Dilma vai tratar o “Exército Islâmico” tucano com punhos de renda?
9 de março de 2015 | 20:22 Autor: Fernando Brito
É curiosa a ordem dos valores da elite brasileira.
Quando se trata de defender seus apetites, às favas o mínimo de civilidade.
As declarações hoje, de Fernando Henrique Cardoso – “não adianta tirar a Dilma” – e do více de Aécio, Aloysio Nunes Ferreira – “quero sangrar a Dilma” – mostra com que tipo de gente se está lidando.
Como eu disse ontem aqui, a charge do Chico Caruso, num baita ato falho, mostrou que a oposição, aqui, virou um “Exército Islâmico”.
Quatro meses após as eleições e estão com a faca nos dentes.
Do outro lado, nossa Presidenta – aquela a quem chamam de terrorista e ditadora – segue em suas platitudes de que “aqui as pessoas podem se manifestar, e têm espaço para isso, e têm direito a isso.”.
Cara Presidenta, isso é o óbvio ululante, cono diria o Nélson Rodrigues.
Não é preciso explicar que o Brasil é uma democracia, onde se goza de todas as liberdades de manifestação.
Só a extrema-direita e a nossa mídia assolada pelo fantasma “bolivariano” é que dizem o contrário.
Quem defende o seu governo é que é discriminado, maltratado, suspeito e maldito nas rodas da elite e da classe média. E, mesmo em meio ao povão, tem de se encher de dedos ou argumentos.
Agora, se a Presidenta da República, que recebeu a minha procuração e a de mais de 54, 5 milhões de eleitores brasileiros para enfrentar a esta gente não enfrenta, como quer que seus eleitores enfrentem?
A senhora foi brizolista tempo suficiente para saber que o líder forte faz fortes as forças que lidera.
Não adianta dizer na entrevista coletiva que ““os que forem a favor do quanto pior melhor’não tem compromisso com o Brasil”.
Essa frase tinha de estar na sua fala de ontem, porque, do contrário, ela não sai.
Hoje eu assisti o jornal Hoje, da Globo, num restaurante simples que frequento.
Não houve “panelaço”, mas também, não houve entusiasmo.
E depois de sua fala, pau, pau , pau. Tome de “Lava-Jato”.
A senhora, Presidenta, está – confessadamente – sendo sangrada pela mídia.
Não se limite a afirmar o óbvio, de que estamos numa democracia com total liberdade de expressão.
Afirme o que é, de fato, a democracia: o conflito dos interesses das maiorias com o das minorias.
Este também, deve ser livre, sem que o governo fique emparedado em um “bom-mocismo” que nos deixa inermes diante de uma ofensiva manifestamente golpista.
Porque democracia e liberdade, Presidenta, só podem existir quando a verdade é dita sem rodeios.
A democracia não é poder apenas falar o que se quiser, na oposição.
Democracia é, também, o direito da maioria – comprovada nas urnas – de falar.
Quem é o “Exército Islâmico” do Chico Caruso?
8 de março de 2015 | 10:54 Autor: Fernando Brito
A charges de Chico Caruso deram um passo para frente, de ontem para hoje.
A de ontem, parece que trocas as bolas e põe como cozinheiros os dois principais ingredientes do “Caldeirão do Janot”, onde Cunha e Renan não estão sendo cozinhados propriamente em fogo brando.
Na de hoje, a qual muitos vão criticar pelo mau-gosto da cena de decapitação, justo no Dia Internacional da Mulher, eu prefiro ver outra coisa.
Quem é o “Exército Islâmico” do cartunista?
A midia, inclusive seus patrões, os Marinho?
O “mercado financeiro”?
O PSDB e seu arquivado neolíder, Aécio Neves?
A Justiça não é, porque Chico sabe que nem sequer pedido de arquivamento há em relação a Dilma.
Mas a gente poderia citar outros ou imaginar ali, atrás do capuz preto o velho Fernando Henrique Cardoso, aquele que diz que Dilma “não deve ser salva”, talvez porque tenha sido eleita, coisa que os tucanos já não conseguem faz quase 20 anos, desde 1988 e mereça morrer.
São tantos e tão graúdos os que querem passar o facão na goela de Dilma que Chico poderia inaugurar ali o turbante árabe padrão “camisa do Botafogo”, com seus patrocínios tipo “classificados”.
Baita ato falho, hein, Caruso?
Você acabou de mostrar que os pretendentes a algozes de Dilma são fundamentalistas, intolerantes, violentos, sanguinários.
Retratou-os como quem quer se impor no poder abaixo de ameaças, facadas, terrorismo.
Acabou dando concretude àquilo que seu muito mais talentoso parceiro de humor e de rodas de jazz, o iluminado Luís Fernando Veríssimo, escreveu hoje, no mesmo O Globo:
Às vezes, as melhores definições de onde nós estamos e do que está nos acontecendo vem de onde menos se espera.
Você mostrou quem é mesmo que quer degolar a Presidenta eleita pelo voto.
Parabéns, Chico, você foi verdadeiro na sua morbidez.