxofonista, uma baterista e um contrabaixista, que incluía ritmos brasileiros. E surgiu a teoria que o disco do Laurindo de Almeida teria sido muito ouvido no Brasil e a marcação do baixo nos sambas muito impressionara os músicos locais. Claro, “bossa” era uma corruptela de “bass”, contrabaixo em inglês. Tudo esclarecido. (Não foi a única injustiça que fizeram com o João Gilberto, o verdadeiro criador da batida da bossa. Ainda inventaram que ele roubara o jeito de cantar do Chet Baker.)
Mas tudo isto, acredite ou não, tem a ver com o mensalão. Ouvi dizer que a origem do esquema que está sendo condenado no Supremo é uma eleição em Minas que envolveu alguns dos mesmos personagens de agora, só que o partido favorecido foi o PSDB. Se a origem é esta mesmo, ou – como no caso da origem da bossa nova – há um mal-entendido, não sei. Mas não deixa de surpreender a absoluta falta de curiosidade, da grande imprensa inclusive, sobre esta suposta raiz de tudo. Só o que há a respeito é um grande silêncio. O barulho com o esquema precursor mineiro ainda está por vir ou o silêncio continuará até o esquecimento? É sempre bom investigar a origem dos fatos e das palavras. Inclusive porque dá boas histórias.

Veríssimo, a corcunda e o mensalão tucano | Conversa Afiada

19/04/2012

Às entranhas

Filed under: Aborto,Antígona,Comissão da Verdade,Luis Fernando Verissimo — Gilmar Crestani @ 10:37 pm

19 de abril de 2012

Verissimo – O Estado de S.Paulo

A questão da liberação ou não do aborto é uma questão antiga como a tragédia grega. Em Antígona, escrita séculos antes de Cristo, Sófocles já tratou do que é, no fundo, o que se discute hoje, os limites da intervenção do estado na vida e nas crenças das pessoas. Antígona quer enterrar seu irmão, morto em guerra contra Tebas, e por isso condenado pelo rei de Tebas a permanecer insepulto. A peça é sobre o confronto de Antígona com o rei Creon, do sentimento com a lei, do indivíduo com o Estado, do poder da compaixão e dos rituais familiares com o poder institucionalizado e prepotente. A lei de Tebas proíbe o sepultamento do irmão de Antígona, que se rebela e o enterra assim mesmo, com o sacrifício da própria vida. Em gerações ainda por vir, o confronto de Antígona e Creon se repetirá. No caso do aborto, em países como o Brasil em que a legislação a respeito ainda não foi modernizada, a intervenção do Estado chega às entranhas da mulher. É a lei que decide o que a mulher deve fazer ou não fazer com o filho indesejado, ou que ameaça a sua vida. E esta é uma decisão que deveria acontecer o mais longe possível de qualquer consideração legal, no íntimo da mulher, que é dona do seu corpo e do seu destino. Nem é preciso lembrar que a legislação atrasada força mulheres a recorrer ao aborto clandestino, em condições precárias, com riscos que não existiriam no caso da legalização.

Discute-se quando começa a vida, o que equivale a fixar em que ponto o feto, de acordo com a lei, passa a ser protegido do Estado. Mas do começo ao fim da gestação o feto faz parte do corpo da mulher. O ideal é o processo se completar sem interrupção, ninguém quer a banalização do aborto, mas até a criança ser "dada à luz" ela pertence à mulher, a quem cabe tomar decisões sobre sua vida tanto quanto sobre sua própria vida. O Estado não tem nada a fazer neste arranjo particular, salvo assegurar as melhores condições possíveis para o parto ou para o aborto.

Sem sepultura. A analogia com a peça de Sófocles também serve para o que se pretende com a investigação do que houve durante a repressão aos contestadores do regime militar. No caso, a analogia é ainda mais apta, pois um dos objetivos da tal Comissão da Verdade é localizar os corpos dos insurgentes mortos, que permanecem não insepultos, mas em covas desconhecidas, enterrados sem cerimônias ou identificação. Antígona quer que o Estado devolva o corpo do seu irmão à família, para enterrá-lo. Ele não pertence mais ao Estado, nem a quem o armou para atacar o Estado. Não pertence mais à História. Agora é apenas um irmão morto sem uma sepultura digna.

Às entranhas – cultura – versaoimpressa – Estadão

02/12/2011

Supremacia, também Intelectual

Filed under: Chico Buarque,Inter,Luis Fernando Verissimo — Gilmar Crestani @ 8:37 pm

Agora só falta saber, e isso saberemos domingo, se é pé quente ou pé frio… 

Chico Buarque recebe homenagem do Inter

Um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos recebeu uma homenagem do Sport Club Internacional na noite da última segunda-Feira, em Porto Alegre, depois do seu primeiro show na capital. Chico Buarque foi presenteado com uma camisa oficial do Inter com seu nome às costas das mãos do presidente da Assembléia Legislativa, Adão Villaverde, e do escritor Luis Fernando Verissimo. Chico é torcedor do Fluminense, mas tem simpatia pelo Inter no Rio Grande do Sul. A idéia do presente partiu do deputado Villaverde, que é amigo dos produtores de Chico Buarque. Em contato com o presidente Giovanni Luigi, o deputado obteve a camisa especial para o grande compositor e ficou encarregado de prestar a homenagem.


Chico com a camisa em sua homenagem ao lado de Villaverde (E) e Verissimo (D)

Quando recebeu a camisa, Chico ouviu de um gremista próximo que esta atitude estaria dividindo o Rio Grande. Chico então mostrou todo seu apreço do Inter ao responder que "Pelo que sei, o Rio Grande é bem mais vermelho". Depois da homenagem, Chico, um grande fã de futebol, disse ainda que está torcendo pela classificação do Inter para a próxima Libertadores.


Chico sorri com a camisa e diz que vai torcer pela classificação do Inter à Libertadores

Site oficial do Sport Club Internacional de Porto Alegre – Chico Buarque recebe homenagem do Inter – 30/11/2011

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